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3. METODOLOGIA

3.1. Natureza da pesquisa

Esta pesquisa tem caráter qualitativo e interpretativista, pois desejamos analisar a influência do uso de dois recursos pedagógicos no ensino da resenha acadêmica: a tabela de correção e as aulas no chat do Facebook. Dessa forma, buscamos verificar se progressos foram alcançados pelos alunos em relação à produção textual da resenha em razão do uso dessas duas ferramentas didáticas. A fim de atingirmos nosso objetivo geral, os alunos produziram uma resenha após as aulas presenciais e a reelaboraram depois da entrega da tabela de correção e depois das aulas no chat.

Dessa forma, foi possível comparar as duas produções textuais dos graduandos e, consequentemente, verificar se os dois recursos escolhidos foram capazes de promover melhoras na segunda versão da resenha. Embora esta pesquisa seja predominantemente qualitativa, ela também apresenta dados numéricos que ajudam na interpretação dos dados coletados e, por isso, consideramos que ela também apresenta certo caráter quantitativo, ou seja, este trabalho não é de natureza puramente qualitativa.

A pesquisa qualitativa se caracteriza por permitir o estudo de fenômenos sociais específicos de um determinado contexto no qual se manifestam suas particularidades, lembrando que o pesquisador partirá do contexto para compreender o fenômeno estudado. Em função disso, ela admite que novos métodos e abordagens sejam desenvolvidos pelos estudiosos a fim de se adequarem à pluralidade de situações sociais que podem ser pesquisadas (FLICK, 2009; GIBBS, 2009).

Nesse sentido, Benson (2013) considera que a pesquisa qualitativa baseia-se na interpretação individual do pesquisador sobre um fenômeno específico que foi estudado. Os trabalhos científicos dessa natureza podem, portanto, admitir mais de uma interpretação em relação às questões que estão sendo estudadas, já que cada pesquisador constrói sua própria interpretação do fenômeno analisado. Dessa forma, os estudos qualitativos não têm por objetivo trazer resultados gerais, pois eles geralmente são

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específicos de um dado contexto e, consequentemente, não há a busca por uma verdade “única”. Torna-se importante ressaltar que esse tipo de metodologia tem sido muito utilizado em pesquisas preocupadas com questões de ensino, pois ela permite avaliar a aprendizagem do aluno em contextos diversificados de ensino-aprendizagem.

Além disso, este trabalho apresenta características de um estudo de caso, que é uma das abordagens metodológicas da pesquisa qualitativa. Esse tipo trabalho diz respeito ao estudo de uma unidade social específica e particular, ou seja, o pesquisador busca compreender de maneira particular uma determinada pessoa, um grupo ou uma instituição. Ou seja, o objeto de estudo é delimitado de maneira bem específica. A partir disso, o pesquisador buscará compreender melhor os processos sociais que se manifestam no contexto estudado e, por isso, o estudo de caso privilegia a interpretação de um fenômeno que, no caso, deve ser sempre analisado levando em consideração o seu contexto (GODOY, 2010; ANDRÉ, 1984).

Dessa forma, consideramos que este trabalho está relacionado com o estudo de caso porque analisamos a produção textual de um grupo específico de alunos com o objetivo de compreendermos as dificuldades encontradas por eles na escrita da resenha. A partir disso, realizamos aulas no chat e entregamos uma tabela detalhada de correção na tentativa de ajudarmos os alunos a sanarem suas dificuldades na produção de resenhas acadêmicas. Posteriormente verificamos qual foi o impacto do uso desses dois recursos no processo de ensino-aprendizagem desses estudantes. Entretanto, temos consciência de que nossos resultados estão vinculados a um grupo específico de alunos, ou seja, certamente se tivéssemos feito com outros estudantes ligados a um contexto diferente, os resultados também seriam outros.

Nesta abordagem de pesquisa, deve-se ficar sempre atento para o possível surgimento de novos significados para o fenômeno analisado, levando a um repensar do fenômeno estudado. Portanto, o processo de análise não se baseia em critérios prévios e estanques, pois as categorias de análise podem surgir e se tranformar no decorrer da pesquisa de acordo com o processo de análise dos dados através do qual será possível ter um olhar mais profundo sobre o objeto de estudo (GODOY, 2010; ANDRÉ, 1984). Em função disso, as categorias analíticas empregadas nesta pesquisa foram sendo construídas no decorrer da análise das produções textuais, ou seja, não as determinamos previamente.

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Além disso, consideramos que esta pesquisa corresponde a um estudo de caso interpretativista, porque buscamos analisar as resenhas dos alunos com a finalidade de construirmos critérios de análise que nos permitiram perceber como a tabela de correção e as aulas no chat influenciaram na escrita da resenha acadêmica. Isso nos possibilitou uma discussão sobre o fenômeno estudado a partir do diálogo entre a interpretação dos dados obtidos e os conceitos teóricos utilizados para embasar este trabalho. Assim sendo, pesquisamos um caso específico, já que trabalhamos com redações produzidas por alunos em um contexto particular.

Segundo Godoy (2010), o estudo de caso também se caracteriza por buscar responder a questionamentos que desejam perceber “como” e “por que” as coisas acontecem através da interpretação do objeto estudado que, no caso, deve ser uma unidade de análise determinada pelo pesquisador. Essa delimitação deve ser feita com base nas seguintes perguntas: onde, quando, quem, o que e como observar?. Ao responder tais questionamentos, o pesquisador especificará as “fronteiras do caso” a ser estudado.

Considerando a especificidade do fenômeno estudado, torna-se importante destacar que as categorias e resultados obtidos não devem ser vistos de forma permanente, pois, embora possam ser muito úteis no desenvolvimento de trabalhos futuros, eles tendem a ser alterados de acordo com as adaptações necessárias a outras pesquisas, que estudarão um outro caso específico (GODOY, 2010). Isso permitirá o surgimento de “novas ideias, novos significados, novas compreensões” (ANDRÉ, 1984, p. 53) por parte do leitor. Dessa forma, ele passa a ser valorizado, segundo o autor, tendo em vista que também assume um papel importante na construção do conhecimento, pois sua leitura deverá se guiada pela seguinte pergunta: “o que existe neste estudo que eu posso aplicar à minha situação?”. A partir disso, o leitor vai construindo suas próprias interpretações sobre seu objeto de estudo, permitindo um enriquecimento do fenômeno estudado.

Consideramos que essa particularidade do estudo de caso é muito importante em pesquisas voltadas para o ensino, pois o estudo de situações particulares de ensino- aprendizagem permite a comparação entre elas a fim de se observar, por exemplo, os pontos positivos e negativos de uma determinada ferramenta metodológica. Ao ter a oportunidade de analisar o seu uso em uma situação particular, o leitor pode repensar

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como utilizá-la no seu contexto específico de pesquisa através da realização de adaptações necessárias.

O estudo de caso também se caracteriza por exigir uma postura reflexiva do pesquisador a fim de que ele consiga trabalhar de forma efetiva com os seus dados, pois é preciso organizá-los em categorias relevantes e pertinentes para possibilitar a compreensão do fenômeno estudado em sua totalidade. A partir disso, espera-se poder contribuir de maneira mais prática com o contexto específico pesquisado (GODOY, 2010). Além disso, as pesquisas ligadas a estudos de caso tendem a apresentar uma escrita mais simplificada e baseada na menção de exemplos capazes de ilustrar as categorias criadas em relação ao objeto estudado (ANDRÉ, 1984). Em função disso, optamos por trazer exemplos de fragmentos das resenhas produzidas pelos graduandos para exemplificarmos as categorias criadas para a análise de textos produzidos em um contexto particular de ensino-aprendizagem.