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2.3 NORMAS E MODELOS DE MATURIDADE EM PROCESSOS DE

2.3.2 Melhoria do Processo software Brasileiro MPS.BR

O MPS.BR é um programa para melhoria de processos do software Brasileiro, lançado em dezembro de 2003 pela SOFTEX em reunião realizada no MCT. Seu objetivo é definir e disseminar um modelo brasileiro de melhoria de processos de software, visando estabelecer um caminho viável para empresas se beneficiarem da implementação e avaliação de processos de software a custos razoáveis, especialmente em micro, pequenas e médias empresas (PME) (SOFTEX, 2009). Embora o foco principal do modelo MPS esteja na PME, o modelo mostrou ser adequado a implementações e avaliações de processos de software em grandes organizações (WEBER et al., 2008).

A base técnica utilizada para definição do modelo MPS são as normas ISO/IEC 12207 e ISO/IEC 15504. Considerando a importância do modelo CMMI para organizações

brasileiras que atuam em mercados internacionais, também foi considerado o CMMI para a definição dos processos do modelo MPS (WEBER et al., 2008).

O Modelo MPS tem como base os requisitos de processos definidos nos modelos de melhoria de processo e atende a necessidade de implantar os princípios de engenharia de software, estando alinhado com as principais abordagens internacionais para definição, avaliação e melhoria de processos de software (SOFTEX, 2009). O modelo baseia-se nos conceitos de maturidade e capacidade de processo para a avaliação e melhoria da qualidade e produtividade de produtos de software e serviços correlatos. O modelo MPS possui três componentes: Modelo de Referência (MR-MPS), Método de Avaliação (MA-MPS) e Modelo de Negócio (MN-MPS) (SOFTEX, 2009 a).

2.3.2.1 Modelo de Referência MR-MPS

O modelo de referência MR-MPS é descrito sob a forma de três guias: a Guia Geral do MPS, que provê uma definição geral do modelo; a Guia de Aquisição que descreve um processo de aquisição para software e serviços relacionados; e a Guia de Implementação do MPS, que contém orientações para apoiar a implementação de cada um dos sete níveis de maturidade (SOFTEX, 2009 a).

O MR-MPS está em conformidade com a norma ISO/IEC 15504, satisfazendo os requisitos para modelo de referência de processos definidos na ISO/IEC 15504-2 (SOFTEX, 2009 a). Os processos do MR-MPS são descritos em função de seu propósito e dos resultados esperados de uma implementação. Cada processo definido no MR-MPS tem um conjunto de resultados necessários para alcançar o propósito do processo e para avaliar a sua implementação (SOFTEX, 2009 a). Os processos do MR-MPS foram adaptados a partir da norma ISO/IEC12207 e suas emendas, mantendo compatibilidade com as PA’s do CMMI- DEV. O MR-MPS define sete níveis de maturidade de processos para organizações que desenvolvem software (SOFTEX, 2009 a):

• Nível G (Parcialmente Gerenciado) é o primeiro estágio na escala de maturidade do modelo MR-MPS e composto pelos processos mais críticos de gerência.

• Nível F (Gerenciado) contempla a implementação de processos de apoio ao desenvolvimento de software;

• Nível E (Parcialmente Definido) possui o conjunto de processos que apóiam a institucionalização e melhoria de processos padrão para guiar projetos de software;

• Nível D (Largamente Definido) tem foco na melhoria de processos de engenharia de software;

• Nível C (Definido) é formado pelos processos de engenharia de software complementares à gerência de projetos;

• Nível B (Gerenciado Quantitativamente) considerado de alta maturidade e focado na melhoria contínua de processos; e

• Níveis de maturidade A (Em Otimização) também focado na melhoria contínua de processos. O nível A é considerado o mais maduro na escala do MR-MPS. Cada nível de maturidade possui um conjunto de processos e atributos de processos (AP) que indicam onde a unidade organizacional tem que colocar esforço para melhoria, de forma a atender aos seus objetivos de negócio e ao MR-MPS. Os níveis de maturidade são definidos em duas dimensões: a dimensão de capacidade de processos e a dimensão de processos (SOFTEX, 2009 a). O Quadro 8 apresenta os processos do MR-MPS e os AP que devem ser adicionados para capacitar estes processos para cada nível de maturidade.

A dimensão de capacidade de processos é constituída de um framework de medição, cuja medida da capacidade é baseada em um conjunto de AP. Os AP possuem um conjunto de resultados de atributo de processo (RAP) que são utilizados para avaliar a sua implementação. Para manter conformidade com a ISO/IEC 15504-2, o modelo define nove AP (SOFTEX, 2009 a):

AP 1.1 (o processo é executado); AP 2.1 (o processo é gerenciado);

AP 2.2 (os produtos de trabalho do processo são gerenciados); AP 3.1 (o processo é definido);

AP 3.2 (o processo está implementado); AP 4.1 (o processo é medido);

AP 4.2 (o processo é controlado);

AP 5.1 (o processo é objeto de inovações); e AP 5.2 (o processo é otimizado continuamente).

A organização diferente dos níveis de maturidade no MR-MPS tem dois motivos: i) prover um caminho para o aumento da maturidade, reduzindo o número de processos a serem implementados nos primeiros níveis de maturidade; e ii) dar visibilidade aos resultados da melhoria de processos mais rapidamente (SOFTEX, 2009 a).

O MPS.BR, apresenta o processo de Medição (MED) que tem como principal foco apoiar a tomada de decisão em relação aos projetos, processos e atendimento aos objetivos organizacionais (SOFTEX, 2009 b).

Nível Processos Capacidades (AP)

A Análise de Causa de Problemas e Resolução 1.1, 2.1, 2.2, 3.1, 3.2, 4.1 *, 4.2*, 5.1* e 5.2*. B Gerência de Projetos (evolução) 1.1, 2.1, 2.2, 3.1, 3.2, 4.1 *, 4.2*.

C

Análise de Decisão e Resolução, Gerência de Riscos, Desenvolvimento para Reutilização e

Gerência de Reutilização (evolução) 1.1, 2.1, 2.2, 3.1, 3.2.

D Desenvolvimento de Requisitos, Projeto e Construção de Produto, Integração do Produto,

Verificação e Validação 1.1, 2.1, 2.2, 3.1, 3.2.

E

Gerência de Recursos Humanos, Definição do Processo Organizacional, Avaliação e Melhoria do Processo Organizacional, Gerência de Projetos (evolução) e Gerência de Reutilização

1.1, 2.1, 2.2, 3.1, 3.2.

F Medição, Gerência de Configuração, Aquisição e Garantia da Qualidade 1.1, 2.1, 2.2. G Gerência de Requisitos e Gerência de Projetos 1.1, 2.1.

* Estes AP’s capacitam apenas um conjunto selecionado de processos. Todos os demais AP’s necessitam capacitar todos os processos do nível pretendido.

Quadro 8 - Níveis de Maturidade do MR-MPS, Processos e AP Fonte: Adaptado de (WEBER et al., 2008)

2.3.2.2 Processo de Medição (MED)

O MED é um processo do nível F de maturidade do MPS.BR. O propósito desse processo é coletar, analisar e relatar os dados relativos aos produtos desenvolvidos e aos processos implementados na organização e em seus projetos, de forma a apoiar os objetivos organizacionais. Este processo é composto por (SOFTEX, 2009 b):

MED 1. Objetivos de medição são estabelecidos e mantidos a partir dos objetivos da organização e das necessidades de informação de processos técnicos e gerenciais;

MED 2. Um conjunto adequado de medidas, orientado pelos objetivos de medição, é identificado e/ou definido, priorizado, documentado, revisado e atualizado;

MED 3. Os procedimentos para a coleta e o armazenamento de medidas são especificados;

MED 4. Os procedimentos para a análise da medição realizada são especificados; MED 5. Os dados requeridos são coletados e analisados;

MED 6. Os dados e os resultados de análises são armazenados;

MED 7. As informações produzidas são usadas para apoiar decisões e para fornecer uma base objetiva para comunicação aos interessados.

Como o objetivo desse trabalho é a verificação do suporte fornecido pelos indicadores de processo aos indicadores estratégicos, a utilização do processo de medição MED do MPS.BR, servirá de base para análise dos processos de medição nas empresas que serão estudadas.

2.3.2.3 Gerenciado Quantitativamente (Nível B do MPS.BR)

O nível de maturidade B do MPS.BR não possui processos específicos. Porém os processos selecionados para análise de desempenho devem satisfazer integralmente os atributos de processos AP 4.1 e AP 4.2, descritos (SOFTEX , 2009 b):

AP 4.1 - O processo é medido: este atributo é uma medida do quanto os resultados de medição são usados para assegurar que o desempenho do processo apóia o alcance dos objetivos de desempenho relevantes como apoio aos objetivos de negócio definidos.

AP 4.2 - O processo é controlado: este atributo é uma medida do quanto o processo é controlado estatisticamente para produzir um processo estável, capaz e previsível dentro de limites estabelecidos.

Segundo Florac e Carleton (1999) para se evoluir no caminho da melhoria do processo de software é necessário entender a capacidade dos sub-processos que fazem parte de cada processo de software. No MPS.BR, a partir do nível B o processo Gerência de Projetos (GPR) define que os processos devem ser definidos com base na seleção dos sub- processos mais adequados para compor o processo com base na estabilidade histórica, em dados de capacidade e em critérios estabelecidos previamente (SOFTEX, 2009 b).

A utilização dos AP’s do nível B do MPS.BR serão aplicados no contexto desse estudo se o pesquisador se deparar com empresas com níveis de maturidade superiores, em especifico níveis B e A do referido modelo.