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A maior parte dos modelos teóricos encontrados na literatura acadêmica sobre efetividade de equipes é baseada no paradigma de entrada-processo-saída (input-process-

outcome) (MCGRATH,1984; GIST, et al., 1987; GUZZO & SHEA, 1992). Nesses modelos o

processo media a relação entre as entradas e as saídas, mas não existe consenso sobre: as variáveis das entradas (contexto organizacional, características individuais, características das equipes, etc.), como acontece a mediação durante o processo e sobre quais são os resultados finais (qualidade e quantidade do produto, tempo de conclusão da atividade, reação dos membros, etc.). Sendo assim, também não existe consenso se a coesão seria um antecedente, um mediador ou um resultado do processo de efetividade das equipes.

Na Figura 3 a seguir é possível visualizar o Modelo teórico entrada-processo-saída adaptado de McGrath (1984) por Hackman (1987), e onde ele localiza o constructo coesão.

Figura 3 - Modelo entrada-processo-saída adaptado por Hackman (1987)

Neste modelo as variáveis de entrada e saída são classificadas em três dimensões: individual, que descreve os membros do grupo; grupal: fatores ligados ao grupo como um todo, e organizacional, contexto em que o grupo está inserido. O modelo representa possíveis mudanças no sistema ao longo do tempo, identificados por T1 e T2. Esta representação

localiza a coesão de duas formas: como uma entrada no processo, por exemplo, uma equipe muito coesa no ponto T1 que realiza uma atividade e apresenta um resultado no ponto T2

melhor do que uma equipe pouco coesa; e como resultado do processo de interação da equipe, aumentando, diminuindo ou mantendo constante o seu nível de coesão (MCGRATH, 1984).

Ao desenvolver seu modelo normativo de efetividade, Hackman (1987) questiona: o que faz com que alguns grupos apresentem melhor desempenho do que outros, como avaliar os pontos fortes e fracos dos grupos e o que fazer para ajudar um grupo a se tornar mais efetivo? Para responder a essas questões ele propõe o modelo a seguir:

Figura 4 - Modelo normativo de efetividade de Hackman (1987).

O autor propõe que a efetividade global do grupo é o resultado da combinação de três variáveis: nível de esforço utilizado coletivamente pelos membros do grupo na realização das tarefas; quantidade de conhecimentos e competências dos membros, necessários para a tarefa de grupo; estratégia apropriada para a realização da tarefa que está sendo executada, e implementação adequada dessas estratégias (HACKMAN, 1987).

Entretanto, essas três variáveis são influenciadas por dois antecedentes: (1) características do grupo, as estrutura, composição e normas que regulam o comportamento dos seus membros; e (2) pelo contexto organizacional do grupo, seus sistemas de recompensa, treinamento e de informação que influenciam o grupo, e os recursos materiais que são colocados à disposição do grupo. Esses antecedentes são mediados pela sinergia do grupo, que resulta da interação dos membros na realização da tarefa e afeta a forma como o grupo é capaz de lidar com as demandas resultantes do seu processo de trabalho (HACKMAN, 1987).

Hackman (1987) analisa a influência dessas variáveis nas variáveis do processo. Por exemplo, algumas condições favoráveis das variáveis antecedentes podem estimular o nível

de esforço (variável do processo) utilizado coletivamente pelos membros do grupo numa tarefa. Se o arranjo do grupo oferece tarefas que envolvam e motivem seus membros; metas de desempenho desafiadoras, recompensadas e apoiadas organizacionalmente; neste caso, a interação entre os membros minimiza o “esforço mínimo” ("social loafing”) e promove um compromisso mútuo entre os membros da equipe e no seu trabalho (HACKMAN, 1987).

O modelo de Hackman (1987) não menciona nem localiza explicitamente o constructo coesão na sua estrutura. Apesar de parecer à primeira vista que a variável Sinergia do Grupo poderia incluir coesão como um subitem isso não está claro no modelo. O modelo define sinergia do grupo como “fenômenos que acontece no grupo e que emergem da interação entre os membros, e afetam a forma como um grupo é capaz de lidar com as demandas e oportunidades no decorrer do seu desempenho” (HACKMAN, 1987, p. 324).

No modelo de efetividade de Cohen e Bailey (1997) a efetividade é resultado da influência de fatores ambientais (característica da indústria e instabilidade), dos fatores de projeto (relacionados a tarefa: autonomia e interdependência; ao grupo: tamanho e diversidade; e a organização: reconhecimento, treinamento, recursos disponíveis); dos processos do grupo (interações como comunicação e conflito); e dos traços psicossociais da equipe (seus modelos mentais compartilhados, as normas e afetos).

Os autores compreendem a equipe como uma entidade social, com traços psicossociais compartilhados que influenciam o comportamento dos seus membros. O modelo separa os processos da equipe dos seus traços psicossociais, sendo neste último onde a coesão da equipe estaria localizada, como pode ser visto na Figura 5 (COHEN & BAILEY, 1997).

Figura 5 - Modelo heurístico da efetividade da equipe de Cohen e Bailey (1997)

Ao analisar os processos de equipe, Marks et al. (2001) propõem um framework e uma taxonomia com uma base temporal. Os autores reformulam o modelo clássico de desempenho

de equipe que afirma que todo processo de equipe tem uma entrada (recursos), um processo e gera um resultado no final. Eles adicionam ao modelo a noção de episódios, definindo-os como ciclos temporais de atividades direcionadas a objetivos, alternando períodos de ação e de transição entre as ações, o que determina o ritmo da realização das atividades das equipes.

Enquanto Cohen e Bailey (1997) consideram coesão como um traço psicossocial da equipe, Marks et al (2001) analisa coesão como um estado emergente da equipe. Eles divergem da conceituação de “traços”, adotada por Cohen e Bailey (1997), pois consideram que ela representa uma característica estável, enquanto os estados emergentes são uma propriedade dinâmica da equipe, mais fluída, que varia em função do contexto onde a equipe está inserida, dos inputs, processos e resultados da equipe.

Os estados emergentes seriam um produto das experiências vividas pela equipe, e descreveriam seus estados cognitivos, motivacionais e afetivos, não representando a interação ou a ação da equipe, muito menos seus processos. Eles podem ser, inclusive, novos inputs para processos e resultados subsequentes. Para os autores, a coesão seria mais maleável no começo da formação da equipe, se tornando mais estável no decorrer da sua história (MARKS, MATHIEU & ZACCARO, 2001).

Cohen e Bailey (1997, p. 244) definem processo de equipe como "interações como a comunicação e os conflitos que ocorrem entre os membros do grupo e grupos externos". McGrath (1984) refere-se ao processo de interação da equipe como "relações padronizadas" entre seus membros. Marks et al (2001, p. 357) definem “o processo da equipe como atos interdependentes dos membros que convertem entradas em resultados por meio de atividades cognitivas, verbais e comportamentais voltados para organizar o trabalho de tarefas para alcançar objetivos coletivos”.