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Nas normas enviadas aos docentes pela Coordenação de Ensino para a elaboração dos Relatórios Anuais são-lhes pedidas propostas de melhoria para o PLCP. Uma grande parte dos docentes propõe e /ou solicita:

mais aulas com ensino integrado;

menos deslocações entre cursos do PLCP, ou seja, mais docentes para os CRAs; mais carga horária semanal para o ensino do Português;

mais reuniões de coordenação; mais e novos manuais escolares; mais partilha de materiais didácticos;

informação sobre a aquisição de materiais sobre Cultura Portuguesa, de preferência para serem utilizados com meios informáticos;

mais formações contínuas;

actualização das bibliotecas infanto-juvenis já existentes; mais apoios (pessoais/profissionais);

a continuidade do ensino do Português no Ensino Secundário, como segunda língua Estrangeira, aumentando assim as oportunidades em Português dos alunos do 1.º, 2.º e 3.º Ciclos da E.P., níveis de ensino que integram o PLCP.

CAPÍTULO 1 – APRESENTAÇÃO DO ESTUDO

1. Introdução

Não é por demais referir que, nos tempos em que vivemos, pela diferenciação dos contextos, os sistemas de ensino necessitam de competências essenciais que facilitem conhecer, interpretar e compreender a pluralidade. Actualmente, as estatísticas escolares falam-nos de turmas que se transformaram em «microcosmos da diversidade da sociedade mundial e a compreensão transcultural tornou-se uma condição indispensável para o estabelecer de um bom clima de aprendizagem nas escolas de todo o mundo» (UNESCO 1995: 12). A par dessas diferenças culturais, estão também sempre presentes as línguas, que são um suporte importantíssimo do património cultural. Assim, valorizar e incentivar uma educação aberta, criando os meios necessários de sensibilização e manutenção da diversidade linguística e cultural, é hoje mais do que nunca, uma das necessidades prioritárias nos países desenvolvidos ou em vias de desenvolvimento.

Desde que oficialmente foi reconhecida, no Tratado de Maastricht de 1992, a dimensão cultural da integração europeia e se iniciaram as diligências para edificar uma Europa coesa, a utilização da língua e a fruição da cultura como veículos de uma insofismável realidade, definida como a identidade cultural dos cidadãos, tem gerado ao longo destes anos reflexões preocupantes quanto à sua realização e projecção futura num espaço plurilinguístico e multicultural como é o das actuais sociedades europeias. As políticas que enformam o direito à diversidade linguística e cultural têm em vista a construção de uma Europa sem fronteiras, onde circulem livremente pessoas e ideias sem constrangimentos de qualquer tipo, sobretudo das questões relativas à educação. No entanto estas, ainda não são unânimes, apesar de existirem já há anos Directivas e Recomendações internacionais europeias que legislam sobre o ensino da língua e da cultura do país de origem a alunos residentes noutros Estados- membros (Conselho da Europa desde 1971 e Conselho das Comunidades Europeias desde 1977). De facto, cabe a cada sociedade assegurar aos seus membros, através dos sistemas educativos, a posse e a capacidade de manejo dos instrumentos essenciais à sua concretização, reservando-lhe um papel de destaque. Esta relevante reflexão serviu de base para serem formuladas as conclusões da Conferência de Estrasburgo de 1982, em que se acentuou que o conhecimento das línguas não poderia simplesmente ser reconhecido como um instrumento de comunicação, mas sim valorizá-lo como um factor essencial que serve para compreender o

modo de vida e das formas de pensamento de outros povos, bem como do seu património cultural.

Tendo em conta esse sentimento e tomando como referentes estas premissas, de uma forma objectiva foi elaborado um estudo dentro do contexto educativo do PLCP em Espanha, que nos facilitasse um conhecimento mais amplo e profundo deste género de projecto de trabalho.

Pode-se referir no entanto, que em termos gerais, um dos principais motivos que nos incentivou e moveu a realizar este estudo está ligado a questões pessoais, visto pertencermos a esse pequeno grupo, que faz com que este programa seja há já uns anos uma realidade. Outras das razões tem a ver, com o facto de existir escassez de estudos, que nos possam asseverar a eficácia deste projecto e toda a temática a ele unida. Digamos que, o facto de descobrir se o nosso trabalho está adaptado para o fim que se destina e segue as mesmas linhas de actuação dos outros docentes que participam nele agudizou a nossa curiosidade e reforçou a vontade de o avaliar mais a fundo.

Assim sendo, identificaremos e analisaremos as opiniões de alguns professores que fazem parte deste universo, no 1º Ciclo do Ensino Básico, para conhecer o seu perfil de docente e a forma como participa neste programa. Esta análise pretende assim auscultar o papel dos mesmos em relação à concepção da escola actual e plurilingue tentando saber se estão motivados para este tipo de ensino e qual a sua opinião sobre a sua participação nesta forma de ensino.

Desta forma tentamos interpretar, compreender e analisar o programa de LCP em Espanha para poder dar resposta às seguintes questões:

1 - Estarão os professores portugueses motivados para este tipo de prática pedagógica? 2 - Que percepções têm os professores sobre este método de ensino?

3 - Que recursos materiais são privilegiados pelos professores?

Para fazer a análise das informações recolhidas, foram construídos quadros e gráficos que facilitaram o estudo das mesmas, os quais posteriormente foram interpretados e analisados.

A construção de um mundo global, sem fronteiras onde vigora uma escola actualizada e democrática, é um processo gradual, mas que, aos olhos de muitos, é já hoje uma realidade latente. Com efeito, ao ser esta uma investigação pioneira no programa, ambicionamos, ressaltar os aspectos positivos e negativos, com o objectivo de dar a conhecer, enriquecer e fortalecer o nosso saber pedagógico, o nosso labor e a dos vindouros.

CAPÍTULO 2 –

ESTUDO EMPÍRICO

2.1. Enquadramento geral

Num planeta em que as sociedades se apresentam cada vez mais multifacetadas, repletas de inovações e o tradicional passa rapidamente a ser obsoleto e pouco funcional a curto prazo, a educação, como tantas outras vertentes, não se deixa esmorecer e tenta acompanhar o rimo do tempo, proporcionando a todos os seus participantes um quadro propício benéfico, favorecedor de uma educação intercultural.

Seguindo este fio condutor imbricado na mutação e agitação constante da mudança, encontramos hoje muitos dos docentes que trabalham num programa que ao longo das décadas, se soube adaptar aos tempos e com eles se foi consolidando.

Hoje, como realidade perene que é desafia-nos a reflectir sobre a sua funcionalidade, reconhecendo virtudes ou defeitos, e talvez os últimos (defeitos), quem sabe, para ser superados futuramente.

Com a elaboração deste estudo efectuado a 48 (quarenta e oito) docentes do EPE em Espanha, pensamos pois decifrar melhor este seu ambiente laboral, em que ensinam a sua língua a um variado leque de alunos, como língua materna, segunda língua e língua estrangeira. Trata-se, de entender a nova função que este docente exerce nos quadros de ensino no estrangeiro desvinculando a tradicional ideia dos cursos de LCP como ligação às origens ancestrais. Como se pode deduzir, hoje é um programa com uma dimensão mais alargada e adaptada à realidade, que valoriza a língua portuguesa como factor de comunicação internacional e de expressão cultural da lusofonia.

É um ensino apropriado às necessidades de cada contexto, onde cada docente tem de enfrentar e lidar com as adversidades impostas pelos diferentes sistemas de ensino de cada província espanhola onde está colocado. Porque o meio de trabalho de cada um é um universo diferente de tantos outros, pois, cada Comunidade Autónoma rege-se por medidas educativas próprias, a que cada um deve e tem que se adaptar.

Movidos pela diversidade destas realidades educativas fomos metodicamente estruturando e realizando a nossa investigação da qual resultou o nosso estudo.