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Para a pesquisa foram analisados nove processos movidos por estagiários no TRT da 2ª Região, esses processos se referem apenas a Varas do Trabalho do município de São Paulo. Um fato a ser destacado é que havia jovens que realizavam estágios no município de São Paulo, mas que residiam em outras cidades.

No que tange à idade, dois estagiários tinham 17 anos, dois tinham 18 anos, um tinha 19 anos, um tinha 22 anos, dois tinham 23 anos e um tinha 24 anos. Percebe-se assim que mais da metade dos estagiários tinham menos de 20 anos de idade, o que indica que não são apenas os jovens de menor idade (15 a 17 anos) que procuram a Justiça do Trabalho. Quanto ao gênero dos estagiários, tem-se que sete eram do sexo feminino e dois do sexo masculino.

Entre os processos em que havia estagiárias grávidas, apenas em um a reclamante teve decisão favorável, em outros dois houve acordo, sendo que em somente um deles houve o reconhecimento do vínculo empregatício e houve um processo em que a reclamante teve decisão desfavorável. Deste modo, apenas em metade desses processos as reclamantes conseguiram ter acesso à licença maternidade.

Quanto à cidade de residência, boa parte dos estagiários residia na cidade de São Paulo e isso é facilmente explicado, pois os processos se referem à capital paulista. Contudo, três estagiários residiam em cidades da Grande São Paulo, como Poá, Osasco e Guarulhos. Isso se dá porque a cidade de São Paulo é um importante pólo econômico que atrai pessoas para trabalhar e estudar.

Os processos do TRT da 2ª Região foram numerados de 1 a 9. Dos nove processos analisados, quatro tinham estagiários que cursavam o Ensino Médio e um cursava o Ensino Técnico. Já os outros quatro estagiários cursavam o Ensino Superior, sendo que três estavam no curso de Direito e um no curso de Ciência da Computação.

No que se refere ao tipo de empresa em que os jovens realizaram estágios, tem-se que a maioria das empresas era do setor de serviços e havia também uma empresa pública e uma indústria. Entre as empresas do setor de serviços havia duas financeiras, um escritório de advocacia, uma administradora de shopping, uma empresa de logística, uma empresa que fazia importação e exportação de máquinas e uma distribuidora de publicações impressas.

Vale salientar que em quatro desses processos as decisões da Justiça do Trabalho foram favoráveis aos empregadores. Essas decisões se basearam no fato de que não havia emprego, mas apenas estágio e em algumas delas os juízes basearam sua decisão apenas na existência da documentação do estágio, o Termo de Compromisso de Estágio, sem verificar quais eram as condições em que o estagiário estava inserido. E em apenas um processo houve decisão favorável ao estagiário e o empregador pagou ao reclamante os valores devidos. Nesse processo, a reclamante era uma jovem que estava grávida e que, com o reconhecimento do vínculo empregatício, passou a ter direito à Licença Maternidade.

Ao passo que nos outros quatro processos ocorreram acordos, sendo que em três deles houve reconhecimento de vínculo empregatício e em apenas um o acordo se deu sem reconhecimento de vínculo empregatício. Nesses quatro processos os jovens tiveram decisões favoráveis da Justiça Trabalhista, mas resultaram em acordos. Isso significa que os jovens utilizaram a decisão da Justiça do Trabalho para negociar os acordos, porém tiveram, nos acordos, que retirar parte do que foi conseguido com a decisão judicial.

Um dos jovens que teve decisão favorável, mas que realizou acordo, era estudante do Ensino Médio. A decisão da segunda instância menciona a condição de estudante do Ensino

Médio do reclamante e o desvirtuamento encontrado no estágio. Segue abaixo trecho dessa decisão:

“O autor fazia o curso médio quando foi contratado pela empresa. O caso dos autos revela que a prestação de serviço do reclamante não se tratava de estágio. Não há documentos nos autos demonstrando o acompanhamento da atividade desempenhada pela autor na empresa para verificação de que o estágio propiciava complementação do ensino e da aprendizagem, bem como avaliação em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares” (páginas 108 e 109).

Em um dos processos que terminaram em acordo, o empregador teve decisão desfavorável na primeira e na segunda instância e por isso tentou recorrer ao TST, mas antes que o TST divulgasse a decisão sobre o caso, foi fechado um acordo entre o jovem e o empregador.

Convém salientar que em um dos casos que a reclamada saiu vitoriosa, o reclamante tentou recorrer ao TST, mas seu recurso não foi admitido, visto que não cumpria as exigências para que chegasse ao TST. Antes o reclamante teve decisão favorável na Vara do Trabalho, porém a decisão foi revertida a partir do recurso da reclamada ao TRT. Houve outro caso em que a decisão foi favorável à reclamada e a reclamante tentou recorrer ao TST, mas também não foi admitido o recurso.

Dos nove processos, três tiveram duas reclamadas e a segunda reclamada era o Agente de Integração que intermediou o estágio. Nos três casos os juízes consideraram que os Agentes de Integração não poderiam responder pelos estágios, visto que esses órgãos apenas intermediaram o estágio.

O primeiro processo a ser discutido é o de uma jovem que era menor de idade no momento do estágio. Ela tinha 17 anos, e realizou o estágio de nível Técnico em uma confecção de roupas, por intermédio de uma ONG (Organização Não Governamental) que realiza projetos de qualificação profissional junto a jovens de baixa renda, entidade na qual a jovem recebia formação relativa ao Ensino Técnico. Essa estagiária, que estava grávida, teve contato com produtos químicos prejudiciais à saúde sem ter acesso aos equipamentos de proteção, que deveriam ter sido fornecidos pela empresa. E, ainda, realizou o estágio mesmo quando não era mais estudante, o que é proibido segundo a legislação de estágio. Por essa situação, ela e seu advogado solicitaram que o Ministério Público do Trabalho (MPT) atuasse durante o processo. Mas não houve qualquer participação do MPT durante o processo. Durante o estágio não houve a

fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego e nem da instituição de ensino, que acabaram por permitir o desrespeito à legislação do estágio.

Sobre a situação de precariedade durante o estágio, o advogado da reclamante diz na contestação ao recurso da reclamada:

“A jovem foi contratada e exerceu a função de ajudante, retirando das estufas peças de tecido, com alta temperatura, aliás atividade de ajudante, totalmente incompatível com o curso profissionalizante realizado perante a instituição de ensino. Percebe-se assim a inexistência de estágio” (página 110 do processo nº 1).

Um aspecto interessante percebido ao longo do processo é que a ONG que formou a jovem considerou que o estágio realizado por sua aluna foi bom e até agradeceu à confecção, conforme consta em documento inserido no processo e é destacado a seguir trecho desse documento:

“Parabenizo a empresa pela efetiva responsabilidade social e agradeço por contribuir com a missão de nossa entidade: desenvolver hábitos, atitudes e habilidades profissionais aos adolescentes de famílias menos favorecidas da cidade de São Paulo” (página 39 do processo nº 1).

Isso se deu sem nenhum questionamento sobre as condições em que o estágio era realizado e essa ONG não levou em conta nem o fato da jovem estar grávida e de ter sido aluna de um de seus cursos.

Mesmo tendo decisão favorável na primeira e na segunda instâncias, a reclamante acabou por aceitar um acordo com a reclamada e ficou estabelecido que não haveria o reconhecimento do vínculo empregatício, e assim, não seria garantido o direito à licença maternidade. Percebe-se, assim, que em muitos casos o acordo se transforma em uma ótima ‘solução’ para empresas que desrespeitam direitos dos trabalhadores e que precarizam o estágio. As condições sócio- econômicas dos estagiários, aliadas à lentidão da Justiça do Trabalho, acabam se transformando em elementos que estimulam os acordos, inclusive aqueles que não garantem benefícios que constavam nas sentenças dos juízes. Esse processo no momento do acordo já tinha três anos de duração.

Entre os processos, há mais um em que o estagiário é menor de 18 anos de idade, é o caso de uma jovem de 17 anos de idade, que estagiou em uma financeira. Essa jovem era estudante do

Ensino Médio e tentou resolver os problemas do estágio na Comissão de Conciliação Prévia

(CCP)67 do sindicato da sua categoria profissional, porém não teve sucesso e decidiu procurar à

Justiça do Trabalho. Essa jovem solicitou na Justiça o reconhecimento do vínculo empregatício, visto que considerava que o estágio foi desvirtuado, bem como a reintegração ao trabalho, pois no momento que foi desligada do estágio ela estava grávida. Segundo a reclamante, o estágio realizado não corresponde ao que está estabelecido na legislação e nem proporciona a complementação do ensino e da aprendizagem.

Nesse processo a jovem inclui o agente de integração como segunda reclamada. Mas logo nas primeiras audiências o agente de integração foi retirado do processo pela Justiça, visto que a discussão deveria se pautar apenas entre a estagiária e a empresa que a contratou.

Na primeira instância, a decisão foi favorável a reclamante. A juíza do caso levou em conta o fato da instituição de ensino não acompanhar devidamente o estágio de sua aluna. Ao reconhecer o desvirtuamento do estágio, a juíza determinou que a reclamante tem direito à estabilidade provisória devido à gravidez, direitos às verbas rescisórias e ao FGTS e à multa de 40%, bem como ao seguro desemprego e aos benefícios da Justiça Gratuita. A juíza ainda determinou: “indenização em valor equivalente aos salários da reclamante desde a demissão até 05 meses após o parto, bem como reflexos em 13º salários acrescidos de 1/3, FGTS e multa de 40%” (pág. 132 do processo nº 2).

A reclamada ingressou com recurso contra essa decisão e novamente obteve decisão desfavorável, pois os juízes da Turma do TRT mantiveram a decisão anterior. E diz a decisão: “Não basta, para validade do contrato de estágio, se encontrar o trabalhador matriculado junto a estabelecimento de ensino.” (página 163 do processo nº 2). A reclamada não tentou recorrer ao TST e realizou o pagamento da indenização a reclamante a partir dos cálculos realizados pela Justiça do Trabalho.

Quando a Justiça do Trabalho condena empregadores que utilizaram indevidamente os estagiários, acaba possibilitando que jovens trabalhadores tenham a possibilidade de transformar períodos de precariedades em períodos de emprego formal. Com isso, garante a esses jovens experiência profissional, o que pode facilitar a conquista de novos empregos no futuro.

67 A Comissão de Conciliação Prévia (CCP) foi criada pela lei nº 9.958 de 2000 e tem como objetivo tentar conciliar

os conflitos individuais na esfera trabalhista. Portanto, a CCP tem condições de realizar conciliações extrajudiciais de demandas individuais de trabalho e, ainda, se caracteriza por ser uma solução privada de conflitos trabalhistas. Há muitos sindicatos que possuem CCPs e nelas trabalhadores e patrões discutem direitos desrespeitados e tentam chegar a um acordo, quando não é possível, normalmente o trabalhador ingressa com uma ação trabalhista.

Não se pode perder de vista que há processos em que na primeira instância o reclamante tem decisão desfavorável e que na segunda instância o reclamante passa a ter decisão favorável, ou vice-versa. Um dos processos que indica isso é o caso de uma jovem, de 23 anos de idade, que era estudante do Ensino Médio e que realizou estágio em uma financeira. Ela alegou que houve desvirtuamento do estágio, pois realizava função de atendente, trabalhava nos finais de semana e que estava muito distante de obter qualquer aprendizagem durante o estágio. Essa jovem teve decisão desfavorável na primeira instância, mas decisão favorável na segunda instância e, em seguida, a reclamada não conseguiu ingressar com recurso no TST e propôs um acordo para a reclamante em que era garantido o reconhecimento do vínculo empregatício. Esse acordo foi aceito pela estagiária.

Um dos argumentos da juíza da primeira instância para determinar que o estágio fosse considerado válido chama bastante atenção e é reproduzido a seguir:

“Resulta do depoimento pessoal da autora simples mágoa por não ter logrado efetivação após o estágio como ocorrera com outras colegas que estagiaram na mesma oportunidade, o que por si só não autoriza o reconhecimento do vínculo empregatício na forma pretendida” (pág. 168 do processo nº 3).

Entre os processos do TRT da 2ª Região analisados neste tópico há o de um estagiário, que tinha 23 anos de idade, e era estudante de Direito em uma faculdade particular e realizou estágio em um Escritório Advocatício pelo período de 3 anos. Nesse escritório ele realizava atividades de cobranças, principalmente a cobrança de clientes devedores do escritório. Por essa situação, ele considerou que o estágio era desvirtuado, visto que as atividades realizadas não tinham relação direta com a área de Direito e procurou a Justiça do Trabalho. Logo na petição inicial, o advogado do reclamante diz:

“No estágio do reclamante não havia complementação de ensino, nem tampouco aprendizagem na atividade desenvolvida, vez que o reclamante era um mero empregado administrativo da reclamada, assim sendo descaracterizou-se o estágio e está provado o vínculo empregatício” (pág. 05 do processo nº 4). Na primeira instância, a decisão foi favorável ao jovem. No Recurso Ordinário, a reclamada faz a seguinte afirmação sobre a decisão da Vara do Trabalho:

“Há prevalecer tal entendimento, nenhuma empresa mais dará oportundades, reduzindo cada vez mais as chances de futuros profissionais de adquirir alguma

experiência, a situar-se melhor dentro de um mercado de trabalho tão concorrido” (pág. 126 do processo nº 4).

Esse recurso foi aceito e a Turma do TRT considerou o estágio válido. Essa decisão, por sua vez, teve como base o TCE, que foi assinado pelo reclamante, pela reclamada e pela instituição de ensino. Após isso, o reclamante tentou ingressar com recurso junto ao TST, mas esse recurso não foi aceito, pois considerou-se que ele não cumpriu os critérios para ser admitido.

Há mais dois processos em que os estagiários eram da área de Direito. O primeiro deles é o caso de uma jovem, de 24 anos de idade, que estagiou em uma empresa pública. Os argumentos principais dessa jovem, ao longo do processo e das audiências, é que na verdade ela era auxiliar administrativa e não estagiária e que não realizava atividades em sua área de formação, pois apenas atendia os cidadãos que procuravam a empresa, sem atuar, portanto, na área jurídica. Ela ainda assinala que houve fraude aos seus direitos e que uma empresa pública deveria respeitar a legislação e utilizar de forma correta os estagiários que são por ela contratados. A empresa pública sempre afirmou nas audiências que o TCE é a prova da validade do estágio.

As decisões da primeira e da segunda instância foram favoráveis à reclamada. Na primeira instância, a decisão se pautou na existência do TCE para considerar que o estágio era válido. Além disso, a decisão considerou que as tarefas realizadas pela reclamante no estágio eram compatíveis com sua formação, bem como a idéia de que a experiência adquirida no estágio era importante para a formação do estudante e proporcionava maiores chances no mercado de trabalho.

No que se refere à decisão da segunda instância, a Turma do TRT negou o recurso da reclamante e considerou que não houve caracterização de vínculo empregatício, mas somente estágio e que o TCE é um dos instrumentos que demonstra a validade do estágio. Além do mais, a Turma assinala que a sentença da primeira instância não merece nenhum reparo. A decisão destaca também:

“Com efeito, embora tenha alegado, não comprovou a reclamante, ora recorrente, que as atividades que desempenhou como estagiária, tivessem assumido caráter laboral característica da existência de vínculo empregatício” (pág. 103 do processo nº 5).

A jovem tentou recorrer ao TST, mas seu recurso não foi admitido. Nesse processo houve parecer do Ministério Público do Trabalho (MPT) e nesse documento o MPT destacou que todos

os requisitos do estágio foram respeitados e que não existiam motivos para reconhecimento do

vínculo empregatício.

Vale destacar outro processo em que o estagiário era estudante de Direito em uma faculdade particular, é o caso de uma jovem de 22 anos de idade, que fez estágio em uma empresa que realiza importação e exportação de máquinas. Durante o estágio, a jovem atuou no Departamento Jurídico da empresa e o estágio teve a duração de dois anos e meio. Na petição inicial e nas audiências, a jovem alega que, durante o estágio, não houve o acompanhamento da empresa e da instituição de ensino e ela fez críticas ao fato da empresa ter permitido que o estágio durasse mais de dois anos sem realizar a sua efetivação.

A resposta da reclamada a esses argumentos da reclamante é que a jovem foi bem acolhida na empresa e durante todo o estágio atuou no Departamento Jurídico e, ainda, teve a possibilidade de receber uma bolsa-auxílio. Para a reclamada, a existência do TCE comprova a validade do estágio, justificativa simplista utilizada por muitas empresas e advogados de reclamadas.

A estagiária teve decisões desfavoráveis na primeira e na segunda instâncias. Na primeira instância, a sentença diz que a reclamada cumpriu todos os requisitos legais para a realização do estágio da reclamante e nega o pedido de reconhecimento do vínculo empregatício. A reclamante ingressou com recurso ordinário, mas a Turma do TRT, por unanimidade de votos, não aceitou o recurso. Os juízes da Turma concordam que a reclamada respeitou a legislação de estágio e a documentação necessária e por isso não há motivos para o reconhecimento do vínculo empregatício. Para esses juízes, a reclamante não conseguiu provar que havia qualquer tipo de fraude no estágio e isso era competência dela. A reclamante não tentou recorrer ao TST para reverter a decisão.

Ao longo do processo o MPT se manifestou através do seguinte posicionamento:

“Não há interesse que justifique a intervenção do órgão Ministerial, sem prejuízo de futura manifestação” (página 40 do processo nº 6).

Na discussão dos processos do TRT da 2ª Região é necessário sublinhar alguns aspectos, como os casos de estágios desvirtuados mesmo quando o jovem realizou o estágio na sua área de formação. Essa situação foi encontrada no processo de uma jovem, de 23 anos de idade, que era estudante de Ciência da Computação, em uma universidade privada, e que fez estágio na Administradora de um shopping localizado no município de São Paulo. Na petição inicial a

jovem relatou que, durante o estágio, não realizou atividades relacionadas à sua área de formação, pois ela afirmou que era somente recepcionista e atendia telefonemas. A jovem assinalou ainda que nunca realizou atividades no Departamento de Informática e que foi desligada do estágio quando estava grávida. Essa jovem teve decisão desfavorável na primeira instância e na segunda instância, sendo que em ambas a decisão se pautou na existência do TCE e o juiz da primeira instância disse na sentença:

“Como a jovem era aluna do primeiro ano de Ciência da Computação não há porque exigir que o empregador colocasse a estudante para desenvolver programas computacionais e isso não leva ao desvirtuamento do estágio” (página 82 do processo nº 7).

A sentença da 2ª instância faz menção ao TCE como meio que garante a validade do estágio, tal como é destacado abaixo.

“O estagiário, portanto, não é destinatário da proteção legal trabalhista, inexistindo dessa forma, qualquer tipo de vínculo empregatício em sua contratação. O estagiário se diferencia do empregado pela circunstância jurídica de que sua contratação exige a observância de um termo de compromisso escrito entre o estudante e a parte concedente, com interveniência obrigatória da instituição de ensino” (página 104 do processo nº 7).

Considerar o fato de o estudante estar no primeiro ano do curso superior como motivo para que ele não atue na sua área de formação é um erro e só justifica os abusos realizados pelas empresas em relação à contratação de estagiários. Sendo assim, se o aluno do primeiro ano não pode estagiar na sua área, então é preciso que a lei seja alterada e definida uma nova regra: que os estudantes somente podem estagiar a partir do segundo ano do curso. Como já se disse neste capítulo, a decisão da Justiça do Trabalho quanto à validade ou não de um estágio não pode se basear apenas na existência do Termo de Compromisso de Estágio, visto que é necessário