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2.4 Estágio: uma forma de ingresso dos jovens no mundo do trabalho

2.4.1 A mudança recente na lei de estágio

Neste tópico realiza-se a discussão de alguns aspectos da lei de estágio e salientam-se alguns pontos da nova legislação que regulamenta o trabalho em estágio. A lei número 11.788 de 25 de setembro de 2008 altera a legislação de estágio e revoga a lei nº 6.494 de 1977. Devido ao grande desrespeito à legislação do estágio, ou seja, por causa da utilização do estágio como meio de contenção de gastos com a mão-de-obra, o Estado brasileiro percebeu a necessidade de alterar o arcabouço jurídico referente ao estágio para que ele cumprisse sua verdadeira função. Além disso, as profundas modificações no mercado de trabalho brasileiro fizeram que a legislação do

estágio42 passasse por uma atualização.

Com a nova legislação objetiva-se melhorar alguns aspectos do estágio, uma vez que a nova lei proporciona aos estagiários o direito ao recesso e limita a jornada de trabalho, o que implica em regulamentação de alguns aspectos do contrato de estágio, que antes eram definidos pela negociação entre o estagiário e o órgão que concede o estágio. Contudo, existe uma diferença entre o que a lei determina e o que ocorre na realidade, sobretudo porque o estagiário é muitas vezes utilizado como mão-de-obra barata e inexperiente.

Na visão de Ribeiro (2008), a nova lei apresenta inovações que atendem às reivindicações dos indivíduos que concebiam o estágio como um meio inteligente e eficaz de complementar a formação escolar e criticavam a sua distorção como contrato fraudulento de trabalho.

A ‘Cartilha esclarecedora sobre a lei de estágio’, criada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), assinala que a nova lei foi instituída com o objetivo de proporcionar aos jovens estudantes mecanismos que facilitem a passagem do ambiente escolar para o mercado de trabalho. Essa mesma cartilha diz que o MTE pretende estimular as empresas a ter ações de responsabilidade social através da contratação de estagiários. Não se pode deixar de lembrar que nessa cartilha o MTE afirma que a nova lei é uma evolução na política pública de emprego para os jovens brasileiros, especialmente por reconhecer o estágio como “um vínculo educativo- profissionalizante, supervisionado e desenvolvido como parte do projeto pedagógico e do itinerário formativo do educando” (pág. 5 da Cartilha Esclarecedora da Lei de Estágio).

42 Ao longo da década de 1990, duas alterações foram feitas na legislação de estágio. A lei nº 8.859 de 1994 permite

a realização de estágios por pessoas com necessidades especiais. Enquanto a lei nº 9.394 de 1996 amplia o público que pode estagiar, pois a legislação anterior permitia apenas que estudantes dos Ensinos Técnico e Superior realizassem estágios, mas inclui-se no grupo de estudantes que podem estagiar aqueles que cursam o Ensino Médio.

O MTE aponta, ainda, na cartilha, que a nova lei de estágio pretende possibilitar ao estagiário uma ampla cobertura de direitos, que serão capazes de garantir o exercício da cidadania e da democracia no ambiente de trabalho. Mas essa gama de ‘direitos’ está muito distante dos direitos garantidos nos empregos formais.

Em uma entrevista para a Revista Agitação, do CIEE, de Novembro / Dezembro de 2009, o Ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, afirmou que o estágio é um dos mais importantes mecanismos para a qualificação profissional, visto que estimula a capacidade criativa e inventiva dos jovens.

Com a nova legislação espera-se que, muitas vezes, não seja necessário recorrer à Justiça do Trabalho para que o estágio cumpra seus objetivos e permita a aquisição de aprendizagem prática e que, enfim, não seja simples substituição do trabalho adulto e formal.

Decerto, a nova legislação tem limites, pois ela ainda precisa ser melhorada e também porque mantém alguns problemas da legislação anterior, tais como a possibilidade de estágio para estudantes do Ensino Médio. Essa nova legislação, por exemplo, não criou a obrigatoriedade dos órgãos que contratam estagiários em aceitar atestados médicos ou licenças médicas dos estagiários, o que denota um dos aspectos da desproteção enfrentada pelos estagiários.

Martins (2010) afirma que as dúvidas geradas com a nova lei do estágio fizeram que empresas deixassem de contratar estagiários. Esse autor lembra que as instituições de ensino também passaram por dificuldades para se adaptar à nova lei.

Especialistas, incluindo advogados e promotores, e até mesmo a Justiça Trabalhista, consideram que o Ensino Médio não oferece aos educandos conteúdo profissionalizante, apenas fornece instrumentos para a formação geral e cidadã dos indivíduos. Dar ao estudante do Ensino Médio a possibilidade de estagiar é, segundo Santos (2006), instituir a lógica da discriminação da pobreza. Amplia-se, assim, o preconceito na sociedade que “o adolescente pobre deve ser mantido ocupado em alguma atividade, que o coloque longe dos riscos sociais, mesmo que tal confinamento lhe custe o futuro” (SANTOS, 2006, p. 57). O estágio de estudantes do Ensino Médio é muitas vezes caracterizado como uma forma de subemprego.

O juiz Tárcio Vidotti, em reportagem da Revista Anamatra, menciona que a ampliação do uso fraudulento do estágio se deu a partir do momento em que se possibilitou o estágio para estudantes do Ensino Médio. Desta forma, Vidotti critica o estágio dos estudantes do Ensino Médio, em suas palavras:

Enfim, o estágio no ensino médio teria a função de assegurar ao estudante o desenvolvimento de sua personalidade e não profissionalizá-lo”... assim, se o aluno freqüenta a empresa sem poder complementar de forma prática a carga teórica adquirida nos bancos escolares, ele não está praticando o estágio, mas sendo enganado (Revista Anamatra, 1º semestre de 2008, p. 17).

Segundo a nova legislação do estágio, em seu artigo 1º, o estágio é definido como:

ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam freqüentando o ensino regular em instituições de ensino superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos (artigo 1º).

A legislação considera o estágio ato educativo supervisionado, ou seja, direciona enfoque à questão pedagógica do estágio. A lei de estágio, no primeiro parágrafo do artigo primeiro, destaca que o estágio é parte do projeto pedagógico do curso e que integra a estrutura formativa do estudante. Nesse sentido, o estágio pode propiciar ao jovem uma complementação do ensino e da aprendizagem.

Martins (2010) elabora duas definições interessantes para o estágio. A primeira entende o estágio como negócio jurídico celebrado entre o estagiário e a empresa que concede o estágio, sob a supervisão da instituição de ensino e tendo como objetivo a educação profissional. A segunda definição enfatiza que o estágio é ato educativo escolar e uma maneira do estudante colocar em prática o que aprende na escola, sendo um contrato especial de formação profissional. Sobre o estágio esse autor ainda comenta:

O estágio tem como objetivo a formação profissional do estagiário, tendo, portanto, finalidade pedagógica, embora haja pessoalidade, subordinação, continuidade e uma forma de contraprestação (MARTINS, 2010, p. 11).

No estágio, há subordinação em razão do estagiário ter de cumprir ordens de serviço do tomador. É uma espécie de subordinação atípica ou diferenciada, pois não fica configurado o vínculo de emprego entre as partes. Entretanto, o estagiário tem jornada de trabalho a cumprir. Provavelmente, também, terá horário de trabalho a cumprir e deve fazer os serviços que lhe forem determinados pelo concedente (MARTINS, 2010, p. 18).

A lei considera, ainda, que o estágio é uma preparação para o exercício profissional futuro e tem como objetivo desenvolver o educando para a vida cidadã e para o trabalho, tal como é destacado no parágrafo 2º do artigo 1º. Além disso, a lei permite que estudantes estrangeiros também realizem estágio, mas desde que estejam matriculados em cursos superiores no Brasil.

O artigo 2º da nova lei estabelece que o estágio poderá ou não ser obrigatório. O que determina a obrigatoriedade do estágio é o projeto pedagógico do curso, juntamente com as diretrizes curriculares, a modalidade e a área de ensino. A lei define o estágio obrigatório como “aquele definido como tal no projeto do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma” (artigo 2º, § 1º). Ao passo que, segundo a lei, o estágio não obrigatório (ou facultativo) é “aquele desenvolvido como atividade opcional, acrescida à carga horária regular e opcional” (artigo 2º, § 2º). É válido destacar que os requisitos do estágio são os mesmos para estágios obrigatórios e não obrigatórios. Apenas no estágio não obrigatório há a obrigatoriedade do pagamento de bolsa-auxílio e do auxílio-transporte.

Martins (2010) afirma que não existe uma exigência para que a bolsa-auxílio43 seja de no

mínimo um salário mínimo, pois, segundo esse autor, o salário mínimo é a remuneração mínima de empregados e não de estagiários. Deve-se abordar o fato de que a bolsa-auxílio não tem valor mínimo e é negociada entre as partes. Em casos de estágios obrigatórios, a contratação do seguro contra acidentes pessoais pode ser realizada pela instituição de ensino.

A legislação permite que o concedente do estágio possa oferecer benefícios relacionados à saúde e à alimentação do estagiário, sem que implique em reconhecimento do vínculo empregatício. Ao mesmo tempo, a legislação não incluiu aos estagiários o benefício de receber o PLR (Participação nos Lucros e Resultados), que é pago a funcionários de diversas empresas.

O artigo 3º da lei aborda os requisitos do estágio44: matrícula e freqüência do estudante;

existência de Termo de Compromisso de Estágio (TCE); compatibilidade entre as atividades

43 Segundo Martins (2010), na França, o Código do Trabalho permite que o Estado possa custear parte da

remuneração dos estagiários.

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Martins (2010) cita trechos de algumas decisões de processos referentes ao estágio. As decisões basearam–se na antiga lei do estágio, mas permitem perceber situações de precariedade e a atuação do Judiciário Trabalhista. Segue trecho de uma dessas decisões: “Estagiário ou empregado. As tarefas do estágio devem ser complementares, embasadas cientificamente, de acordo com os conhecimentos do estagiário e segundo o curso que freqüenta, revelando-se de forma útil a empresa como atividade de apoio e pesquisa, e não desenvolvimento de atividades rotineiras. Além do que, colocar o estagiário em um setor e fazê-lo trabalhar como qualquer funcionário não representa a atitude da empresa sugerida pela lei nº 6.494/1977. Portanto, por ter sido usada a força de trabalho do reclamante de forma subordinada, contínua, bilateral e onerosa, vigorando o Princípio da Primazia da Realidade, efetivamente o autor ‘in casu’, foi um autêntico trabalhador (TRT 9ª R., 2ªT., RO 9143/91, Rel. Juiz Antonio Gonçalves de Moura, p. 38)” (MARTINS, 2010, p. 50).

desenvolvidas e a área de formação do estudante; acompanhamento do estagiário por professor orientador e tempo máximo para a realização do estágio, que é de 2 anos. Além disso, a empresa que concede o estágio deve ter condições de proporcionar experiência prática de formação para o estudante. Esse artigo ainda estabelece que o estágio não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, desde que sejam cumpridas as determinações da lei.

Quando se discute o estágio, não se pode deixar de mencionar a existência de Agentes de Integração, que podem ser públicos ou privados, que atuam na intermediação da contratação de estagiários pelas empresas e, ainda, possuem cadastros de jovens que desejam estagiar. Entre as funções dos Agentes de Integração estão: oferecer suporte a empresa que contrata o estagiário, inclusive representando-a junto à instituição de ensino.

As outras funções dos Agentes de Integração, tais como mencionadas no parágrafo 5º do artigo 5º da lei de estágio, são as seguintes: identificar oportunidades de estágio; ajustar as condições de realização do estágio; fazer o devido acompanhamento administrativo do estágio; encaminhar negociação de seguros contra acidentes pessoais e cadastrar estudantes. Desse modo, o Agente de Integração não participa da relação entre estudante-escola e concedente do estágio, atua apenas como intermediário entre escolas e entidades interessadas em contratar estagiários e na colocação de estagiários no mercado de trabalho (Martins, 2010).

A lei de estágio responsabiliza os agentes de integração por duas condições:

“os agentes de integração serão responsabilizados civilmente se indicarem estagiários para a realização de atividades não compatíveis com a programação curricular estabelecida para cada curso, assim como estagiários matriculados em cursos ou instituições para as quais não há previsão de estágio curricular” (artigo 5º, § 3º).

Nos últimos anos, devido ao crescimento do número de estagiários, vem sendo expandido o número de Agentes de Integração. O principal desses agentes é o CIEE (Centro de Integração

Empresa-Escola)45, que foi fundado em 1964 e é atualmente uma das mais importantes ONG

(Organização Não-Governamental) brasileira. Outros Agentes de Integração de grande importância são o NUBE (Núcleo Brasileiro de Estágios) e o IEL (Instituto Evaldo Lodi).

45 Segundo o CIEE, em seu sítio na internet: www.ciee.org.br, as empresas, ao contratar estagiários, possuem vários

benefícios. Entre eles estão: isenção de encargos trabalhistas; ausência de vínculo empregatício para o estagiário; os programas de estágio para serem desenvolvidos não necessitam de custos adicionais, pois utilizam a estrutura da própria empresa; formação do futuro quadro de pessoal.

Quando um órgão público contrata um Agente de Integração é preciso que ocorra um processo de licitação. Vale salientar também que o Agente não pode cobrar qualquer taxa do estudante. Torna-se necessário, na presente discussão, abordar outros pontos da legislação do estágio.

Ao contrário da lei da aprendizagem46, a lei de estágio não obriga as empresas a

contratarem estagiários. Desta forma, está assegurada a liberdade de iniciativa das empresas, que podem contratar estagiários apenas se os considerarem necessários. O estágio é um contrato que se dá por prazo determinado, ou seja, tem como duração máximo de dois anos e só pode ser realizado durante o período em que o estagiário for estudante, conforme estabelece a legislação. Além disso, como explica Martins (2010), o estagiário não é empregado e o aprendiz sempre será empregado, pois possui contrato de trabalho. Outra diferença é que existe uma idade máxima para um indivíduo ser aprendiz, visto que a lei trata da aprendizagem entre os 14 e 24 anos, enquanto não existe uma idade máxima para ser feito o estágio, apesar da maioria dos estagiários ser jovens.

A lei de estágio institui que a jornada de atividade do estagiário seja definida a partir do acordo entre a instituição de ensino, o órgão que concede o estágio e o estagiário. Essa jornada deve constar no Termo de Compromisso de Estágio (TCE) e não pode ultrapassar 4 horas diárias e 20 semanais para os alunos de educação especial e dos últimos anos do Ensino Fundamental, na modalidade profissional de Educação de Jovens e Adultos. Ao passo que, para os alunos de cursos superiores, cursos profissionalizantes de nível médio e para aqueles que cursam o Ensino Médio, a jornada de atividade não pode ser superior a 6 horas diárias e 30 horas semanais.

Um dos principais avanços da nova lei de estágio é regulamentar a jornada de atividade do estagiário, como estabelece o artigo 10º. Essa regulamentação não existia nas legislações anteriores. Sendo assim, limitar a jornada de trabalho do estagiário é valorizar o processo de educação dos novos profissionais e evitar que, devido ao estágio, o estudante tenha dificuldade de

46 O contrato de aprendizagem objetiva a preparação prévia dos estudantes para o exercício de atividades

profissionalizantes. Todas as empresas que possuem atividades de caráter profissionalizante, exceto as micro e pequenas empresas, são obrigadas a contratar uma cota de aprendizes. O contrato de aprendizagem pode ocorrer por no máximo dois anos e o processo de capacitação dos jovens ocorrerá nos Serviços Nacionais de Aprendizagem. Vale destacar que os aprendizes têm garantidos alguns direitos trabalhistas e o contrato de aprendizagem possui natureza jurídica diferenciada quando comparado com o estágio. De acordo com Oliveira e Castro (2008), se as empresas cumprissem a lei da aprendizagem, cerca de 1,2 milhão de jovens teriam a oportunidade de ser aprendizes.

acompanhar os estudos. Essa redução da jornada do estagiário possibilita também que o jovem tenha maior tempo para o descanso e o lazer.

Porém, no parágrafo 1º do artigo 10º, a legislação abre brecha para que as empresas não respeitem essa limitação da jornada de trabalho, pois permite que alguns estagiários possam ter jornada de 40 horas semanais. Tal como menciona o artigo citado abaixo:

“§ 1º O estágio relativo a cursos que alternam teoria e prática, nos períodos em que não estão programadas aulas presenciais, poderá ter jornada de até 40 (quarenta) horas semanais, desde que isso esteja previsto no projeto pedagógico do curso e da instituição de ensino” (artigo 10).

Quanto à jornada de trabalho do estagiário, há, ainda, outro ponto a ser discutido. A legislação não impede que estagiários maiores de 18 anos exerçam atividades no período entre 22 horas de um dia e 5 da manhã do outro, sem qualquer obrigatoriedade de pagamento de adicional noturno e, ainda, contraria o que está definido na Constituição Federal, que dispõe aos trabalhadores de 18 anos a proibição do trabalho noturno. Isso denota o descomprometimento do Estado com as condições de trabalho dos jovens, o que abre espaço para uma acentuada utilização de estagiários no período noturno.

Deve-se deixar claro que, para ocorrer a mudança na utilização do estágio pelas empresas, é necessária a atuação do Poder Público (Ministério do Trabalho e Emprego e Ministério Público do Trabalho), a quem cabe fiscalizar o estágio e fazer a lei ser cumprida pelos órgãos que contratam estagiários. Junto a isso, é preciso uma atuação responsável das instituições de ensino para que, no estágio, o estudante possa complementar o que aprendeu na teoria e não substituir mão-de-obra formal. O jovem, para se manter no estágio, pode aceitar os instrumentos de precarização, sem os relatar nos relatórios de estágio e nem informar a instituição de ensino ou os órgãos do Poder Público que poderiam verificar o desvirtuamento do estágio.

Volta-se agora para pontos específicos da lei de estágio. O parágrafo 1º do artigo 3º destaca a necessidade de acompanhamento das atividades do estagiário tanto por um professor orientador da instituição de ensino (que pode ser pública ou privada) quanto por um supervisor da empresa que concede o estágio. Deve-se, ainda, ser realizado periodicamente relatório de atividades pelo estagiário e, nesse documento, é necessário constar os vistos do professor orientador e do supervisor. Como afirma Ribeiro (2008), a nova lei estabelece uma integração entre a instituição de ensino e o órgão concedente do estágio.

O artigo 7º da lei versa sobre as obrigações da instituição de ensino quanto aos estágios de seus educandos. Entre essas obrigações estão: celebração do termo de compromisso de estágio com o educando (ou seu representante legal, no caso de estagiários menores de 18 anos) e a empresa / órgão público que concede o estágio. No termo de compromisso devem estar indicadas as condições de adequação do estágio à estrutura pedagógica do curso, a modalidade da formação escolar do estudante, e a outros dois fatores de extrema importância: adequação do estágio ao horário e ao calendário escolar.

Outra obrigação da instituição de ensino é avaliar as instalações da parte concedente do estágio, com o objetivo de analisar se estão adequadas à formação cultural e profissional do estudante. A instituição de ensino precisa, ainda, indicar professor orientador, da área desenvolvida no estágio, para que seja o responsável pelo acompanhamento e avaliação das atividades realizadas pelo estagiário. Martins (2010) assinala que a nova legislação avança quando determina que a instituição de ensino deve monitorar e avaliar o estagiário, o que pode evitar que abusos sejam cometidos pelas empresas, sobretudo a exploração indevida do estagiário apenas para não realizar o pagamento dos direitos trabalhistas.

Cabe também à instituição de ensino exigir do estudante a apresentação periódica, em prazo inferior a seis meses, de relatório das atividades realizadas no estágio. Martins (2010) demonstra que a fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) poderá verificar os relatórios elaborados pelos estagiários com o objetivo de saber se os estágios realizados pelos estudantes cumprem suas verdadeiras funções. Um dos aspectos mais importantes da atuação da instituição de ensino é garantir o cumprimento do que está definido no Termo de Compromisso