• Nenhum resultado encontrado

Nicolau 3.25O 328 3.578 Sto Ildefonso 1.000 I50 I

Freguesias comunhão Menores Total

S. Nicolau 3.25O 328 3.578 Sto Ildefonso 1.000 I50 I

Miragaia

1.251

147

1.398

14.581

Repetidamente citados e reproduzidos,estes números jamais foram ques- tionados nem o seu Autor desmentido.

-106-

Tentámos pôr â prova não estes valores mas os algarismos fornecidos por D. Rodrigo da Cunha relativamente aos habitantes das freguesias do Con- celho de Refojos de Riba D'Ave, comparando-os com os dados constantes de uma fonte fiscal da mesma época: 162^(2). Como era de prever, a tentativa resultou infrutífera pois uma coisa são as almas de confissão e comunhão, outra, bem diversa, e bem menor em termos numéricos, são os tributáveis e contribuintes.Quando muito constata-se uma vaga relação entre a quantidade de moradores e a de fintados que não é nem podia ser constante em todas as freguesias.

Colocado perante as cifras de D. Rodrigo da Cunha, Ricardo Jorge não as rejeita. Na opinião deste autor, da comparação dos seus dados com os for- necidos pelo numeramento de D. João III (1527) segundo o qual as 5 freguesi- as do Porto contariam 12.177 habitantes (3) resulta que a cidade crescera muito lentamente no espaço de um século.

Há, porém, outras informações que, embora menos conhecidas, convém ter presentes, ao menos para nos darmos conta de quão complexa é a questão e de como é difícil ter certezas neste campo: assim, D. Frei Marcos de Lis- boa ao pretender justificar o desmembramento paroquial em I583, afirma que na única freguesia da Sé, então existente, viviam "coatro para cinco mil ve- zinhos em que ha dezoito para vinte mil Almas de confissão e Comunhão... fora os menores que serão outros tantos".(k)

Que dizer destes números?

Antes de mais, é exagero evidente afirmar que os menores e pessoas de confissão e comunhão se equivalem, mesmo que, por absurdo, se englobassem nos mesmos, isto é, nos que não comungavam, os estrangeiros não católicos. Da informação de Cunha ressalta que os segundos nunca ultrapassam 1/3 dos primeiros e raramente vão além de 20%.

Quanto aos iniciados e participantes da Eucaristia (segundo as Cons- tituições Sinodais de I585 a idade para a confissão era aos 7 anos _• para a comunhão aos 12 para as meninas e 14- para os rapazes, oodendo esta ida-

de ser antecipada pelo confessor) (kA) os algarismos referidos por D. Frei

Marcos parecem situar-se igualmente acima do razoável, se comparados com os de D. Rodrigo da Cunha, tanto mais nue o espaço por aauele considerado é apenas o da freguesia da Sé,ou seja, as ruas dentro de muros.

Teria o Bispo razões para calcular muito pelo alto as ovelhas do re- banho urbano? Julgamos que sim e neste aspecto discordamos do insigne e do-

-107-

comentadíssimo historiador do Porto que foi A. de Magalhães Basto.(5) De facto,eram evidentes e fortes as oposições ao desmembramento paroquial como atrás ficou dito e o excesso populacional confiado a cada cura cons- tituía argumento de peso para vencer barreiras.

Mas, se tomarmos em consideração, como é obrigatório, as fontes conservadas no Arquivo do Vaticano, constataremos que um outro Bispo, D. Jerónimo de Meneses, no relatório da visita "ad sacra limina" de 1599 a- tribui às 5 freguesias atrás citadas 20.000 almas.(6); o espanto provoca- do pela contagem de I583 diminui, obrigando-nos a não olhar levianamente as cifras inesperadas de D. Frei Marcos de Lisboa.

Por outro lado, os números da averiguação levada a cabo em I639 com objectivos militares, claramente arredondados, dão para o Porto 4000 vizinhos (7), ou seja, entre 16.000 e 18.000 habitantes.

Se todas as informações fossem verdadeiras e colhidas segundo crité- rios idênticos, teríamos que de 1527 a I583 o Porto urbano e suburbano te- ria crescido mais de 40%.Daí até finais do século, a população ter-se-ia mantido estacionária. Mas o primeiro quartel do século XVII seria de oueda acelerada, sendo a recuperação já sensível em I639. (Estaria assim reforça- da a hipótese do Prof. António de Oliveira segundo a qual a curva popula- cional do Reino em 1640 estaria acima da de 1527 sem todavia ter atingido os cumes do século XVI?) (7A) E desde essa data até 1688, o crescimento teria parado ou até a população diminuído pois naquele ano, o relatório do Bispo '>'ad sacra limina" conta nas mesmas freguesias 15.919 almas. (8)

Num quadro teríamos os seguintes totais

1527

1583

1599

1622

1639

1688

12.177

18.000

20.000

14.581 16.000 15.919

Reconhecemos que este quadro tem as suas limitações como elemento de comparação, pois parece evidente que os critérios seguidos nas diver- sas contagens não foram coincidentes. Por exemplo: foram ou não conside- rados do mesmo modo os estrangeiros, os mendigos, os escravos? E os a- normais afluxos de gente à cidade que, por vexes,aconteciam? Por outro

-108-

lado , os valores de 1622 incluem na contagem os menores os quais não são levados em conta nos números de I583, 1599 (números arredondados) e 1688. D. Frei Marcos contou ou não os cerca de 500 soldados e suas famí- lias aquarteladas nas imediações da Porta do Olival até 1596? Terá ou não o mesmo Bispo contado com o aumento da população fixa, e sobretudo flutuante que o estabelecimento da Casa da Relação do Porto em 1582 dei- xa pressupor? Mas esta componente manteve-se pelos anos fora e possivel- mente terá engrossado. Enquanto não forem conhecidos os resultados do estudo sistemático e aprofundado em curso sobre a demografia urbana do Porto na época moderna, (9) as conclusões serão sempre precárias.

No entanto,podemos pôr desde já algumas questões:por exemplo,a po- pulação do Porto cresceu "moderadamente"durante os 60 anos de dominação filipina como aconteceu,em termos genéricos,no Portugal da &nb±go ^egime (10) ou,pelo contrário, confirma-se a hipótese atrás levantada de os ha- bitantes do *orto terem diminuído substancialmente nos primeiros 25 anos do século XVII?

Se tal tivesse acontecido,nao seria caso único no panorama europeu, pois encontraríamos situações semelhantes na França da época.Com efeito, aí várias cidades conheceram crises lentas e prolongadas - tais como

Rouen e %ncy.(11)0 fenómeno terá igualmente acontecido em cidades espa- nholas. (12)

Todavia,os indicadores de que dispomos nao nos permitem fundamentar qualquer queda acentuada da população,pelo menos até l6l8.

Com efeito,as crises demográficas agudas sao normalmente provocadas por acessos virulentos de epidemias ou de fomes (ou de ambas associadas) ou por guerras devastadoras.

Ora, embora os rebates de peste tenham obrigado a população da ci- dade a defender-se drasticamente dos possíveis contágios, não se pode afir- mar que no espaço urbano se tivesse instalado qualquer epidemia de peste nem mesmo nos fins de Quinhentos/ princípios de Seiscentos, não obstante alguns casos pontuais e algumas casas de moradores terem sido isoladas e a doença ter feito estragos bem perto: Vila Nova (I6OO-I6OI) e Matosinhos

(1616) (13)

Quanto à fome, para além do último biénio do século XVI, detectamos sinais da sua existência nos anos de I608 (1*0 e l6l*f (15) .Todavia, da- da a posição geográfica favorável da cidade e as suas potencialidades de

-109-

oferta de produtos coloniais, era regularmente abastecida de trigo e cen- teio de fora por mercadores estrangeiros residentes, estantes ou simples- mente visitantes. 0 que acontecia é que nem sempre as condições de compra eram suportáveis pela generalidade da população como,por exemplo, em 1599 ano em que o preço do trigo atingiu kkO reis o alqueire,(l6)muito acima dos custos médios verificados, como veremos, ao longo do primeiro quartel do século XVII.

Outros factores poderiam ter desencadeado despovoamento urbano tais como:

- a emigração para a Índia e o Brasil; - a perseguição e fuga dos cristãos-novos; - os receios da pirataria.

Quanto à emigração para o Brasil, ela aparece-nos significativamente testemunhada nos documentos da época.Por exemplo, em 1598 dos 25 sapatei- ros avençais da sisa- do Ver do Peso, k estavam ausentes naquela colónia. (17) E não emigravam apenas os artífices. Com efeito, em. I6lh, Manuel Dias Banhos, eleito Procurador da Cidade, achava-se algures naquelas-paragens.

(18) E entre os que vendem casas na cidade do Porto, alguns fazem-no por estarem ausentes na dita terra donde certamente não pensavam regressar: por exemplo, em l6l6 Pantaleão Lourenço e seu irmão António Lourenço (19).

A própria Coroa favorecia a emigração. Em 1597i o Rei publicou uma provisão pela qual concedia viagem gratuita na Urca de João Nunes Correia, contratador de pau brasil, a 40 ou 50 moradores do Porto ou Viana que aui- sessem radicar-se em Pernambuco.(20)

E para a Índia, desde os finais do século XVI quase anualmente apa- recem no Porto comissários reais ou os próprios Corregedores recebem or- dens para recrutarem gente para as armadas.

Terão estas circunstâncias provocado perdas populacionais significa- tivas?

Ê difícil responder: por um lado desconhecemos o número exacto dos embarcados para uma e outra parte e dos que para escaparem à mobilização para as armadas da índia, fugiam da cidade onde se tornava difícil ser poupado quando, nos levantamentos de gente , na falta de voluntários, se lançava mão de quem se encontrava.(21)

Por outro lado, ignoramos o número dos que retornavam do Brasil ou regressavam sãos e aptos das partes da Índia.

­110­

Quanto à fuga de cristãos­novos,ela ter­se­á verificado provavelmen­

te nos fins do século XVI. Mais tarde, em l6l8 ou em data próxima, quando

se anunciou a visita ao Porto do Inquisidor da Inquisição de Coimbra,Se­

bastião Matos de Noronha(22), nova fase de ausências apressadas terá sido

desencadeada. P0r essa altura, pelo menos 8 mulheres e 1 homem haviam fugi­

do do país, tendo­lhes sido confiscados os bens.(23) E muitos outros fo­

ram processados e presos, mesmo dos que possuíam o foro de cidadão, tal

como aconteceu a Gonçalo da Mota Rebelo. (2*+)

Alguns, como Manuel Pinto, tesoureiro da Alfândega do Porto, depois

de acusados e certamente absolvidos, pediram e obtiveram autorização para

se fixarem no Reino de Castela.(25)

Desconhecemos a exacta proporção dos cristãos­novos que, penaliza­

dos ou evadidos, deixaram a cidade em l6l8 e anos próximos, passados ou

futuros, Mas sabemos que a prisão dos que, no Porto, exerciam o ofício

de mercador, vibrou rude golpe na actividade económica urbana, como vere­

mos. ( 26 )

I I 11 3 O t" O "3 V"V 1 V» O 4* *^ V* "! ^1 4* ^ V* *^ *"* 1 1 V\ «­T f*l r-^*^r*n■*-^-t-*r3*^. ••* ^ ~—> 1 .»* J — — —— — — — — ­í­ — .1 _ _ ­Î

\ ^ U c i í I Í , Í J ui p _ ! _ i ^ u ­ ^ i _Í_CA ^I^­LC_». \j ix n c i w o u o u x o a u u a i ^ u ; ; i u c o p u v j a i í l t í l l L U U c l C­L—

dade?

Não é provável que o espaço urbano intra­rauros fosse afectado. Toda­

via, os Vereadores não deixam de afirmar, em l607, em resposta ao progra­

mado aumento do cabeção das sisas (já então o Rei pretendia impô­lo) que,

em virtude da flagelação das naus portuenses, muitos mercadores haviam

deixado a cidade.(27)

Por outro lado, ainda em I606 o bairro da Porta do Olival para a Rua

das Taipas apresentava pardieiros desabitados (28) ­ situação criada des­

de que, como dissemos, as tropas castelhanas e seus familiares abandonaram

o burgo, por volta de 1596. A julgar pela suculenta lista de provisões se­

manais requerida pelos oficiais e sargentos para suas casas (9 carneiros,

9­i­ galxnhas, 112 frangos, 91 carros de lenha, 68 dúzias de palha painça) .

(29) e, tendo em conta o elevado número de pais e padrinhos que atê essa

data aparecem nos Livros de Registos da freguesia da Vitória (30) é prová­

vel que a retirada das tropas estrangeiras provocasse uma queda sensível

da população, facilmente recuperável.

Mas há outros indicadores que não abonam a tese da regressão ou mes­

-111-

progresso demográfico: afirma-se que alguns ofícios iam em grande cresci- mento numérico e de opulência, tais como os alfaiates, os sombreireiros, as tecedeiras e tecelões, os tosadores, os tendeiros e marseiros, devendo por isso contribuir para maior brilho da procissão do Corpo de Deus com muito mais do que costumavam dar.(31) A mesma ideia ê repetida dias depois pelo Procurador da Cidade:

"esta cidade hee em muito grande crescimento e avia muitos mais offi- ciais de huns e outros officios do que antiguamente avia e muitos officios novos não tinhão bandeira..."(32)

Mais tarde, em 1621, o aumento do número de oficiais e de ofícios é apresentado como argumento a favor de um novo Regimento da procissão do Corpo de Deus que efectivamente foi confirmado pelo Rei em 15 de Julho desse ano. (33)

0 aumento do número de talhos de k para 8 entre 159^ e 1622 (34)as- sim como o das rezes que os marchantes de carne de boi se obrigavam a a- bater apontam no mesmo sentido. (35)

Parece poder concluir-se daqui que a tendência era para a alta e não para a recessão, como aliás vinha acontecendo em Coimbra na mesma época.(36)

Por outro lado, a curva dos nascimentos das paróquias da cidade(ex- cluímos S. João de Belmonte da qual não ficaram registos) está longe de confirmar a queda demográfica que as contagens comparadas de I583, 1599 e 1622 deixariam adivinhar. Ê verdade que a freguesia da Vitória apresenta um número bruscamente inferior na curva dos nascimentos por altura da re- tirada das tropas castelhanas, mas os sinais de recuperação são evidentes após a integração das ruas mais populosas de Belmonte na mesma.(37)

De qualquer modo, o movimento dos nascimentos sem a correspondente curva de óbitos não pode ser aproveitado em termos de conclusões aceitá- veis.

Pensamos pertinente referir indicadores de outra espécie que, con- jugados com os anteriores, poderão fundamentar a conclusão final: trata- -se da quantificação do número de licenças de pequeno comércio concedidas

pela Câmara. Eis os números:

- em I59O foram concedidas 201 licenças de venda de vinho, azeite, pão, fruta, peixe, refeições e outras;(38)

­112­

­ em l60k, a quantidade de licenças emitidas cresce ainda mais ­ 28l.(^o)

­ em 1621, as fianças para obtenção de licenças de venda somam 129.(^1).

Se juntarmos a este número, 7^ vendedeiras que,situadas permanentemente

na Praça da Ribeira e suas imediações, pagavam foro anual à Câmara e

se lhe adicionarmos ainda as 63 medideiras do Terreiro, o total chega­

ria às 266.

Estes dados não podem ser utilizados sem a devida cautela pois

embora teoricamente ningulm pudesse vender ao público sem se obrigar

previamente na Câmara e sem apresentar fiador(para o caso de punição

por infracção às nosturas ou de falta de pagamento aos fornecedores ou

donos dos produtos) nada nos pode garantir que o registo das licenças

tenha sido exaustivo.

De qualquer modo, e mesmo tendo em consideração o aparente de­

créscimo de licenças emitidas relativas a 1621, nao parece haver mo­

tivos para aceitarmos o notável abaixamento sugerido pela confronta­

ção dos números de Frei Marcos de Lisboa e de D. Rodrigo da Cunha.

Estarão, então, exageradas as cifras avançadas pelo primeiro?

£* I M I T I ' 4 ­ A « T i n t r ' t r n l 4­ —1 TI 4­ ,­v v* I ­Ï r^ « U r t r\ Ô O T V O / » « rt/­\ncî <^ O ?» fî r5 n Tl Î3 (^"Í T r i C 3 A -f\TiY* r\

i~i m u j . o v w i v V u V C J , u ;­*.ií. u \J W U J . U y u ^ , *v i_, KJ> ^ t.^, v^. ■­> w U i i u * u w j . a u v ' « ­ * « ­*­ * ­t­ -^ •­* —­ j j ^— v

quial de 15&3 ê apenas o que ficava intra­muros ao passo que em todos

as outras notícias são consideradas além das freguesias urbanas, as

2 dos arrabaldes: Santo Ildefonso e Miragaia. Mas parece­nos arrisca­

do afirmá­lo peremptoriamente porque o relatório da visita "ad sacra

liminaitde 1599 atribui 20.000 almas à cidade, embora este valor

se nos afigure claramente arredondado.

Ao contrário, os anos 30 do mesmo século fornecem­nos frequentes in­

formações de despovoamento progressivo da cidade, cujos moradores se au­

sentariam por razões fiscais e por queda pronunciada do comércio. (A­2) A ve­

rificação do número significativo de casas fechadas e vazias teria mesmo

sido experimentada pelos ministros que cobravam um donativo voluntário

que a cidade oferecera ao Rei em 1632. Muitos dos moradores do burgo e do

Termo iriam trabalhar para Castela durante 6 meses para sobreviverem e

pagarem suas dividas nos restantes.(^3)

Lamentações deste teor repetem­se nos anos que precederam 16^0.Toda­

via, há que fazer um reparo: ê que em todas as exposições a Câmara tenta

descobrir argumentos para nao ser oprimida cora novos impostos, tais como o

-113-

tionar a isenção e credibilidade da fonte, tanto mais que o valor da dizima cobrada pela Alfândega em I639 ( e que à frente analisaremos) não parece provar a recessão comercial. Acrescentaremos no entanto que o número de ta- lhos de carne de boi desceu para 5 er. 1638. (4*0

Quanto ao Termo,são mais abundantes as referências documentais a di- ficuldades demográficas: durante todo o período, nomeadamente no primeiro quartel do século, as zonas do litoral conheceram algum despovoamento de- vido ao perigo de cativeiro a que eram sujeitos os moradores se os pira- tas berberes e turcos lhes conseguissem deitar a mão»(45)

Para além dessa circunstância, lembremos notícias pontuais que a do- cumentação nos proporcionou: em 1598, a Câmara alarmou-se com o despovoa- mento dos casais do sertão, provocado por falta de gado, o qual morria fa- cilmente à míngua de pastagens.(46)

Em 1619, nova vaga de ausências e fugas do Termo se constatavam em virtude dos grandes sacrifícios que se exigiam aos pobres lavradores do in- terior os quais foram obrigados a fazer vigilância durante anos nos fachos do litoral. A quebra era de tal ordem que algumas companhias de ordenanças não contavam mais que 1/3 dos efectivos.(47)

Em 1624 ê o Couto de S. João da Foz que se queixa de grande falta de pescadores em virtude de muitos haverem sido aprisionados pelos piratas.(48) A lamentação ê motivada por razões fiscais mas deve ter um fundo verdadeiro pois o Senado, talvez por essa razão, decidiu ajudar o Couto na contribui- ção para o"serviço" extraordinário de cue atrás falamos.

E nos anos 30, os sucessivos levantamentos de gente, tanto na cida-

de como no Termo, devem ter-se repercutido negativamente, de modo directo e indirecto, no evoluir da demografia.

Conclusões

1Q - Nao possuímos argumentos decisivos para confirmar ou desmentir os números apresentados por D. Rodrigo da Cunha.

2Q - Comparados com as cifras de D. Frei Marcos de Lisboa e das fon- tes do Arouivo do Vaticano, se os aceitássemos a todos como autênticos, teríamos semelhança de níveis entre I583 e 1599. Mas entre esta data e o ano de 1622 ter-se-ia dado uma diminuição muito sensível dos habitantes.

3Q - Nao há,porém, indícios indiscutíveis de que a população portuen- se tenha diminuído tão drasticamente. Pelo contrário, os sinais de que pude-

­liâ­

mes lançar mão apontam no sentido do crescimento demográfico urbano duran­

te o primeiro quartel do século XVII, especialmente a partir da 2:i década.

A expansão comercial que parece ter prosseguido quase até ao fim do perío­

do filipino confirma essa probabilidade.

^Q_ Quanto ao '■'■'ermo,algumas notícias sugerem estagnação ou até dimi­

nuição da populaçaotnomeadamente a partir dos anos 20 do século XVII.

52 ­ Admitimos que as contagens de I583 © 1599 se apresentem excessi­

vas.Mas nao pecarão igualmente,agora por defeito,os números subscritos por

D.Rodrigo da Cunha? Ê uma hipótese que nao será fácil de provar,mas que pa­

rece legítimo pôr.

6 2 ­ De qualquer forma,o Porto era polo de atracção de interesses co­

merciais , judiciais ,religiosos e até políticos e,nessa medida,podemos con­

cluir que a população flutuante engrossava consideravelmente a massa dos

habitantes permanentes.

2 ­ Distribuição da população da cidade por ruas

Outra questão que se nos pôs e que reputamos de algum interesse foi

a de saber que zonas da cidade eram mais procuradas para estabelecimento

de residência. Por outras palavras, será possível fixar eixos de maior den­

sidade populacional?

Para conseguirmos obter uma resposta satisfatória, tentámos percorrer

e extractar para fichas adequadas os dados contidos nos Livros de Registo

Paroquial das 3 freguesias urbanas (exclui­se pelas razões indicadas a fre­

guesia de Belmonte).Pensamos que seria suficiente cobrir duas décadas sepa­

radas no tempo: a primeira naturalmente a que vai de I58O a 1589» início

do período aqui estudado; a segunda poderia ser uma qualauer a partir dos

anos 20 do século XVII.

Infelizmente a segunda parte do plano teve de ser abandonada porquan­

to o número de assentos em que figura a morada dos pais mostra­se, a par­

tir de certa altura (antes mesmo do fira do século XVI) excessivamente bai­

xo.Ficou de pê, no entanto, a primeira parte do programa.

0 total de crianças baptizadas na cidade (I58O­I589) cujo registo se

conservou perfaz 2.526. Conhecemos a morada de 191^ pais ­ 75»8/á ­ percen­

tagem muito boa se tivermos em conta que não são evidentemente considera­

dos os progenitores desconhecidos de crianças enjeitadas nem as mães que

-115-

se transferirar. durante a gestação.

Não aproveitamos igualmente as moradas dos padrinhos poraue, às ve- zes, no mesmo dia, dada a urgência com que era necessário baptizar crian-