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CAPÍTULO II – ENQUADRAMENTO METODÓLOGICO

2. Natureza e desenho do estudo

O referencial metodológico usado para concretizar esta pesquisa foi o «Estudo de Caso», o qual é considerado por Coutinho (2013) como um dos referenciais que tem mais “potencialidades para o estudo da diversidade de problemáticas que se colocam ao cientista social” (p.334). A sua principal característica é ser “um plano de investigação que envolve o estudo intensivo e detalhado de uma entidade bem definida: o «caso»” (idem), o que entendemos adequar-se ao nosso estudo. Ou seja, considerámos esta metodologia apropriada para atingir a finalidade do nosso estudo, dado ser uma estratégia de investigação adequada quando se deseja “saber o «como» e o «porquê» de acontecimentos atuais” (idem, p.335).

O objetivo deste tipo de estudo é “descobrir o que há de mais essencial e característico nessa entidade de modo a contribuir para a compreensão do fenómeno que nos interessa” (Pedro da Ponte, 2013, p.21). Logo, a preocupação deste tipo de abordagem é compreender a natureza dos fenómenos no seu contexto natural, e fazê- lo com alguma profundidade e detalhe (Coutinho, 2013). O objetivo não é intervir sobre essa situação, mas antes compreendê-la no seu todo e unicidade e reconhecer a sua complexidade. Como nos diz Pedro da Ponte (2013) “o estudo de caso é um tipo de investigação a fazer quando queremos dar um primeiro passo na compreensão de um problema ou uma situação” (p.22). Yin (1994) acrescenta que esta abordagem deve ser usada quando se tem como principal preocupação explorar, descrever ou explicar

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determinado fenómeno. Face ao descrito parece-nos ser esta uma metodologia adequada ao nosso estudo.

Uma característica muito relevante deste tipo de estudos, segundo Pedro da Ponte (2013), é o seu “caráter particularístico” (p.21), isto é debruça-se sobre uma situação específica. O caso pode ser apenas um indivíduo, um pequeno grupo, uma organização, ou uma comunidade. Pode ser ainda um processo, um incidente, etc. Coutinho (2013) refere que o caso pode agrupar-se em seis categorias: “indivíduos; atributos dos indivíduos; ações e interações, atos de comportamento; ambientes, incidentes e acontecimentos; e ainda coletividades” (p.335).

Analisando a sua tipologia o Estudo de Caso pode estruturar-se em “Caso Único” ou “Estudo de Caso Múltiplo ou Comparativo” (Coutinho, 2013). A tipologia escolhida para a nossa pesquisa foi o estudo de “Caso Único”, o qual se centra na especificidade de uma escola do distrito de Setúbal, que tem uma UAM e que utiliza algumas TA com esses alunos.

Baseando-nos em Coutinho (2013) salientamos ainda que nesta abordagem metodológica é importante considerar cinco características: i) o caso é “um sistema limitado”; ii) é um caso sobre “algo”; iii) tem um caráter “único, específico”; iv) realiza- se no contexto natural; e v) recorre a múltiplas fontes e métodos de recolha de dados. A investigação que concretizámos insere-se no paradigma interpretativo, pois procurámos saber quais as conceções dos sujeitos e a significação que dão aos seus atos (Léssard-Hérbert, Goyette & Boutin, 2005). Neste sentido recorremos a técnicas de recolha de dados assentes em metodologias de natureza qualitativa, particularmente a observação de contextos reais de sala de aula e a realização de entrevistas.

Atendendo a que a investigação é “um processo sistemático e intencionalmente orientado e ajustado tendo em vista inovar ou aumentar o conhecimento num dado domínio” (De Ketele & Roegiers, 1999, p. 104), com este estudo procurámos aumentar o “conhecimento das determinantes do meio envolvente e dos comportamentos dos actores de um sistema” (De Ketele & Roegiers, 1999, p. 104), mais propriamente, conhecer e caracterizar as práticas de professores no que diz respeito à utilização de TA com alunos com MD. Como se disse antes, no presente caso decidimos realizar um Estudo de Caso Único sobre uma UAM, com a intencionalidade de perceber os “comos” e os “porquês” (cf. Meirinhos & Osório, 2010; Melo, 2013; Ponte, 1994).

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Realizámos, portanto, um estudo que se insere no paradigma qualitativo, considerado como um método indutivo, holístico e naturalista. Neste tipo de investigação qualitativa o investigador tem especial importância dado que é o principal instrumento na recolha de dados, sendo das técnicas mais utilizadas a pesquisa documental, a entrevista e a observação (técnicas utilizadas no presente estudo). Este tipo de investigação tem um carácter descritivo e um plano flexível (Carmo & Ferreira, 2008). A escolha de diferentes fontes de dados possibilita realizar processos de triangulação dos métodos. Esta estratégia permitiu-nos captar a complexidade e profundidade dos fenómenos em estudo (Flick,1998), tendo contribuído para atestar a validade do estudo (De Ketele & Roegiers, 1999). Flick (2002) elenca como traços distintivos da investigação qualitativa “a correcta escolha de métodos e teorias apropriados; o reconhecimento e análise de diferentes perspectivas; a reflexão do investigador sobre a investigação, como parte do processo de produção do saber; a variedade dos métodos e perspectivas” (p. 4).

Para se desenvolver este estudo desenhou-se um plano de investigação relativamente flexível (Bogdan & Biklen,1994) que se apresenta na tabela 2.

Tabela 2

Esquema do Design do estudo 1.ª Fase Recolha de dados 2.ª Fase Análise de dados 3.ª Fase Redação do trabalho 1. Seleção do caso a estudar

2. Caraterização do contexto de estudo: - Caraterização do espaço físico da UAM - Identificação dos recursos tecnológicos existentes - Caraterização dos participantes do estudo 3. Recolha de dados

relativos à utilização das TA no contexto educativo usando: - Pesquisa documental - Entrevista semi- estruturada - Observação naturalista

4. Análise dos dados recolhidos:

- Análise categorial dos dados documentais - Análise de conteúdo das

entrevistas

- Análise categorial das observações

5. Análise e discussão dos dados à luz da revisão da literatura

6. Redação da dissertação

Janeiro – Abril 2014 Maio – Julho 2014 Julho – Nov. 2014 Revisão da literatura

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Como se descreve na tabela 2, o nosso plano de estudo foi composto por três fases: na primeira fase procurámos escolher o contexto de estudo e posteriormente recolher os dados necessários à caracterização do mesmo e das práticas desenvolvidas pelos profissionais no que ao uso de TA diz respeito; na segunda fase analisámos os dados recolhidos tendo por base a análise categorial; na terceira fase analisámos os dados e discutimo-los à luz da revisão da literatura e redigimos o texto da dissertação. O processo de revisão da literatura acompanhou o desenrolar da investigação nas suas três fases.