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O mercado de trabalho atualmente é considerado exigente e está em busca de profissionais que sejam engajados e decisivos para os atuais modelos de negócios. Mesmo com o mercado exigente, os colaboradores têm um papel importante nas decisões e com isso passam a mostrar o que esperam das empresas onde atuam (TEIXEIRA, 2012). Nesse contexto a mão-de-obra feminina vem ganhando importância e conquistando seu espaço. Mas para compreender a situação atual da mulher no mercado de trabalho é interessante entender como se deu a sua inserção no mercado.

Pode-se dizer que tudo começou com as I e II Guerras Mundiais, nessa época, o mercado passou a exigir a mão-de-obra feminina em vários setores, principalmente no comércio e na indústria. Isso se deve principalmente porque nesse período algumas mulheres tiveram que assumir a posição dos homens no mercado de trabalho, pois estes encontravam-se nos campos de batalha. No século 19 houve a consolidação do sistema capitalista e com isso ocorreram inúmeras mudanças na produção e também na organização do trabalho feminino. Nesse período com o desenvolvimento tecnológico e o crescimento da indústria, houve transferência da mão-de-obra feminina para esse setor. Aliado a isso algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Mas apesar dessa conquista, durante muito tempo algumas formas de

exploração permaneceram. Um exemplo disso era a jornada de trabalho, que em alguns casos ficavam entre 14 e 18 horas, além de diferenças salariais que eram comuns nessa época (FERREIRA, 2013).

O que se percebe hoje é que a mulher da atualidade não possui o mesmo perfil do que aquelas que trabalhavam nas linhas de produção. Através das mudanças no mundo do trabalho, as mulheres conquistaram seu espaço. Hoje elas estão em toda parte, algumas ocupam cargos e trabalham em áreas que antes eram consideradas apenas masculinas. Nesse novo contexto empresarial as mulheres passam a reivindicar por seus direitos, priorizam projetos, adiam planos pessoais para poder investir na própria carreira e estão em maioria nas salas de aula das universidades e dos cursos de profissionalização (SOBRAL, 2013).

Hoje no Brasil, as mulheres economicamente ativas que fazem parte do mercado de trabalho representam 65% do total, enquanto o percentual dos homens é 85%. A situação das organizações no Brasil mostra que apenas 18% das grandes empresas possuem mulheres entre os seus executivos (HETSCHKO e SILVA, 2014).

Mas aos poucos essa realidade está mudando. Nos dias atuais podem ser observados bons exemplos aqui no Brasil da gestão feminina com sucesso, ocupando cargos governamentais ou à frente de grandes empresas (SILVA, 2015). Um exemplo dessa realidade é o caso da empresa Johnson & Johnson que tem hoje 40% do seu quadro total sendo ocupado pelas mulheres, elas também ocupam 40% dos cargos destinados à liderança, gerência, diretoria e presidência (SOBRAL, 2013). No caso da empresa da área de cosméticos a Avon, o número de mulheres que estão no topo da liderança da companhia representa quase 50% do alto comando, esse é considerado o maior índice de representatividade feminina no mundo (HETSCHKO e SILVA, 2014).

Para Gil (2001) o que se percebe é o aumento qualitativo na presença das mulheres no mercado de trabalho, isso é importante à medida que elas passam a ocupar também cargos de alta gerência. Para o autor, esse fenômeno se deve à diminuição do preconceito que se tinha contra a mulher e aliado a isso tem-se a elevação do seu nível de qualificação profissional. Apesar das mulheres buscarem maior qualificação, continuam a receber salários inferiores aos salários masculinos, mulheres que estudam 12 anos ou mais possuem salários equivalentes a 66% da remuneração dos homens (HETSCHKO e SILVA, 2014).

Em alguns casos pode ser verificado que quando as mulheres sobem na carreira e adquirem maior qualificação, passam a ter seu talento melhor remunerado. Dessa forma,

quando em cargo de alta gerência a equidade salarial fica mais próxima entre homens e mulheres. O que se percebe na sociedade é certo receio dos homens quando as mulheres ganham mais que eles, isso pode ser afirmado em uma pesquisa realizada pelo Instituto Avon onde, foi revelado que 40% dos homens creditam que “se a mulher ganha mais que o homem é difícil o casamento dar certo” (GINANTE, 2014).

A partir disso, é importante que não só as empresas, mas os homens reconheçam que a equidade de gênero se torna um fator de desempenho financeiro, e ao empoderar as mulheres e colocá-las à frente das empresas tem-se uma importante ferramenta de mudança com vistas a melhorar o desempenho da empresa e manter a competitividade. Dessa forma, para as empresas que desejam realizar negócios com inteligência, é preciso que desenvolvam programas de liderança com vistas a reter as mulheres em cargos de diretoria. (SILVA, 2015).

Para reter as mulheres no mercado de trabalho, muitas empresas começam a perceber que uma das prioridades das mulheres está relacionada com a flexibilidade de horários, principalmente para aquelas que possuem filhos. Para atender esse aspecto algumas empresas utilizam políticas de flexibilidade onde as funcionárias e futuras mães podem optar pela jornada reduzida, home office ou semana de trabalho comprimida. Dessa forma, ao mesmo tempo em que a funcionária fica satisfeita, a empresa também fica, pois quando o profissional se sente bem resolvido na vida pessoal se torna também mais produtivo no trabalho. Diante disso, é importante que as empresas desenvolvam um ambiente que além de atrair as profissionais do sexo feminino, possa permitir o seu crescimento dentro dela (SOBRAL, 2013).

A partir disso pode-se afirmar que na empresa do conhecimento, a mulher passa a ter um papel importante, pois ela trabalha de forma natural com a diversidade e também com os processos multifuncionais. Outras características que podem ser identificadas na forma de trabalho feminino é que elas são mais sensíveis, se saem melhor nas relações pessoais, dão prioridade para o trabalho em equipe, são detalhistas, mais organizadas e ainda brigam pelos direitos dos funcionários da empresa. Além disso, as mulheres têm a capacidade de transformar os desafios em oportunidades. (TEIXEIRA, 2012).

Diante do contexto atual, o que se percebe é que ainda existem obstáculos sociais, um deles se refere à expectativa que cria-se sobre o duplo papel da mulher - este vivenciado em casa e no trabalho - onde algumas vezes elas se deparam com prioridades conflitantes que são gerados com a ascensão da carreira. Esse é também considerado o principal motivo para o

efeito funil que pode ser observado na pirâmide de cargos, onde quanto mais no topo, menor é a presença das mulheres (GINANTE, 2014).

Apesar da evolução da mulher no mercado de trabalho e de ter adquirido mais instrução, a remuneração não acompanha este crescimento. Embora ainda exista discriminação em alguns casos, a mulher está conseguindo garantir seu espaço e ganhar respeito através de seu profissionalismo. Portanto pode-se dizer que não existem mais limites para as mulheres, pois elas estão dispostas a quebrar barreiras (SOBRAL, 2013).

A partir da inserção da mulher no mercado de trabalho surge a necessidade de se ter alguém que realize as atividades domésticas, cuidar da casa e da família. Nesse sentido, a mulher ao ingressar no mercado de trabalho acaba criando a oportunidade de trabalho para outras mulheres, as empregadas domésticas.

Diante disso, pode-se dizer que o trabalho doméstico possui um peso relevante para o mercado de trabalho, pois ao mesmo tempo em que permite que as mulheres conquistem seu espaço, garante a presença de profissionais para realizar os afazeres do âmbito doméstico. O serviço doméstico remunerado acaba se tornando um importante meio de conseguir absorver a força de trabalho feminina, principalmente aquelas que possuem baixo nível de escolaridade e pouca ou nenhuma experiência profissional (DIEESE, 2013).

O trabalho doméstico é considerado como uma atividade de responsabilidade feminina, definida socialmente como dona-de-casa, mãe ou esposa. Diante disso, cada mulher possui uma forma de realizar esse tipo de serviço (MELO, 1998).

Para confirmar essa ideia pode-se citar um estudo realizado pela OIT (Organização Internacional do Trabalho, 2015) que revelou que 83% do total de trabalhadores domésticos no mundo são mulheres e que o mesmo representa 7,5% do emprego assalariado das mulheres. No Brasil 17% das mulheres que trabalham realizam tarefas domésticas.

O trabalho doméstico vem ganhando importância nos últimos anos em função da dificuldade em se encontrar pessoas preparadas para exercer esse tipo de atividade, pois para tal é preciso versatilidade. Essa versatilidade se torna fundamental para que a profissional consiga atender diferentes necessidades e demandas dentro de uma mesma família (SORATTO, 2006).

Aliado a isso outro fator que vem a contribuir para a valorização e reconhecimento da categoria está relacionada à legislação, pois a partir desse ano as empregadas domésticas

passam a ter os mesmos direitos que os demais trabalhadores, direitos que antes não eram assegurados pela Lei (SALOMÃO, 2015).