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OPORTUNIDADES DE MITIGAÇÃO Desmatamento da

6. Fomento florestal,

4.7 METAS E NECESSIDADE DE FINANCIAMENTO NO SETOR FLORESTAL

Para compreender qual seria ainda a necessidade de financiamento neste setor, é necessário analisar o contexto de metas e ações propostas pelo país no âmbito das mudanças climáticas, assim como os custos e benefícios envolvidos nas ações e políticas. Nesta perspectiva, por meio do cálculo dos custos marginais e o quantitativo estipulado pelas metas setoriais foi possível estimar o quantitativo razoável para manter o panorama de emissões no nível em que se encontra, ou até continuando com redução e remoção de emissões.

Segundo o Decreto nº 7.390/2010, que regulamenta a PNMC, a linha de base de emissões de gases de efeito estufa para 2020 foi estimada em 3.236 TgCO2eq. Assim, a redução absoluta correspondente ficou estabelecida entre 1.168 TgCO2eq e 1.259 TgCO2eq de redução de emissões. Na COP-21 o Brasil assumiu uma redução de 37% e 43% das reduções com base no ano de 2005. Pode-se analisar a evolução das emissões (projeção) em comparação com as metas proporcionais para o setor florestal na Figura 4.16.

Figura 4.16 – Projeção* das emissões e metas de emissão para o setor florestal.

Fonte: Elaboração própria, dados MCT, 2015; Decreto 7390, 2010; COP-21, 2015.* A projeção seguiu a metodologia descrita na seção 4.5.

Ao comparar o cenário atual com as emissões estimadas e as metas proporcionais projetadas para o setor florestal (Figura 4.16), nota-se que os valores estão dentro das metas desde 2009. No entanto, mesmo assim, ainda é considerado um setor chave para redução das emissões no país, conforme destacado capítulo 3. Tendo em vista o alto potencial de redução de emissões diante do baixo valor de investimento em comparação aos outros setores, representa um setor que apesar de dentro da meta (levando-se em consideração que esta meta

816 1.027 1.179 354 858 743 684 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 E m issõe s (Tg Co 2) Tempo (ano)

Emissão LULUCF TgCO2eq

Metas setoriais Decreto 7390 e COP-21 Projeção emissões LULUCF

seria proporcional para todos os setores), deve continuar investindo e aprimorando as ações e políticas para continuar no patamar que está, ou reduzir mais seus índices, contribuindo também com os demais setores e podendo até ganhar com os investimentos externos disponibilizados mediante a COP-21.

Além da meta de redução das emissões, outras metas específicas para o setor florestal são descritas no decreto 7390/2010: redução de oitenta por cento dos índices anuais de desmatamento na Amazônia Legal; redução de quarenta por cento dos índices anuais de desmatamento no Bioma Cerrado em relação à média verificada entre os anos de 1999 a 2008; expansão do plantio de florestas em 3 milhões de hectares; incremento da utilização na siderurgia do carvão vegetal originário de florestas plantadas e melhoria na eficiência do processo de carbonização. Assim como as metas até 2030 para setor florestal segundo a COP- 21: o fim do desmatamento ilegal no país; A restauração e o reflorestamento de 12 milhões de hectares.

Para estimar os investimentos necessários nos próximos anos, levou-se em consideração os valores investidos até o momento (seção 4.6), os custos marginais e algumas metas estabelecidas pelo decreto 7390/2010. O Quadro 4.5 descreve algumas metas para o setor florestal e a estimação de um cenário hipotético dos investimentos necessários para atender estas metas.

Quadro 4.5 – Metas específicas para o setor florestal e investimentos necessários

Metas setor florestal segundo decreto 7390/2010

Estimação do quantitativo Estimação do Custo

Marginal Investimento necessário até 2020

VIII - expansão do plantio de florestas em 3 milhões de hectares;

3 milhões de hectares R$ 4.429,00/ha (Média do valor nos contratos do BNDES)

13.287 milhões

Manter o cenário de redução de emissões, evitando aumento das emissões de GEE67.

Redução do desmatamento na Amazônia Legal: 74,5% cerca de 14.166km2 (2005-2014). Redução do desmatamento no cerrado: 54,3% cerca de 7.710km2 (2002-2010). Redução de mais de 1 bilhão de tCO2eq (2005-2012). Levando em consideração o valor investido: R$ 613 milhões, em média por ano nos últimos 7 anos. R$ 4,28/tCO2eq.

Calcula -se para 10 anos.

6.135 milhões

Fonte: Elaboração própria, dados da pesquisa 2016.

Nota-se no Quadro 4.5 que algumas das metas estipulam o quantitativo para redução, o que possibilita uma estimação dos valores necessários para atingi-las. O valor estimado soma um total de mais de R$ 19 bilhões até o ano de 2020, ou cerca de R$ 1,9 bilhões por ano (de

2010 ano do decreto a 2020). Um quantitativo razoável, tendo em vista o estudo de Johan (2008) que apresenta um valor de US$ 91 milhões como custos de reforma institucional para uma nação com florestas. Ressalta na pesquisa as atividades que podem ser desenvolvidas no sentido de melhorar a governança dos países para a questão da redução do desmatamento. Fazendo a conversão para reais (US$ 1,00 = R$ 3,00) ficaria o valor de R$ 273 milhões para ações de reforma institucional no país, tendo em vista que as metas estabelecem ações diferentes, considera-se o valor adequado.

Outros trabalhos tratam da necessidade de financiamento, como McKINSEY (2009) que estimou o valor de 243 milhões de euros para implementar grandes programas de reflorestamento e de gestão florestal; 171 milhões de euros para compensar as comunidades tradicionais para monitorar florestas e plantio de espécies nativas; 200 milhões de euros para pagamentos para conservação da floresta, todos como custo anual em 2030. O que somaria em um ano 614 milhões de euros, ou R$ 2,7 bilhões (EUR$ 1,00=R$ 4,48). Segundo IPCC (2014b) o desmatamento poderia ser reduzido contra as tendências atuais de desmatamento em 50% com um investimento de 21-35 bilhões de dólares anualmente.

Deve-se frizar que o montante não deve ser bancado totalmente pelo governo federal, outras fontes de recursos devem ser consideradas para possibilitar além dos benefícios sociais e ecológicos, os benefícios econômicos. Isso é possível tendo em vista as opções de investimento citadas anteriormente. Os benefícios econômicos poderiam aumentar significativamente se o mercado de carbono fosse formalizado.

Segundo Soares Filho e Hissa (2010) os custos de oportunidade de reduzir as emissões de GEE pelo desmatamento Amazônico são aproximadamente de R$ 230 milhões a 370 milhões por ano para uma redução média de 136 milhões de toneladas de CO2. Destacam que o retorno (entrada menos custos) poderia superar a quantia de R$ 1,5 bilhão por ano. Concluem desta forma que de 2010 a 2030, haveria uma redução acumulada de 2,9 bilhões de toneladas de CO2 com o desmatamento evitado, a custos de oportunidade acumulados de 6,5 bilhões de reais, entradas pelo pagamento no REDD de R$ 28,6 bilhões, resultando em um retorno líquido de R$ 22,1 bilhões.

Pode-se afirmar que os montantes apresentados pelas compensações financeiras mediante redução do desmatamento tropical serão bastante significativos caso o mercado formal se viabilize, podendo, portanto, auxiliar na diminuição das emissões de gases de efeito estufa (CO2) na Amazônia e ainda colaborar com a conservação florestal e o desenvolvimento socioeconômico da região (SOARES FILHO; HISSA, 2010: p.57).