• Nenhum resultado encontrado

Nesta parte do questionário o objectivo era saber como o docente teve conhecimento sobre o EPE, se gosta de trabalhar no estrangeiro, se está realizado como professor, se é um trabalho bem pago e se aconselha a experiência a outros docentes.

Quadro 5 – Caracterização Social e Motivacional do trabalho

Concurso Gosta de trabalhar no estrangeiro Sente-se realizado Amigos Agrupamento Internet Outros Sim Não Sim Não

17 3 18 10 46 2 35 13

% 35,4 6,2 37,5 20,8 95,8 4,2 72,9 27,1

Na primeira questão a grande maioria dos inquiridos tiveram conhecimento do concurso através da internet e a seguir através de amigos, correspondendo uma minoria informado através dos serviços sendo superado por 10 (dez) elementos, que tiveram conhecimento através de outras fontes.

Podemos constatar através deste gráfico que os serviços de educação ainda não informam convenientemente os seus docentes existindo portanto uma carência quanto a um serviço personalizado com base em informações. A pesquisa por internet ou o contacto com os amigos ainda é o meio que facilita a obtenção de inúmeras informações.

Quanto aos motivos que levaram cada docente a concorrer a este tipo de ensino, como era de prever as respostas foram variadas.

A par desta situação, seleccionamos aquelas que os inquiridos mais destacaram e que para nós nos pareceram as mais relevantes. Diríamos então, que os motivos principais que levaram estes docentes a concorrer ao EPE em Espanha prende-se essencialmente com aspectos de colocação, visto em Portugal não conseguirem entrar nos quadros de agrupamento. Por outro lado pesam também factores financeiros, na medida em que o vencimento é compensatório, aliado à curiosidade em conhecer novas experiências e com elas adquirir conhecimentos e novos contactos.

Na terceira questão em que se pergunta se o docente gosta de trabalhar no estrangeiro, somente dois docentes manifestaram desagrado em exercer este tipo de funções, enquanto os restantes docentes não hesitaram em responder afirmativamente a esta questão. Daqui podemos afirmar, que o facto da esmagadora maioria responder sim contribui de forma positiva para a motivação de trabalhar no estrangeiro.

Na quarta questão que era se o docente se sentia realizado como professor de LCP em Espanha, a maior parte dos docentes responderam afirmativamente. Isto leva-nos a concluir

que estes professores sentem-se capazes de enfrentar as vicissitudes do dia-a-dia e que o trabalho que executam está dentro dos parâmetros que cada um delimitou como profissional. Sentindo-se especialistas em educação intercultural abrindo caminho para a compreensão, para a comunicação e para a interacção, professando os princípios essenciais de «dar a conhecer o outro para levar à compreensão das suas diferenças e também da igualdade fundamental de todos; de entrar em comunicação com aquele que é diferente, descobrindo a complementaridade entre as pessoas; e finalmente conduzir à interacção para construir a unidade» (Boléo e Nunes 1998: 149).

No entanto, aqueles que responderam negativamente a esta questão, apesar de serem uma minoria são um número preocupante.

Quadro 6 – Caracterização económica

Financeiramente compensa Aconselha esta experiência Não Sim Não Sim

24 24 8 40

% 50,0 50,0 83,3 16,7

A quinta questão está relacionada com aspectos financeiros e tenta saber se financeiramente este tipo de trabalho é compensatório?

Curiosamente as respostas foram similares pois metade dos docentes respondeu afirmativa e negativamente. Perante esta situação acreditamos que um dos grandes incentivos que levava muitos dos professores portugueses a concorrer ao ensino no estrangeiro está a cair em descrédito. Por outro lado, para as camadas mais jovens, que iniciam agora as suas funções e que em Portugal não conseguem colocação, o vencimento no estrangeiro corresponde a um factor aliciante, o que justifica metade das respostas afirmativas ao estarem eles em maioria.

Na quinta questão, o docente teria que responder à seguinte pergunta: Aconselha esta experiencia a outros docentes?

A maioria não hesita em afirmar que aconselharia esta experiência a outros docentes. Neste caso, a justificação encontrada na questão anterior vem confirmar de certa forma esta

resposta. Destacando-se como uma grande maioria47, os professores mais jovens são os que se

adaptam mais facilmente às novas situações e aceitam com entusiasmo a mudança e o renovar de rumo. Satisfatoriamente, podemos concluir, que presentemente o docente do EPE em Espanha, apesar de não estar a leccionar no seu país e de ter de enfrentar uma realidade

47

diferente àquela que está habituado, sabe adaptar-se e tirar partido da situação, valorizando os aspectos positivos desenvolvendo competências que lhe permitirão no futuro construir um conhecimento que faça dele melhor formador.

Nesta última parte do questionário pedia-se ao inquirido que enuncia-se duas vantagens e desvantagens deste sistema de ensino.

Depois de analisadas todas as respostas na globalidade e dada a sua diversidade seleccionámos aquelas mais reincidentes na medida em que a nosso ver demonstram o sentir geral deste grupo de docentes.

Como vantagens entre muitas outras, destacámos a oportunidade de partilhar experiências conduzindo isto a um enriquecimento pessoal e profissional, assim como a possibilidade de poder difundir a língua e a cultura portuguesas como património e riqueza do país.

No que concerne às desvantagens, por serem bastantes e unânimes, destacámo-las nas seguintes alíneas:

Isolamento profissional;

Falta de continuidade deste tipo de ensino; Fora dos colégios, não há incentivos para a LCP; Falta de formação;

Falta de manuais escolares48;

Falta de apoio pedagógico a nível da Coordenação;

Falta de reconhecimento por parte do Ministério de Educação49.

48

Esta alínea indiscutivelmente foi a que mais se destacou. Quase todos os docentes alegaram a falta de material para poder trabalhar com dignidade.

49

Os professores sentem-se descriminados em aspectos relacionados com a progressão na carreira, a avaliação, a formação, a atribuição de créditos, etc.