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9. PESCAS

12.6 Medidas em curso

Para fazer face aos problemas de saúde que tem origem ambiental, o sector de saúde tem em cursos as medidas a saber:

- Adopção de um guia técnico relativo às doenças com potencial epidémico e de módulos de formação na área;

- Formação dos técnicos das Delegacias de Saúde e dos Hospitais; - Formação de supervisores;

- Implementação de pesquisa activa de casos de Paralisia Flácida Aguda, Sarampo, Tuberculose e de outras doenças com potencial epidémico sempre que a situação assim o determinar;

- Dotar os laboratórios com equipamentos informáticos e conexão à internet e com outros equipamentos essenciais;

- Regulamentar os aspectos relativos à recolha, acondicionamento e circuito das amostras recolhidas no âmbito do controlo das doenças com potencial epidémico; - Criar/revitalizar as Comissões de Prevenção e Respostas às Epidemias a nível dos

concelhos;

- Controlar o stock de emergência relativo às doenças com potencial epidémico; - Definir um programa de IEC para as doenças com potencial epidémico;

Além dessas acções de caracter global, destaca-se outras relativas a algumas doenças e áreas de actuação, nomeadamente :

Paludismo

- Desenvolvimento de parcerias com as D. S., as C. Municipais e outros parceiros; - Actualização periódica (bi-anualmente) da carta de distribuição de mosquitos,

com vista a conhecer a distribuição dos mosquitos vectores;

- Formação de técnicos nos domínios da peidemiologia do paludismo, da luta anti- vectorial e do diagnóstico laboratorial;

- Vigilância epidemiológica (parasitológica/serológica), nas zonas mais vulneráveis da Ilha de Santiago, em colaboração com a OMS/Instituto Pasteur de Dakar; - Estudo de eventuais casos de resistência aos antipalúdicos;

- Controlo nas fronteiras aeroportuárias (Praia e Sal) e portuárias (Praia e S.Vicente), para um melhor acompanhamento de eventuais casos importados; - Seminário sobre a «Prevenção da reintrodução do Paludismo em Cabo Verde»,

com a participação dos diferentes parceiros;

- Estudo das possibilidades de uma vacinação de massa da população caboverdiana contra a Febre Amarela face às frequentes epidemias dessa doença nos países vizinhos e à vulnerabilidade do país;

- Campanha de IEC dirigida aos viajantes e à população em geral, com vista a proteger os caboverdianos que se deslocam para zonas com endemias palustre e amarílica e à minimização dos riscos de reintrodução da doença no país;

- Campanha de sensibilização sobre o controlo vectorial a nível domiciliário;

- Reforço da luta biológica contra os vectores, através da continuação da campanha nacional de distribuição de peixes larvívores (Gambusia affinis).

Tuberculose

o Reestruturação da coordenação do programa a diferentes níveis;

o Garantia de um abastecimento regular em medicamentos, reagentes e materiais de laboratório;

o Formação de pessoal a diferentes níveis; o Desenvolvimento de programas de IEC;

o Supervisão descentralizada das acções do programa; o Reforço da vigilância epidemiológica;

o Reforço da rede nacional de laboratórios em microscopia , para um melhor controlo dos doentes e diagnóstico precoce;

o Mobilização de parcerias nacionais na luta contra a Tuberculose; o Reforço da colaboração intra e intersectorial;

o Avaliação do programa. Água e Saneamento

- Reforço de parcerias com organizações nacionais e internacionais como a Associação de Municípios, o UNICEF, a OMS e outros parceiros, com vista a melhorar a gestão do Programa e a garantir fontes de financiamento das acções preconizadas;

- Promoção de encontros concelhios entre o Programa, o INGRH, as Delegacias de Saúde e as Câmaras Municipais e os Produtores e Distribuidores de água;

- Planificação de acções comunitárias conjuntas de sensibilização e educação com as Delegacias de Saúde, as Câmaras Municipais e parceiros comunitários;

- Encontros de sensibilização com as câmaras municipais, os diferentes produtores de água e com o INGRH sobre :

o Vigilância sanitária da água; o Lixeiras municipais;

o Sanitários públicos; o Auto-tanques privados

- Promoção do Reforço da vigilância sanitária aos manipuladores de alimentos e aos restaurantes;

- Promoção da melhoria das condições de recolha, tratamento e eliminação dos «lixos hospitalares» dos Hospitais, Delegacias de Saúde e Clínicas privadas;

- Formação dos agentes municipais dos concelhos de Sta Cruz, Sta Catarina, Maio, Fogo e Brava, sobre a Prevenção das doenças de origem hídrica e das relacionadas com o má higiene ambiental;

- Campanhas de IEC sobre de higiene individual e colectiva; - Supervisão às Delegacias de Saúde.

Lixo hospitalar

o Dotar as estruturas de saúde de equipamentos de recolha e de eliminação de lixos hospitalares;

o Elaboração de planos de gestão de lixos hospitalares nas estruturas sanitárias; o Desenvolver os conhecimentos dos intervenientes directos e indirectos;

o Alertar os mesmos para os perigos de uma má gestão dos lixos hospitalares e os riscos de certas atitudes práticas;

o Melhorar as atitudes dos intervenientes, modificar as práticas e reforçar os conhecimentos sobre os lixos hospitalares;

o Dotar Cabo-Verde de legislação específica sobre os lixos hospitalares;

o Formação de um quadro de implementação, concertação e acompanhamento.

Saúde Ocupacional

Cada vez mais tornar-se-á uma necessidade a implementação de um sistema de segurança no trabalho que deverá ter os seguintes objectivos :

o Registrar, informar e prevenir os funcionários sobre as normas de segurança, saúde e meio ambiente estabelecidos no local de trabalho;

o Promover a integração dos funcionários com todos os procedimentos de segurança adoptados pela empresa, de acordo com as normas estabelecidas.

Participação comunitária

A promoção da saúde visa trabalhar através de acções comunitárias concretas e efectivas no desenvolvimento de prioridades, na tomada de decisão, na definição de estratégias e na sua implementação, visando a melhoria das condições de saúde.

O centro deste processo é o incremento do poder das comunidades - a posse e o controle os seus próprios esforços e destino. Uma comunidade que trabalha para atingir objectivos comuns adquire força e consciência de sua capacidade e poder colectivos para enfrentar e resolver problemas que atingem a todos. O desenvolvimento das comunidades é feito sobre os recursos humanos e materiais nelas existentes para intensificar a auto-ajuda e o apoio social e para desenvolver sistemas flexíveis de reforço da participação popular na direcção dos assuntos de saúde. Isto requer um total e contínuo acesso a informação, às oportunidades de aprendizado para os assuntos de saúde, assim como apoio financeiro adequado.

Os aspectos relativos à questão da gestão participativa são fundamentais para ampliar o processo democrático em âmbito da saúde.

A exigência de constituição fóruns municipais de saúde tem demonstrado ser um importante instrumento de "empoderamento" da comunidade.

Estratégias de "empoderamento" da comunidade supõem entre outras iniciativas as seguintes :

o A educação para a cidadania; o A socialização de informações;

o O envolvimento na tomada de decisões dentro de um processo de diagnóstico; o O planeamento e a execução de projectos e ou iniciativas sociais.

Informação, Educação e Comunicação (IEC)

A informação, educação e comunicação é um instrumento fundamental para a mudança de comportamentos, atitudes e práticas da população relativos ao binómio ambiente/saúde. Constitui um programa horizontal que abrange a totalidade dos programas e, por isso, as acções a ela referentes são abordadas em cada um dos programas. De todo modo, saliente-se que os principais parceiros neste domínio serão os professores, o Centro de Desenvolvimento Sanitário do Ministério da Saúde (CNDS), os órgãos da comunicação social e as organizações comunitárias. Serão utilizados os jornais, a rádio, a televisão, suportes gráficos, encontros com a comunidade, etc. como meios de veiculação das mensagens no âmbito da saúde ambiental e da promoção de estilos de vida saudáveis.

As acções a desenvolver incluem nomeadamente:

o Adopção de uma abordagem integrada nas estratégias preconizadas e nas estruturas de promoção da saúde;

o Apoio a acções e projectos integrados de promoção da saúde destinados mais especificamente aos grupos desfavorecidos;

o Análise do papel da alimentação e de outros factores ligados aos estilos de vida na etiologia das doenças e informação do público;

o Promoção de medidas inovadoras em matéria de prevenção das doenças transmissíveis e não transmissíveis;

o Apoio aos intercâmbios de experiências e de informações sobre a utilização racional dos medicamentos e sobre a informação do público quanto ao uso de medicamentos;

o Apoio a acções de promoção de exercício físico regular e da aprendizagem de boas práticas de higiene corporal e mental;

o Elaboração e a difusão de programas, de material pedagógico e de módulos de educação para a saúde adequados;

o Apoio a novos métodos de educação contínua e estruturada para a saúde; o Apoio a acções de educação para a saúde no local de trabalho;

o Formação profissional em matéria de saúde pública e de promoção da saúde, detecção precoce e prevenção de doenças.

CAPITULO 13 13 EDUCAÇÃO

A sociedade civil, o povo é um agente que age, reage e interage com os recursos naturais e o ambiente urbano em toda a sua envolvente.

Por conseguinte, a participação da sociedade civil na implementação do PANA II, além da participação do sector público e sector privado, é essencial para atingir os seus objectivos e assegurar um desenvolvimento sustentável. Assim o PANA II baseia a sua estratégia global no princípio “Um melhor ambiente começa por mim”.

Podemos reforçar a participação da sociedade civil através de informação, sensibilização e uma base forte de educação e formação ambiental com suficiente flexibilidade para a inovação. Assim, a sociedade civil terá cada vez mais acesso a melhores informações acerca dos vários aspectos ambientais. A educação ambiental (EA) é reconhecida pela comunidade internacional na Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente (Estocolmo, Junho de 1972) como um meio privilegiado para vencer a crise ambiental. Esta conferência recomenda a incorporação da E.A nos programas escolares dos países membros da UNESCO.

Em 1974, no Colóquio internacional de Belgrado, organizado pela UNESCO, os países membros elaboram as finalidades e os objectivos gerais da E.A, e é aprovada a “Carta de Belgrado”. Neste documento, reitera-se o carácter holístico dos problemas ambientais e a importância que assume o processo educativo para a respectiva compreensão e resolução.

Na Conferência Intergovernamental de Tbilissi realizada em 1977, a educação relativa ao ambiente é concebida como “um processo no qual os indivíduos e a colectividade tomam consciência do seu ambiente, adquirem os conhecimentos, as competências, a experiência e, também, a vontade que lhes permitirão agir individual e colectivamente para resolver os problemas actuais e futuros do ambiente”. Nesta conferência, os Estados Membros da UNESCO desenvolvem e aprofundam o debate sobre as finalidades e os objectivos da Educação Ambiental.

Constata-se, ainda, que os objectivos da educação ambiental apresentam elementos comuns com os princípios fundamentais formulados nas recomendações respeitantes à Educação para a Compreensão Internacional, Cooperação e Paz e a Educação relativa aos Direitos Humanos e Liberdades, aprovados pela UNESCO, em 1974. Assim, igualmente, como afirma O’Riordan “A educação relativa ao ambiente não é mais do que uma educação ao civismo, consistindo em inculcar o sentido de compromisso pessoal e da responsabilidade social, associada a uma concepção holística e sistemática do homem nas suas relações com a natureza. (...) O civismo acompanha-se de obrigações políticas: estar pronto para participar na edificação da comunidade; ser capaz de avaliar, de assimilar e, se necessário for contestar a política dos poderes políticos; estar disposto a servir os interesses do outro.”

Ou ainda, “a formação do cidadão, ser social completo, dotado de um sentido cívico (eco-civismo) e de um sentido das responsabilidades, preocupado com os problemas e

do devir do ambiente, dispondo de conhecimentos, técnicas e aptidões necessárias para participar eficazmente na transformação qualitativa do seu meio e na gestão racional dos recursos de que dispõe”( UNESCO-PNUE, série verte, “Education relative à l’Environnement). Esta concepção mostra que é a formação global do homem que se pretende com a E.A.

Em 1992, a Cimeira da Terra realizada no Rio de Janeiro reafirma a necessidade da EA. Na Agenda 21, capítulo 36, um apelo é lançado aos governos no sentido de “elaborar ou actualizar estratégias visando integrar o ambiente e o desenvolvimento em todos os aspectos do ensino e a todos os níveis. A educação relativa ao ambiente e ao desenvolvimento deve ser incorporada como um elemento da instrução dos cidadãos e da sociedade civil.”

A nível regional são de assinalar dois momentos importantes:

Em 1990, os países membros do CILSS lançam um programa de educação ambiental, o PFIE – Programa de Formação e Informação para o Ambiente, que pretende envolver os sistemas educativos na luta contra a desertificação.

Em 1996, numa Conferência realizada em Dakar, os ministros dos Estados membros do Comité Inter-estados da Luta contra a Seca no Sahel (CILSS) produzem a Declaração de Dakar. Nesse “Contrato para uma Geração Nova de Gestores do Ambiente”, os Estados membros comprometem-se a:

 Elaborar uma Estratégia Nacional traduzindo a vontade de promover a educação

ambiental num quadro harmonioso, integrando outras inovações;

 Conferir um estatuto oficial à educação ambiental

 Reforçar as capacidades em educação ambiental e dispor de um capital de recursos

humanos capaz de contribuir eficazmente para a renovação dos sistemas educativos nacionais e para a gestão racional dos recursos naturais;

 Implantar ou adaptar, em cada país, um mecanismo de coordenação específica à

educação ambiental;

 Mobilizar recursos humanos, materiais e financeiros e desenvolver uma vasta

parceria, tendo em vista a extensão consequente da educação ambiental a todos os níveis e áreas de ensino e ao sector não formal da Educação.