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CAPÍTULO I – Bases conceptuais

I. 3 – Procedimentos metodológicos

Para esta tese visitaram-se 31 instituições de acesso público com coleções de paleontologia, muitas delas tendo exposições com fósseis. As exposições de paleontologia, que contém dinossauros, em Portugal, não são muito abundantes sendo as principais de conhecimento geral de quem estuda estes répteis mesozoicos. Muitos dos museus recenseados já eram conhecidos pelo autor antes do início desta tese, tendo alguns sido abordados em estudos anteriores (Mateus, S., 2010, Mateus, S., 2014), os quais foram revisitados. Outros museus e instituições foram “descobertos” durante a investigação para esta tese. A listagem das instituições recenseadas encontra-se no ponto III.1 – Instituições de Paleontologia. Das 31 instituições recenseadas nesta tese, só 27 possuem museu15, desses, só oito pertencem à Rede Portuguesa de Museus (RPM)16.

Sempre que possível entrevistaram-se os responsáveis da gestão da coleção paleontológica, a fim de se ter maior conhecimento do património paleontológico português existente, nomeadamente dos elementos notáveis como os fósseis tipos. A listagem dos espécimes tipo de algumas das instituições nem sempre foi possível obter, mas, ainda assim, muitos museus tiveram a amabilidade de enviar o que sabiam deter ou a humildade de reconhecer que não o sabiam ou não possuiam essas listas.

15 As seguintes quatro instituições não possuem museus: Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto,

Departamento das Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Évora e Sociedade de História Natural – Associação Leonel Trindade.

16 Em Portugal existe uma estrutura institucional em rede, de cooperação e apoio denominada a Rede

Portuguesa de Museus (RPM). A adesão de um museu à RPM parte de um pedido de submissão do museu e que, após uma avaliação, é aceite ou rejeitado. Atualmente a RPM conta com 156 museus. Os oito museus pertencentes à RPM são: Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Museu do Instituto Superior de Engenharia do Porto, Museu Geológico do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, Museu Municipal de Loulé, Museu da Pedra do Município de Cantanhede, Museu de História Natural de Sintra, Museu da Comunidade Concelhia da Batalha e Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, antigo Museu de Évora.

As instituições estudadas são muito diferentes entre si na sua organização e capacidade de gestão museológica, o que se reflete no conhecimento que têm das suas coleções e na informação que conseguem disponibilizar. Como tal, não foi possível obter sempre a mesma qualidade de dados para todas as instituições. Existiam instituições que conheciam bem o seu inventário, conseguindo produzir listagens quase imediatas das informações requeridas. Outras instituições só tinham inventário através de livro de tombo, nem sempre de paradeiro conhecido. A realidade das diferenças na gestão museológica das instituições analisadas espelha-se na heterogeneidade dos dados apresentados.

Durante a visita às exposições de paleontologia tomou-se particular atenção aos seguintes aspetos: 1) Se a exposição estava aberta ou se abriu de propósito para receber a nossa visita. Neste caso, se era prodecimento habitual ou uma situação isolada; 2) Se o acesso à exposição era coincidente com o calendário e o horário publicitado; 3) Se existia uma área específica para a paleontologia; 4) Se existiam cartazes de parede que funcionassem como auxilio à explicação e interpretação da mensagem; 5) Se a maioria dos itens se encontrava legendada e se essa legenda apresentava números de inventário, ou se esse marcação de inventário era existente no próprio fóssil; 6) Se existiam menções a espécimes tipo; 7) Se existiam catálogos com a coleção de paleontologia. Sempre que possível pedia-se também uma visita às reservas de paleontologia – quando existiam – ou ao laboratório de preparação – nos casos ainda mais raros.

Em complemento à visita, procederam-se a entrevistas presenciais, semi dirigidas, conduzidas com o auxílio de um guião, adaptado segundo o conhecimento prévio do museu, e onde eram solicitadas informações complementares, como listagens de espécies. Algumas dessas entrevistas foram enviadas por e-mail quando tal se revelou necessário.

As questões que se abordaram na entrevista ligavam-se a aspetos como: a entidade gestora do Museu; número de visitas anuais estimadas à colecção de paleontologia; qual a dimensão aproximada do acervo paleontológico; qual o programa de inventário utilizado; qual o estado do inventário; se a instituição detém espécimes tipo (solicitando-se a listagem em caso afirmativo ou de conhecimento prévio); quem dava apoio à exposição e qual a formação de base. Sendo abertas, estas perguntas conduziam ao diálogo entre o investigador e o responsável pela curadoria da coleção de paleontologia e conseguiam indicar a salubridade da instituição.

Inicialmente, em alguns museus pediram-se cópias de um ou dois exemplares de fichas de inventário, mas a dificuldade da maioria das instituições em digitalizarem e/ou imprimirem

essa informação levou à desistência deste procedimento, assim como à noção da limitação dos programas que eram utilizados para o inventário.

Paralelamente, estudaram-se alguns museus europeus com exposições de dinossauros. Museus dos mais emblemáticos aos mais modestos. Essa pesquisa encontra-se em Apêndices. Parte significativa da pesquisa ao longo deste trabalho fez-se por consulta bibliográfica, nomeadamente, o levantamento das descrições de espécies, das respetivas coleções onde se encontram registadas e notas históricas acerca dos coletores de fósseis e história das próprias instituições. No caso da história das instituições, além da bibliografia existente, muita informação encontra-se nas páginas oficiais dos próprios museus.

Aos dois museus dos casos de estudo, o Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto e o Museu da Lourinhã, foi dispensada a entrevista pelo conhecimento profundo que o autor desta tese já detinha sobre as duas instituições e suas coleções. O autor trabalhou dois anos no Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, de outubro de 2015 a setembro de 2017, na gestão da coleção e preparação de um polo museológico e, antes disso, trabalhou 15 anos no Museu da Lourinhã. Nos últimos dois anos de investigação para a tese o autor já trabalhou no Parque dos Dinossauros da Lourinhã e, nomeadamente, na museografia da exposição do Museu da Lourinhã no dito parque.