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matriculados têm acesso a parque infantil na escola em que estudam. Somente 60,5% dos matriculados na pré-escola têm acesso a banheiro adequado à Educação Infantil na sua escola. Pouco mais da metade (51,3%) dos matriculados na pré-escola estudam em estabelecimentos com biblioteca ou sala de leitura. E 58,3% dos matriculados na pré-escola estudam em escolas com pátio coberto, 23,1%, com quadra de esporte coberta e somente 38,9%, em escolas com área verde. Podemos perceber que o país ainda deixa muito a desejar no que diz respeito à estrutura física de unidades que atendam crianças de 0 a 5 anos.

Embora os números evidenciem os desafios educacionais para com as crianças pequenas, não adianta incluí-las de modo a garantir apenas o acesso. Os direitos das crianças pequenas incluem a qualificação desse ambiente educacional, seja do ponto de vista do próprio espaço, da oferta de professores qualificados, de alimentação, saúde, lazer, transporte e outras dimensões, sempre em diálogo com o desenvolvimento integral desses indivíduos. Essas questões vão para além da meta 1 do PNE de 2014 e perpassam toda discussão sobre o plano e sobre a proposta de educação almejada pelo país.

A Educação Infantil é uma etapa essencial para a educação das crianças pequenas; tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança. Nesse contexto, ressaltamos o aspecto físico como forma silenciosa de ensino. Analisamos, com Frago e Escolano (1995), que o espaço escolar não é somente um “cenário onde se desenvolve a educação”, mas sim um espaço que contribui para a construção do conhecimento. Daí a importância de pensar na estrutura do espaço físico, que deve ser adequada, pois pode ter influência positiva ou negativa no processo educacional.

Considerando que o brincar é inerente à infância e que é a forma de a criança descobrir o mundo que a cerca, é importante que haja espaço físico facilitador para o desenvolvimento das brincadeiras. Ao brincar, a criança está vivendo a sua infância e sendo protagonista na construção do seu conhecimento. Com as brincadeiras, a criança se expressa, assimila conhecimento e constrói sua relação com o outro e com o mundo. Por meio dessa forma lúdica de a criança se expressar, percebemos as necessidades de cada uma. Sendo assim, é fundamental que seja oferecido um espaço físico com diversidade de objetos disponíveis à criança, um espaço para a reconstrução do conhecimento, para que seja um estímulo ao desenvolvimento integral da criança.

O espaço físico não colabora apenas para que a criança se expresse, mas evidencia a pedagogia que é aplicada na escola. Segundo Faria (1988, p. 95), “em todas as escolas de Educação Infantil para as crianças de 0 a 6 anos o espaço físico expressará a pedagogia adotada”.

O espaço acaba tornando-se uma condição básica para poder levar adiante muitos dos outros aspectos-chave. As aulas convencionais com espaços indiferenciados são cenários empobrecidos e tornam impossível (ou dificultam seriamente) uma dinâmica de trabalho baseada na autonomia e na atenção individual de cada criança (ZABALZA, 1998, p. 50).

Não resta dúvida de que o espaço físico está diretamente relacionado ao desenvolvimento corporal e à aprendizagem da criança, sendo, às vezes, um aliado para superar as condições de ensino. Dessa forma, recomenda-se que a área construída do prédio deve corresponder a 1/3 da área total e que não ultrapasse 50%, considerando a relação entre a área construída e áreas livres, como área de recreação, área verde/paisagismo, estacionamento e possibilidade de ampliação (BRASIL, 2006).

Na Educação Infantil, não apenas a dimensão do espaço, mas também os elementos que compõem o ambiente escolar, como mesas, cadeiras, brinquedos, banheiros e outras ferramentas pedagógicas adequadas para a infância, contribuem para a aprendizagem e o desenvolvimento integral. A organização do espaço físico deve ser planejada para ser um espaço de oportunidades para a criança, auxiliando na prática educativa mediante diferentes vivências. “O ambiente escolar deve proporcionar conforto, segurança, proteção acerca das oportunidades de as crianças explorarem o espaço” (MONTESSORI, 1965). As experiências vivenciadas no espaço físico influenciam o desenvolvimento e a aprendizagem, ao mesmo tempo que a criança é avaliada pela forma como se expressa.

O número total de matrículas na Educação Infantil no Brasil, segundo os dados do Censo Escolar de 2016, é de 8.279.104 crianças. Nas creches brasileiras atuam 260,3 mil professores; a quase totalidade leciona em apenas uma escola (86,4%). Deles, 61% possuem escolaridade superior com licenciatura e 20% têm curso normal/magistério. Foram identificados ainda 6,2% com nível médio completo e 0,5% com nível fundamental completo. A licenciatura em Pedagogia é o curso de formação mais frequente entre os docentes que atuam nas creches brasileiras.

Dos 311,4 mil professores da pré-escola, a quase totalidade leciona em apenas uma escola (79,7%). Desses docentes, 62,6% possuem escolaridade superior com licenciatura e 18,5% têm curso normal/magistério. Foram identificados ainda 5,7% com nível médio completo e 0,3% com nível fundamental completo. Assim como na creche, o curso de formação mais frequente dos docentes que atuam na pré-escola é a licenciatura em Pedagogia. A formação de professores para a Educação Infantil busca hoje afirmar sua identidade

dentro de novas perspectivas teórico-metodológicas e políticas específicas dessa forma de docência – que é diversa tanto daquela que tem caracterizado o trabalho pedagógico com crianças maiores quanto da Educação familiar e de cuidados propiciados por outros serviços e programas. O processo formativo do professor da Educação Infantil necessita considerar características cognitivas e afetivas, integrar os saberes adquiridos na própria experiência de vida e repensar com o professor o modelo de Educação que ele tem, o qual muitas vezes se baseia em uma representação de escola elaborada com base na própria experiência como estudante (MAUÉS, 2003; PERRENOUD, 2002).

Somadas a creche e a pré-escola, registraram-se no Brasil, em 2016, 8.279.104 crianças matriculadas, sendo 3.238.210 em creches e 5.040.894 em pré-escolas. Esses dados incluem as matrículas nas esferas municipal, estadual, federal e privada. Em 2015, o total de matrículas na Educação Infantil era de 7.972.230.

De acordo com os dados coletados no Censo Escolar de 2016, houve aumento de 189.822 matrículas registradas para a faixa de idade entre 0 a 3 anos e de 117.052 para a faixa de 4 e 5 anos, comparando com o ano de 2015. No entanto, deve-se ter cautela ao analisar esses dados, pois sabemos que parte da Educação Infantil teve seu desenvolvimento à margem do sistema educacional. Sendo assim, o crescimento do registro das matrículas apontados nos últimos censos pode ser consequência da ampliação do cadastro e não exatamente do aumento de alunado.

Figura 5: Crianças de 0 a 3 anos matriculadas nos anos de 2001 e 2015 no Brasil.

No gráfico da Figura 5, podemos perceber que o número de crianças matriculadas em creches aumentou significativamente entre 2001 e 2015. Em 2015, 30,4% das crianças dessa faixa etária estavam matriculadas. O PNE estabelece como meta 50% das crianças.

Precisamos dar destaque para a importância de investir na Educação Infantil, etapa que, no Brasil, ainda é muito marcada pela desigualdade – observada nos âmbitos socioeconômico e regional. Dados do IBGE e do MEC compilados no Anuário Brasileiro da Educação Básica de 2017 mostram que 52,3% das crianças de 0 a 3 anos pertencentes aos 25% de famílias mais ricas da população estão matriculados em creches. Entre os 25% mais pobres, esse número cai para apenas 21,9%. A desigualdade é, portanto, uma questão fundamental quando discutimos acesso e condição de oferta.

Considerando que todos têm o direito ao acesso à escola assegurado pela Constituição Federal de 1988, reforçando o disposto na LDB nº 9.394/96, a meta 1 do Plano Nacional de Educação estabelece a universalização do acesso à pré-escola para crianças de 4 a 5 anos. Em números absolutos, aproximadamente 4,9 milhões das crianças brasileiras nesse intervalo de

1.944.405 3.510.818 0 500.000 1.000.000 1.500.000 2.000.000 2.500.000 3.000.000 3.500.000 4.000.000 2001 2015

Crianças de 0 a 3 anos matriculadas

idade estão na pré-escola. De 2013 para 2015, o indicador avançou 2,6 pontos percentuais, o que aponta dificuldade no cumprimento da meta que estipula a ampliação do acesso à Educação Infantil.

Figura 6: Crianças de 4 e 5 anos matriculadas nos anos de 2001 e 2015 no Brasil

O gráfico da Figura 6 aponta o crescimento do número de crianças com 4 e 5 anos matriculadas. Desde 2001, observa-se crescimento constante na porcentagem dessas crianças na Educação Infantil, tendo atingido a marca de 90,5% em 2015 segundo dados da PNAD. Desse modo, em números absolutos, aproximadamente 4,9 milhões das crianças brasileiras neste intervalo de idade estão na pré-escola.

Podemos perceber que a universalização da pré-escola ainda se coloca como grande desafio para muitos municípios brasileiros, que ainda não conseguiram alcançar a meta do Plano Nacional de Educação.

A oferta da Educação Infantil, atribuição e grande tarefa da esfera municipal, vem avançando com dificuldades e de forma não uniforme pelo território

4.346.240 4.860.330 4.000.000 4.100.000 4.200.000 4.300.000 4.400.000 4.500.000 4.600.000 4.700.000 4.800.000 4.900.000 2001 2015