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CATEGORIAS DA TESE

4 MODELOS DE PUBLICAÇÕES CIENTÍFICAS

4.1 MODELOS DE COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA: ABORDAGEM TRADICIONAL

A reflexão desta seção se pauta nos modelos de comunicação científica tradicionais. No processo tradicional de Comunicação Científica, os modelos estão relacionados com o fluxo e comunicação da informação ou conhecimento em diferentes níveis. Esses níveis apresentam uma complexidade no gerenciamento e no acesso por parte dos usuários às informações científicas. Com base em modelos, padrões e sistemas é possível ter um processo científico eficiente, pois a “inovação nunca acontece em um vácuo; inovação requer comunicação” (TENOPIR; KING, 2004, p. 11, tradução nossa). A sistematização do fluxo da comunicação científica envolve diferentes níveis e etapas.

Os modelos de comunicação científica remontam ao século XVII com o surgimento dos primeiros jornais científicos. Os pesquisadores utilizavam os meios de comunicação da época, a carta, para se comunicarem com seus pares, independentemente de fronteiras geográficas. As sociedades formadas por literários e cientistas e o surgimento das academias de ciências, criadas a partir deste século, proporcionaram a consolidação da pesquisa acadêmica, por meio dos jornais para divulgar os feitos científicos. “Essas sociedades começaram a publicar formalmente e distribuir materiais dedicados ao seu campo. A revista acadêmica logo se tornou a peça central da sociedade científica” (TENOPIR; KING, 2004, p.

11, tradução nossa). A partir do surgimento dos periódicos científicos, os canais e modelos de comunicação científica foram se modelando. A Figura 6 apresenta uma representação do cenário da publicação científica em vigência.

Figura 6 – Cenário das publicações científicas tradicionais

Fonte: Adaptado do DataONE (2015).

No processo de comunicação científica formal, as publicações científicas são responsáveis pela difusão da pesquisa. No atual cenário da comunicação, devido à complexidade, quantidade e variedade de informações, os modelos diferem muito dos que existiam nos primórdios, muito embora o conceito seja o mesmo, isto é, organizar e comunicar a pesquisa científica.

Os modelos de comunicação científica sofreram alterações e outros novos surgiram a partir de 1990 com a adoção da internet na sociedade. A expansão da internet foi o meio eletrônico de comunicação utilizado na comunidade acadêmico-científica junto com as Tecnologias de Informação e Comunicação pelo largo espectro nas publicações científicas, especialmente, no formato de publicação científica por meio do periódico científico.

Inicialmente, os periódicos passaram a ser publicados em formato de CD-ROM e acompanhavam a versão impressa; em seguida, passaram a ser acessíveis on-line; e, atualmente, a maioria das publicações periódicas é acessível eletronicamente, com uma minoria que ainda publica suas versões também de forma impressa. Diferentes sistemas de modelos de comunicação científica são adotados para o gerenciamento do fluxo de informações em diferentes suportes.

O modelo desenvolvido por Garvey, Lin e Nelson (1970) e adaptado por Garvey e Griffith (1979) aborda os canais formais e informais por onde trafega a informação. Este modelo é chamado de ‘meios de comunicação’. O modelo descreve a variedade de canais dos quais os conteúdos de informação técnica e científica são comunicados. Alguns, por sua natureza, são orais (reuniões, palestras, conferências e discussões) e outros são armazenados em documentos (artigos, livros, relatórios, jornais e patentes).

No contexto da comunicação científica, o canal formal registra apenas as informações contidas em suportes tradicionais. Informações que veiculam nos canais informais não são processadas em um fluxo informacional. O conteúdo informacional relacionado com o processo e a pesquisa científica não é processado e armazenado na sua totalidade. A Figura 7 apresenta o modelo denominado meios de comunicação desenvolvido por Garvey e Griffith e apresentado no estudo de Tenopir e King (2004) que traz um fluxo que trata das informações no ciclo formal (escrito) e informal (oral).

Figura 7 – Meios de comunicação

Fonte: Modelo apresentado por Garvey e Griffith (1979) e traduzido do estudo de Tenopir e King (2004, p. 11).

Estudos também apontam para os aspectos de tempo, custos, duplicação e colaboração científica no processo de comunicação científica. Muito embora ele tenha sido elaborado antes da internet, sua abordagem ainda é atualizada e aplicável para um sistema atual.

O modelo desenvolvido por King e Roderer (1981) chamado de Life Cycle of

Scientific Information Through the Scholarly Journal, tem uma abordagem centrada no ciclo

de vida da informação científica através do sistema de periódico acadêmico conforme está representado na Figura 8. É um modelo que se aproxima dos atuais modelos contemporâneos orientados aos dados de pesquisa.

Figura 8 – Ciclo de vida de informação científica através do periódico acadêmico

Fonte: Traduzido do modelo de King, Mcdonald e Roderer (1981).

Este modelo tem formato de espiral e inclui 11 (onze) funções que começam com a pesquisa e a criação de outros recursos informacionais e terminam com a geração de pesquisa e informação. Além dos estágios de geração e processamento de informações, o modelo prevê diferentes papéis e regras que estão relacionados aos usuários do sistema. Os usuários podem ser autores, pesquisadores, bibliotecários, bibliotecas e centros de informação, provedores de serviços de indexação e resumos e os usuários. Percebe-se que é um modelo complexo e funcional com regras e funções bem estabelecidas com um grau de eficiência considerável. Este modelo possui semelhança com o atual modelo aplicado aos dados de pesquisa.

O modelo Scholarly Journal Information Cycle Model desenvolvido em 1994, pela

Association of American University Research Libraries trata do ciclo informacional em

periódicos acadêmicos e científicos. Este modelo apresenta um esquema de funcionamento em espiral que reflete o processo comunicacional contínuo e regenerativo, conforme demonstrado na Figura 9.

Figura 9 – Modelo de ciclo da informação de periódico acadêmico

Fonte: Traduzido do modelo da Association of American University Research Libraries Project Report (1994).

O grupo de trabalho desenvolveu este modelo a partir de uma ampliação das funções desenvolvidas anteriormente para a revista impressa tradicional. O estudo identificou três variações potenciais que eles chamaram de “modelo clássico”, “modelo modernizado” e “modelo emergente”. Todos os modelos possuem fluxos, funções e características similares. Algumas diferenças se configuram na ordem de importância e nas facilidades de desempenho. O “modelo clássico” é direcionado aos recursos impressos, a exemplo dos jornais e revistas impressas, com os elementos de autoria; edição e validação; propriedade, privacidade e proteção; aquisição e acesso; armazenagem e preservação; gerenciamento da informação; reconhecimento; e utilização. As informações referentes ao autor e à instituição são retidas de forma confiável e segura. Este modelo é mais aplicado aos jornais impressos, muito embora possa também ser aplicado ao jornal eletrônico.

O “modelo modernizado” também descreve os mesmos elementos para recursos impressos, mas concentra a entrega sob a demanda de artigos ou revistas e incorpora algum uso de recursos eletrônicos. O “modelo emergente”, por sua vez, é baseado quase na sua totalidade em meios eletrônicos para formatos e produtos de comunicação. A natureza eletrônica das tecnologias do modelo emergente levanta questões relacionadas com a propriedade, privacidade e proteção, porque afeta diretamente a propriedade intelectual, devido à facilidade de cópia e dificuldade no controle de acesso e integridade do trabalho.

Apesar de este modelo ter sido desenvolvido antes da internet, dos periódicos eletrônicos e do acesso aberto, ele apresenta questões que são refletidas na atualidade, como a propriedade intelectual. Na seção seguinte serão abordados os modelos relacionados com o atual contexto da e-Science.