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2.3 NORMAS E MODELOS DE MATURIDADE EM PROCESSOS DE

2.3.4 Outras abordagens para apoio a criação de Processo de Medição

Dentre as abordagens de medição para software mais utilizadas, estão os modelos GQM (Goal-Question-Measurement) e o PSM (Practical Software Measurement) (SOFTEX, 2009 a).

2.3.4.1 Goal Question Measurement ou GQM

O GQM desdobra as métricas a partir de metas associadas a objetivos. A partir de uma lista de possíveis medidas, e usando a abordagem do GQM pode-se decidir qual métrica selecionar, facilitando-se a escolha do que pode ser útil ou dispensável, como pode ser observado na Figura 8 (FLORAC; GOERTHERT; PARK, 1996). O GQM possui uma abordagem top-down, prevendo um refinamento das metas em métricas, seguindo os seguintes passos (FLORAC; GOERTHERT; PARK, 1996):

• Definição das metas (goals): que meta empresarial se está tentando apoiar? Por que se está colecionando estes números? O que representarão eles para a organização? Por que é importante colecionar essa métrica?

• Elaboração de perguntas (questions) para atender as metas, determinar a pergunta que verifica o alcance da meta; e

• Definição das métricas (metrics), determinar as medidas que ajudam a responder a pergunta, ou as métricas que proporcionariam a resposta para a pergunta.

A abordagem do GQM define e integra objetivos definidos a modelos de processo, produto e perspectivas de qualidade baseada em necessidades específicas, seja do processo ou da organização, por meio de um programa de medições (KULPA; JOHNSON, 2003). Sua estrutura hierárquica de derivação previne interpretações errôneas dos dados (SOFTEX, 2009 b; SEI, 2006). Ele possui quatro etapas (SOLINGEN; BERGHOUT, 1999):

• Planejamento: preparar e motivar membros da organização; definir objetivos, cronogramas e responsabilidades; estabelecer equipe de medição; selecionar área de melhoria; e treinar pessoal envolvido;

• Definição: definir objetivos, questões e métricas; conduzir entrevistas; e verificar as métricas definidas;

• Coleta de Dados: executar o plano de medição, coletando e armazenando os resultados;

• Interpretação: analisar as medidas coletadas, responder as questões definidas, responder ao objetivo definido, e a partir dos indicadores gerar informações. O GQM reforça a importância da definição e entendimento do que está sendo medido (FLORAC; GOERTHERT; PARK, 1996). Por exemplo, ao medir o tempo que se leva para executar o processo, é necessário definir se nessa atividade se inclui o tempo para escrever e revisar as exigências, ou ainda, se inclui o tempo para comparecer a reuniões de revisão de estado para discutir o processo de exigências. Também é crítico que o propósito de cada métrica seja explicado e entendido: i) por que a métrica está sendo coletada; ii) como a métrica será usada; e iii) o que é esperado de cada pessoa a partir da coleta, da interpretação; da comunicação e do uso da métrica (FLORAC; GOERTHERT; PARK, 1996). Depois de selecionar as métricas, deve-se executar um piloto em sua organização, observando que os projetos selecionados, devem estar alinhados ao nível de maturidade ou já aplicando as

práticas de melhoria do mesmo, pois as métricas isoladas só apresentarão números e não resultados de melhorias (KULPA; JOHNSON, 2003).

A utilização do GQM combinada aos processos de medição presentes em modelos de maturidade pode auxiliar na criação de métricas mais adequadas às necessidades da organização de software, sendo potencializada a possibilidade de sucesso do processo de medição adotado (SEI, 2006; SOFTEX, 2009 b).

Figura 8 - GQM (Goal/ Questions/Metrics)

Fonte: Adaptado de FLORAC; GOERTHERT; PARK, (1996)

2.3.4.2 Practical Software Measurement ou PSM

Outro modelo que pode ser utilizado para apoiar a definição das métricas é o PSM (Medição Prática de Sistemas e software) que foi criado em 1994, com o objetivo de direcionar a área de mensuração e análises dentro das organizações voltadas ao desenvolvimento de software e sistemas (McGARRY et al., 2002). O PSM é patrocinado e mantido por organizações como o SEI (Software Engineering Institute), o DoD

(Departamento de Defesa Norte-Americano) e a MITRE Corporation, além disso, ele é base para a área de medição e análise do CMMI (AGUIAR, 2002).

Este modelo possui basicamente quatro atividades: i) estabelecer e manter compromissos; ii) planejar a medição; iii) executar a medição; e iv) avaliar a medição. Um exemplo de modelo pode ser encontrado na norma ISO/IEC 15939 (ISO/IEC, 2006).

A abordagem do PSM provê um conjunto de categorias de informações com conceitos mensuráveis, que servem de ponto de partida para a definição e seleção de medidas (BAILEY et. al, 2000). O PSM utiliza um modelo de informação para medição que auxilia a identificar e definir, os componentes que estão envolvidos no processo de Medição, desde como os atributos são quantificados até como são convertidos em indicadores, apoiando assim, o processo de decisão (SOFTEX, 2009 a). Esse modelo contempla a avaliação das necessidades de informação e verificação do seu relacionamento com os objetivos estabelecidos e com as áreas de interesse, considerando os objetivos de negócio e os requisitos do cliente (BAILEY et. al, 2000). Cada necessidade de informação deve possuir ao menos um item mensurável.

O PSM utiliza modelos de análise baseados em dados históricos, planos ou heurísticos (BAILEY et. al, 2000). Descreve o comportamento esperado das medidas e estabelece a definição de critérios de decisão associados a elas, prevê a definição de valores limites, que servem para estabelecer a necessidade de ações ou investigação mais detalhadas quando houver desvios. Permitindo assim, auxiliar na interpretação dos resultados das medições, e produzindo estimativas e avaliações para as necessidades de informação.

O modelo busca focalizar-se na resolução de dois problemas fundamentalmente: (i) a especificação formal das medidas a serem utilizadas; e (ii) a condução do processo de medição. O PSM alcança estes objetivos através de dois modelos: (i) modelo de informação; e (ii) o modelo de processos (AGUIAR, 2002).

O PSM descreve e estabelece regras para definir e executar um programa de medição integrando este aos processos de gerência de projetos de modo que esta atividade traga informações pertinentes, e que ofereçam uma base para os gerentes de projetos exercerem suas atividades (BAILEY et. al, 2000).

Tanto o GQM como o PSM são modelos que podem ser utilizados em complementaridade aos modelos de maturidade para estabelecer um processo de medição mais adequado à organização (SEI, 2006; SOFTEX, 2009 a).

Os princípios das medições que estão presentes nos modelos de maturidade e de medição de software indicam que as mesmas devem ser orientadas a objetivos estratégicos da

organização (SOFTEX, 2009 a; SEI, 2006). O processo Medição, em geral, é implementado de forma evolutiva dentro da organização, pois ele é uma conseqüência da maturidade dos outros processos. Inicialmente, as medições são difíceis de serem feitas e os dados são difíceis de coletar, gerando muitas vezes, medições no nível F(MPS.BR) ou 2 (CMMI), que não conseguem estabelecer comparações entre os projetos da organização (KULPA; JOHNSON, 2003). Isso pode ser relacionado à falta de um processo padrão ou ainda imaturo, que é requisito obrigatório do nível E (MPS.BR) ou 3 (CMMI), as vezes não estando presente nos níveis F e 2 (SOFTEX, 2009 a). O uso de comparações entre projetos pode prover informações e análises de resultados para a identificação de problemas, sucessos e tendências, a partir daí, originar melhorias nos processos ou confirmar o resultado de uma prática adotada (SOFTEX, 2009 b).

A utilização de modelos de medição de software associados aos processos de medição dos modelos de maturidade favorece a adequação de medidas associadas aos processos (SEI, 2006; SOFTEX, 2009 b). A pertinência da inclusão dos modelos GQM e PSM nesse referencial se dá, pois tanto o CMMI como o MPS.BR sugerem a sua utilização como suporte a criação dos processos de medição e a aplicação do mesmos será verificada nas empresas em que se aplicar esse trabalho. As Normas ISO 15504 e 12207 não foram detalhadas no referencial bibliográfico, pois no entender do pesquisador as iniciativas de melhoria de processos de software, voltadas para o aumento de capacidade através da adoção de modelos de maturidade representam uma evolução, bem como estão em crescente adoção em empresas desenvolvedoras de software (MCT, 2009). Assim, por estarem mais aderentes as iniciativas de melhoria de processos de software foram escolhidos para suportar esse trabalho os modelos de maturidade MPS.BR e CMMI.

3 MÉTODO DE PESQUISA

Neste capítulo são descritas e justificadas a escolha do método utilizado para a execução da pesquisa, apresentando os procedimentos, técnicas, etapas e a operacionalização da mesma, de forma a atingir os objetivos propostos neste trabalho.