• Nenhum resultado encontrado

Mudanças recentes na formação inicial de professores em Portugal desde 2007:

CAPÍTULO 2 – FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES

2.3. Mudanças recentes na formação inicial de professores em Portugal desde 2007:

O Decreto-Lei nº43/2007 surge na sequência da alteração feita, em 1997, à Lei de Bases do Sistema Educativo e visa aprovar o regime jurídico da habilitação profissional para a docência na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário no contexto do Processo de Bolonha. Este decreto vem trazer a obrigatoriedade da habilitação profissional para a docência num determinado domínio e esta será a nível de mestrado na especialidade correspondente.

Os mestrados em ensino têm bem definido legalmente toda a sua estrutura, referindo-se às diferentes componentes da formação e aos pesos que cada uma delas tem na totalidade de créditos atribuídos ao mestrado.

Na estrutura dos ciclos de estudos conducentes a essa habilitação, é obrigatória além da formação educacional geral; a formação cultural, social e ética; a formação em metodologias de investigação educacional e na área da docência bem como as componentes de formação de didáticas específicas e a iniciação à prática profissional. (art. 14º, ponto 1, alínea a, b, c, d, e, f)

37

Ora, dentro dessa estrutura, a formação cultural, social e ética abrange, “a sensibilização para os grandes problemas do mundo contemporâneo; o alargamento a áreas do saber e cultura diferentes das do seu domínio de habilitação para a docência; a preparação para as áreas curriculares não disciplinares e a reflexão sobre as dimensões ética e cívica da actividade docente” (art. 14º, ponto 5 alíneas a, b, c). Sendo assim, esta formação pretende responder às novas exigências da profissão de professor.

Por outro lado, a obrigatoriedade de formação em metodologias de investigação em educação aponta para um novo perfil de professor: o professor que adota uma atitude investigativa e análise crítica no seu desempenho profissional, no sentido de o melhorar e simultaneamente ajudar cada vez mais os seus alunos e as suas aprendizagens. (art. 14º, ponto 6)

De facto, o novo perfil necessário ao professor é completamente assumido pelo Decreto-Lei 43/2007 ao referir-se à promoção, junto dos futuros professores, de uma “postura crítica e reflexiva em relação aos desafios, processos e desempenhos do quotidiano profissional” (art. 14º, ponto 4 alínea d). Essa postura está, portanto, não só implícita no plano curricular destes mestrados, mas também explícita na conceção das atividades integradas de iniciação à prática profissional.

Relativamente à iniciação à prática profissional, esta inclui a observação e a colaboração em situações de educação e ensino e prática de ensino supervisionada (o estágio pedagógico) proporcionando aos futuros professores experiências de planificação, ensino e avaliação e realizando-se em grupos ou turmas dos diferentes níveis e ciclos de educação e ensino em relação aos quais se pretende a habilitação. (art. 14º, ponto 4 alíneas a, b, c)

O objetivo fundamental desta componente de iniciação à prática profissional, que inclui a prática de ensino supervisionada, prende-se com “(…) o desenvolvimento profissional dos formandos visando o desempenho como futuros docentes e promovendo uma postura crítica e reflexiva em relação aos desafios, processos e desempenhos do quotidiano profissional” (art. 14º, ponto 4 alínea d).

De forma a garantir a componente de iniciação à prática profissional dos futuros professores, está previsto no referido decreto-lei a celebração de protocolos entre os estabelecimentos do ensino superior que disponibilizam os mestrados em ensino e as escolas de ensinos básico e secundário que passam a denominar-se escolas cooperantes. Nessas escolas cooperantes, os mestrandos desenvolvem “(…) a prática de ensino supervisionada, e de investigação e desenvolvimento no domínio da educação”. (art. 18º, ponto 1)

38

Os docentes das escolas cooperantes do ensino básico e secundário que supervisionam a prática pedagógica dos futuros professores são denominados de orientadores cooperantes. (art. 19º, ponto1)

Além da estrutura curricular da formação para a habilitação para o ensino, as próprias tarefas a realizar pelos candidatos a professores estão bem definidas neste decreto-lei e refere- se, no caso da prática pedagógica supervisionada, especificamente, as tarefas de planificação, ensino e avaliação.

Por fim, a concessão do grau de mestre é conferida através da “aprovação em todas as unidades curriculares que integram o plano de estudos do curso de mestrado” e também “da aprovação no acto público de defesa do relatório da unidade curricular relativa à prática de ensino supervisionada” (art. 17º, ponto 1 alínea a, b).

2.3.1. Os estágios pedagógicos

De acordo com o Decreto-Lei 43/2007, os estágios em ensino passam a integrar os mestrados profissionais.

Assim, a formação inicial dos professores do 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário integra, no seu último ano, um estágio pedagógico que decorre nas escolas básicas e/ou secundárias sob a supervisão da universidade em que os futuros professores estão inscritos. Estes estágios pedagógicos regem-se pela Portaria 1097/2005 de 21 de Outubro, que regula o estágio pedagógico dos cursos de formação inicial de professores do 3º ciclo do ensino básico e do ensino secundário. Esta portaria surgiu, em parte, devido ao desajustamento das normas dos estágios pedagógicos perante a realidade. Esta portaria regulamenta algumas especificidades dos estágios, como o facto da formação para docência do 3º ciclo do ensino básico e ensino secundário dever incluir a realização de estágio em turmas atribuídas ao orientador de escola, um professor do grupo disciplinar em que o estagiário está a profissionalizar-se, normalmente com alguns anos de experiência de lecionação; e que compreende as atividades que o estagiário desenvolve nessas turmas, sendo que a responsabilidade é do orientador de escola que supervisiona todas as atividades. (art. 2º, ponto 1, 2)

39

a) “A participação, na qualidade de observador, em reuniões de órgãos da escola destinadas à programação e avaliação da actividade lectiva ou noutras em que o orientador da escola possa colaborar ou participar”;

b) “A participação na planificação da actividade lectiva e na preparação dos instrumentos de avaliação e de materiais didácticos que o orientador da escola selecciona e produz para as turmas”;

c) “O desempenho da prática lectiva supervisionada nas turmas do orientador da escola” (art. 2º, ponto 3 alíneas a, b, c).

40