• Nenhum resultado encontrado

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.6 GESTÃO DE DESIGN

2.6.5 Maturidade do design na empresa

A maturidade do design na empresa significa a incorporação do design na mentalidade da organização. O design maduro passa a ser visto como uma maneira de pensar, e não apenas como uma área organizacional; como um

investimento e não como uma despesa; e como um conjunto de ferramentas, métodos e processos de resolução de problemas e não apenas como uma prática. O aumento da maturidade é o resultado da mudança da compreensão dos negócios em relação ao lugar do design na organização, bem como a mudança na compreensão que os designers em relação a gestão de negócios (BEST, 2006).

A Gestão do Design incentiva uma abordagem de incorporação do design em toda a empresa. Desta forma, a Gestão de Design em uma empresa madura em relação ao design se espalha desde o gerenciamento de projetos de design até a elaboração da estratégia (MOZOTA, 2006). E para Holston (2011), é fundamental para a maturação do design na organização adotar um processo transparente que pode ser compartilhado com toda a empresa.

Para Best (2006), para incorporar o design de forma madura a empresa tomar algumas atitudes. A primeiro e mais importante para a autora é visualizar o sucesso do design dentro do contexto mais amplo da empresa e na perspectiva do consumidor, a fim de identificar outras formas que o design pode auxiliar o negócio. Assim, o gestor deve reportar-se diretamente ao CEO ao invés de estar subordinado a outra área funcional, e deve procurar oportunidades para apresentar os méritos do design para dar legitimidade e autoridade para a estratégia de design e para aumentar a influência do design em toda a organização. A segunda, é que a empresa deve rever sua abordagem em relação ao design e deve criar uma equipe de design sólida e confiável, que pode trabalhar ativamente para o uso do design, dentro e fora da organização. As alterações em seu design devem ser repassadas a todos na empresa, em uma linguagem que todos entendam. E a terceira, é que o gestor de design deve ter uma visão de longo prazo e dar oportunidades para os designers explorarem como contextos futuros podem direcionar o design de novos produtos e serviços. Isto deve ser alcançado pela realização de pesquisas com o público alvo e pela busca de novas formas pelas quais o design pode responder às mudanças do mercado.

Neste sentido, a maturidade do design é diferente em cada empresa. Isto depende da natureza e do ambiente da organização e de seus objetivos, existentes e potenciais, para

com o design e para com a própria organização (BEST, 2006). Um modelo que possibilita avaliar e classificar o grau de maturidade do design em empresas é a Escada de Design apresentada a seguir.

2.6.5.1 Escada de Design

O Centro de Design Dinamarquês (Danish Design Centre), em uma pesquisa com 1.500 pequenas, médias e grandes empresas daquele país, desenvolveu um modelo chamado Escada de Design (Figura 7), que avalia e classifica a maturidade do design nas empresas em quatro degraus com base em suas atitudes em relação ao próprio design. Neste modelo, quanto mais alto a empresa se encontra nos degraus, maior é a participação estratégica do design (FLEETWOOD, 2005; RAPOSO, 2007; SWEDISH DESIGN INDUSTRIAL FOUNDATION, 2004; TETHER, 2006).

Figura 6: Design Ladder

Fonte: Swedish Industrial Design Foundation (2004, p.4)

O primeiro degrau da escada é chamado de “Sem Design” (Non-Design), onde o design é uma parte negligenciada do processo de desenvolvimento de produtos da empresa e geralmente é realizado por outros profissionais que não são designers. As soluções de design, neste degrau, são baseadas

na percepção de funcionalidade e estética dos profissionais envolvidos e as opiniões dos consumidores não influenciam o processo de design (FLEETWOOD, 2005; TETHER, 2006).

O segundo degrau é o “Design como estilo” (Design as

styling), onde ele é visto apenas como parte da estética, como a

aparência, o estilo e a ergonomia de um produto; que pode ser trabalho de um designer, mas geralmente é realizado por outros profissionais e é realizado em um estágio avançado do projeto como no acabamento final ou em algum detalhe gráfico (FLEETWOOD, 2005; MURPHY, 2007; RAPOSO, 2007; TETHER, 2006).

O terceiro degrau é o “Design como um processo” (Design as process), onde o design não é um resultado, mas um método integrado no início do processo de desenvolvimento de produtos e serviços; desta forma, ele é incorporado na mentalidade da empresa. O seu resultado requer contribuições de uma série de diferentes especialistas de diferentes áreas, como marketing e gestão, e as suas soluções são provenientes de pesquisas com usuários finais (FLEETWOOD, 2005; TETHER, 2006).

O quarto degrau, que é o último da escada, é chamado de “Design como inovação” (Design as innovation), onde o designer trabalha em conjunto com a alta administração da empresa na renovação total ou parcial do conceito de todos os negócios. Neste degrau o processo de design se combina e se integra com a visão da empresa (FLEETWOOD, 2005; TETHER, 2006).

O estudo realizado com o modelo do Centro Dinamarquês de Design, mostra que em média as empresas que consideram o design como inovação e como processo tendem a superar, em crescimento de vendas, de emprego e de exportações, aqueles que não têm um compromisso com o design (MURPHY, 2007; TETHER, 2006). Neste sentido, para Raposo (2007) “Os estudos e a própria Design Ladder mostram que o design é muito mais que estilo ou arte aplicada, mas que tem de fazer parte da cultura empresarial para assegurar a competitividade”.

E de acordo com Murphy (2007), cada empresa deve trabalhar o design de acordo com degrau em que se encontra. Para ele, empresas no degrau “Sem design” devem se focar no

aprendizado básico a respeito do processo de desenvolvimento de produtos, o que inclui a cartilha de como encontrar e contratar um designer. E as empresas no degrau “Design como inovação”, mais maduras em relação ao design, podem participar de atividades de promoção como exposições e seminários de design. Para o autor, todas as empresas precisam tanto ser alimentadas com exemplos de boas práticas de design quanto também podem ser exibidas como demonstração das potencialidades do design para as outras empresas que se encontram nos demais degraus da escada (2007).

Assim, uma empresa pode descobrir sua maturidade em relação ao design por meio da Escada de Design, e conhecendo o que o design pode oferecer, pode sair do degrau “Sem Design” e chegar até o “Design como inovação”.

A seguir são apresentados os procedimentos e o estudo de caso realizado por esta pesquisa, que avalia e classifica a maturidade de design das empresas de jogos eletrônicos da Grande Florianópolis de acordo com a Escada de Design.