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Nível 3 São os padrões de metadados ricos, considerados altamente estruturados Eles são constituídos por metadados complexos e apresentam uma descrição mais detalhada formal e de estrutura.

7 DIRETRIZES INTERNACIONAIS POLÍTICO-NORMATIVAS PARA UMA CIÊNCIA ORIENTADA AOS DADOS CIENTÍFICOS

7.1 ESCOPO INTERNACIONAL POLÍTICO-NORMATIVO

7.1.3 World Intellectual Property Organization (WIPO)

Em 1967 foi criada a World Intellectual Property Organization (WIPO) conhecida como Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI). A WIPO é o fórum global para serviços de propriedade intelectual, política, informação e cooperação. É agência de autofinanciamento das Nações Unidas com 188 estados-membros. Tem como missão liderar o desenvolvimento de um sistema internacional de Propriedade Intelectual equilibrado e eficaz que permite a inovação e a criatividade para benefício de um coletivo (WIPO, 2015, on-line).

Define que a Propriedade Intelectual (PI) refere-se às criações da mente, tais como: invenções, obras literárias e artísticas, desenhos e símbolos, nomes e imagens usadas no comércio (patentes, direitos autorais e marcas comerciais) que permitem que pessoas ganhem reconhecimento ou benefício financeiro a partir se suas criações e invenções (WIPO, 2015).

Abrange diretrizes, serviços e sistemas de apoio à institucionalização dos DPIs nos países-membros. Busca proporcionar uma base harmônica entre o justo equilíbrio do interesse privado dos inventores e o interesse público. O sistema da PI fomenta um ambiente para que criatividade e inovação floresçam. No que tange ao copyright (ou direito de autor) é definido com termo jurídico usado para descrever os direitos que os criadores têm sobre as suas obras literárias e artísticas. A WIPO apresenta flexibilidade ao acomodar diferentes tipos de direitos de diferentes formatos de publicações.

A WIPO criou em 1996 dois tratados que apoiam o ambiente digital tentando adequar a legislação atual às novas formas de uso para as obras protegidas, são eles: WIPO

O WIPO Performances and Phonograms Treaty (WPPT) aborda alterações referentes aos direitos vizinhos e conexos do autor. O arcabouço legal presente no WPPT trata da regulação do aluguel de material protegido pelos direitos conexos, complementando o Tratado de Copyright da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WTC). Faz referências às disposições encontradas na Convenção de Roma que abriga a proteção aos artistas, intérpretes, produtores de fonograma, organismos de radiodifusão, além de programas de computador. A WIPO oferece alguns serviços de suporte através de banco de dados conforme demonstrado no Quadro 10:

Quadro 10 – Banco de dados da WIPO

SISTEMAS DESCRIÇÃO

PATENTSCOPE Patent Cooperation Treaty (PCT) é um banco de dados que fornece acesso a aplicativos

internacionais em formato de texto completo no dia da publicação, bem como aos documentos de patentes de participação de escritórios nacionais e regionais de patentes. (Website: http://www.wipo.int/patentscope/en/).

Global Brand Database

É o banco de dados da marca global que permite busca fácil em milhões de registros relacionados com marcas protegidas internacionalmente, denominações de origem e rolamentos heráldicos, bandeiras e outros emblemas de Estado, bem como os nomes, siglas e emblemas de organizações intergovernamentais.

(Website: http://www.wipo.int/reference/en/branddb/).

MADRID O International Trademark Research é um banco de dados que permite a busca de informações detalhadas sobre todas as marcas internacionais registradas ao abrigo do sistema de MADRID da WIPO.

(Website: http://www.wipo.int/reference/en/branddb/).

HAGUE Através de uma única interface, intuitiva, o Global Design Database permite buscas livres e simultâneas de projetos industriais registrados no âmbito do sistema de HAGUE, conhecido internacionalmente como sistema de Haia.

(Website: http://www.wipo.int/ipdl/en/6ter/search-struct.jsp).

Fonte: Elaborado pela autora a partir do website WIPO (2016).

Diversos países são beneficiados pelos sistemas da WIPO e possuem escritórios que promovem os serviços internacionais de patentes, marcas, desenhos, direitos autorais, além de oportunizar a resolução e arbitragem alternativa de litígios em PI. Os escritórios externos ainda se beneficiam de bancos de dados, atividades de investigação, desenvolvimento, divulgação e capacitação além da visibilidade de processos de inovação e criatividade no país.

No Brasil o escritório foi inaugurado em 2009 e trabalha com instituições locais, com o intuito de criar valor duradouro de ativos. Atualmente o órgão responsável no Brasil é o Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI).

No que se refere aos direitos relacionados com a ambiência digital as recomendações da WIPO estão no entendimento e expansão de domínio público. A WIPO Development

Agenda discorre as recomendações 16 e 20. A recomendação 16 orienta a preservação do

aprofundar a análise das implicações e benefícios ao acesso às publicações de domínio público. A Recomendação 20 busca a promoção de atividades normativas do domínio público e a PI, incluindo a possibilidade de preparar diretrizes para dar assistência aos Estados- Membros e identificar matérias que caíram em domínio público das respectivas jurisdições.

As políticas tanto nacionais como internacionais sempre concentraram seus ativos (tangíveis e intangíveis) regidos pelos direitos exclusivos da propriedade intelectual. Agora a atenção está mudando para as limitações da PI e promoção de bens intelectuais, não- exclusivos, como por exemplo as produções de domínio público (DUSOLLIER, 2010).

O estudo de Dusollier (2010) intitulado Scoping Study on Copyright and Related

Rights and the Public Domain apresenta uma compilação de pesquisas realizadas sobre o

paradoxo do domínio público e os DPIs. O referido documento reflete a intenção da WIPO e de inúmeros países acerca do assunto. Demonstra que a vertente do domínio público inicialmente reforçado com os movimentos open access e a cultura do remix, por exemplo, causaram um estremecimento nos sistemas autorais vigentes. As organizações enfrentam a necessidade de ajustar os mecanismos regulatórios, diante do valor intrínseco do domínio público como matéria-prima para o processos de criação, inovação e desenvolvimento (científico, literário e artístico).

O estudo também observou a perda econômica de produtos e serviços regidos por DPIs, os custos econômicos provocados pelo domínio público e o impacto na sociedade mercantilista. No que tange aos dados, o documento traz as considerações voltadas para os metadados de obras já publicadas e que podem ser utilizadas para acesso em domínio público. Alternativas particulares de proteção de direitos digitais, a exemplo dos sistemas de gestão de direitos digitais e do sistema de informação ccREL do projeto da Creative Commons estão cada vez mais, sendo utilizados para informar o status de domínio público de uma obra e suas condições de licenciamento aberto por meio dos metadados.

No âmbito da WIPO as discussões giram em torno da promoção de domínio público de obras não-exclusivas. Mesmo diante de tais movimentos prevalece indubitavelmente, o esforço em manter os mecanismos reguladores que promovem a duração e a extensão dos direitos (autorais e inventivos) com o aprimoramento de medidas tecnológicas de proteção e a continuidade da expropriação econômica dos ativos (tangíveis e intangíveis).

Em sentido oposto, como mencionado anteriormente, iniciativas emergem como prática mandatória no âmbito internacional para tornar os dados de pesquisa, acessíveis e públicos. Além do compartilhamento e gerenciamento de dados de pesquisa é necessário que os DPIs se acomodem nessa nova dinâmica de empreendimento global.

Ademais, em alguns países já existe uma compreensão por parte dos pesquisadores, de agências de fomento e instituições de pesquisa que os dados de pesquisa possuem valor quando são devidamente tratados, preservados e gerenciados. São potenciais ativos para a ciência (SAYÃO, SALES, 2015).

A adoção de práticas mandatórias e rotineiras são iniciativas que vão na contramão dos DPIs no âmbito privado. Agências de financiamento, institutos de pesquisa, universidades e instituições governamentais estão exigindo que os dados de projetos de pesquisa financiados por eles estejam em domínio público (ICPSR, 2015). As diretrizes por vezes mandatórias têm sido estabelecidas no âmbito internacional para direcionar a ciência aberta como guarda- chuva no arcabouço político-normativo-legal e técnico-tecnológico para dar sustentabilidade às práticas da e-Science.