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1 A REALIDADE HISTÓRICA DO BRASIL SOBRE A URBANIZAÇÃO, HABITAÇÃO E OS MOVIMENTOS SOCIAIS

1.1 MOVIMENTOS COMUNITÁRIOS URBANOS NOS ANOS DE

Na década de 1970, os salários tornam-se ainda mais aviltados, atingindo níveis baixíssimos. Como as perseguições policiais não precisavam fundamentar-se em provas, os sindicatos estavam sendo controladas, através da intervenção governamental; as prisões estavam cheias de opositores e a maioria que conseguiu escapar da repressão, exilada. A Ditadura Civil-Militar proporcionava o financiamento público para grandes obras públicas que pudessem gerar empregos e condições melhores de vida, como o crédito bancário para o consumo entre a população, mas a falta desse financiamento, na década de 1970, gerou uma crise financeira, ampliada pela crise do petróleo no mercado internacional em 1973, que atingiu a população mais carente.

Os países árabes ligados à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) aumentaram em 400% o preço do barril do petróleo, e um de seus derivados, o óleo diesel, utilizado na agricultura, era subsidiado no Brasil. Da mesma forma, a gasolina, principal combustível para os transportes e a indústria na área urbana, causaram uma crise econômica, e os empréstimos internacionais do Brasil vão gerar uma dívida externa astronômica. Nesse sentido, o crédito vira inflação e os preços, em função da alta dos combustíveis atingiram em cheio os setores médios e os pobres em geral. O endividamento do Brasil tem como consequência o rebaixamento salarial, devido à exploração econômica e à espoliação urbana de uma vida digna para a população. A reação a essa ordem conjuntural torna-se cada vez mais expressiva, em função do agravamento da falta de condições de infraestrutura urbana e a carência da população mais pobre, gerando a reorganização dos movimentos sociais urbanos no País, a ocupação dos tradicionais espaços de participação popular dos partidos e sindicatos, devido à ausência ou à repressão da Ditadura Civil-Militar, como destaca Maria da Gloria Gohn:

No Brasil, a temática dos movimentos sociais urbanos surge como objetivo central de investigação entre alguns cientistas sociais , na década de 70, num momento histórico em que esses movimentos começavam a se projetar na cena política por dois motivos básicos: um de ordem estrutural – o agravamento da falta de condições

de infraestrutura urbana e o rebaixamento salarial, portanto, o aumento da exploração econômica e da espoliação urbana. O segundo motivo era de ordem conjuntural – o regime político-militar e a ausência ou repressão de espaços já tradicionais de participação popular, tais como os partidos e sindicatos (GOHN, 1991, p. 33).

Embora o Brasil estivesse sob uma repressão política, são criadas a Associação de Moradores e as Sociedades de Amigos de Bairros (SABs). Nesse período histórico, os movimentos sociais surgem, embasados em movimentos de classe rural e urbano, com problemáticas específicas, entre os quais o da moradia.

Durante a Ditadura Civil-Militar, foi criado o Banco Nacional da Habitação (BNH), através de linhas de crédito bancário do sistema financeiro nacional, especificamente do “Fundo de Garantia” (FG) do trabalhador brasileiro, que o trabalhador passou a ter mensalmente, junto com seu salário e política administrativa pela Caixa Econômica Federal (CEF). Esse investimento, instituído durante a Ditadura, tinha um projeto estratégico que, ao investir em habitação social, dava um clima de estabilidade política, via esfera governamental, para o controle junto aos trabalhadores. O panfleto a seguir retrata o início do processo de financiamento da casa própria, a partir do BNH, através da liberação do fundo de garantia do trabalhador brasileiro.

Figura 1 – Panfleto do Banco Nacional de Habitação (BNH).

Na ótica da Ditadura, ser proprietário da casa própria traria um apoio ao governo e, consequentemente, uma estabilidade social, como também evitaria a participação comunitária dos próprios trabalhadores. Deve-se considerar que, embora esse programa de habitação social tivesse uma abrangência considerável, era ainda muito modesto em relação à procura por habitação popular, sem considerar também o acelerado processo de urbanização do Brasil nessa época, em que uma massa considerável de pessoas procurava as grandes cidades atrás de emprego e renda, de modo especial do nordeste brasileiro para os grandes centros industriais como São Paulo e Rio de Janeiro. Esse movimento, para os grandes centros urbanos, também era realizado nas regiões metropolitanas do Brasil, como na grande Porto Alegre, provenientes de pequenas e médias cidades. Com isso, uma parcela considerável da população permaneceu alheia ao BNH, havendo também um crescimento do autoempreendimento, por meio de loteamentos irregulares, vilas e favelas, como o caso do bairro Mathias Velho em Canoas.

O processo de redemocratização do Brasil, com o fim da ditadura civil-militar, trouxe consigo um esvaziamento da política nacional de habitação e o problema da moradia vai continuar existindo. E é nesse momento histórico no Brasil, marcado por uma maior participação da população em suas reivindicações comunitárias pela moradia, que ocorre a criação da Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM) em 1982, como meio de unificação em um movimento nacional popular e comunitário, que tinha o papel fundamental de organizar as federações estaduais, as uniões municipais, as associações comunitárias, as entidades de bairro e similares que começam a surgir no Brasil. A proposta desses movimentos fundamenta a base da organização comunitária do bairro Mathias Velho, em Canoas. Como forma de registro ilustrativo, pode-se visualizar a criação da Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM).

Figura 2 – Notícia da (Confederação Nacional das Associações de Moradores) CONAM.

Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia/306597-1. Acesso em: 06 jun. 2017.

O processo migratório campo-cidade teve um significativo avanço, no momento em que as políticas governamentais apontavam para a exportação de produtos agrícolas, em detrimento do mercado interno, gerado até então pela agricultura familiar, em que as grandes propriedades rurais e a indústria capitalista nas cidades eram o alvo principal.

Dentro de um processo de exclusão social, cada vez mais crescente na zona rural, em que a falta de perspectivas de uma vida digna somadas aos valores culturais provocaram uma saída populacional altamente significativa, houve um crescimento da participação popular, como forma de resistência, na fase inicial deste processo.

A maioria desses agricultores era de pequenos proprietários e o que era produzido passou a valer pouco, ocorrendo uma dificuldade de concorrência com os grandes proprietários de terra. Outro elemento a ser considerado, em termos de produção, era o binômio trigo-soja, o que gradativamente excluía da produção, e de suas terras, os agricultores

familiares, que tinham na pequena propriedade rural, diversificada em termos de produção, a sua força produtiva familiar.

Sublinha-se que o êxodo rural, na ótica capitalista, ou a expulsão do campo, na visão popular, dava a perspectiva de uma nova vida, no meio urbano dos anos 70, para emprego e renda. A propaganda midiática da ditadura civil-militar apontava para essa alternativa. A busca dessa nova vida para os agricultores familiares, como mão de obra na construção civil, na indústria e no comércio nos grandes centros urbanos era uma ideia concreta, e essa transferência da mão de obra do campo para a cidade era uma realidade do Brasil nesse período histórico.

Nesse sentido, a perspectiva de trabalho e renda nas grandes regiões metropolitanas demonstrava a coragem desses migrantes que, ao saírem de suas pequenas propriedades rurais, alimentavam a esperança de encontrar uma nova alternativa para viver e morar. Para os migrantes, a nova vida nas cidades representava a possibilidade de um trabalho que possibilitasse a esperança de um recomeço, tendo como parâmetro mais dignidade e liberdade, em que a família se torna a força de uma unidade que fornece as condições necessárias para alcançar seus objetivos. Ademais, a unidade familiar fortalece a ideia de resistência para uma vida melhor, em que trabalho e moradia poderiam garantir a sobrevivência, frente a essas condições cada vez mais adversas. Começou a ocorrer um deslocamento para as cidades, também como forma de resistência e dignidade, em processo de forte urbanização, com o advento de estruturas básicas de fortalecimento de um capitalismo industrial.

A construção dos movimentos comunitários, nesse período histórico no Brasil, é uma realidade como elo entre o problema da moradia e a situação social das periferias e bairros das grandes e médias cidades, como no bairro Mathias Velho.

Nessa linha de raciocínio, as experiências e o processo de ressignificação do passado tornam-se importantes para reconfigurar o presente, procurando rememorar um saber local como sujeito da história. O saber local está ligado à convivência coletiva na cidade como um todo, em que se busca a afirmação de uma identidade. Esse saber local tem a ver com o esquecimento que, por sua vez, pode estar ligado ao abandono. O projeto de pesquisa tem na memória um elemento importante, pois agrega experiências vividas de uma história construída. Sublinha-se que a ação humana, em diferentes grupos sociais, em uma convivência comunitária, mostra que a história pode ser formada pelo coletivo e não por acontecimentos isolados que procuram exaltar a figura dos grandes líderes, em detrimento da participação de todos aqueles que vivem e viveram em uma cidade.

A reconstrução da memória está interligada à Nova História Cultural que permite ver o particular, ligado à cultura dos grupos sociais. Cumpre expor que a cultura dos grupos sociais tem um significado simbólico que se afirma através de uma identidade herdada, representando ideias, hábitos e valores que podem estar em processo de mudanças. A História baliza os acontecimentos de uma existência, à medida que ocorrem através da memória, com suas contradições, macrointeresses e conflitos, que poderemos identificar o processo de organização comunitária do bairro Mathias Velho, objetivo geral de pesquisa nesta tese de doutorado. O historiador Peter Burke, no seu livro “O que é história cultural”, ao analisar a Nova História Cultural, no qual usa a sigla NHC, enfatiza o interesse popular pelas memórias históricas, onde o autor relata as mudanças sociais e culturais em termos de identidades:

Outra forma de NHC que atualmente passa por um surto de expansão é a história da memória, algumas vezes descrita como “memória social” ou “memória cultural”. [...] há um forte interesse popular pelas memórias históricas. Esse interesse cada vez maior provavelmente é uma reação à aceleração das mudanças sociais e culturais que ameaçam as identidades, ao separar o que somos daquilo que fomos. À medida que os acontecimentos retrocedem no tempo, perdem algo de sua especificidade. Eles são elaborados, normalmente, de forma inconsciente e, assim, passam a se enquadrar nos esquemas gerais correntes na cultura. Esses esquemas ajudam a perpetuar as memórias (BURKE, 2005, p. 87-8).

Podemos, também, considerar, como características da Nova História Cultural, aspectos ligados às classes sociais, aos conflitos sociais, à vida cotidiana e aos modelos alternativos em uma investigação histórica plural a não apenas de suas elites, como podemos identificar no bairro Mathias Velho, em relação aos novos moradores e ao conflito em relação à disputa social pela moradia em um local onde a especulação imobiliária, a partir de seus proprietários, gera conflitos sociais na construção do movimento comunitário em uma área devoluta. Estes aspectos são abordados na análise do historiador Ronaldo Vainfas:

[...] uma nova “Nova História Cultural”, distinta da antiga “história da cultura”, disciplina acadêmica ou gênero historiográfico, dedicado a estudar as manifestações “oficiais” ou “formas” de cultura de determinada sociedade: as artes, a literatura, a filosofia etc. A chamada Nova História Cultural não recusa de modo algum as expressões culturais das elites ou classes “letradas”, mas revela especial apreço, tal como a história das mentalidades, pelas manifestações de massas anônimas, as festas, as resistências, as crenças heterodoxas... Em uma palavra, a Nova História Cultural revela uma especial afeição pelo informal e, sobretudo, pelo popular [...] perfeitamente nítida nas primeiras versões da moderna história cultural: a sua preocupação em resgatar o papel das classes sociais, da estratificação e mesmo do conflito social [...] a chamada história cultural é uma história plural, apresentando caminhos alternativos para a investigação histórica (VAINFAS, 1997, p. 148-9).

As mobilizações desses movimentos em seus objetivos específicos podem levar a ciclos de protestos e mobilizações massivas, com formas variadas de expressão, podendo haver conflitos, a confrontação com oponentes e a incorporação de novos participantes, que, com frequência, recorrem à ação direta, ignorando mediações institucionais. No caso do bairro Mathias Velho, o conflito, no início do processo de ocupação urbano, torna-se um processo significativo, na medida em que os diferentes interesses antagônicos são evidentes: de um lado as lutas dos novos moradores do bairro pela moradia em terrenos devolutos; de outro, os proprietários desses terrenos que, através da especulação imobiliária, geram o conflito.

Na articulação dos movimentos sociais, quase sempre de caráter duradouro, os participantes, com frequência, planejam ações e definem estratégias de médio a longo prazo. Sua organização é variada, podendo ser: formais ou informais, hierárquicos ou horizontais. Dizer que um movimento social pode ser organizado não significa igualá-lo a uma organização institucionalizada, como um sindicato ou uma associação de moradores. Essa distinção é fundamental, pois organizações formalizadas podem ter um efeito paralisante, tornando-se burocráticas e sujeitas à cooptação. A rejeição a organizações preexistentes frequentemente ocorre na fase inicial das mobilizações, como foi o caso do “novo sindicalismo” na região do ABC em São Paulo, na década de 1970, liderado por Luiz Inácio da Silva.

Os diferentes motivos que levam à construção dos movimentos sociais, como as estratégias e formas de ação são elementos a serem considerados em termos de avanços ou recuos, em diferentes desafios, como a oposição contra esses próprios movimentos. É importante distinguir tipos de participantes, motivos, estratégias, formas de ação e possíveis consequências; tais distinções, porém, servem não para encaixar a realidade, mas para mostrar o quanto e como esta se aproxima, ou se distancia dos modelos, podendo levar à reformulação das categorias.

O estudo do caráter transformador dos movimentos sociais pode ter várias interpretações, dependendo do alcance das mobilizações. Algumas mobilizações resultaram em mudanças políticas visíveis, como o movimento “Fora Collor” no Brasil, em 1992, o qual provocou o impeachment do presidente da República. Quando se trata de mudar a sociedade e a cultura, o descarte do estudo dos movimentos sociais passaram a ter uma dinâmica política e nas relações de poder na sociedade, em que tais movimentos tornam-se aos poucos a base de organização popular e reivindicatória, entre as décadas de 1970 e 1980.

Os movimentos sociais, através de suas manifestações, pela mobilização popular as reivindicações de suas lutas sociais em prol de seus interesses que possam trazer o resultado de suas demandas, como por exemplo, a reforma agrária e a reforma urbana. As políticas públicas podem, eventualmente, estar em sintonia com suas aspirações, no entanto, é pela própria formação e a ação dos trabalhadores que o resultado pode ser obtido. A ação coletiva torna-se uma prática significativa de mobilização. Lutar pela reforma urbana é, acima de tudo, o direito constitucional pela moradia. Dentro dessa análise, devemos considerar que as práticas culturais devem ser levadas em consideração, pois, para haver uma ação concreta é necessário valorizar as individualidades dos trabalhadores que almejam seus direitos sociais.

A partir dos anos de 1970 com o ressurgimento dos movimentos sociais ligados a Igreja Católica, ainda no período da ditadura civil-militar ocorrem as primeiras mobilizações de base popular na periferia das médias e grandes cidades com suas lutas e ações coletivas.

A grande efervescência contestatória e o protagonismo dos movimentos sociais se identificavam pelo pertencimento a uma classe social com suas demandas que expressavam interesses e reivindicações pelo acesso à cidadania, até então negada pelo sistema político vigente. Esse processo histórico ganhará mais força e dimensão no final de 1970 e início dos anos de 1980. As diferentes demandas e mobilizações tomam agora um novo contexto no que tange aos movimentos sindicais que vão surgindo no país, principalmente em São Paulo através dos metalúrgicos, como também, o surgimento do MST. Tanto o movimento sindical, quanto o movimento agrário irão se associar aos demais movimentos sociais que terão como resultado uma pressão social e política pela redemocratização do país.

A presença dos movimentos sociais, com suas reivindicações e pressões sobre os poderes públicos, trouxeram, com a redemocratização do Brasil, a partir de 1985, uma melhoraria significativa às condições de vida dos pobres e da classe média baixa, retirando milhões de pessoas da miséria e da pobreza extrema. O aumento do salário mínimo, tornou mais fácil a obtenção de crédito, e o emprego expandiu-se no setor formal, propiciando maior acesso a bens de consumo e fortalecendo o mercado interno. Dentro desse processo histórico, surgiram novos bairros de classe média e conjuntos habitacionais de baixa renda, em geral de baixa qualidade e sem obedecer às diretrizes de planejamento urbano. Uma parte significativa da população pobre tem sido expulsa para as periferias, sem condições adequadas de saneamento, iluminação pública e transportes, entre outras necessidades básicas. A população sem acesso ao mercado formal de habitação teve, como alternativa, que ocupar os terrenos que “sobravam”, sem saneamento básico e sujeitos a riscos de inundações, como ocorreu com

a população de migrantes que se deslocou do interior do Rio Grande do Sul para o bairro Mathias Velho, em Canoas.

Dentro de uma situação adversa, a qualidade de vida não depende apenas de condições financeiras, mas também da provisão de bens e serviços, a cujo acesso deve ser universal, como educação e saúde. A História do Brasil tem demonstrado que os governos não conseguiram assegurar, de forma satisfatória, a qualidade desses serviços, o que tem levado ao incremento da demanda daqueles ofertados pelo setor privado, acarretando o consequente endividamento das famílias. Nas cidades, a situação se complica ainda mais, porque a urbanidade depende dos chamados bens de consumo coletivo (habitação popular, saneamento básico, iluminação pública, segurança, transportes, etc.), cuja oferta cabe, principalmente, a Estados e Municípios, diretamente, ou por meio de concessões a empresas privadas. O governo federal, apesar de seu centralismo, e em muitos casos desvio de recursos, ainda é uma das fontes principais, via Caixa Econômica Federal (CEF), para financiamentos que disponibilizem recursos para a habitação no Brasil.

Na conjuntura desfavorável, dentro desse contexto, destaca-se a questão da mobilidade urbana, em que os usuários de transportes públicos, caros e de má qualidade, têm sido particularmente prejudicados. Nas regiões metropolitanas, a proporção de deslocamentos casa-trabalho acelera-se, considerando os diferentes turnos de trabalho, ligada ao aumento da demanda da população pela qualidade e agilidade desse transporte.

A necessidade de buscar o seu lado “invisível”, que se constrói a partir da cultura política, a partir do compartilhamento de valores e práticas divergentes da ordem instituída, os movimentos sociais foram além de suas demandas específicas e mostraram a relação dessas com a democratização da esfera pública e a efetivação de direitos sociais,

Formas de indignação tem sido uma marca dos movimentos sociais que foram, em grande parte, o fermento dos protestos massivos, inéditos em seu formato horizontal e na multiplicidade de pautas. As articulações dos participantes dos movimentos sociais em suas manifestações transformaram-se num contraponto à grande mídia, que normalmente não relata essas iniciativas como reivindicações sociais importantes, mas faz críticas de forma incisiva como algo contrário à ordem estabelecida pela sociedade.

Para que os movimentos sociais possam ter um registro histórico de participação na sociedade, faz-se necessário articular a memória e a história, como forma dialética entre o individual e o coletivo. Esses atos da memória permitem compreender distintos contextos históricos, através da lembrança e da produção da memória, a qual se torna uma matéria-