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AUTORALIDADE COLABORATIVA E RECOMPENSA AUTORAL

9.2 ENTENDIMENTO DOS DADOS CIENTÍFICOS SOB A PERSPECTIVA DO

9.3.1 Princípios Normativo-legais para Dados Científicos

Ainda sobre a égide da categoria diretrizes político-normativas emergiu essa subcategoria que foi norteada pelo documento intitulado Principles and Guidelines for Access

to Research Data from Public Funding da Organisation for Economic Co-operation and Development. O referido documento é uma das iniciativas pioneiras e considerado nesta

análise uma das principais diretrizes para a conformidade normativo-legal na e-Science. As diretrizes orientam ações estruturantes de projetos para modelos colaborativos e abertos e promovem, também, uma cultura de abertura e compartilhamento de dados de pesquisa entre as comunidades científicas dos países membros.

Tendo em conta que “a natureza do financiamento público da investigação varia significativamente de um país para o outro, estes Princípios e Diretrizes reconhecem que tais diferenças exigem uma abordagem flexível para o acesso aos dados da pesquisa” (OECD, 2007, p. 14, tradução nossa). As recomendações visam que governos se preparem para assumir um compromisso político na implementação de princípios e diretrizes governamentais, respeitando as diferenças em contextos legais, culturais, econômicos e sociais buscando praticar a flexibilidade dos países membros sem ter caráter mandatório. A implementação pode ser alcançada através de medidas regulamentares ou ação coordenada entre as partes nacionais interessadas e apoiar as organizações à pesquisa e ao financiamento. Além de incentivar o intercâmbio internacional e o acesso aos dados de investigação científica.

No que tange ao contexto científico as orientações da OECD estão direcionadas a conduzir o acesso aos dados científicos, sob diversos aspectos:

a) Questões tecnológicas, o acesso aos dados da investigação e a sua exploração requerem uma infraestrutura tecnológica adequada, amplo acordo internacional sobre a interoperabilidade e controles eficazes de qualidade e proveniência.

b) Questões gerenciais e institucionais são relacionadas a amplitude do acesso às comunidades científicas. A diversidade do empreendimento científico sugere que uma variedade de modelos institucionais e abordagens de gerenciamento de dados personalizados tornarão os projetos mais eficazes na satisfação das necessidades dos investigadores.

c) Questões financeiras e orçamentárias estão vinculadas à infraestrutura de dados científicos que requer um excelente e contínuo planejamento orçamentário e de apoio financeiro adequado. O uso de dados de pesquisa não será maximizado se o

acesso, o gerenciamento e os custos de preservação forem um suplemento ou reflexão tardia nos projetos de investigação. É importante notar, no entanto, que o custo de armazenamento e gerenciamento de dados diminui drasticamente nos últimos anos e a falta de conhecimento sobre tais mudanças podem, por si só, ser uma barreira para a manutenção e avanço científico. Por isso, a recomendação de adotar recursos, ferramentas e software de código aberto e gratuito.

d) Questões legais e políticas referem-se às leis nacionais e aos acordos internacionais, particularmente em áreas como direitos de propriedade intelectual e direito de privacidade, os quais afetam diretamente as condições e restrições do acesso e uso das práticas de compartilhamento dos dados.

e) Quanto às questões culturais e comportamentais, referem-se às estruturas educacionais e de remuneração adequadas. As considerações aplicam-se a quem irá financiar, produzir, administrar e usar os dados de pesquisa, sendo um componente necessário para promover o acesso e o compartilhamento.

Os esforços para um projeto de abertura de dados científicos precisam ser realizados dentro das limitações financeiras existentes e de políticas preestabelecidas nacionalmente. Os princípios estabelecidos pela OECD são abrangentes e constituem-se como norteadores para políticas de dados no contexto da e-Science. A representação gráfica na Figura 24 ilustra a predominância dos termos contidos nos princípios norteadores.

Figura 24 – Nuvem de palavras dos princípios norteadores da OECD

Um recorte foi realizado no referido documento para que a reflexão seja específica no que diz respeito para os aspectos legais dessa subcategoria, emergindo três princípios: Proteção da Propriedade Intelectual, Conformidade Legal e Responsabilidade Formal.

9.3.1.1 Princípio Norteador 1: Proteção da Propriedade Intelectual

A visão tradicional da proteção autoral está associada aos critérios protetivos de obras intelectuais (originárias e derivadas). As obras intelectuais (científicas, literárias, artísticas e culturais) nascem de forma autônoma, sem qualquer vinculação com obras anteriores e geram derivações. Assim, a obra originária é a primeira criação e a obra derivada é o processo de transformação, que parte de uma obra preexistente. Porém, a obra derivada depende da autorização prévia do criador original da obra. O direito de autor protege tanto a obra originária quanto a que dela se derivou. Tal analogia deve ser considerada para as possibilidades de reuso dos dados primários (originários) no contexto da e-Science. Os critérios que tragam a garantia da originalidade da obra ao seu criador primário não é impedimento para o acesso. Mesmo em uma era digital com tecnologias e recursos abertos, é necessário reconhecer que a originalidade pela primariedade das criações primárias é importante e necessita de adaptação para novas dinâmicas e produtos científicos provenientes da e-Science.

Nessa direção os elementos que constituem uma criação autoral são descritos por Carboni (2009, p. 14) como componentes fundamentais para a garantia da primariedade:

a) Esteticidade: na e-Science, o valor estético é associado à utilidade prática de tecnologias abertas destinadas à sustentabilidade da ciberinfraestrutura que apoia todo o ciclo de vida dos dados. Pois na visão tradicional a esteticidade está voltada para “as obras protegidas pelo direito de autor são as que possuem valor estético autônomo, que se encerram em si mesmo, independentemente da sua origem, destinação ou utilidade prática” (CARBONI, 2009, p. 14), a exemplo dos

software e base de dados. Portanto, é por meio de ferramentas, protocolos,

padrões, software, repositórios e aplicações abertas e digitais que a esteticidade da primariedade é conduzida e promove a originalidade primária dos dados primários e a sua derivação a partir do reuso.

b) Aporte trazido pelo autor: na e-Science é o reuso dos dados que gera uma criação derivada e o aporte intelectual do criador originário é garantido. Aos pesquisadores e colaboradores envolvidos na criação derivada é promovida a

atribuição pela sua responsabilidade proporcional no processo intelectual de pesquisa. Este é um componente-chave que representa o labor intelectual autoral, tão defendido nos sistemas de direitos autorais. É o que representa a criação primígena da autoria primária. Para o reuso dos dados se entende “a criação intelectual resultante de uma atividade intelectual própria, que acrescente algo de novo à realidade do mundo” (CARBONI, 2009, p. 14). É a criação derivada possui, sobremaneira, aportes intelectuais a partir de acréscimos, melhorias e transformações que foram feitas na utilização de dados científicos reusados em um novo processo de pesquisa.

c) Forma: este componente não está associado diretamente ao conteúdo ou à forma estética da criação. É um componente revestido de subjetividade (corpus

misticum), mas dotado de caráter estético intrínseco (CARBONI, 2009). Este é

um componente que por si só já expressa a subjetividade e, ao mesmo tempo, se materializa na exterioridade. Tal subjetividade é a essência do conteúdo representada por qualquer formato externo (físico ou digital). Está relacionada aos componentes intrínsecos da criação. Essa relação subjetiva e intrínseca é composta pela especificidade e natureza que compõem o conteúdo, adicionada às referências de estilo, pessoais, éticas, culturais ou institucionais. São elementos peculiares ao processo mental da criação antes que a mesma assuma a sua exterioridade. Mesmo se tratando do reuso de dados científicos, estes por si só já possuem sua forma original digital e legível por máquinas. O que difere é o valor intrínseco que cada forma foi derivada, por elementos de ressignificação, recriação e transformação relacionados ao novo domínio específico da pesquisa a partir da criação original.

d) Inserção em suporte: tradicionalmente é o corpus mechanicum que assume a forma exteriorizada que recai sobre a proteção autoral. Por vezes, esta forma exteriorizada pode ser instantânea, como é o caso de comunicação oral ou estilos de expressão corporal. O suporte é denominado de corpus mechanicum, ou seja, é a exterioridade da criação a partir por meio de uma forma física ou digital, que “para que haja proteção autoral, a ideia precisa ser materializada em um determinado suporte” (CARBONI, 2009, p. 14). Contudo, ao assumir a exterioridade, a criação é revestida de proteção legal autoral. No caso do suporte aos dados, a sua natureza e as condições extrínsecas podem ser utilizadas para representar a forma expressa digitalmente. Os diferentes tipos de dados

científicos são oriundos de pesquisas (observacionais, experimentais, simulacionais) que trazem consigo suas características intrínsecas e possuem características diferenciadas nos mais diversos dados científicos. Porém, a garantia de proteção da autoralidade original e derivada deverá ser realizada. Considera-se que tal garantia, no caso de dados científicos, é realizada pelos procedimentos de curadoria (armazenagem e preservação) adotados na sistemática de um modelo de ciclo de vida.

e) Originalidade: a criação original é princípio de todo processo intelectual. É composta por elementos que tornem tal criação única e inconfundível, revestindo-se de traços e caracteres próprios. “Essa originalidade deve ter caráter relativo, uma vez que é inevitável o aproveitamento, até inconsciente, de conteúdos comuns de outros criadores” (CARBONI, 2009, p. 14). Paira nesse componente a originalidade da criação que, por conseguinte, configura a autoria originária. A doutrina para a desconsideração da originalidade absoluta, pois a composição de uma obra parte de uma junção de concepções intelectuais, retirando o caráter absoluto e passando a configurar a originalidade relativa. Isto posto, a análise desses componentes foi utilizada para o entendimento de uma nova acepção da proteção autoral direcionada ao foco da originalidade relativa da autoria na

e-Science.

Outra expressão emergida da análise foi a temática repositories. Sua relação está vinculada à expansão em que as questões protetivas com outras configurações, além dos direitos autorais e de copyright, como, por exemplo, quando se trata da mineração de dados (data mining) e a ideia do alcance sem fronteiras geográficas. A partir da abertura do acesso aberto eletrônico de publicações em bases de dados, a proteção autoral mais contundente no

copyright teve um direcionamento para a introdução da liberação de cópias temporárias (custo

e/ou autorizações necessárias) em serviços on-line de bibliotecas tradicionais e recentemente para os repositórios, por exemplo.

Essa é uma discussão reiterada pela International Federation of Library Associations (IFLA) como uma preocupação referente à criação de novas proteções de direitos de autor. Tais discussões remetem à observância que, através das funções essenciais da internet, as

obras que não possuem liberação aberta de uso, sem as legislações vigentes em cada país,

levam a uma possibilidade de violação por parte dos usuários IFLA (2014). A ideia preliminar da é que ao identificar e controlar as publicações e os dados, estes estejam habilitados para o consumo.

A utilização de mecanismos automáticos de indexação, cache e outras funções de

internet se possa minimizar “que esses novos usos ocorram sem a regulação de direitos

autorais trazendo um efeito colateral às publicações que já estejam garantidas por copyright anteriormente” (IFLA, 2014, on-line, tradução nossa). Esse é um ponto de reflexão que mostra ainda ser uma prática predominante o fato de que os sistemas de propriedade intelectual utilizam recursos de proteção baseados no modelo proprietário. Considera que se não houver uma flexibilização dos critérios nos termos de licenças e condições (limites e restrições), a exemplo das medidas tecnológicas utilizadas para a proteção em bases de dados, serviços de bibliotecas, e atualmente nos repositórios, o monopólio do mercado editorial continuará a ser vigente. Este efeito colateral está se estendendo ao controle dos dados subjacentes que emergem de processos investigativos em provedores de bases de dados e

dataset (IFLA, 2014).

Corrobora com as discussões o Parlamento Europeu quando afirma que não há previsão legal para os dados subjacentes de pesquisas, mas existem normativas que estão disponíveis nas políticas de repositórios e bases de dados. Nesse caso, consideram que as funções da internet, tais como as ferramentas de indexação e cache9 sejam mecanismos de identificação e controle.

Nos Estados Unidos, o uso da indexação e armazenamento em cache e a reprodução transitória relacionada à obra protegida não são consideradas infração, pois prevalece o princípio do fair use (uso justo) (IFLA, 2014). Contudo, há de considerar que tal princípio nos Estados Unidos não se aplica a todas as obras protegidas por copyright, sendo a sua aplicação relativa. No Brasil, tal princípio não é aplicado nos sistemas de proteção vigentes, e não há lei específica que regulamente o uso justo.

A Australian Law Reform Commission publicou o relatório intitulado Copyright and

the Digital Economy (2013) que fez uma revisão dos direitos autorais na economia digital

apresentando as exceções e limitações da proteção autoral vigente nos sistemas de copyright. A recomendação traz a adoção do dispositivo legal do fair use, mas prevê a utilização das funções de internet, com os mecanismos de cache e indexação. A flexibilidade paira nas possibilidades de aplicar o uso justo às criações protegidas, utilizando mecanismos no sentido de controle, mas amenizando aspectos de restrições no acesso.

Ainda no bojo da proteção autoral, os bens intelectuais que estão relacionados com a promoção da Economia Criativa sugerem a ligação ao termo ‘interconexão’. A interconexão e a proteção autoral estão associadas às funcionalidades da internet que permitem ações como:

9 Armazenamento temporário de dados.

linking, hyperlink e browsing (IFLA, 2014). A disponibilidade de conteúdo on-line, que traz,

em sua essência, a navegabilidade, funcionalidade e visibilidade à publicação eletrônica traz possibilidades de conexão entre usuários e recursos.

Tais recursos são entendidos no contexto científico, como publicações científicas eletrônicas, entidades, dados de pesquisa e objetos digitais. Essas funcionalidades tecnológicas impactam diretamente na garantia de proteção autoral, validadas por ações de ligação e interconexão (links e hiperlinks). Por vezes, a ação de interconexão prova a ilicitude e, por consequência, a violação autoral.

Nesse sentido, a necessidade de trabalhar com a arquitetura da web e prudência no uso de hiperlinks é uma das recomendações em práticas da e-Science. Sugere-se que links, como referências (chamadas de unidades de informação), tenham mecanismos que solicitem autorização do titular dos dados de pesquisa antes do reuso e que obedeçam aos limites da jurisdição (local, nacional e internacional).

O princípio norteador de proteção da propriedade intelectual sugere que os “acordos de acesso aos dados devem considerar a aplicabilidade do direito de autor ou de outras leis de propriedade intelectual que podem ser relevantes para financiamento público de bases de dados de pesquisa” (OECD, 2007, p. 16, tradução nossa). Observa-se que as iniciativas têm sugerido que os sistemas de direitos de propriedade intelectual, inclusive as leis que regem o

copyright, sejam repensados e flexibilizados. Esta reflexão se pauta no excesso de proteção

que gera desvantagens e impede a competitividade na Economia do Conhecimento em nível mundial.

Do ponto de vista de governos, instituições e agências de fomento e financiamento, as diretrizes estabelecem que alguns fatores devem ser considerados quando se trata de políticas para proteção de dados científicos. A seguir, tais diretrizes serão analisadas na condução desse entendimento:

a) Visto que as parcerias públicas/privadas no financiamento de pesquisa e a produção de dados estão aumentando, os acordos públicos/privados devem facilitar o acesso amplo aos dados de pesquisa, quando apropriado (OECD, 2007, p. 16, tradução nossa).

Neste caso, algumas parcerias visam também à exploração comercial das pesquisas financiadas por entes privados. A recomendação é que o acesso aos dados de pesquisa possa ser aberto, considerando as possibilidades de prazos de embargo e as atribuições tanto institucionais quanto as dos colaboradores.

b) O envolvimento do setor privado na coleta de dados não deve, por si só, ser utilizado como razão para restringir o acesso aos dados. Deve ser dada atenção às medidas que promovam o acesso e uso não comerciais e, ao mesmo tempo, que protejam os interesses comerciais, tais como atraso ou liberação parcial desses dados, ou a adoção voluntária de mecanismos de licenciamento. Tais medidas podem permitir que os participantes primários explorem plenamente os dados de pesquisa, sem desnecessariamente impedir o acesso (OECD, 2007, p. 17, tradução nossa).

A reflexão traz uma questão sutil quanto à recomendação de dados científicos que foram gerados com a parceria da iniciativa privada. Tal recomendação sugere medidas apoiadas pelo uso de licenças não comerciais como alternativa de proteger o interesse comercial. A liberação parcial ou restrita desses dados pode ser conduzida pela descrição de metadados, que deve informar o prazo de liberação (total e parcial), as condições do embargo e prazo de duração; já em caso de pesquisas que envolvam uma proteção específica para segredos comerciais, segurança nacional e descobertas que gerem patentes, essas características devem ser consideradas por instruções normativas internas ou por legislações específicas.

c) Naquelas jurisdições em que os dados de pesquisa do governo e informações são protegidos por direitos de propriedade intelectual, os detentores desses direitos devem, no entanto, facilitar o acesso a tais dados em particular para outros fins de interesse público ou investigação pública (OECD, 2007, p. 17, tradução nossa).

Todas as jurisdições internacionais possuem suas legislações específicas de direito autoral, contudo em países que já possuem práticas estabelecidas para os dados, é recomendável que o acesso seja aberto, especialmente quando as pesquisas forem financiadas com fundos públicos ou se tratar de áreas que proporcionem melhorias e benefícios à sociedade. Cabe nessa diretriz que os detentores originais já estejam cientes da abertura de seus dados. Ademais, dados provenientes da seara governamental devem ser regidos por legislações específicas, que são baseadas na transparência pública e, por natureza, já devem ser obrigatoriamente abertos.

Assim, o movimento da ciência aberta e das práticas científicas orientadas aos dados conduz para que as legislações, jurisdições, políticas e diretrizes possam flexibilizar e adotar procedimentos normativos e legais ainda vigentes nos sistemas de proteção autoral para uma compreensão baseada na atribuição autoral. Os requisitos de propriedade e exclusividade são barreiras à abertura dos dados, necessitando de flexibilidade, negociação e aprimoramento das práticas tradicionais para absorver as dinâmicas da e-Science.

9.3.1.2 Princípio Norteador 2: Conformidade Legal

Em relação ao princípio Conformidade Legal na análise observou-se a incidência do termo ‘copyright’ seguida por: work, autores, obras, acessos, direito, formas, domain, intelectual e informação. O termo copyright reflete o direito autoral, direitos e restrições dos dados científicos. O princípio observa que os “acordos de acesso de dados devem respeitar os direitos legais e interesses legítimos de todas as partes interessadas no empreendimento de pesquisa pública” (OECD, 2007, p. 16, tradução nossa). Além dos acordos a conformidade legal prevê restrições e limitações a serem consideradas no escopo das diretrizes legais aplicadas em observância aos interesses dos envolvidos no processo de pesquisa.

As restrições podem ser determinantes e impeditivas, então pensar a política nacional e institucional de acordo com as diretrizes da OECD (2007) ajuda a nortear as diretrizes e os aspectos legais. Em especial, sob aspectos que requerem critérios específicos tais como:

a) Segurança nacional: os dados relativos à inteligência, atividades militares, ou tomada de decisão política podem ser classificados e, portanto, sujeitas a acesso restrito (OECD, 2007, p. 16, tradução nossa).

Os dados de pesquisa que possuem conteúdos relacionados à segurança nacional requer adotar critérios especiais de acesso e condições de uso. A definição de acesso (aberto, restrito e parcial) deve ser prevista em uma política adequada à natureza intrínseca dos dados. Tal restrição deve considerar aspectos políticos, institucionais, éticos e legislações específicas de cada país. É recomendado que a restrição seja informada em documentos instituídos em âmbito governamental (federal) por se considerar conteúdos de alta complexidade e sigilosidade. Também deve ser previsto o status do acesso durante a descrição dos metadados e da atribuição de licença.

A privacidade e confiabilidade são dois aspectos muito relevantes quando se trata de acesso aos dados de pesquisa. Geralmente esses aspectos são previstos em legislações especificas, contudo as condições e restrições de uso são previstas pela OECD:

b) Privacidade e confidencialidade: os dados sobre seres humanos e outros dados pessoais estão sujeitos a acesso restrito sob as leis nacionais e políticas para proteger a confidencialidade e privacidade. No entanto, os procedimentos de anonimização ou de confidencialidade que garantem um nível satisfatório de confidencialidade devem ser considerados pelos depositários de tais dados para preservar o máximo de utilidade de dados possível para os investigadores