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No contexto da Unidade de Cuidados na Comunidade

CAPÍTULO I – ANÁLISE E REFLEXÃO CRÍTICA DO DESENVOLVIMENTO DE

1.1. No contexto da Unidade de Cuidados na Comunidade

A UCC de Vila Real I é uma das unidades funcionais pertencentes ao ACeS Douro I - Marão e Douro Norte, e encontra-se integrada no Centro de Saúde Vila Real I. A sua área geodemográfica de intervenção corresponde à dos cuidados de saúde que integra, abrangendo 11 freguesias.

O estágio foi iniciado nesta unidade, e integrados na equipa de saúde escolar foi possível desenvolver projetos no âmbito do PNSE. Este período foi fértil em experiências no âmbito de programas e projetos que visavam a resolução de problemas identificados e onde a intervenção do EEECSP assume um papel chave, tendo sempre em vista a capacitação de grupos e comunidades.

No decurso deste estágio, realizaram-se diversas atividades, numa ótica de desenvolvimento de competências do EEECSP, demonstrando tomada de decisão ética, suportando essa

decisão em princípios, valores e normas deontológicas e avaliando depois o processo e os resultados da tomada de decisão, sempre tendo em conta a promoção e proteção dos direitos humanos.

Do conjunto de atividades e intervenções levadas a cabo ao longo da unidade curricular Estágio, importa salientar algumas que concorreram para a aquisição ou desenvolvimento de competências necessárias ao desempenho autónomo e proficiente e à conclusão com êxito do mestrado em enfermagem com especialização em enfermagem comunitária.

O desenvolvimento do estágio na UCC, permitiu dar resposta a pelo menos, duas das competências definidas pela OE (2010) como necessárias: “estabelecer, com base na metodologia do Planeamento em Saúde, a avaliação do estado de saúde de uma comunidade e contribuir para o processo de capacitação de grupos e comunidades” (p.2).

De acordo com Imperatori e Giraldes (1993), o planeamento em saúde procura um estado de saúde, através da sua promoção, prevenção de doenças, cura e reabilitação, incluindo mudanças no comportamento das populações. No entanto, para ser possível a concretização de um plano, programa ou projeto em saúde, torna-se necessário conhecer as etapas do processo de planeamento de modo a elaborar projetos eficientes, que atinjam os objetivos pretendidos com a máxima rentabilização dos recursos disponíveis (Tavares, 1992).

O diagnóstico de situação é a primeira etapa do planeamento em saúde e tem como objetivo o conhecimento da comunidade quanto às suas necessidades, problemas, fatores e grupos de risco e às suas próprias potencialidades. Só a partir da sua definição será possível iniciar a atuação. É um processo dinâmico, uma atividade permanente, resultado das modificações contínuas da realidade, pelo que deverá ser suficientemente rápido para permitir a ação em tempo útil, e suficientemente aprofundado para que as medidas a implementar sejam pertinentes (Imperatori & Giraldes, 1993).

O processo da aquisição da competência iniciou-se com o diagnóstico da situação, realizado no estágio anterior, junto dos docentes das escolas secundárias da área de abrangência da UCC Vila Real I e no âmbito dos programas/projetos de saúde escolar, onde foram diagnosticadas as necessidades da população, seguido da fixação de objetivos e estratégias

para dar resposta às problemáticas detetadas, através da construção e execução durante este estágio, de um projeto de intervenção.

Para isso, tornou-se essencial levar a cabo a definição de prioridades de intervenção em saúde. Com a intenção de intervir no problema prioritário identificado (défice de conhecimentos), foi efetuada pesquisa bibliográfica, consultados os orientadores de estágio e, finalmente, elaborado um projeto de intervenção que visou a EpS, através da melhoria dos conhecimentos dos docentes nas áreas dos primeiros socorros e do suporte básico de vida (SBV), de forma a potenciar ganhos em saúde e capacitar o grupo em questão.

Para atingir este objetivo, foi elaborado um “Curso de Primeiros Socorros e SBV” com uma parte teórica e uma parte prática dividida em módulos de 15 horas, por sua vez distribuídos por sessões de 1,5 horas, com grupos de 15 docentes. A implementação foi iniciada pelos estudantes do mestrado com o primeiro grupo de docentes numa das escolas, estando planeada para continuar com a equipa de saúde escolar nas restantes onde o diagnóstico foi realizado.

As atividades realizadas para a consecução do projeto foram as seguintes:

 Revisão bibliográfica sobre planeamento em saúde, definição de prioridades e projetos de intervenção comunitária;

 Definição de prioridades;

 Definição de estratégias e indicadores;

 Revisão bibliográfica sobre primeiros socorros e SBV;

 Previsão dos recursos necessários;

 Elaboração de planeamento das sessões de educação;

 Realização das sessões de EpS;

 Organização e tratamento dos dados avaliativos das sessões;

 Análise dos resultados;

 Redação do relatório do projeto.

Na implementação do projeto e dinamização dos planos das sessões de EpS (Apêndice A) foram adquiridas e desenvolvidas competências na promoção da informação e EpS na comunidade, promoção do desenvolvimento pessoal e profissional na área, na apreciação,

gestão e adequação dos conteúdos a abordar e, ainda, na capacidade de sensibilização e motivação dos docentes a participar na sessão.

Foram desenvolvidas competências na dinamização de parcerias, através da colaboração de uma farmácia local, na cedência de produtos para mala de primeiros socorros.

Na apresentação da sessão, foram utilizadas várias técnicas/métodos de ensino, nomeadamente o expositivo, interativo e demonstrativo (apresentações multimédia em powerpoint, manequim humano para parte prática). No final do módulo, foi disponibilizado um cartaz elaborado pelos alunos do mestrado, para afixar na sala dos professores, com a finalidade de servir como orientador rápido no SBV (Apêndice B).

Para a avaliação de cada módulo foi definida uma matriz de indicadores e metas que visou avaliar os resultados finais dos objetivos propostos, fornecendo indicadores de resultado e de processo, que permitiram uma avaliação global das competências adquiridas ao longo do curso. A avaliação diagnóstica e final relativa à parte teórica, foi efetuada com recurso ao mesmo instrumento de avaliação, para permitir uma comparação válida de resultados obtidos e foi composta de um questionário de escolha múltipla, respondido pelos docentes no início e no final do módulo; a avaliação da parte prática do curso foi efetuada através de demonstração prática e de acordo com grelha de avaliação, também no final do módulo (Apêndice C).

A concretização do projeto de intervenção foi norteada pelas dimensões ensinar, instruir e supervisionar, contribuindo para a capacitação dos docentes na área dos primeiros socorros e SBV e para o exercício da cidadania. De referir, ainda, que os resultados deste diagnóstico de situação foram posteriormente apresentados nas “Jornadas de Enfermagem de Saúde Escolar – Olhar o Presente, Focar o Futuro” da Universidade Católica do Porto (Apêndice D).

Globalmente, a concretização metodológica das diferentes etapas do planeamento em saúde, que culmina com a operacionalização do projeto de intervenção, contribuíram para a aquisição de competências de promoção e proteção da saúde e prevenção da doença na comunidade educativa que, na definição das competências específicas pela OE, se consideram integradas na utilização da metodologia do planeamento em saúde e na EpS que, conjugando diferentes áreas disciplinares, contribuem para a capacitação de grupos e comunidades. Ainda neste contexto e indo sempre ao encontro das competências a adquirir, tivemos oportunidade de realizar outras atividades na área de abrangência da unidade funcional:

- No âmbito do programa de Saúde Oral e do Projeto “+Social E5G” de inclusão social, foram realizadas sessões de EpS para crianças e jovens, em dois bairros sociais de Vila Real e criado um folheto específico sobre a mesma temática (Apêndice E).

- Inserido no projeto “Lanche escolar: o que está a dar?”, foram realizadas sessões de EpS em jardins de infância e escolas do 1º ciclo, através de diversas atividades dinamizadoras como jogos de interação e representações teatrais.

- No âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e do projeto “Cuidar de quem precisa”, foram realizadas sessões de EpS sobre as temáticas “Eliminação Vesical” e “Eliminação Intestinal” e criados dois folhetos para cuidadores (Apêndices F e G).

- No âmbito da promoção da saúde, elaboraram-se alguns artigos científicos para publicação num jornal regional, sobre temáticas relacionadas com épocas específicas (Apêndice H):

 Gripe sazonal;

 O inverno e as queimaduras;

 Prevenção de acidentes no Carnaval;

 Afetos no Dia dos Namorados:

Durante este percurso, foi-nos possível constatar o exercício autónomo dos enfermeiros, a responsabilidade da tomada de decisão, muitas vezes marcada pela imprevisibilidade e inexistência de recursos, a capacidade de adequação dos cuidados às necessidades singulares das pessoas e famílias na procura de cuidados culturalmente seguros, e o reconhecimento que os vários atores conferem à intervenção dos enfermeiros. Em nossa opinião, este contexto específico de intervenção dos enfermeiros deve potenciar, quer a visibilidade da profissão quer o reconhecimento da intervenção dos enfermeiros para a consecução de ganhos em saúde que, necessariamente, se concretiza na complementaridade e referenciação dos cuidados de saúde em geral e, de modo particular, dos cuidados de enfermagem.