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X - Desenvolvimental TIPOS - Situacional - Saúde/Doença - Organizacional PADRÕES - Simples - Múltipla -Sequencial -Simultânea - Relacionado -Não Relacionado PROPRIEDADES - Consciencialização - Empenhamento - Mudança e diferença - Espaço temporal da transição -Acontecimentos e pontos críticos CONDICIONALISMOS DA TRANSIÇÃO: Facilitadores e inibidores Pessoais Significados

Crenças culturais e atitudes Estatuto Socio-económico Preparação e conhecimento Sociedade Comunidade PADRÕES DE RESPOSTA INDICADORES DE PROCESSO - Sentir-se ligado - Interagir - Estar situado - Desenvolver confiança e coping INDICADORES DE RESULTADO - Domínio de novas competências - Reformulação de identidades

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No que se refere à Natureza da transição, podem ser classificadas quanto ao tipo, aos padrões e propriedades. Relativamente ao tipo, as transições podem ser categorizadas em desenvolvimental (associadas a mudanças no ciclo vital), saúde/doença, situacional (relacionadas com acontecimentos que originam alterações de papéis); e organizacional (Meleis et al, 2000). Importa referir que pode haver sobreposição do tipo de transição e que a natureza da relação entre os diferentes eventos funciona como uma alavanca para as transições sentidas por quem as vivencia (Meleis et al., 2000). Saliente-se que cada transição caracteriza-se por ser única, não só pelas suas complexidades, mas também pelas múltiplas dimensões que afetam. Assim sendo, os enfermeiros devem concentrar-se não apenas em um tipo específico de transição, mas sim nos padrões de todas as transições significativas na vida individual ou familiar.

Quanto aos padrões (Meleis et al, 2000), podem ser classificadas como simples ou múltiplas, sendo que estas podem ainda ser classificadas em sequenciais, simultâneas e relacionadas ou não relacionadas. Dificilmente um indivíduo vivencia uma única transição, daí raramente ser do tipo simples, uma vez que uma mudança implica outros reajustes além da aparente.

No que diz respeito às propriedades (Meleis et al, 2000), permite caraterizar a forma como o indivíduo está a viver a mudança para um comportamento de saúde. Para tal, é importante a Consciencialização (relacionada com a perceção, o conhecimento e o reconhecimento de uma experiência de transição; a ausência de consciência da mudança poderá indiciar que um indivíduo não iniciou a experiência de transição), Envolvimento (o nível de consciencialização influencia o nível de envolvimento, pois a pessoa só pode envolver-se depois de ter noção da mudança.), Mudança e Diferença (todas as transições envolvem mudança, mas nem todas as mudanças estão relacionadas com transições. É essencial conhecer e descrever os efeitos e significados da mudança, para compreender plenamente o processo de transição. As dimensões da mudança incluem a natureza, a temporalidade, a importância ou a

35 gravidade atribuída, e as expectativas pessoais, familiares e sociais. A diferença refere-se às expectativas não satisfeitas ou divergentes, diferentes sentimentos, ou ver o mundo e os outros de outra forma), Espaço temporal (as transições ocorrem num intervalo de tempo, que se estende desde os sinais iniciais de antecipação, perceção ou demonstração de mudança, passando por períodos de instabilidade, confusão e stress até a um eventual fim, em que é atingida novamente a estabilidade) e Acontecimentos e pontos críticos (frequentemente associados com a consciência de mudança ou diferença e com um maior envolvimento na experiência de transição) (Meleis et al, 2000; Meleis, 2010). As propriedades conferem às transições complexidade e multidimensionalidade.

Para Meleis et al (2000), existem determinadas condições para uma transição saudável, que se relacionam com a própria pessoa e com a comunidade/sociedade, que podem contribuir, de forma facilitadora ou inibidora, para o processo transicional. Defendem ainda, que existem condições relacionadas com a comunidade (suporte familiar, informação, modelos), pessoais (significados, crenças e atitudes, status socioeconómico e preparação e conhecimento) e com a sociedade, que influenciam a qualidade e as consequências da experiência de transição (Meleis et al, 2000). Assim sendo, estas condições podem contribuir para uma transição saudável ou não.

O terceiro domínio da Teoria das Transições consiste nos padrões de resposta, que podem ser classificados em indicadores de processo e indicadores de resultado (Meleis et al, 2000). Os de processo incluem sentir-se e estar ligado (aos profissionais de saúde, a quem podem fazer questões e esclarecer dúvidas), interação (entre os diversos elementos envolvidos no processo de transição que permitem um contexto harmonioso e efetivo de auxílio, colaboração e ajuda), localizar-se e estar situado (tempo, espaço e relações) e desenvolver confiança e coping (permite o aumento da confiança nas pessoas que vivenciam uma transição, traduzindo-se pela sua compreensão nos diferentes processos em que estão envolvidos. O recurso a mecanismos de coping eficazes

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permite uma melhor adaptação ao novo contexto de saúde). Os padrões de resposta, através dos indicadores de resultado, manifestam-se pela mestria (progresso nas capacidades e competências do indivíduo, que lhe permitem viver a transição com sucesso) e pela integração fluida da identidade (relacionada com a forma como o indivíduo incorpora na sua vida os novos comportamentos, experiências e competências adquiridos, para uma melhor adaptação à realidade após a transição).

A Teoria das Transições de Meleis permite ao enfermeiro uma melhor compreensão do processo de transição, permitindo-lhe pôr em prática estratégias de prevenção, promoção e intervenção terapêutica face à transição que a pessoa vivencia (Meleis et al, 2000, Meleis, 2011; Meleis e Topaz, 2011).

Como Meleis e Trangesnstein (1994) referem, a Enfermagem encontra-se

“preocupada com o processo e as experiências dos seres humanos que estão a passar por transições onde a saúde e o bem-estar percebido é o resultado”, pelo que deverão ajudar os clientes facilitando as transições

dirigidas para a saúde e a perceção de bem-estar; mestria; nível de funcionamento e conhecimento, através dos quais a energia dos clientes pode ser mobilizada (ibidem).

A interação enfermeiro/cliente organiza-se em torno de uma intenção que conduz a ação para promover, restaurar ou facilitar a saúde (Meleis, 2007). Assim se compreende que ao basear os seus cuidados em um modelo assente nos pressupostos da Teoria das Transições, os enfermeiros contribuem para aumentar as possibilidades de ajuda ao indivíduo, deslocando o enfoque da cura para o processo, oferecendo apoio à pessoa em transição, auxiliando-a a proteger e a manter a sua saúde, através da implementação de cuidados que permitam uma transição saudável, considerando a pessoa, em mudança, como um todo. O cuidado transicional humano traz, então, respostas à valorização da pessoa em todas as suas dimensões, tendo em linha de conta que ele é o sujeito da ação do cuidado e, por isso, está ligado a cada estágio do desenvolvimento humano, favorece o crescimento em busca de maior equilíbrio e estabilidade, conduzindo o indivíduo à necessidade de se

37 recriar, reorganizando e auto-redefinindo de modo a incorporar as mudanças na sua vida (Bridges, 2004; Kralik, Visentin e Loon, 2006).

O cuidado transicional tem, na sua base, o pressuposto de que as transições não são mais do que pontos de mudança, que resultam no pressuposto de novos papéis e novas relações, conduzindo a novas auto- conceções (Mercer et al,1988). Nesta perspetiva, torna-se claro que os processos de transição são influenciados por fatores pessoais e ambientais.

2 – PARENTALIDADE: CONCEITO E FOCO DE ATENÇÃO DA