• Nenhum resultado encontrado

ÔNUS DA PROVA

MEIOS DE PROVA

O arcabouço jurídico brasileiro adota a teoria da liberdade dos meios de prova. Todos os meios de prova serão admitidos, exceto os ilícitos ou moralmente ilegítimos.

CF, art. 5º [...] LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;

CPC, art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a ação ou a defesa.

O direito positivo elenca os principais meios de prova. A intenção não é excluir os demais, mas sim regulamentar os mais utilizados.

Documentos:

Formado por dois elementos: o conteúdo, que corresponde à ideia transmitida; e o continente ou suporte, que corresponde ao meio físico pelo qual se expressa (papel, fita magnética etc.).

Instrumento é o documento formado com a finalidade específica de servir de elemento de prova de determinado fato jurídico (contrato de trabalho, termo de rescisão do contrato de trabalho).

Quanto à amplitude, o documento é amplo (quando consiste em qualquer meio que revele determinado fato) ou estrito (quando consiste em meio escrito). Quanto à forma, o documento é livre (quando sua forma não é determinada por lei) ou solene (quando sua forma é previamente determinada por lei). Quanto à formação, o documento é público (quando emana de algum órgão público - CPC, art. 364 e 365) ou particular (quando emana do(s) próprio(s) interessado(s) - CPC, art. 367, 368, 370-seguintes). Quanto ao fim, o documento é casual (quando produzido com a finalidade única de registrar determinado fato) ou pré-constituído (quando produzido também com a finalidade de fazer prova futura). Quanto ao conteúdo, o documento é descritivo (quando se limita a declarar a existência de determinado fato) ou dispositivo (quando contém declaração de vontade capaz de criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica). Quanto ao relato do fato nele representado, o documento é autógrafo (quando o fato envolveu quem o produziu) ou heterógrafo (quando o fato envolveu outrem que não aquele que o produziu). Quanto à certeza da assinatura, o documento é autêntico (quando há certeza sobre a veracidade da assinatura ou sua origem) ou apócrifo (quando não há tal certeza).

Oportunidade de juntada

A CLT prevê que os documentos devem ser juntados pelo autor, no rito ordinário, junto com a inicial, e, para o réu, no rito ordinário, em audiência. No rito sumaríssimo, os documentos devem ser juntados em audiência.

CLT, art. 787. A reclamação escrita deverá [...] desde logo acompanhada dos documentos em que se fundar.

CLT, art. 845. O reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa ocasião, as demais provas (réu – em audiência, com a defesa).

CLT, art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente (procedimento sumaríssimo – em audiência, tanto autor quanto réu).

CPC, art. 397. É lícito às partes, em qualquer tempo, juntar aos autos documentos novos, quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos.

TST, Súmula 8. A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato posterior à sentença (fase recursal).

CLT, art. 765 (a qualquer tempo, conforme assim entenda o juiz, valendo-se dos poderes instrutórios conferidos em tal norma).

O costume, entretanto, estabelece que os documentos podem ser juntados a qualquer tempo, antes da sentença, desde que oportunizado o contraditório e que não caracterize medida protelatória.

Forma

A CLT prevê, assim como o CPC, formalidades para a forma de apresentação dos documentos.

CLT, art. 830. O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.

Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses documentos.

CPC, art. 365. Fazem a mesma prova que os originais: [...] IV - as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial declaradas autênticas pelo próprio advogado sob sua responsabilidade pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade.

A formalidade, entretanto, vem sendo mitigada, quando se tratar de documentos tendentes a instruir agravos de instrumento, e, até mesmo, dispensada, em situações em que os documentos são comuns às partes, em que os documentos são juntados por pessoas jurídicas de direito público e, ainda, em que a parte contrária se limita a sustentar a inobservância do requisito de forma, sem se insurgir quanto ao conteúdo dos documentos.

TST, IN 16/1999. [...] IX - As peças trasladadas conterão informações que identifiquem o processo do qual foram extraídas, autenticadas uma a uma, no anverso ou verso. Tais peças poderão ser declaradas autênticas pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal [...].

de direito público, em fotocópia não autenticada, posteriormente à edição da Medida Provisória nº 1360/1996 e suas reedições.

Embora o art. 830 da CLT enuncie que os documentos oferecidos para prova deverão ser apresentados em original ou cópia autenticada, não se pode perder de vista que a lealdade processual e a instrumentalidade do processo limitam essa exigência ao indispensável. Assim, não pode ser invalidado o documento, quando a impugnação limita- se apenas à sua forma (falta de autenticação), em nada se referindo ao seu conteúdo. Nesta hipótese, o intuito é de não negar vigência à norma do texto consolidado, mas sim proferir interpretação com base na instrumentalidade processual, impedindo que a forma prevaleça sobre a essência. (TRT 3ª R. - RO 16314/02 - 1ª T. – Rel. Juíza Rosemary de Oliveira Pires - DJMG 31/01/2003 - p. 04).

A CLT foi recentemente alterada em relação à prova documental:

Art. 830. O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal.

Parágrafo único. Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses documentos.

Exibição

Medida processual tendente a obter a apresentação em juízo de elementos que o requerente tenha interesse jurídico em ver e examinar.

Promove-se por meio de incidente processual (CPC, art. 355-363, 381 e 382) ou de procedimento cautelar, em face da outra parte (não cabe busca e apreensão) ou de terceiro.

Documentos que se encontrem em repartições e estabelecimentos de caráter público: procede-se mediante requisição. CLT, art. 653. Compete, ainda, às Juntas de Conciliação e Julgamento: a) requisitar às autoridades competentes a realização das diligências necessárias ao esclarecimento dos feitos sob sua apreciação [...].

O artigo 363, CPC, elenca as hipóteses de recusa justificável na apresentação de documentos.

Controle de horário:

CLT, art. 74. [...] § 2º Para os estabelecimentos de mais de dez trabalhadores será obrigatória a anotação da hora de entrada e de saída, em registro manual, mecânico ou eletrônico, conforme instruções a serem expedidas pelo Ministério do Trabalho, devendo haver pré-assinalação do período de repouso.

Não há exigência de que seja firmado (se firmado, autoriza presunção de veracidade) nem registrado pelo próprio empregado.

CLT, art. 456. A prova do contrato individual do trabalho será feita pelas anotações constantes da carteira profissional ou por instrumento escrito e suprida por todos os meios permitidos em direito.

TST, Súmula 12. As anotações apostas pelo empregador na Carteira Profissional do empregado não geram presunção juris et de jure, mas apenas juris tantum.

STF, Súmula 225. Não é absoluto o valor probatório das anotações da carteira profissional.

Pedido de demissão e recibo de quitação:

CLT, art. 477, § 1º, e CLT, art. 500: validade de pedido de demissão ou recibo de quitação, em relação a empregado com tempo de serviço superior a um ano, e de pedido de demissão, em relação a empregado estável, se sujeita à assistência do Sindicato representativo da categoria profissional ou da autoridade do Ministério do Trabalho. Afasta a incidência do caput do art. 368 do CPC (presunção de veracidade em relação ao signatário).

DL 779/1969, art. 1º, I: presunção relativa de validade de recibos de quitação ou pedidos de demissão de empregados da União, Estados, Distrito Federal, Municípios e autarquias e fundações de direito público federais, estaduais ou municipais que não explorem atividade econômica.

Pagamento de salários:

CLT, art. 464. O pagamento do salário deverá ser efetuado contra recibo, assinado pelo empregado; em se tratando de analfabeto, mediante sua impressão digital, ou, não sendo esta possível, a seu rogo. Parágrafo único. Terá força de recibo o comprovante de depósito em conta bancária, aberta para esse fim em nome de cada empregado, com o consentimento deste, em estabelecimento de crédito próximo ao local de trabalho.

Há entendimento de que a inobservância pode ser suprida por outro meio de prova. Não se aplica à relação de emprego doméstico, sendo admissível qualquer outro meio de prova.

Descontos salariais:

TST, Súmula 342. Descontos salariais efetuados pelo empregador, com a autorização prévia e por escrito do empregado, para ser integrado em planos de assistência odontológica, médico-hospitalar, de seguro, de previdência privada, ou de entidade cooperativa, cultural ou recreativo-associativa de seus trabalhadores, em seu benefício e de seus dependentes, não afrontam o disposto no art. 462 da CLT, salvo se ficar demonstrada a existência de coação ou de outro defeito que vicie o ato jurídico.

Compensação de horário:

TST, Súmula 85. I - A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva.

Falsidade (CPC, art. 390-395)

Consiste na existência de vício capaz de retirar do documento a força probatória que lhe é própria.

É ideológica, quando a ideia contida no documento não corresponde à verdade, ou material, quando é alterado o suporte ou continente (parte física) do documento.

Qualquer uma das modalidades comporta arguição de falsidade, no prazo de dez dias contado do momento em que a parte toma ciência do documento (CPC, art. 390), sob pena de preclusão, o que não impede que a arguição se faça por meio de ação autônoma (CPC, art. 4º, II).

Somente em relação à falsidade material, cabe a realização de perícia. Testemunha

Testemunha é a pessoa física, desinteressada e capaz chamada a depor em juízo. Quanto à finalidade, é instrumentária (quando se destina somente a validar um instrumento contratual) ou judiciária (quando se destina a prestar depoimento em juízo). Quanto à limitação numérica, é numerária (quando indicada pela parte e incluída no número previsto em lei) ou referida (quando mencionada por outra testemunha, documento ou perícia, e cujo depoimento depende de interesse do Juiz, CPC, art. 418, I). Quanto à presença no fato probando, é direta (quando presencia o fato) ou indireta (quando não presencia o fato e o conhece por meio de outras fontes, por isso não induz grande convencimento no julgador).

Indeferimento

CPC, art. 400. A prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso. O juiz indeferirá a inquirição de testemunhas sobre fatos: I - já provados por documento ou confissão da parte; II - que só por documento ou por exame pericial puderem ser provados.

Confessado: independentemente de tratar-se de confissão real ou ficta (TST, Súmula 74. [...] II - A prova pré-constituída nos autos pode ser levada em conta para confronto com a confissão ficta [art. 400, I, CPC], não implicando cerceamento de defesa o indeferimento de provas posteriores).

Provado por documento: com ressalvas, cumprindo avaliar o oferecimento de impugnação quanto ao documento.

No PT, a prova testemunhal revela-se, de regra, como o único meio de que o empregado dispõe, para provar suas alegações (a prova documental normalmente é mantida com o empregador, e, ademais, boa parte dos fatos sequer é documentada).

Não se aplica, por incompatível, a restrição prevista no CPC, art. 401. A prova exclusivamente testemunhal só se admite nos contratos cujo valor não exceda o décuplo do maior salário-mínimo vigente no País, ao tempo em que foram celebrados.

Número

Procedimento sumaríssimo: duas (CLT, art. 852-H. [...] § 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte [...]).

Inquérito para apuração de falta grave: seis (CLT, art. 821. [...] salvo quando se tratar de inquérito, caso em que esse número poderá ser elevado a 6 (seis)).

Demais casos: três (CLT, art. 821. Cada uma das partes não poderá indicar mais de 3 (três) testemunhas).

O número máximo não se altera em razão da quantidade de fatos a serem provados. Tratando-se de incidentes processuais, o limite deve ser observado em relação a cada incidente (falsidade documental, incompetência, suspeição, demonstração de convite à testemunha, contradita etc.). A apresentação de testemunha incapaz, impedida ou suspeita, cujo depoimento é dispensado, é considerada para efeito do número máximo. Os depoimentos constantes de provas emprestadas são considerados para efeito do número máximo (com entendimento contrário, que sustenta tratar-se de prova documental). Litisconsórcio ativo: não se altera o número máximo, porque decorre de opção dos autores. Litisconsórcio passivo: número máximo deve ser considerado em relação a cada réu.

Comparecimento:

CLT, art. 825. As testemunhas comparecerão à audiência independentemente de notificação ou intimação.

CLT, art. 852-H. [...] § 2º As testemunhas [...] comparecerão à audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação.

No sumaríssimo, a parte deverá comprovar que convidou. No ordinário, basta a alegação.

Dispensa a apresentação de rol e permite a desistência e substituição por iniciativa da parte, salvo se a testemunha for vinculada ao processo, caso em que incide o CPC, art. 408.

Exceções ao comparecimento independentemente de notificação

CLT, art. 823. Se a testemunha for funcionário civil ou militar, e tiver de depor em hora de serviço, será requisitada ao chefe da repartição para comparecer à audiência marcada.

CPC, art. 411.

Juiz de primeiro grau, quando ouvido por juiz de mesma hierarquia (LOMAN, art. 33, I).

Membro da Defensoria Pública da União (LC 80/94, artigo 44. São prerrogativas dos membros da Defensoria Pública da União: [...] XIV - ser ouvido como testemunha, em qualquer processo ou procedimento, em dia, hora e local previamente ajustados com a autoridade competente).

Não comparecimento

CLT, art. 825. [...] Parágrafo único. As [testemunhas] que não comparecerem serão intimadas, ex officio ou a requerimento da parte, ficando sujeitas a condução coercitiva, além das penalidades do art. 730, caso, sem motivo justificado, não atendam à intimação.

CLT, art. 852-H. [...] § 3º Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua imediata condução coercitiva.

Testemunha residente fora da jurisdição do juízo onde tramita o processo tem o direito de ser ouvida perante o juízo que detenha jurisdição sobre o local onde reside, sendo recomendável a imediata expedição de carta precatória.

Óbices ao compromisso

CLT, art. 829. A testemunha que for parente até o terceiro grau civil, amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes, não prestará compromisso, e seu depoimento valerá como simples informação.

CPC, art. 405.

Continuam aplicáveis subsidiariamente as regras do art. 405 e parágrafos do CPC. Também são de incidência subsidiária os incisos do art. 228 do Novo Código Civil.

Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.

§ 1o São incapazes:

I - o interdito por demência;

II - o que, acometido por enfermidade, ou debilidade mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não podia discerni-los; ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções;

III - o menor de 16 (dezesseis) anos;

IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que Ihes faltam.

§ 2o São impedidos:

I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito;

III - o que intervém em nome de uma parte, como o tutor na causa do menor, o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam ou tenham assistido as partes.

§ 3o São suspeitos:

I - o condenado por crime de falso testemunho, havendo transitado em julgado a sentença;

II - o que, por seus costumes, não for digno de fé; III - o inimigo capital da parte, ou o seu amigo íntimo; IV - o que tiver interesse no litígio.

§ 4o Sendo estritamente necessário, o juiz ouvirá testemunhas impedidas ou suspeitas; mas os seus depoimentos serão prestados independentemente de compromisso (art. 415) e o juiz Ihes atribuirá o valor que possam merecer.

Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas: I - os menores de dezesseis anos;

II - aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimento para a prática dos atos da vida civil;

III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam;

IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes; V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por consangüinidade, ou afinidade.

Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere este artigo.

Quanto ao parágrafo desse dispositivo, continua o Juiz tendo a faculdade de ouvir como informantes as pessoas impedidas ou suspeitas de depor, sendo estritamente necessário para fatos que só elas conheçam. A novidade é a oportunidade de também poder ouvir, como informantes, as pessoas incapazes. As pessoas ouvidas como informantes (incapazes, suspeitas ou impedidas) não podem constituir prova plena, isoladamente, sendo necessária outra prova que a ratifique.

De regra, os óbices devem existir no momento em que o depoimento é prestado. Condenado por falso testemunho: somente se a decisão houver transitado em julgado, e, entre o final do cumprimento da pena e o novo testemunho, houver um lapso não superior a cinco anos (CP, art. 63 e 64, I).

Não for digno de fé: estelionatário, falsário, bêbado, prostituta, travesti (retirado de decisões judiciais. Incluem alguns absurdos. É necessária a verificação do caso concreto).

Interesse no litígio: deve ser objetivamente constatado, não bastando a simples “torcida” (embora essa circunstância deva ser considerada quando da avaliação do depoimento).

TST, Súmula 357. Não torna suspeita a testemunha o simples fato de estar litigando ou ter litigado contra o mesmo empregador (A ausência de isenção de ânimo não se presume, devendo ser aferida e constatada objetivamente caso a caso. A boa fé deve ser presumida, por ser princípio processual).

Empregado ocupante de cargo de confiança

É presumível o interesse da testemunha no deslinde do feito favorável ao réu, onde exerce cargo de confiança, conforme admitido pela mesma em seu depoimento, donde se conclui que a narrativa dos fatos por ela efetuada não se apresenta com a necessária isenção de ânimo. Ainda que assim não fosse, a mesma foi ouvida como informante e não há qualquer impedimento para que se leve em consideração seu depoimento na formação de Juízo de valor acerca dos fatos em debate. Apelo negado. [...] (TRT 4ª R. - RO 01252.005/00-8 - 5ª T. - Relª Juíza Conv. Flávia Lorena Pacheco - J. 04.12.2003)

O comparecimento perante a justiça, para depor como testemunha, caracteriza munus publicus, fundamental para a busca e esclarecimento da verdade, extrapolando os interesses das partes litigantes, atendendo primordialmente ao desiderato da pacificação social. Nesse contexto, insere-se a regra segundo a qual ninguém se exime do dever de colaborar com o Poder Judiciário para o descobrimento da verdade (art. 339 do CPC), razão pela qual as restrições subjetivas à prova testemunhal estão taxativamente arroladas no art. 405 do CPC, atinentes à capacidade, impedimento e suspeição das testemunhas. A circunstância de a testemunha arrolada pelo empregador exercer cargo de confiança não a torna, ipso facto , suspeita para depor como se interesse tivesse no litígio. A existência de ânimo de tal jaez, porque hipótese subjetiva de suspeição, deverá ser objeto de avaliação fundamentada pelo Juiz instrutor, submetida a contradita a seu prudente critério, levando em consideração notadamente o direito de índole constitucional à defesa ampla e bem assim a que a testemunha compromissada se sujeita às penas da lei. (TST - RR 757.728/2001.8 - 1ª T. - Rel. Min. Wagner Pimenta - DJU 21.06.2002)

Preposto

TST, RR-65327/2002-900-02-00, DJ 21/10/2005, Rel. Min. Barros Levenhagen: [...] TESTEMUNHA QUE SERVIU DE PREPOSTO EM OUTRA AÇÃO. CONTRADITA ACOLHIDA COM DISPENSA DE SUA OITIVA. NÃO VIOLAÇÃO DO ARTIGO 5º, LV DA CONSTITUIÇÃO E DO INCISO III, § 2º DO ARTIGO 405 DO CPC. [...] II Não se divisa a pretensa agressão literal ao inciso III do § 2º do artigo 405 do CPC, pois a testemunha que tenha servido como preposto da empresa em outro processo guarda íntima afinidade com a hipótese ali contemplada de serem considerados impedidos de depor o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado e outros, que assistam ou tenham assistido as partes. Isso por conta do fenômeno da representação da parte igualmente discernível na preposição, uma vez que, a teor do § 1º do artigo 843 da CLT, as declarações do preposto obrigarão o preponente. [...]

Os motivos que determinam o impedimento ou a suspeição da testemunha estão previstos na CLT (art. 829) e no CPC (art. 405). O preposto em um processo não está impedido nem é suspeito, para depor como testemunha em outro processo. A suspeição ou