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1.5 – Museu Geológico do Laboratório Nacional de Energia e Geologia

CAPÍTULO IV – Fósseis de referência como Património Paleontológico de excepção

IV. 1.5 – Museu Geológico do Laboratório Nacional de Energia e Geologia

A coleção do Museu Geológico, do Laboratório Nacional de Energia e Geologia (MG- LNEG), em Lisboa, anteriormente conhecido como Museu Geológico e Mineiro, é uma das mais ricas de Portugal, com diversos espécimes tipo de dinossauros e outros vertebrados. É, aliás, o museu com maior número de espécimes tipo com uma lista que supera os 270 itens de 220 diferentes espécies.

Na lista dos espécimes tipo que foi facultada foram observadas algumas desconformidades, tanto em espécimes tipos que o MG-LNEG possui e não se encontram na lista, nomeadamente alguns exemplares mais icónicos da Mina da Guimarota, como alguns dos espécimes tipos que se encontram elencados não se encontram na definição de espécime tipo. É o caso do Archeopteryx lithographica de Berlim, cujo holótipo se encontra no Museum für Naturkunde (MfN) e a réplica do mesmo fóssil que o MG-LNEG considera um plastótipo. A réplica de um holótipo não serve de espécime tipo, a não ser que este tenha sido destruída previamente. É apenas uma cópia. Só serviria de espécime tipo se fosse pela réplica que a espécie tivesse sido descrita. Ainda assim, tirando alguns casos pontuais, como os acima descritos, o MG-LNEG não deixa de ser o museu com maior número de espécimes tipo e cuja importância paleontológica, seja pelo seu acervo, seja pela sua historia, é inquestionável.

Aqui faremos referência a alguns dos espécimes tipo mais relevantes do MG-LNEG, nomeadamente em tetrápodes.

Como já referido no terceiro capítulo, a mina da Guimarota, em Leiria, é uma das principais jazidas de tetrápodes jurássicos de Portugal (Mateus, 2014, Martin & Krebs, 2000) e durante anos foi explorada por uma empresa alemã que foi levando o material fóssil para as universidades alemãs. Algum foi sendo estudado e voltou a Portugal, sendo incorporado no MG-LNEG. São exemplo os holótipos dos pequenos mamíferos Henkelotherium guimarotae, (Krebs, 2000) e do Haldanodon expectatus (Martin & Nowotny, 2000, Martin, 2005), ou da cobra primitiva Portugalophis lignites (Caldwell et al., 2015).

Existem três espécimes tipo de dinossauros presentes neste Museu. Dois são os saurópodes Lourinhasaurus alenquerensis, descoberto em Alenquer e posteriormente na Lourinhã, e que havia sido identificado primeiro como Apatosaurus alenquerensis (Dantas et

al., 1998, Lapparent & Zbyszewski, 1957) e o Lusotitan atalaiensis, que também havia sido

Antunes & Mateus, 2003, Mannion et al., 2013) cujas vértebras se podem ver na Figura 26. O terceiro espécime tipo de dinossauro é o nodossauro Dracopelta zbyszewski (Galton, 1980). Ainda répteis, mas de vida aquática – não dinossauros – voltamos a encontrar mais três espécimes tipo: o crocodilo Eocénico Iberosuchus macrodon (Antunes, 1975), o plesiosauro

Lusonectes sauvagei (Smith et al., 2012) e a tartaruga Craspedochelys choffati, anteriormente

descrita como Plesiochelys choffati, nome de espécie pela qual ainda se encontra listada no MG-LNEG (Sauvage, 1897-1898, Antunes et al., 1988, Boas, 2016).

A lista de tipos do MG-LNEG, inclui três holótipos de mamíferos: o ziphideo, uma espécie de baleia de bico Palaeoziphius melidensis (Bianucci et al., 2013, Zbyszewski, 1954), um hipomorfo, parecido com os cavalos, só com um casco, Paranchilophus lusitanicus (Antunes, 1995) e o rinoceronte Eocénico Prosantorhinus tagicus (Antunes & Ginsburg, 1983, Antunes & Ginsburg, 2000). Na descrição de 1983, dos rinocerontes Eocénicos, o

Prosantorhinus tagicus é relacionado no texto com os Aceratherium lumiarense e Gaindatherium (lberotherium) rexmanueli mas não se explicita em que coleção estão

depositados os fósseis (Antunes & Ginsburg, 2000). Como outros fósseis descritos na publicação estão no MG-LNEG assume-se esta instituição como o mais provável local de depósito dos restantes espécimes.

Recorrendo particularmente a duas teses de doutoramento em Paleontologia, conseguimos recolher informação de dois grupos taxonómicos distintos, as trilobites, através da investigação de Sofia Pereira, e dos equinodermes, através da investigação de Bruno Pereira. Em ambos os casos já não estamos no domínio dos tetrápodes, mas antes em invertebrados.

São identificados os espécimes tipo das espécies de trilobites da Ordem Phacopida Areia

bussacensis, Kloucekia youngi , Actinopeltis tejoensis, Actinopeltis bocagei (Thadeu, 1947,

Romano, 1991, Pereira, 2017) das trilobites da Ordem Lichida Lichas loredensis e Lichas

lusitanica, da trilobite Ordem Odontopleurida Whittingtonia collectorum , da trilobite da

Ordem Asaphidae Nobiliasaphus katianus (Pereira, 2017), da Ordem Corynexochida as trilobites Phillipsinella lusitanica, Delgadoa loredensis , Cekovia loredensis, da Ordem Aulacopleurida as trilobites Radnoria loredensis (Thadeu, 1947, Pereira, 2017), Ordem Harpida Eoharpes macaoensis (Romano & Henry, 1982, Pereira, 2017). Estas trilobites foram todas sujeitas a um excelso trabalho de inventariação por Sofia Pereira, encontrando-se na atualidade exemplarmente documentado (Pereira, 2011).

Na tese de doutoramento de Bruno Pereira sobre equinodermes (Pereira, 2015), o autor refere diversos espécies tipo do MG-LNEG, alguns deles constando na lista de espécimes tipo fornecida pelo museu. Por outro lado, muitos dos espécimes tipo que estão identificados na lista, Bruno Pereira não faz os refere enquanto espécimes tipo na sua investigação. Ainda assim menciona os espécimes, Heterocidaris solaris nov. sp., Plegiocidaris cymosa um holótipo,

Plegiocidaris nevesensis um holótipo, Acrocidaris nicolleaui um holótipo, Polydiadema reyensis nov. sp. um holótipo, Codechinus pataensis nov. sp. um holótipo, Astrolampas pereirae nov. sp. um holótipo e um parátipo, Nucleolites teixeirae um parátipo, Lefortia delgadoi um lectótipo, Polydesmaster tentugalensis um holótipo e um parátipo, Polycidaris truculenta um holótipo que não se encontram listados (Pereira, 2015).

Em relação a fósseis de plantas conseguimos apurar o depósito do esporo

Costatoperforosporites friisiae, gen. et sp. nov., (Mendes et al., 2017) e do Paisia pantoporata

gen. et sp. nov., dedicado ao paleobotânico João Pais (1949-2016) (Friis et al., 2018), mas é de prever que o seu número possa chegar às várias dezenas.

O número concreto de fósseis tipo do MG-LNEG está longe da realidade. Entre espécimes esquecidos – por já não serem considerados válidos – permutas para outras instituições, falhas de inventário, deslocação de coleções, entre outras razões, levam a que este Museu precise de um trabalho de revisão, se calhar mais do que qualquer outro em Portugal. Só para cada classe taxonómica, o acervo deste Museu é tão rico e diverso que apuramento concreto do património paleontológico para cada grupo de organismos necessita de uma investigação específica.

IV.1.6 – Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da