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Procedimento Comum Sumaríssimo

Vamos analisar primeiro o procedimento sumaríssimo, em relação ao sumário, pois há pequena cizânia em relação à manutenção deste no nosso ordenamento.

O procedimento sumaríssimo foi introduzido no nosso ordenamento pela Lei nº 9.957/2000, que inseriu os art. 852-A a 852-I na CLT.

A ideologia, a ideia do legislador, ao instituir o procedimento sumaríssimo, foi a mesma do legislador ao instituir o procedimento sumário (como veremos), em 1970: tornar

o processo do trabalho mais célere, mais concentrado e mais efetivo do que estava sendo no momento histórico de sua instituição. Tentar resgatar a ideia inicial do legislador trabalhista.

De início, ressaltamos que todas as disposições referentes ao procedimento comum ordinário que não conflitarem com as disposições expressas do procedimento sumaríssimo, ou com seus princípios, serão aplicadas subsidiariamente.

O primeiro elemento do procedimento sumaríssimo, o qual determina a sua utilização, é o valor da causa. Veja o que dispõe o art. 852-A, CLT:

Art. 852-A. Os dissídios individuais cujo valor não exceda a quarenta vezes o salário mínimo vigente na data do ajuizamento da reclamação ficam submetidos ao procedimento sumaríssimo.

Assim, somente as ações com valor da causa até 40 saláriosmínimos ficam submetidas ao rito sumaríssimo. ATENÇÃO: somente ações individuais.

Para se certificar de que o “valor da causa” é o que exprime efetivamente o que está sendo pedido no processo, o legislador instituiu que os pedidos devem ser apresentados líquidos (obrigação inexistente no rito ordinário). Vejam o art. 852-B, I, CLT:

Art. 852-B. Nas reclamações enquadradas no procedimento sumaríssimo: I - o pedido deverá ser certo ou determinado e indicará o valor correspondente; ...

Como saber o valor da causa? Utilizamos o art. 259, I, II, III e IV, CPC: Art. 259. O valor da causa constará sempre da petição inicial e será:

I - na ação de cobrança de dívida, a soma do principal, da pena e dos juros vencidos até a propositura da ação;

II - havendo cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;

III - sendo alternativos os pedidos, o de maior valor;

IV - se houver também pedido subsidiário, o valor do pedido principal;

Além das ações plúrimas, o legislador afastou do rito sumaríssimo as ações contra a Administração Pública Direta, Autárquica e Fundacional, conforme o art. 852-A, parágrafo único, CLT:

Parágrafo único. Estão excluídas do procedimento sumaríssimo as demandas em que é parte a Administração Pública direta, autárquica e fundacional.

As ações que tramitam sob o rito sumaríssimo devem ser apreciadas no prazo máximo de quinze dias do seu ajuizamento (art. 852-B, III, CLT). Esta determinação legal é flexibilizada nas localidades onde o número de demandas é intenso. Outra particularidade é a impossibilidade de citação por edital (art. 852-B, II, CLT). No entendimento de alguns

doutrinadores, esta previsão normativa seria inconstitucional. Na Paraíba, como todas as audiências são UNAS, incluindo o rito ordinário, perde importância a discussão.

O processo sujeito ao rito sumaríssimo deverá ser instruído e julgado em audiência única. Vejam o art. 852-C, CLT:

Art. 852-C. As demandas sujeitas a rito sumaríssimo serão instruídas e julgadas em audiência única, sob a direção de juiz presidente ou substituto, que poderá ser convocado para atuar simultaneamente com o titular.

Na verdade, esta previsão já existe para o procedimento ordinário. Ainda, raras são as sentenças prolatadas em audiência.

Existem várias exceções, para que a audiência seja fracionada: requerimento para intimação de testemunhas comprovadamente convidadas e que não compareceram; requerimento de prova pericial; apresentação de vários documentos que impossibilitem o imediato contraditório etc.

O art. 852-B, §1º, CLT, dispõe que, se o reclamante apresentar pedidos ilíquidos, ou não indicar o local onde a parte adversa possa ser citada, o processo será arquivado, com o pagamento, pelo reclamante, das custas processuais. Boa parte da doutrina e da jurisprudência entende que esta previsão legal não atende ao princípio da economia processual, pois o mais correto seria a conversão do rito em ordinário.

No procedimento sumaríssimo, todos os incidentes e exceções que possam interferir no prosseguimento da audiência devem ser julgados de plano, e as demais questões, em sentença (art. 852-G, CLT).

Quanto à prova testemunhal, assim dispõe o art. 852-H, §§3º e 4º, CLT:

Art. 852-H. Todas as provas serão produzidas na audiência de instrução e julgamento, ainda que não requeridas previamente.

...

§ 2º As testemunhas, até o máximo de duas para cada parte, comparecerão à audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação.

§ 3º Só será deferida intimação de testemunha que, comprovadamente convidada, deixar de comparecer. Não comparecendo a testemunha intimada, o juiz poderá determinar sua imediata condução coercitiva.

A prova técnica somente será produzida, quando a prova do fato exigir, ou quando for legalmente imposta (art. 852-G, § 4º, CLT).

Uma das inovações mais profundas trazidas pelo procedimento sumaríssimo é a previsão contida no art. 852-D, CLT:

Art. 852-D. O juiz dirigirá o processo com liberdade para determinar as provas a serem produzidas, considerado o ônus probatório de cada litigante, podendo limitar ou excluir as que considerar excessivas, impertinentes ou protelatórias, bem como para apreciá-las e dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica.

Ainda que a norma acima transcrita tenha similitude com o art. 765, CLT, previsão legal que sempre embasou uma atuação mais inquisitiva, mais pró-ativa, do Juiz do Trabalho, traz uma inovação, que é a possibilidade de aplicação direta (e não “na falta de normas jurídicas particulares”, como prevê o art. 335, CPC), pelo Juiz, das regras de experiência comum ou técnica. Permite, também, a inversão do ônus da prova como técnica de instrução, e não somente de julgamento, podendo o Juiz, em audiência, estabelecer o ônus probatório, para determinar a ordem de produção, assim como invertê-lo. Parte da doutrina e da jurisprudência entende a possibilidade de aplicação subsidiária desse dispositivo no procedimento ordinário.