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MATRIZ FAMILIAR: UMA IMPRESSÃO NA IDENTIDADE

3. CULTURA E EDUCAÇÃO FAMILIAR

3.2 MATRIZ FAMILIAR: UMA IMPRESSÃO NA IDENTIDADE

“Quem sou eu? Quem quer eu ser? Falar de identidade pessoal implica necessariamente em projeto. Num projeto que se constrói para o futuro, mas que se concebe no presente. Contudo, um presente ancorado no passado” (VIEIRA, 1998). O estabelecimento da identidade é um desafio em que é necessário saber optar por diversas funções e valores, sendo este um processo que requer reflexão pela transformação contínua. Sendo assim, na perspectiva do autor supracitado, a identidade está ligada a práticas sociais, culturas, padrões de comportamento, formas de estar. Ela se constrói pela vinculação indivíduo/sociedade, na aproximação do eu/outro, onde há sempre algo que se altera em nós a partir das relações que se estabelece com o outro.

Segundo Marconi e Pressotto (2010), a pessoa “adquire as crenças, o comportamento, os modos de vida da sociedade a que pertence”. Entretanto nenhum sujeito “aprende toda a cultura, mas está condicionado a certos aspectos particulares da transmissão de seu grupo” (MARCONI & PRESSOTTO, 2010, p. 47). Ainda que exista, por parte do grupo cultural, certo controle sobre a conduta dos sujeitos, nenhum ser humano se deixa condicionar totalmente pelas imposições de sua cultura. (MARCONI & PRESSOTTO, 2010 p. 183-195).

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Alunos e filhos, muitas vezes, passam a receber presentes ou agrados para cumprir as tarefas escolares e do dia-a-dia que deveriam ser feitas sem esse tipo de conduta (http://educador.brasilescola.uol.com.br).

Desta forma, a relação entre família e formação da identidade pode ocupar um lugar significativo no desenvolvimento do indivíduo. Assim sendo, a interação dos pais com os filhos pode contribuir para a construção da autoestima, do autoconceito e do desenvolvimento da identidade dos jovens. A relação, a interação, entre o sujeito e o outro é a base para a percepção das diferenças e dos valores que facilitam o reconhecimento e afirmação da identidade.

A família, como instituição, devido às mudanças ocorridas no seu contexto sócio cultural tem passado por diversas modificações. Devido a sua flexibilidade institucional, ela tem se adaptado a diversas formas de influências sociais, culturais, psicológicas e biológicas nos diversos contextos e épocas. Essa evolução familiar abrange aspectos demográficos, de vida privada, papéis familiares, lugar, relações estado família, transmissão de bens, que independente da sua forma, ampliada ou nuclear, elementar ou complexa, ela foi e continua sendo família. Assim continua sendo o lugar de proteção, de socialização e de estabelecimento de vínculos (HINTZ, 2001).

A forma legal de se constituir uma família por meio do casamento válido, sofreu mudanças não sendo mais a única forma de família aceita na sociedade e no ordenamento jurídico. O conceito família aumentou as possibilidades de construção sob as mais diversas formas na atualidade (NETO, 2016).

A família atual sofreu algumas transformações. Para Oliveira (2009) essas novas configurações advêm do início do processo de industrialização, do advento da urbanização, da abolição da escravatura, da organização da população e a emancipação da mulher. E ainda:

Os costumes que marcaram época podem ou não estar distantes de nossos costumes, pois os conceitos evoluíram ou, até mesmo, mudaram de denominação, mas, se estudarmos esses conceitos atualmente, poderemos verificar que, muitos deles, ainda estão presentes na sociedade, ainda que de forma oculta (OLIVEIRA, 2009, p. 66).

O artigo 226, da Constituição Federal (Brasil, 1988) diz que: “a família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.” E o artigo 19, do Estatuto da Criança e do Adolescente (Brasil, 1990), diz que “toda criança ou adolescente tem

direito de ser criado e educado no seio de sua família e excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e comunitária, em ambiente livre da presença de pessoas dependentes de entorpecentes.” Conforme observa-se nas legislações supracitadas, a família representa um aspecto importante da vida do indivíduo, por essa razão, todos os esforços devem ser feitos para protegê-la.

A criança, desde seu nascimento, ocupa um espaço dentro da família. Independente da constituição ou vontade do indivíduo, a família compõe lócus de suas primeiras vivências e sociabilização. É nela que o indivíduo recebe um nome e sobrenome, onde suas características biológicas são evidenciadas e determinadas, bem como sua estratificação social; é nela que o indivíduo constrói sua identidade primária e que o faz sentir, ou não, como um membro aceito por ela. Portanto, a família constitui o primeiro espaço para a formação psíquica, moral, social e até mesmo espiritual do sujeito.

Segundo Lahire (1997), é na família que a identidade social do indivíduo é forjada. De origem privilegiada ou não, a família transmite para seus descendentes um nome, uma cultura, um estilo de vida moral, ético e religioso. Não obstante, mais do que os volumes de cada um desses recursos, cada família é responsável por uma maneira singular de vivenciar esse patrimônio (LAHIRE, 1997). Essa importância se expressa nos relatos das histórias de vida dos sujeitos, tanto positivamente como negativamente:

Na educação, quem fazia esse papel era o pai e a mãe, mas bem mais meu pai, meu pai era ele que sentava comigo, agora filha tem que fazer assim...ele dizia o que estava certo e o que estava errado e desde sempre ele fez isso, e quando...eu acho um exagero assim quando...meu pai é bem conservador ... a globo a gente não olhava, aí ele sentava na minha frente assistindo, passava um filminho assim outro canal tipo Barbie, ele pegava e dizia troca, não vai ver esse...ele achava apelativo, muito adulto para minha idade... ele sempre me ensinou o certo e o errado assim e , quando, eu lembro que antes de chegar em lugares ele sempre falava cumprimenta todo mundo, da um abraço, da um beijo, ele sempre dizia que isso mostrava que não era se você era bonita ou não, o que importava era a tua ação , o jeito que você falava com as pessoas, que tu cumprimentava, porque ele dizia que é muito feio uma menina bonita chegar num lugar e não cumprimentar ninguém e ficar com uma cara fechada e ficava daquele jeito, ele dizia que isso torna a pessoa antipática demais, ele me ensinou que tinha que chegar dar um abraço , da um beijo , conversar com as pessoas pra mostrar que você teve uma boa educação e tudo mais, e até hoje eu levo isso, eu sempre tento né (A.M.).

A.M. descreve sua família como conservadora, e alguns valores são transmitidos sem muita explicação na fase da infância. Ela relata que certa vez ela ganhou uma toalha da Barbie que ela achou linda e seu pai colocou no lixo. Só mais tarde ela foi entender que seu pai achava que a Barbie contribuía para adultização precoce. A família tem esse papel de exercer a autoridade estabelecer e definir seus valores e cultura, por mais diversificada que possa ser, entretanto a ausência dialógica, não contribui para emancipação, assim como a negligencia do papel estruturante da família também não.

Vejamos outro relato de G.S.:

Em principio assim, de meus pais eu não sei se aprendi alguma coisa ...Eu lembro disso assim , mas nunca foi o suficiente , nunca tiveram perto o suficiente, sabe como deveriam ser... Acho que a única coisa que aprendi que talvez tenha sido, algo que talvez tenha me trazido pra...né...foi , mas acho que isso não conta, mas ...de minha mãe ela é católica né, e tinha as oraçõezinhas que ela me ensinou , assim tipo , toda noite , sempre toda noite, reza e tal e acreditar nisso...mas isso não sei se conta, mas é algo que lembrei, acho que a única coisa que me ensinaram a fazer, que eu posso dizer que eu aprendi com eles assim, que eu continuava a fazer , com esse hábito, mas é complicado a minha infância assim, eu não tive muito ensinamento, por exemplo assim de aprender coisas... Eu lembro de ser bem empolgada com tudo , de querer as coisas , mas eles nunca foram muito próximos ... Tipo, eu vou ensinar você filha...Era tipo, eu era a criança da família, e tinha que ser cuidada por minhas irmãs, e eu era uma criança , não tinha que aprender alguma coisa...Era o bebê da família , sabe quando as pessoas acham que é uma criança, e criança não percebe , que criança com um doce ou alguma coisa tu compra ela, ela não precisa, ela não está interessada em aprender, ela não está interessada em descobrir as coisas...Ela só está interessa em brincar e ser feliz

TM ao falar de seus pais nessa fase suspira com expressão triste no rosto:

[...] minha mãe sempre trabalhava muito né, e meu pai... meu pai não ficava em casa , então eu não me recordo muito...as minha primeiras lembranças assim quando é falado sobe a minha infância é da escola , de brincadeiras essas coisas assim, não me lembro de muitos momentos que eu sentava assim com minha família pra conversar pra ter um momento assim , do lar, só nós quatro ali, com meu irmão eu penso mais assim de quando tava todo mundo junto assim , brincando dando risada reunido , porque em casa mesmo era praticamente contrário né, quando a gente tava junto, quando a gente tava em família nós quatro , os meus pais estavam sempre brigando discutindo, então não era uma coisa muito boa de se guardar.

T.M. limita-se ao falar sobre elementos da cultura familiar, demonstrando que não houve ensinamentos específicos. Entretanto, apesar da ausência do pai que se “licenciou” deste papel, T.M. captou alguns valores de forma indireta pelas conversas habituais de sua mãe antes de dormir. Não eram ensinamentos segundo relata T.M., caracterizava mais confidencias, pois a mãe de T.M. compartilhava suas experiências recomendando para que T.M. fosse diferente.

Eu lembro muito de quando nós íamos dormir, porque eu e meu irmão dormíamos assim com minha mãe na mesma cama, a gente dormia junto... Então eu lembro desses momentos porque como a minha mãe só tinha a gente né, ela não tinha um contato muito grande com os meus tios no sentido de se abrir, então eu era a amiga dela, eu tinha uns seis ou sete anos, então enquanto ela ia me contanto sobre a vida dela ela ia me aconselhando né, ah por ela não ter conseguido estudar, não ter conseguido terminar o ensino fundamental e mesmo depois que ela teve a gente, só quando eu tinha ali os meus quatorze anos foi que ela conseguiu terminar o ensino fundamental e aí então estudar, então ela sempre me dizia né nos momentos antes de dormir , ela comentava sobre o dia dela, e aí ela ia passando, “ó sejam assim” né, nesse sentido.

Apesar das brigas frequentes e intensas de seus pais quando ainda viviam juntos, T.M. enfatiza a saudade que sentia quando ele foi embora, e recorda da luta da sua mãe, que teve que assumir o papel de mãe e pai, para garantir o sustento e provisão para a família. T.M. destaca que nesses dias ela se sentia sozinha, abandonada, mas que decidiu então tomar uma decisão: “Foi aí que assumi o papel de mãe do meu irmão e dona de casa, para que a mamãe pudesse trabalhar mais, uma vez que, minha irmã mais velha morava desde pequena com meus avós. E sim, eu ainda era uma criança.” T.M. entende que, desta forma, mesmo que abrupta, ela pode imprimir isso em seu caráter como principal valor o trabalho.

Com a chegada da adolescência T.M. diz ter despertado sua vaidade excessivamente. O desejo de ser vista com outros olhos por alguém começou a brotar, e logo no início da adolescência, com treze anos T.M. teve seu primeiro namorado.

Acredito que esta foi a fase da minha vida que mais refletiu tudo o que vivi na minha infância. A saudade do meu pai, ausência da minha mãe, a condição de “adulta” que assumi por ter que cuidar de tudo em casa, sem falar na influência gritante das minhas colegas, que em sua maioria tinham namorados mais velhos, relacionamentos amorosos, e por vezes até filhos,

tudo isso na 8º série do ensino fundamental. Neste tempo, como quase não via a minha mãe, por trabalhar muito, todos os conselhos de quando era criança, todo o resguardo que aprendi a ter, se tornou apenas um sussurro na minha mente, comparado a influencia das minhas amizades.

Segundo Casarin (2007), a família é, em primeiro plano, principal responsável pela formação do indivíduo como ser social, como cidadão, servindo de apoio no processo de adaptação e educação, para viver em sociedade. A participação dos pais na educação dos filhos deve ser constante e consciente.

Se a família não oferecer a base necessária ao desenvolvimento da criança, ou do adolescente, este irá buscá-la em outros grupos. O perigo se instala nesse momento, pois, se o sujeito não encontrar apoio e atenção nos membros do seu grupo mais próximo, certamente irá buscá-los fora. Assim a fragilidade do adolescente aflora, pois o mesmo deixa de reconhecer o futuro para viver o presente, afinal, ele não vislumbra expectativas de crescimento e autonomia no futuro. Logo a família deve rever seus conceitos como grupo, caso contrário o desenvolvimento desse sujeito estará abalado e certamente a aprendizagem não se dará de forma satisfatória, pois ele enxerga apenas o momento (CASARIN, 2007, p. 24).

Uma boa educação no seio familiar, uma boa convivência com os pais, desenvolve estabilidade emocional e garante uma base sólida e segura para enfrentar as adversidades, bem como adquirir o amadurecimento na vida que refletirá nos diversos contextos da sociedade (CASARIN, 2007).Neste mesmo sentido, expôs R.C:

[...] Mas literalmente minha infância foi marcada por uma frase que meu pai me disse. Eu tinha 6 anos de idade quando meus pais estavam passando por uma grave crise financeira, nesse mesmo período, meu pai me pegou no e colo e disse pra mim “Filho não quero que você seja igual ao pai burro que não sabe ler e nem escrever, quero que você tenha estudo e seja um homem muito inteligente” – isso me marcou para sempre positivamente. Aprendi muito com pai, em ter respeito em tratar as pessoas com dignidade (R.C.).

Se há ausência ou negação na atribuição socializadora por parte dos pais e da família, o resultado tende a refletir na vida social dos diversos contextos futuros de um jovem (CASARIN, 2007). Como podemos ver no relato da história de vida de G.S, uma jovem universitária de 18 anos acadêmica de engenharia elétrica:

Quando eu estava na terceira série minha família se mudou para cidade, então eu brincava muito com meus vizinhos e colegas, que eram os amigos que tinha, e eu sempre fui muito criança inocente, eu gostava de brincar, correr, ler, pular corda, andar de bicicleta, fazer casa de cobertor e coisas assim, só que as outras crianças não eram assim, elas falavam besteiras, faziam e falavam coisas obscenas e eu sofria muito porque eu não entendia e nem sabia o que elas estavam falando, e eu perguntava algo sobre isso para minha mãe e tentava conversar com ela, mas ela brigava comigo porque achava que era eu que falava aquilo.

Segundo o relato de G.S., durante toda sua infância e juventude ela não recebeu dos pais abertura para o diálogo, tampouco desenvolveu isso em suas relações familiares:

[...] Eu não consigo me sentir confortável no meu meio familiar, por que nem com a minha família eu consigo ter uma conversa próxima assim, imagina com as pessoas que são só , tipo tios, primos assim essas coisas, da minha família em casa assim é algo bem difícil, é algo que eu não consigo ter próximo assim aquela coisa do carinho, do abraço é, eu não sei explicar...mas é algo que não consigo me sentir confortável , por mais que eu me esforço , com as pessoas pra estar junto...mas não consigo criar um assunto, que me sinta confortável porque não me acostumei ter , eu não sou acostumada a ter , assim convivência com a família, a minha família a partir dos meus sete anos nunca morou junto assim , nunca foi assim todo mundo morando junto, pois foi sempre uma coisa meio separada assim , sempre uma pessoa a menos, e eu não gosto disso também , talvez isso seja algo não legal na experiência de relações porque da ultima vez que se reuniu o meu pai e minhas irmãs juntos acho que foi 2008 então faz um tempo e eu me sinto muito frustrada com isso.

A família pode contribuir para o desenvolvimento do jovem, independentemente de sua formação. É no meio familiar que o sujeito desde muito cedo se apropria da cultura do seu meio pela mediação dos adultos, e desenvolve sua afetividade e tem seus primeiros contatos com o mundo externo, desenvolvendo a linguagem, o aprendizado, a incorporação de valores e hábitos e a relação entre ele e os outros (VYGOTSKY, 1991). Vejamos mais um relato:

Eu buscava aceitação pelas pessoas, sempre fazia o que elas queriam, e acabei perdendo a minha identidade. Ai começou uma fase em minha vida desagradável, meu padrasto começou a não se comportar como pai, mas como homem, e então eu comecei a me fechar, comecei a sair de casa e voltar tarde, nessa época estudava a noite, comecei a buscar algo que me desse segurança e encontrei em pessoas e coisas erradas, ai foi meu primeiro contato com as drogas e bebidas... Sai de casa com 15 anos, porque minha mãe não aguentava mais a situação, estava indo mal na escola, faltava aulas. Fui morar com meu pai em Farroupilha, mas ele nunca criou raízes e cidade nenhuma, teve muitas namoradas depois que largou minha mãe, e ele tinha uma mulher que morava com ele, eles brigavam

muito, e ele acabou me levando para Três de Maio novamente, fiquei duas semanas na casa da minha avo e ele voltou para me buscar, fiquei uma semana em farroupilha e novamente ele me levou para três de maio, mas para casa da minha mãe não podia voltar, por causa do comportamento do meu padrasto em me desejar como mulher, então acabei indo morar com amigos. Nessa fase o contato com as drogas e bebidas se aprofundou muito. Já não ia mais à escola, e ninguém me corrigia, nem dizia que o que eu estava fazendo era errado. Eu buscava algo que preenchesse a falta que meus pais faziam na minha vida (C.M.).

Para tanto, o desafio dos pais está na qualidade dessa convivência e no desenvolvimento contínuo do diálogo, deixando, entretanto, claro aos filhos, os limites, valores, evitando que os jovens procurem outros exemplos fora da estrutura familiar, ou transfira essa representatividade para suas amizades (CASARIN, 2007, p.24), que por muitas vezes estão cheios de necessidades, podendo apresentar comportamentos negativos tais como os vícios e o individualismo, a acomodação e no aspecto socioeconômico, a falta de perspectivas futuras para viver. Como relata T.M:

Minhas referências [...] eu acabei direcionando isso pras minhas amizades, eu levava muito em consideração os meus amigos, eu sempre defendia eles e achava que eles eram a minha família entre aspas, porque eles eram as pessoas que eu mais convivia na adolescência , via eles sempre, como não via minha mãe direito, porque ela estava sempre trabalhando, então eu convivia muito com os meus amigos e quando eu comecei a notar que todo o esforço que eu fazia não era tão correspondido e que eu não era tão importante pra eles quanto eles eram pra mim , eu acho que isso me frustrou um pouco também, em relação aos relacionamentos , isso me machucou bastante porque eu acabei focalizando nisso também, porque eu tive muitos relacionamento e comecei bem cedo mesmo e acho que também por essa questão de ser meio avulsa assim, da minha família não estar tão presente no meu dia a dia, foi algo que eles não conseguiram notar muito , e quando eles viram eu já estava namorando e as coisas acontecendo e eu me frustrava, sempre me frustrava e acabava como alguém que estava perdida.

E ainda:

Como referencia negativa... (suspiro profundo), o meu pai [...] ele não foi nenhum pouco presente, mesmo estando grande parte da minha infância ali, ele morou comigo até os meu sete anos, mas ele não se importava, ele não estava nem aí. Tiveram inúmeras vezes em que ele não pagava nem a conta de água, e ia para casa dos meus avós em outra cidade e deixava a gente lá, que agente se virasse e depois que minha mãe conseguia pagar as contas ele voltava como se nada tivesse acontecido. Então às vezes em