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Literacia para a saúde em alunos do ensino secundário do Concelho de Vila Real

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Literacia para a Saúde em Alunos do Ensino Secundário do

Concelho de Vila Real

Estágio e Relatório

Mestrado em Enfermagem Comunitária

Paula Maria Dias da Silva

Orientador: Professor Doutor Amâncio António de Sousa Carvalho

Vila Real, 2017

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Literacia para a Saúde em Alunos do Ensino Secundário do

Concelho de Vila Real:

Relação com as características sociodemográficas, a perceção de saúde,

a utilização dos serviços de saúde, e o conhecimento e participação

nos programas/projetos de saúde escolar

Estágio e Relatório

Mestrado em Enfermagem Comunitária

Paula Maria Dias da Silva

Orientador: Professor Doutor Amâncio António de Sousa Carvalho

Composição do Júri:

Presidente: Professora Doutora Maria João dos Santos Pinto Monteiro

Prof.ª Coordenadora da ESEnfVR-UTAD

Arguente: Professor Doutor Carlos Manuel Torres Almeida

Prof. Adjunto da ESEnfVR-UTAD

Arguente: Professora Doutora Maria de Lourdes Gil Patrício Varandas Costa

Prof.ª Adjunta da ESEL

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Este trabalho foi expressamente elaborado como Estágio e Relatório original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Enfermagem Comunitária, sendo apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Aos meus filhos, Rita e Gonçalo, para que nunca esqueçam que “O caminho faz-se caminhando”.

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Ao Professor Doutor Amâncio Carvalho, pelo privilégio da sua orientação e por estar sempre disponível para me prestar apoio.

À enfermeira Vanessa Monteiro, da Unidade de Cuidados na Comunidade Vila Real I, pelo seu profissionalismo e por ser uma inspiração na área da saúde escolar.

Aos amigos e colegas de trabalho, Maria João Azevedo e José Guerreiro, pelos conselhos, pela paciência para me ouvirem e porque se não fossem eles, este percurso nem sequer se teria iniciado.

À amiga Teresa Carvalho, pela sua ajuda inestimável.

Aos meus pais, que onde quer que estejam, estarão de certeza orgulhosos.

Aos meus filhos e marido, pela paciência e apoio incondicional nos momentos mais importantes da minha vida.

Agradeço, por fim, a todos os que direta ou indiretamente tornaram possível a concretização desta etapa.

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O presente relatório diz respeito à unidade curricular Estágio e Relatório desenvolvido no período de 14 de setembro de 2015 a 29 de janeiro de 2016, na Unidade de Cuidados na Comunidade Vila Real I e Unidade de Saúde Pública de Vila Real, do Agrupamento de Centros de Saúde Douro I - Marão e Douro Norte, surgindo como um documento que pretende descrever as atividades realizadas e o desenvolvimento de competências de Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública.

O processo de aquisição de competências iniciou-se com o diagnóstico de situação, realizado no estágio anterior, junto dos docentes das escolas secundárias da área de abrangência da Unidade de Cuidados na Comunidade Vila Real I e no âmbito dos programas/projetos de saúde escolar, onde foram diagnosticadas as necessidades da população, seguido da fixação de objetivos e estratégias para dar resposta às problemáticas detetadas, por meio da construção e execução de um projeto durante este estágio, que visou a educação para a saúde, através da melhoria dos conhecimentos dos docentes nas áreas dos Primeiros Socorros e do Suporte Básico de Vida, de forma a potenciar ganhos em saúde e capacitar o grupo em questão.

O permanente contacto com o Programa Nacional de Saúde Escolar 2015 e dada a sua relevância, para atingir as metas constantes deste programa, fez surgir também a necessidade de determinar o nível de literacia para a saúde, dos alunos do ensino secundário das escolas do ensino público da área de abrangência desta mesma unidade funcional, tendo sido realizado um estudo empírico, cujo objetivo geral foi analisar a relação entre a literacia para a saúde e a perceção de saúde, a utilização de serviços de saúde e o conhecimento e participação dos alunos nos programas/projetos de saúde escolar.

A metodologia utlizada no projeto foi a do planeamento em saúde e no estudo empírico optou-se pela realização de um estudo descritivo, correlacional e transversal de abordagem quantitativa. A amostra foi constituída por 499 alunos, o correspondente a 40,34% da população alvo. Para a recolha de dados optamos por um questionário de autopreenchimento, composto por duas secções pertencentes ao Questionário Europeu de Literacia para a Saúde em Português (HLS-EU-PT) e duas secções criadas pela investigadora, tendo o tratamento de dados sido realizado com recurso ao Statistical Package for the Social Sciences (SPSS versão 22.0).

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A maioria dos alunos era do sexo feminino (58,3%), pertencia ao grupo etário dos 16-17 anos (64,5%) e frequentava o curso de ciências e tecnologias (55,5%). O maior número dos inquiridos considerou ter um bom estado de saúde (57,1%) e referiu ter utilizado os serviços de saúde 1 a 2 vezes no último ano.

O nível de literacia para a saúde dos alunos, foi em todas as dimensões (cuidados de saúde, prevenção da doença e promoção da saúde) limitado, na ordem dos 50%, sendo no domínio dos “Cuidados de Saúde” onde se registaram maiores dificuldades. No lado oposto, com um nível de literacia para a saúde considerado excelente, apenas se enquadravam 8% dos alunos. O nível de literacia para a saúde, nas suas três dimensões, diferiu estatisticamente entre os alunos que frequentavam os diferentes cursos (KW: p<0,05) e quanto à perceção do estado de saúde (KW: p<0,05), sendo os alunos dos cursos profissionais aqueles que apresentaram níveis de literacia para a saúde mais baixos e observando-se que quanto melhor era a perceção do estado de saúde mais elevado era o nível de literacia para a saúde. Não se verificou relação entre o nível de literacia para a saúde e a frequência de utilização dos serviços de saúde pelos alunos, bem como entre o nível de literacia para a saúde e o conhecimento acerca dos programas/projetos de saúde escolar desenvolvidos nas escolas, que estes alunos frequentavam.

Pode concluir-se que os programas/projetos de saúde escolar parecem ter sido pouco eficazes, na promoção da literacia para a saúde. Deste modo, as estratégias de intervenção da saúde escolar terão de ser repensadas e redirecionadas, no intuito de aumentar a literacia para a saúde dos alunos destas escolas e, assim, promover a saúde e o desenvolvimento de competências que lhes permita fazer uma transição da adolescência para a vida adulta de uma forma saudável.

Por tudo isto, pode considerar-se que foram desenvolvidas as competências preconizadas pela Ordem dos Enfermeiros para o Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública e atingidos os objetivos delineados para este relatório.

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The current report concerns the curricular placement course unit and the developed report from 14th September of 2015 to 29th January of 2016 at the Community Care Unit Vila Real I and at the Public Health Unit of Vila Real, of the cluster of health centers Douro I - Marão and Douro North. It emerges as a document which pretends to describe the activities held and the development of skills as a specialized nurse in communitarian nursing and public health. The skills acquisition process started with the status diagnostic, which had been done in a previous internship, near the high school teachers of the area of influence of the Community Care Unit Vila Real I and in a context of school programs/projects in school health care. It had been made a diagnostic to population needs, followed by fixing strategies aims in order to give response to identified problems in a way of making and executing a project during the internship. Its aim was the health education by improving the teachers knowledge in first aid and basic life support in order to maximize health gains and enable the group mentioned. The permanent contact with the National School Health Care Program (2015) and given to its importance to achieve the goals present in this program, evoked also the necessity to establish the health literacy level of the high school students from the public education schools in the area of influence of this functional unit. It has been made an empirical investigation with the overall objective to analyze the connection between the health literacy and sociodemographic characteristics, the health perception, the use of the healthcare services as well the knowledge and participation of the students in school health programs/projects.

The methodology used in the project was the health planning and in the empirical study was decided to make a descriptive, correlational and cross-sectional quantitative approach study. A sample of 499 students had been constituted, corresponding to 40.34% of the target population. A self-administered questionnaire was used to collect data, which consisted of two sections belonging to the European Health Literacy Survey in Portuguese (HLS-EU-PT) and two sections created by the investigator. In this way the Statistical Package for the Social Sciences (version 22.0) was used for data processing

The majority of the students were female (58.3%) belonging to the age group of 16-17 aged (64.5%) and they were attending a science and technology course (55.5%). The majority of the respondents considered having a good state of health (57.1%) and they said that they used health care services once or twice time the last year.

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The health literacy level of the students was in all dimensions (health care, disease prevention and health promotion) limited, about 50%. The area of “Health Care” was the one where were noticed the greatest difficulties. Right on the other side with just 8% of the students had a health literacy level considered excellent. The health literacy level in its three dimensions differed statistically among the students who were attending different courses (KW: p<0.05) and according to their health perception (KW: p<0.05). The students, who attend the professional courses, were the ones who showed the lowest health literacy level and it had been noticed that the better were the perception of their state of health the higher was the health literacy level. It wasn’t found a relation between the health literacy level and the frequency of use of the health care services by the students, as well as between the health literacy level and the knowledge of school health care programs/project developed in schools which the students attend.

It may be concluded that the school health care programs/projects were not very effective by promoting health literacy. In this way the school health care strategies must be reconsidered and redirected in order to enhance the students health literacy in those schools and so promote the health and the skills development which allow a healthy transition from adolescence to adult life.

For all this it can be considered that the suggested skills by the Nursing Order for Specialized Nurse in Communitarian Nursing and Public Health had been developed and it has been achieved the delineated objectives for this report.

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DEDICATÓRIA ... v

AGRADECIMENTOS ... vii

RESUMO ... ix

ABSTRACT ... xi

ÍNDICE DE TABELAS ... xv

ÍNDICE DE FIGURAS ... xvii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ... xix

INTRODUÇÃO ... 1

CAPÍTULO I ANÁLISE E REFLEXÃO CRÍTICA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS... 9

1.1. No contexto da Unidade de Cuidados na Comunidade ... 11

1.2. No contexto da Unidade de Saúde Pública ... 15

CAPÍTULO II – ESTUDO EMPÍRICO ... 17

2.1. Enquadramento teórico: literacia para a saúde ... 19

2.1.1. Saúde e literacia para a saúde ... 27

2.1.2. Cidadania em saúde versus capacitação do cidadão ... 30

2.1.3. Literacia para a saúde na adolescência ... 32

2.1.4. A escola como espaço privilegiado da educação para a saúde ... 37

2.1.5. Relação com a utilização de serviços de saúde ... 40

2.1.6. O papel do enfermeiro de enfermagem comunitária na literacia para a saúde.42 2.1.7. Estudos sobre literacia para a saúde: situação atual ... 45

2.2. Metodologia ... 50

2.2.1. Tipo de estudo ... 51

2.2.2. População alvo e amostra ... 52

2.2.3. Variáveis em estudo ... 53

2.2.4. Questões e hipóteses de investigação ... 57

2.2.5. Instrumento de recolha de dados ... 57

2.2.6. Procedimentos de recolha de dados e questões éticas ... 60

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CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ... 63

3.1. Caracterização sociodemográfica da amostra ... 65

3.2. Perceção do estado de saúde e utilização dos serviços de saúde pelos alunos .... 66

3.3. Conhecimento e participação dos alunos nos programas/projetos de saúde escolar ... 68

3.4. Nível de literacia para a saúde ... 70

CAPÍTULO IV – DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 85

4.1. Quanto à caracterização sociodemográfica ... 87

4.2. Quanto à perceção da saúde e utilização de serviços de saúde ... 88

4.3. Quanto ao conhecimento e participação nos programas/projetos de saúde escolar ... 88

4.4. Quanto à literacia para a saúde ... 89

CAPÍTULO V – CONCLUSÕES ... 93

SÍNTESE CONCLUSIVA DO RELATÓRIO ... 99

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS ... 103

APÊNDICES ... 113

Apêndice A - Plano de sessão de educação para a saúde (1ª sessão) ... 115

Apêndice B - Cartaz de SBV ... 119

Apêndice C - Questionário de avaliação de conhecimentos ... 123

Apêndice D - Certificado de Comunicação Oral ... 131

Apêndice E - Folheto “Saúde Oral” ... 135

Apêndice F - Folheto “Eliminação Vesical” ... 139

Apêndice G - Folheto “Eliminação Intestinal” ... 143

Apêndice H - Artigos científicos para publicação ... 147

Apêndice I - Instrumento de recolha de dados ... 155

Apêndice J - Autorização de utilização do HLS-EU-PT ... 163

Apêndice K - Autorização da Direção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular .. 171

Apêndice L - Pedido de autorização de aplicação de questionário às direções escolares .... 175

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Tabela 1. Variáveis atributo ... 54

Tabela 2. Variáveis de investigação ... 55

Tabela 3. Subdimensões da LS (Modelo conceptual de HLS-EU-PT) ... 59

Tabela 4. Caracterização sociodemográfica ... 66

Tabela 5. Perceção do estado de saúde e utilização de serviços ... 67

Tabela 6. Conhecimento e participação nos programas de saúde escolar ... 69

Tabela 7. Percentagem de respostas “muito difícil” e “difícil” ou “fácil” e “muito fácil” nos 47 itens relacionados com a LS nos alunos deste estudo ... 72

Tabela 8. Medidas de tendência central e de dispersão ... 73

Tabela 9. Nível de LS ... 74

Tabela 10. Subdimensões de LS... 75

Tabela 11. Cruzamento da variável LS geral, com as questões relativas à caracterização sociodemográfica ... 76

Tabela 12. Cruzamento da variável LS, nas suas diversas dimensões, com as questões relativas à caracterização sociodemográfica ... 77

Tabela 13. Cruzamento da variável LS geral, com as questões relativas à perceção da saúde e utilização de serviços de saúde ... 79

Tabela 14. Cruzamento da variável LS, nas suas diversas dimensões, com as questões relativas à perceção da saúde e utilização de serviços de saúde ... 80

Tabela 15. Cruzamento da variável LS geral e suas dimensões, com as questões relativas ao conhecimento e participação nos programas de saúde escolar ... 83

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ACeS - Agrupamento de Centros de Saúde AMU - Área Mediamente Urbana

APR - Área Predominantemente Rural APU - Área Predominantemente Urbana CSP - Cuidados de Saúde Primários DGS - Direção-Geral da Saúde

EEECSP - Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública ENSP-UNL - Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa EpS - Educação para a Saúde

HLS-EU - European Health Literacy Survey

HLS-EU-PT – European Health Literacy Survey in Portuguese ILS-PT - Inquérito de Literacia em Saúde em Portugal

IUHPE - International Union for Health Promotion and Education LS-Literacia para a Saúde

MS - Ministério da Saúde

NAAL - National Assessment of Adult Literacy nº - número

NSE - Nível Socioeconómico OE - Ordem dos Enfermeiros

OMS - Organização Mundial de Saúde p. - página

PASSE - Programa de Alimentação Saudável em Saúde Escolar

PNESLA - Programa Nacional de Educação para a Saúde, Literacia e Autocuidados PNS - Plano Nacional de Saúde

PNSE - Programa Nacional de Saúde Escolar

PRESSE - Programa Regional de Educação Sexual em Saúde Escolar QV - Qualidade de Vida

RNCCI - Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados SBV - Suporte Básico de Vida

SHE - Schools for Health in Europe SNS - Serviço Nacional de Saúde

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SPSS - Statistical Package for the Social Sciences UCC - Unidade de Cuidados na Comunidade UE - União Europeia

USP - Unidade de Saúde Pública

VIH-Virus da Imunodeficiência Humana

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O presente relatório inclui-se no plano de estudos do Curso de Mestrado em Enfermagem Comunitária, da Escola Superior de Enfermagem de Vila Real da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, surgindo como um documento elucidativo do desenvolvimento de competências durante a unidade curricular Estágio e Relatório, cuja concretização decorreu no período compreendido entre setembro de 2015 e janeiro de 2016.

Deste modo, é feita uma análise do contributo do percurso, dos projetos e dos trabalhos realizados durante o estágio, com vista ao desenvolvimento de competências de Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública (EEECSP).

Desenvolveram-se atividades em diferentes domínios da enfermagem comunitária, refletindo a diversidade e multiplicidade de áreas em que foi necessário aprofundar conhecimentos e desenvolver competências. Por este motivo, o percurso de aprendizagem decorreu em diferentes unidades funcionais do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS) Douro I - Marão e Douro Norte, nomeadamente na Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Vila Real I e Unidade de Saúde Pública (USP), sendo que o tempo de maior permanência foi na UCC Vila Real I, com a equipa de saúde escolar.

Em cuidados de saúde primários (CSP), a enfermagem integra o processo de promoção da saúde e prevenção da doença, evidenciando-se as atividades de educação para a saúde (EpS), manutenção, restabelecimento, coordenação, gestão e avaliação dos cuidados prestados aos indivíduos, famílias e grupos que constituem uma dada comunidade.

Enfermagem comunitária é uma prática continuada e globalizante dirigida a todos os indivíduos ao longo do seu ciclo de vida e desenvolve-se em diferentes locais da comunidade. Poder-se-á dizer que é um serviço centrado na comunidade, que respeita e encoraja a independência e o direito dos indivíduos e famílias a tomarem as suas decisões e a assumirem as suas responsabilidades em matéria de saúde até onde forem capazes de o fazerem. Resumindo, é «trabalhar com a comunidade» de forma a ajudá-la a desenvolver capacidades para o desempenho adequado e eficiente das suas funções.

A sua prática é de complementaridade com a dos outros profissionais de saúde e parceiros comunitários, responsabilizando-se por identificar as necessidades dos indivíduos/famílias e grupos de determinada área geográfica e assegurar a continuidade dos cuidados, estabelecendo as articulações necessárias. Esta prática assenta em características, tais como:

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 Foco em populações que vivem em comunidade;

 Uso de estratégias para a promoção e manutenção de estilos/comportamentos

saudáveis e prevenção da doença da população, investindo na informação em saúde em larga escala e sua utilização na melhoria da qualidade de vida (QV);

 Uso de estratégias que têm, necessariamente, em conta o contexto sociopolítico em que se inserem;

 Participação em estudos de carácter epidemiológico e outros que visem a resolução de problemas de saúde da comunidade.

Nesta perspetiva, o EEECSP, fruto do seu conhecimento e experiência clínica, assume um entendimento profundo sobre as respostas humanas aos processos de vida e nos problemas de saúde e uma elevada capacidade para responder de forma adequada às necessidades de pessoas, grupos e comunidades. O seu percurso de formação especializada permite-lhe intervir em vários contextos, participando na tomada de decisão dos principais problemas de saúde, assim como assegurar o acesso a cuidados de saúde eficazes, integrados, continuados e ajustados, nomeadamente, a grupos sociais com necessidades específicas, proporcionando ganho efetivo em saúde.

A realização deste estágio “obrigou” a um permanente contacto com o Plano Nacional de Saúde (PNS) e mais concretamente com o Programa Nacional de Saúde Escolar (PNSE), uma vez que decorreu, na sua maior parte, integrado na equipa de saúde escolar, o que permitiu conhecer os objetivos e eixos estratégicos de ambos.

O PNS (revisão e extensão a 2020), assenta em quatro eixos transversais: cidadania em saúde, equidade e acesso adequado aos cuidados de saúde, qualidade na saúde e políticas saudáveis. No eixo da cidadania, o PNS (Ministério da Saúde [MS], 2015) propõe, entre outros, a promoção de uma cultura de cidadania que vise a promoção da literacia e da capacitação dos cidadãos, de modo que se tornem mais autónomos e responsáveis em relação à sua saúde e à saúde de quem deles depende e a realização de ações de promoção da literacia que foquem medidas de promoção da saúde e prevenção da doença, nomeadamente, nas áreas da vacinação, rastreios, utilização dos serviços e fatores de risco (pp.13, 14).

O PNSE 2015, enquanto instrumento orientador das políticas nacionais no que à promoção da saúde em meio escolar diz respeito, foi concebido tendo em conta a reorganização estrutural e

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funcional do Serviço Nacional de Saúde (SNS), os objetivos e estratégias do PNS (revisão e extensão a 2020) e ainda os objetivos e estratégias da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Europa, Health 2020.

Para além de ser um instrumento orientador das políticas nacionais no que à promoção da saúde em meio escolar diz respeito, é também um programa de indiscutível importância pelo seu contributo para a criação de condições ambientais e de relação na escola, favorecedoras da saúde e bem‐estar da população escolarizada e, consequentemente, do seu sucesso educativo e pessoal.

O PNSE atual (MS, 2015) tem como finalidade “Contribuir para mais saúde, mais educação, mais equidade e maior participação e responsabilização de todos/as com o bem-estar e a qualidade de vida de crianças e jovens” (p.20), tendo como objetivos: i) Promover estilos de vida saudáveis e aumentar o nível de literacia para a saúde (LS) da comunidade educativa; ii) Contribuir para a melhoria da qualidade do ambiente escolar e para a minimização dos riscos para a saúde; iii) Promover a saúde, prevenir a doença da comunidade educativa e reduzir o impacto dos problemas de saúde no desempenho escolar dos/as alunos/as; iv) Estabelecer parcerias para a qualificação profissional, a investigação e a inovação em promoção e EpS em meio escolar (p.4).

Como eixos estratégicos, definiu seis, três nucleares e três complementares e transversais, sendo que o primeiro eixo nuclear é a capacitação.

Capacitar é muito mais do que ter informação de saúde e compreendê-la. É estar habilitado a

usá-la e sentir-se competente para tomar decisões. A capacitação da comunidade caracteriza-se pelo aumento das competências dos caracteriza-seus grupos para definir, avaliar, analisar e agir sobre as necessidades em educação, saúde e outros campos (MS, 2015).

A promoção de estilos de vida saudáveis deve ser uma preocupação comum a todos os membros da comunidade educativa: os alunos, os pais, o pessoal docente/não, docente, os profissionais de saúde, de entre os quais se destacam os enfermeiros, em especial os de saúde comunitária e escolar, dado o seu campo de atuação.

Capacitar a comunidade educativa é integrar as intervenções de saúde no projeto educativo da Escola. Ter equipas de profissionais de saúde e de educação com formação e motivação é definir e planear ações a partir das necessidades sentidas e agir na melhoria de competências

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em saúde e em educação de todo o grupo escolar, do qual maioritariamente fazem parte os jovens.

Capacitar as crianças e jovens para a tomada de decisão contribui para a adoção de um estilo de vida mais saudável, tornando-os mais competentes, mais confiantes e mais habilitados no desempenho dos seus papéis sociais (World Health Organization [WHO], 2008). Os conhecimentos, os comportamentos e as crenças estabelecidas no início da vida tendem a persistir na vida adulta. Por isso, o longo ciclo de vida escolar, que decorre dos 3 aos 18 anos, é, reconhecidamente, um marco para a estruturação da saúde física e mental.

Neste sentido, a saúde escolar contribui para elevar o nível de LS, incentiva a diversidade das práticas e envolve toda a comunidade educativa em torno de um objetivo comum.

No entanto, para que tal se verifique, é necessário realizar um diagnóstico de situação, avaliar os determinantes sociais e de saúde envolvidos e ter uma visão global e sistematizada da interação entre todos os componentes.

Em Portugal, existem apenas dois estudos sobre LS, o primeiro cujos resultados foram publicados em setembro de 2014, elaborado pela Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa (ENSP-UNL) – Versão portuguesa do “Questionário europeu de literacia para a saúde”- European Health Literacy Survey in Portuguese (HLS-EU-PT) e, mais recentemente, um segundo estudo realizado pela Fundação Calouste Gulbenkian com resultados publicados em abril de 2015 – “Inquérito de Literacia em Saúde em Portugal” (ILS-PT). Ambos utilizaram como instrumento de recolha de dados o “Questionário europeu de literacia em saúde” - European Health Literacy Survey (HLS-EU), já aplicado em oito países, permitindo, assim, o desenvolvimento de pesquisa comparativa.

Dada a relevância da problemática, também o PNSE (MS, 2015) define como um dos objetivos operacionais aumentar o nível de LS da comunidade educativa, sendo um dos indicadores a percentagem de alunos/as dos estabelecimentos de educação e ensino abrangidos pelo PNSE, com um nível de LS excelente nos 5.º, 7.º, 10.º e 12.º anos do ensino básico e secundário. As metas para 2016 e 2020 são, respetivamente, 5% e 10%. Como instrumento de recolha de dados, disponibiliza numa plataforma informática o Inquérito Europeu sobre Literacia para a Saúde referido anteriormente.

Foi exatamente por todos estes motivos que por um lado, decorrente do diagnóstico de situação realizado no primeiro estágio sobre o conhecimento, a participação e a importância

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que é atribuída pelos docentes a programas/projetos desenvolvidos pela equipa de saúde escolar da UCC Vila Real I, bem como informação relativamente à participação em ações de formação e necessidades formativas dos mesmos, houve necessidade de realizar um projeto de intervenção que resultasse em ganhos em saúde para esta população, dando continuidade à metodologia do planeamento em saúde e por outro lado surgiu o interesse e necessidade de elaborarmos um estudo, que permitisse diagnosticar o nível de LS dos alunos do ensino secundário do concelho de Vila Real, até aqui inexistente.

Assim, em relação à comunidade docente, depois de analisados os resultados, foram definidas as prioridades e tendo em conta estes mesmos resultados e a importância da capacitação de toda a comunidade educativa no que diz respeito à aquisição de competências básicas necessárias ao socorro pré-hospitalar, enquanto ato de cidadania, indo ao encontro do PNSE 2014, foi organizado um “Curso de Primeiros Socorros e Suporte Básico de Vida”, dirigido aos docentes das escolas do ensino público da área de abrangência da UCC Vila Real I.

No que diz respeito à comunidade estudantil e após a constatação da inexistência de dados relativamente ao nível de LS, de forma a poder dar resposta a algumas das metas delineadas no PNSE 2015, sentimos necessidade de conhecer o nível de LS dos alunos do ensino secundário do concelho de Vila Real, mais especificamente da área de abrangência da UCC Vila Real I. É neste âmbito que emerge esta nossa problemática: analisar a relação entre o nível de LS e as características sociodemográficas, a perceção de saúde, a utilização dos serviços de saúde e o conhecimento e participação dos alunos nos programas/projetos de saúde escolar.

Tais atividades vão ao encontro de algumas das competências reconhecidas ao EEECSP, nomeadamente: i) estabelecer, com base na metodologia do planeamento em saúde, a avaliação do estado de saúde de uma comunidade; ii) contribuir para o processo de capacitação de grupos e comunidades; iii) integrar a coordenação dos programas de saúde de âmbito comunitário e na consecução dos objetivos do PNS (Regulamento nº 128/2011, de 18 de fevereiro) e estão descritas neste relatório.

Por sua vez, o relatório tem como objetivos: relatar as atividades desenvolvidas durante o estágio; analisar de forma crítica as aprendizagens e atividades desenvolvidas; refletir sobre as competências adquiridas; apresentar o estudo empírico realizado no decorrer do referido estágio e dar resposta a uma exigência preconizada no plano de estudos do curso.

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Na sua realização, utilizaremos a metodologia descritiva e analítica, recorrendo às estratégias de reflexão acerca do nosso desempenho ao longo do estágio, entrevistas com os orientadores, bem como o recurso à pesquisa bibliográfica.

Este documento divide-se em quatro capítulos principais: o primeiro, em que se efetua a análise crítica-reflexiva das atividades desenvolvidas e competências adquiridas durante o estágio, quer na UCC, quer na USP; o segundo, onde se descreve o estudo empírico realizado, fazendo numa primeira parte o seu enquadramento teórico e justificando, desta forma, a sua pertinência e, numa segunda parte, descrevendo a metodologia utilizada; por fim, o terceiro e quarto capítulos referentes à apresentação e discussão dos resultados e respetivas conclusões.

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CAPÍTULO I

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Este capítulo visa proceder a uma análise e reflexão crítica das atividades planeadas e realizadas durante a unidade curricular Estágio, indo ao encontro das competências a adquirir, através da descrição dessas atividades e da análise do contributo que as mesmas tiveram na construção de uma identidade profissional com vista à obtenção do grau de mestre em enfermagem, com especialização em enfermagem comunitária e de saúde pública.

O estágio decorreu entre 14 de setembro de 2015 e 29 de janeiro de 2016, dividindo-se pelas Unidades do ACeS Douro I - Marão e Douro Norte, nomeadamente UCC Vila Real I durante doze semanas e USP, durante seis semanas.

As atividades desenvolvidas ao longo do estágio visaram a concretização dos objetivos, quer institucionais, quer individuais, bem como a aquisição de competências em enfermagem comunitária, através de um processo dinâmico de aprendizagem

Segundo a Ordem dos Enfermeiros (OE, 2010), verifica-se que o desenvolvimento de um estágio em enfermagem comunitária permite dar resposta às várias competências definidas como necessárias:

Estabelecer, com base na metodologia do Planeamento em Saúde, a avaliação do estado de saúde de uma comunidade; promover a capacitação de grupos e comunidades com vista à consecução de projetos de saúde coletivos; integrar a coordenação dos Programas de Saúde de âmbito comunitário e na consecução dos objetivos do PNS; realizar e cooperar na vigilância epidemiológica de âmbito geodemográfico. (p.2)

1.1.

No contexto da Unidade de Cuidados na Comunidade

A UCC de Vila Real I é uma das unidades funcionais pertencentes ao ACeS Douro I - Marão e Douro Norte, e encontra-se integrada no Centro de Saúde Vila Real I. A sua área geodemográfica de intervenção corresponde à dos cuidados de saúde que integra, abrangendo 11 freguesias.

O estágio foi iniciado nesta unidade, e integrados na equipa de saúde escolar foi possível desenvolver projetos no âmbito do PNSE. Este período foi fértil em experiências no âmbito de programas e projetos que visavam a resolução de problemas identificados e onde a intervenção do EEECSP assume um papel chave, tendo sempre em vista a capacitação de grupos e comunidades.

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No decurso deste estágio, realizaram-se diversas atividades, numa ótica de desenvolvimento de competências do EEECSP, demonstrando tomada de decisão ética, suportando essa

decisão em princípios, valores e normas deontológicas e avaliando depois o processo e os resultados da tomada de decisão, sempre tendo em conta a promoção e proteção dos direitos humanos.

Do conjunto de atividades e intervenções levadas a cabo ao longo da unidade curricular Estágio, importa salientar algumas que concorreram para a aquisição ou desenvolvimento de competências necessárias ao desempenho autónomo e proficiente e à conclusão com êxito do mestrado em enfermagem com especialização em enfermagem comunitária.

O desenvolvimento do estágio na UCC, permitiu dar resposta a pelo menos, duas das competências definidas pela OE (2010) como necessárias: “estabelecer, com base na metodologia do Planeamento em Saúde, a avaliação do estado de saúde de uma comunidade e contribuir para o processo de capacitação de grupos e comunidades” (p.2).

De acordo com Imperatori e Giraldes (1993), o planeamento em saúde procura um estado de saúde, através da sua promoção, prevenção de doenças, cura e reabilitação, incluindo mudanças no comportamento das populações. No entanto, para ser possível a concretização de um plano, programa ou projeto em saúde, torna-se necessário conhecer as etapas do processo de planeamento de modo a elaborar projetos eficientes, que atinjam os objetivos pretendidos com a máxima rentabilização dos recursos disponíveis (Tavares, 1992).

O diagnóstico de situação é a primeira etapa do planeamento em saúde e tem como objetivo o conhecimento da comunidade quanto às suas necessidades, problemas, fatores e grupos de risco e às suas próprias potencialidades. Só a partir da sua definição será possível iniciar a atuação. É um processo dinâmico, uma atividade permanente, resultado das modificações contínuas da realidade, pelo que deverá ser suficientemente rápido para permitir a ação em tempo útil, e suficientemente aprofundado para que as medidas a implementar sejam pertinentes (Imperatori & Giraldes, 1993).

O processo da aquisição da competência iniciou-se com o diagnóstico da situação, realizado no estágio anterior, junto dos docentes das escolas secundárias da área de abrangência da UCC Vila Real I e no âmbito dos programas/projetos de saúde escolar, onde foram diagnosticadas as necessidades da população, seguido da fixação de objetivos e estratégias

(35)

para dar resposta às problemáticas detetadas, através da construção e execução durante este estágio, de um projeto de intervenção.

Para isso, tornou-se essencial levar a cabo a definição de prioridades de intervenção em saúde. Com a intenção de intervir no problema prioritário identificado (défice de conhecimentos), foi efetuada pesquisa bibliográfica, consultados os orientadores de estágio e, finalmente, elaborado um projeto de intervenção que visou a EpS, através da melhoria dos conhecimentos dos docentes nas áreas dos primeiros socorros e do suporte básico de vida (SBV), de forma a potenciar ganhos em saúde e capacitar o grupo em questão.

Para atingir este objetivo, foi elaborado um “Curso de Primeiros Socorros e SBV” com uma parte teórica e uma parte prática dividida em módulos de 15 horas, por sua vez distribuídos por sessões de 1,5 horas, com grupos de 15 docentes. A implementação foi iniciada pelos estudantes do mestrado com o primeiro grupo de docentes numa das escolas, estando planeada para continuar com a equipa de saúde escolar nas restantes onde o diagnóstico foi realizado.

As atividades realizadas para a consecução do projeto foram as seguintes:

 Revisão bibliográfica sobre planeamento em saúde, definição de prioridades e projetos de intervenção comunitária;

 Definição de prioridades;

 Definição de estratégias e indicadores;

 Revisão bibliográfica sobre primeiros socorros e SBV;

 Previsão dos recursos necessários;

 Elaboração de planeamento das sessões de educação;

 Realização das sessões de EpS;

 Organização e tratamento dos dados avaliativos das sessões;

 Análise dos resultados;

 Redação do relatório do projeto.

Na implementação do projeto e dinamização dos planos das sessões de EpS (Apêndice A) foram adquiridas e desenvolvidas competências na promoção da informação e EpS na comunidade, promoção do desenvolvimento pessoal e profissional na área, na apreciação,

(36)

gestão e adequação dos conteúdos a abordar e, ainda, na capacidade de sensibilização e motivação dos docentes a participar na sessão.

Foram desenvolvidas competências na dinamização de parcerias, através da colaboração de uma farmácia local, na cedência de produtos para mala de primeiros socorros.

Na apresentação da sessão, foram utilizadas várias técnicas/métodos de ensino, nomeadamente o expositivo, interativo e demonstrativo (apresentações multimédia em powerpoint, manequim humano para parte prática). No final do módulo, foi disponibilizado um cartaz elaborado pelos alunos do mestrado, para afixar na sala dos professores, com a finalidade de servir como orientador rápido no SBV (Apêndice B).

Para a avaliação de cada módulo foi definida uma matriz de indicadores e metas que visou avaliar os resultados finais dos objetivos propostos, fornecendo indicadores de resultado e de processo, que permitiram uma avaliação global das competências adquiridas ao longo do curso. A avaliação diagnóstica e final relativa à parte teórica, foi efetuada com recurso ao mesmo instrumento de avaliação, para permitir uma comparação válida de resultados obtidos e foi composta de um questionário de escolha múltipla, respondido pelos docentes no início e no final do módulo; a avaliação da parte prática do curso foi efetuada através de demonstração prática e de acordo com grelha de avaliação, também no final do módulo (Apêndice C).

A concretização do projeto de intervenção foi norteada pelas dimensões ensinar, instruir e supervisionar, contribuindo para a capacitação dos docentes na área dos primeiros socorros e SBV e para o exercício da cidadania. De referir, ainda, que os resultados deste diagnóstico de situação foram posteriormente apresentados nas “Jornadas de Enfermagem de Saúde Escolar – Olhar o Presente, Focar o Futuro” da Universidade Católica do Porto (Apêndice D).

Globalmente, a concretização metodológica das diferentes etapas do planeamento em saúde, que culmina com a operacionalização do projeto de intervenção, contribuíram para a aquisição de competências de promoção e proteção da saúde e prevenção da doença na comunidade educativa que, na definição das competências específicas pela OE, se consideram integradas na utilização da metodologia do planeamento em saúde e na EpS que, conjugando diferentes áreas disciplinares, contribuem para a capacitação de grupos e comunidades. Ainda neste contexto e indo sempre ao encontro das competências a adquirir, tivemos oportunidade de realizar outras atividades na área de abrangência da unidade funcional:

(37)

- No âmbito do programa de Saúde Oral e do Projeto “+Social E5G” de inclusão social, foram realizadas sessões de EpS para crianças e jovens, em dois bairros sociais de Vila Real e criado um folheto específico sobre a mesma temática (Apêndice E).

- Inserido no projeto “Lanche escolar: o que está a dar?”, foram realizadas sessões de EpS em jardins de infância e escolas do 1º ciclo, através de diversas atividades dinamizadoras como jogos de interação e representações teatrais.

- No âmbito da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI) e do projeto “Cuidar de quem precisa”, foram realizadas sessões de EpS sobre as temáticas “Eliminação Vesical” e “Eliminação Intestinal” e criados dois folhetos para cuidadores (Apêndices F e G).

- No âmbito da promoção da saúde, elaboraram-se alguns artigos científicos para publicação num jornal regional, sobre temáticas relacionadas com épocas específicas (Apêndice H):

 Gripe sazonal;

 O inverno e as queimaduras;

 Prevenção de acidentes no Carnaval;

 Afetos no Dia dos Namorados:

Durante este percurso, foi-nos possível constatar o exercício autónomo dos enfermeiros, a responsabilidade da tomada de decisão, muitas vezes marcada pela imprevisibilidade e inexistência de recursos, a capacidade de adequação dos cuidados às necessidades singulares das pessoas e famílias na procura de cuidados culturalmente seguros, e o reconhecimento que os vários atores conferem à intervenção dos enfermeiros. Em nossa opinião, este contexto específico de intervenção dos enfermeiros deve potenciar, quer a visibilidade da profissão quer o reconhecimento da intervenção dos enfermeiros para a consecução de ganhos em saúde que, necessariamente, se concretiza na complementaridade e referenciação dos cuidados de saúde em geral e, de modo particular, dos cuidados de enfermagem.

1.2.

No contexto da Unidade de Saúde Pública

A USP é constituída por uma estrutura organizacional de intervenção comunitária, de base populacional e natureza flexível. É uma unidade funcional de saúde, constituída por uma equipa multidisciplinar pertencente ao ACeS Douro I - Marão e Douro Norte.

(38)

Na USP, tivemos oportunidade de participar no sistema de vigilância e monitorização

epidemiológica dos fenómenos de saúde-doença, nomeadamente, relacionados com casos

de tuberculose no concelho de Vila Real, tendo em vista a contenção dos eventos e a eliminação e/ou redução de complicações. Reconhecemos a especificidade da intervenção do EEECSP que, de entre as atividades em que participamos, se salienta a monitorização epidemiológica do Mycobacterium tuberculosis, o acompanhamento dos casos de contágio e dos contactos. Perante a identificação de um caso de tuberculose, inicia-se o rastreio dos seus contactos, sendo de extrema importância que, no momento do diagnóstico, se identifiquem as pessoas consideradas como contactos próximos do doente. Quando a exposição ocorre, a USP atua na identificação dos contactos próximos e promove o rastreio em duas fases: na primeira, é efetuada a exclusão de doença ativa com aplicação do inquérito de sintomas e a realização da radiografia pulmonar, na segunda fase, utilizam-se os testes tuberculínicos para avaliar a existência de resposta imunológica adaptativa ao Mycobacterium tuberculosis.

Na área funcional do planeamento em saúde, foi feito o acompanhamento e implementação da

avaliação do processo e resultados do Plano Local de Saúde 2011-2016, numa participação

ativa de procura de dados nas diferentes plataformas informáticas.

No âmbito das competências atribuídas à Autoridade de Saúde, efetuou-se a vigilância de equipamentos e espaços sociais relevantes em termos de saúde pública, preconizada pela Lei nº 135/2013, de 04 de outubro, com o objetivo de emitir pareceres técnicos sobre possíveis

modificações, ajustamentos ou extinção de instituições e serviços de saúde. Como tal,

integramos a equipa que fez a auditoria a duas Estruturas Residenciais para Idosos no concelho, desde a conceção à execução, avaliação, registo e comunicação.

Sendo a saúde pública uma ciência multidisciplinar, arte complexa, de prevenir a doença, prolongar a vida e promover a saúde da/na comunidade, mediante um esforço conjunto e articulado dos seus vários atores e recursos disponíveis, torna-se relevante a função deste estágio na aquisição e consolidação de conhecimentos com vista ao desenvolvimento de competências e um desempenho de qualidade enquanto EEECSP.

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CAPÍTULO II

E

STUDO

E

MPÍRICO

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(41)

No decorrer do estágio, o permanente contacto com o PNSE e, em particular, o de 2015, que tem, como já vimos, como um dos objetivos operacionais aumentar o nível de LS da comunidade educativa, sendo um dos indicadores a percentagem de alunos/as dos estabelecimentos de educação e ensino abrangidos pelo PNSE com um nível de LS excelente no 5.º, 7.º, 10.º e 12.º ano do ensino básico e secundário e as metas a atingir para 2016 e 2020, respetivamente, 5% e 10%, fez surgir a necessidade de determinar o nível de LS dos alunos do ensino secundário da área de abrangência da UCC Vila Real I e analisar a relação entre o nível de LS e as características sociodemográficas, a perceção de saúde, a utilização dos serviços de saúde e o conhecimento e participação dos alunos nos programas/projetos de saúde escolar, uma vez que não havia qualquer registo sobre tal.

Assim, surge este estudo que tem como base o conceito de investigação científica, propondo-se cumprir várias etapas como forma de validação e produção de conhecimento científico, com vista ao desenvolvimento de intervenções de enfermagem que promovam o aumento de LS na população estudada e, consequentemente, a promoção de estilos de vida e de uma transição para a vida adulta mais saudável.

Este segundo capítulo, está dividido em duas partes, a primeira onde se justifica a pertinência do estudo num quadro de referência teórico e, a segunda, onde se descreve a metodologia utilizada.

2.1. Enquadramento teórico: literacia para a saúde

Neste subcapítulo, apresenta-se uma definição e contextualização dos principais conceitos abordados neste estudo, tais como a LS, sua inter-relação com conceitos de saúde, cidadania, e capacitação, a importância da LS na adolescência e do contexto escolar como espaço privilegiado de EpS, a sua relação com a utilização de serviços de saúde, o papel do EEECSP nesta temática e por fim o estado da arte atual a nível internacional e nacional.

A LS é um termo introduzido na década de 1970 e de importância crescente na saúde pública e na saúde. Preocupa-se com as capacidades das pessoas para darem resposta às exigências cada vez mais complexas de saúde numa sociedade moderna e em constante mudança. Ser literado em saúde significa colocar a própria saúde e a da sua família e da comunidade em contexto, compreender quais os fatores que a influenciam e saber como lidar com eles. Isso

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implica compreender a informação dada pelos profissionais de saúde relativamente a condições de saúde e opções de tratamento, sabendo onde ir e a quem recorrer caso necessite de algum auxílio relacionado com o seu estado de saúde (Mancuso, 2009). Um indivíduo com um nível adequado de LS tem a capacidade de assumir a responsabilidade pela sua própria saúde, pela saúde da sua família e da comunidade (Sorensen et al., 2012).

O conceito de LS traduz-se na capacidade para tomar decisões em saúde fundamentadas, no decurso da vida do dia-a-dia; em casa, na comunidade, no local de trabalho, no mercado, na utilização do sistema de saúde e no contexto político, possibilitando o aumento do controlo pessoal sobre a saúde, a capacidade para procurar informação e para assumir responsabilidades relacionadas com o estado de saúde do próprio indivíduo (WHO, 2004). A OMS define LS como o conjunto de competências cognitivas e sociais que determinam a motivação e a capacidade dos indivíduos para aceder, compreender e usar informação, de forma a promover e manter um bom estado de saúde. Implica a aquisição de conhecimentos, competências pessoais e confiança para agir de forma saudável, através de mudanças de estilo e condições de vida (WHO, 1998).

Estas competências incluem:

1 - Competências básicas em saúde que facilitam a adoção de comportamentos protetores da saúde e de prevenção da doença, bem como o autocuidado;

2 - Competências do doente, para se orientar no sistema de saúde e agir como um parceiro ativo dos profissionais;

3 - Competências como consumidor, para tomar decisões de saúde na seleção de bens e serviços e agir de acordo com os direitos dos consumidores, caso necessário;

4 - Competências como cidadão, através de comportamentos informados como o conhecimento dos seus direitos em saúde, participação no debate de assuntos de saúde e pertença a organizações de saúde e de doentes.

Claro que este tipo de competências está inevitavelmente ligado a um conjunto de competências individuais de literacia, que Nutbeam (2007) agrupa em quatro domínios: o conhecimento cultural e conceptual; a capacidade de ouvir e falar; a capacidade de escrever e ler e a numeracia.

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Considerando estas competências e mantendo o foco nas capacidades individuais, a LS constitui-se atualmente como um conceito chave na promoção da saúde e na prevenção e gestão das doenças, podendo ser desenvolvida com base numa intervenção ao nível educacional, sem esquecer o contexto específico e a influência das interações entre o indivíduo e o meio que o rodeia (Nutbeam, 2007).

São vários os autores que reconhecem na definição da OMS a perspetiva mais abrangente e atual do conceito de LS (Berkman, Sheridan, Donahue, Halpern & Crotty, 2011; Mancuso, 2009; Nutbeam, 2000; Speros, 2005), oferecendo uma visão que abrange os elementos de responsabilização pessoal e motivação para ação, traduzindo este conceito como resultado da promoção da saúde e dos esforços da EpS (Speros, 2005).

Nos últimos 20 anos, diferentes estudos têm demonstrado que um nível inadequado de LS tem implicações significativas nos resultados em saúde, na utilização dos serviços de saúde e, consequentemente, nos gastos em saúde.

Segundo a WHO (2013), LS limitada está associada a uma menor participação no processo de promoção da saúde e prevenção da doença. Um nível inadequado de LS está relacionado com atividades de rastreio tardias, opções de saúde de maior risco (tais como maiores taxas de fumador), mais acidentes de trabalho, má gestão de doenças crónicas (tais como diabetes, asma e infeção pelo HIV), baixa adesão à medicação, erros de medicação, erros de diagnóstico devido à má comunicação entre prestadores e os doentes, aumento das taxas de internamento e reinternamento, aumento da morbilidade e mortalidade prematura.

“...a literacia é um preditor mais forte do estado de saúde de um indivíduo do que a renda, situação de emprego, nível de escolaridade e grupo racial ou étnico” (Weiss et al., 2007). Numerosos estudos estabeleceram uma ligação entre grupos vulneráveis e baixa LS. Naqueles grupos incluem-se os idosos, as minorias étnicas e os que se situam em estratos socioeconómicos mais baixos. É, portanto, claro que a LS é também muito relevante para a equidade e para o acesso aos cuidados de saúde modernos.

Em 1998, a United States Nacional Academy, em dados sobre envelhecimento, estimou que os custos dos cuidados de saúde adicionais causados pelas limitações da LS foram cerca de 73 biliões de dólares. No Canadá, em 2009, LS limitada custou mais de 8 biliões de dólares (WHO, 2013).

(44)

Por sua vez, a Europa gasta milhões de euros em cuidados de saúde. Foi estimado que os custos de baixa LS podem ser responsáveis por 3% a 5% dos custos totais de saúde no sistema de saúde (Eichler, Wieser & Bruegger, 2009).

Relacionando a LS com os custos do setor, acredita-se que a promoção da mesma, ao mudar o comportamento das pessoas e o seu perfil de utilização do sistema e dos recursos de saúde, pode melhorar a saúde da população e reduzir custos em saúde.

Construir competências de LS pessoal e habilidades é um processo ao longo da vida. Ninguém é sempre plenamente literado para a saúde. Todos em algum momento sentiram necessidades pontuais na ajuda e na compreensão ou em informações importantes sobre a saúde ou na navegação de um sistema complexo. Mesmo os indivíduos altamente qualificados podem encontrar sistemas de saúde muito complicados para compreender, especialmente, quando uma condição de saúde os torna mais vulneráveis (WHO, 2013).

As competências em LS fazem parte das competências da vida moderna. Na realidade, a LS é ativa: à medida que a sociedade muda, as competências em LS devem mudar também. Os cidadãos aprendem continuamente, incorporam novas informações e esquecem ou abandonam informação desatualizada de modo a poderem guiar as suas decisões em saúde.

Para tomar decisões informadas sobre a sua saúde e tratamento, os doentes precisam de informação acessível, confiável e compreensível relacionada com a saúde. Esta é uma das razões pela qual, em 2013, o Plano Anual de Trabalho da Direção-Geral da Saúde e Defesa do Consumidor (DG SANCO) enfatiza a necessidade de capacitar os doentes na gestão de doenças crónicas, e da importância de produzir e divulgar informação e conhecimento em saúde. A própria Comissão Europeia em 2007 delineou uma estratégia de saúde intitulada "Together for Health", que consiste numa série de links sobre LS, com o objetivo principal de empoderamento dos cidadãos, destacando que a saúde é cada vez mais centrada no doente e individualizada, com o doente a tornar-se um sujeito ativo em vez de um mero objeto de cuidados de saúde.

De igual modo, a WHO (2013) reconhece os benefícios da junção cidadão e empoderamento, referindo que indivíduos com maior nível de LS participam mais ativamente na prosperidade económica, têm maior salário e melhor emprego, são mais educados e informados, contribuem mais para atividades comunitárias e desfrutam de uma melhor saúde e bem-estar.

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A Declaração de Luxemburgo (2005) sobre a segurança do utente enfatiza que é preciso estabelecer uma cultura de aprendizagem e de segurança dos doentes em todos os sistemas de cuidados de saúde, colocando a LS no centro de aprendizagem.

Face à escassez de estudos dirigidos para jovens e adolescentes, na Alemanha foi criado o consórcio alemão "Alfabetização de Saúde na Infância e Adolescência - HLCA" que será financiado como parte do novo plano de ação alemão para a investigação sobre a promoção da saúde e prevenção de doenças 2015-2018. O consórcio HLCA tem uma abordagem multidisciplinar e visa contribuir para uma compreensão abrangente da LS em crianças e adolescentes, através do desenvolvimento, adaptação, implementação e avaliação de abordagens teóricas, conceituais e metodológicas de alfabetização de saúde. Um total de dez projetos centrados na pesquisa básica, bem como na investigação aplicada irá oferecer uma oportunidade única para contribuir substancialmente para a compreensão do tema, concentrando-se na LS e na prevenção primária, bem como na investigação aplicada com focos sobre a saúde mental e alfabetização em saúde digital- eHealth (Pinheiro & Bauer, 2015).

O Parlamento Europeu (2007), por sua vez, também levantou a questão e apelou a intervenções em várias ocasiões. Uma pesquisa recente realizada como parte do HLS-EU, mostrou que aumentar o nível de LS é um desafio em vários países da Europa.

Além disso, a Comissão Europeia (Sorensen, Beger, Charalambous & Roediger, 2013) considera que promover e melhorar a LS na Europa ajuda a suportar a visão da Europa 2020 com um “crescimento inteligente, inclusivo e sustentável”, ajudando a aliviar uma série de desafios financeiros e sociais entre os países da União Europeia (UE), como:

As alterações demográficas: a evolução demográfica não só irá aumentar proporção de

pessoas mais velhas, mas também levar a uma diminuição na força de trabalho. Para compensar esta diminuição da produtividade é necessário melhorar a saúde no local de trabalho e dotar as pessoas de habilidades, tais como empoderamento e resiliência para que possam trabalhar mais tempo;

O aumento das doenças crónicas: o aumento da prevalência de doenças crónicas representa um desafio para os sistemas de saúde e grupos populacionais específicos. Os doentes desempenham um papel central na gestão da sua doença. Mais prevenção e promoção da saúde, estratégias eficazes centradas no doente, incluindo a tomada de

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decisão compartilhada, autocuidado e melhoria da adesão às terapêuticas, pode não só mitigar os efeitos adversos das doenças crónicas e aumentar a QV dos utentes, mas também resultar num uso mais eficiente dos recursos;

A competitividade da Europa: a partir de uma perspetiva mais ampla, a saúde é cada vez

mais reconhecida como um trunfo importante para as empresas e para a economia como um todo. Em comparação com outras regiões, a competitividade da Europa tem vindo a diminuir. A LS pode desempenhar um papel fundamental na melhoria da saúde no local de trabalho, o que é um fator importante para produtividade;

A sustentabilidade: as doenças crónicas e uma população mais velha pode constituir um encargo adicional sobre os sistemas de saúde, com probabilidade de as despesas subirem. Ao mesmo tempo, os Estados membros estão atualmente a procurar tornar os seus sistemas de saúde mais sustentáveis. A LS contribui para aumentar a eficiência dos sistemas de saúde e corresponder melhor às necessidades reais da população;

As desigualdades na saúde: persistentes desigualdades na saúde entre e dentro dos

Estados-Membros prejudicam a coesão social e valores europeus comuns de equidade, solidariedade e acesso universal a cuidados de saúde de qualidade. A maioria dos grupos vulneráveis e marginalizados é a mais afetada pelas medidas de austeridade. A LS tem o potencial para resolver as desigualdades na saúde, especialmente, através de estratégias direcionadas para os marginalizados ou grupos vulneráveis;

Com o surgimento de novas tecnologias, os cidadãos terão de enfrentar decisões de saúde mais complexas. Por exemplo, o progresso na área da genética pode significar que os indivíduos serão obrigados a recolher informação e compreender os problemas de saúde que podem afetar a si ou aos seus filhos. Também, desenvolvimentos futuros, tais como eHealth (internet) e mHealth (internet móvel), criarão novos desafios éticos e de informação, exigindo um elevado nível de LS de todos os cidadãos.

Finalmente, as informações de saúde têm de ser mais facilmente acessíveis, compreensíveis e controladas. Daí a necessidade de aumento da LS nas comunidades ser, nas últimas décadas, uma preocupação regular na definição de políticas de saúde (Freedman et al., 2009; Nutbeam, 2000; Santos, 2010).

Também em Portugal, o PNS 2012-2016 (DGS, 2012) salienta a necessidade do envolvimento cívico nos assuntos de saúde através da discussão aberta e da participação dos cidadãos na

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solução de problemas de saúde. O processo de capacitação do cidadão exige a disponibilização de informação credível e a respetiva comunicação.

Cada vez mais, as estratégias de promoção da LS devem ser incluídas no discurso da promoção da saúde e prevenção da doença em todos os níveis, internacional, nacional e, em particular, ao nível local, e devem ser encaradas como investimentos sólidos e sustentáveis. No PNS 2012-2016 (DGS, 2012), no capítulo “Eixos Estratégicos para o Sistema de Saúde”, subcapítulo “Cidadania em Saúde”, no seu ponto 6, refere que o cidadão:

É responsável pela sua própria saúde e da sociedade onde está inserido, tendo o dever de a defender e promover, no respeito pelo bem comum e em proveito dos seus interesses e reconhecida liberdade de escolha (Lei de Bases da Saúde, 1990), através de ações individuais e/ou associando-se e constituindo instituições. (p.3)

Refere, ainda, no ponto 9, relativamente às perspetivas estratégicas para o desenvolvimento da cidadania em saúde, que:

O reforço do poder e da responsabilidade do cidadão em contribuir para a melhoria da saúde individual e colectiva, reforça-se através da promoção de uma dinâmica contínua de desenvolvimento que integre a produção e partilha de informação e conhecimento (literacia em saúde), numa cultura de pro-atividade, compromisso e autocontrolo do cidadão (capacitação/participação

activa), para a máxima responsabilidade e autonomia individual e colectiva

(empowerment). (p.4)

O PNS 2012-2016 (DGS, 2012) indica como recurso e instrumento para o reforço da cidadania em saúde, estudos dirigidos à caracterização e compreensão dos determinantes da literacia, participação, capacitação e empowerment do cidadão, incluindo subgrupos vulneráveis, uma vez que não se sabe ainda a prevalência de baixa LS em Portugal. Por sua vez, a EpS é uma ferramenta estratégica para a promoção da saúde, sendo as escolas um local preferencial para a transmissão de conhecimento sobre saúde.

Mais recentemente, no dia 10 de março de 2016, foi criado e estabelecido como prioritário, o Programa Nacional de Educação para a Saúde, Literacia e Autocuidados (PNESLA) (MS, 2016), coordenado pela DGS, tendo como parceiros a Associação Portuguesa para a Promoção da Saúde Pública, a Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis, o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto e a Escola Nacional de Saúde Pública.

O PNESLA (MS, 2016) abrange temas como a preparação e o apoio a prestadores informais em cuidados domiciliários, a prevenção da diabetes ou da obesidade e a promoção da saúde

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mental, do envelhecimento saudável e da utilização racional e segura do medicamento (Despacho n.º 3618-A/2016, de 10 de março).

Segundo o mesmo despacho:

Os estudos divulgados apontam para baixos níveis de literacia em saúde em Portugal. Existe hoje considerável evidência de que a educação, a literacia e o autocuidado são de grande importância não só para a promoção e proteção da saúde da população mas também para a efetividade e eficiência da prestação de cuidados de saúde, constituindo, por isso, um fator crítico para a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde (SNS). (p.8660-5)

O PNESLA (Despacho n.º 3618-A/2016, de 10 de março), visa:

a) Contribuir para a melhoria da EpS, literacia e autocuidados da população, promovendo a cidadania em saúde, tornando as pessoas mais autónomas e responsáveis em relação à sua saúde, à saúde dos que deles dependem e à da sua comunidade;

b) Promover um amplo acesso de todos os interessados a informação qualificada sobre boas práticas em EpS, literacia e autocuidados;

c) Desenvolver e demonstrar a utilidade de novos projetos e instrumentos em domínios selecionados desta temática, que acrescentem valor às boas práticas já existentes;

d) Assegurar a divulgação e utilização efetiva das boas práticas em EpS, literacia e autocuidados no âmbito do SNS e no conjunto da sociedade portuguesa.

No período 2016 -2017, é objetivo deste programa, desenvolver os seguintes projetos:

a) Rede inteligente para promoção da literacia em saúde:

Esta rede está centrada num “Repositório de Literacia em Saúde” que recolhe, analisa, seleciona e divulga seletivamente projetos e instrumentos que, de alguma forma, configurem boas práticas em educação, literacia e autocuidados.

b) Vida ativa:

Promoção do conceito de “vida ativa” nas suas múltiplas dimensões, através da organização de várias campanhas, utilizando diversos meios comunicacionais e promocionais.

(49)

c) Jovem móvel:

Criação de aplicações para telemóvel baseadas na EpS e literacia para jovens, com o objetivo de promover a vida ativa e prevenir situações de dependência.

d) Envelhecimento, autocuidados e cuidadores informais:

Visa desenvolver técnicas de promoção de LS em ambiente residencial para pessoas idosas e seus cuidadores informais.

e) Qualificação e promoção da LS nos espaços de atendimento do SNS:

Com base num melhor conhecimento da situação atual do SNS, é adotada uma norma sobre a qualificação dos espaços de atendimento no SNS, que devem incluir conteúdos de EpS e literacia, com particular atenção à utilização de imagens televisivas.

f) Navegabilidade no SNS e no sistema de saúde português:

Ajudar as pessoas a conhecer melhor os serviços de saúde, de forma a utilizá-los mais eficaz e eficientemente. Inicialmente e dada a abrangência foram selecionadas três áreas: saúde reprodutiva, doença oncológica e testamento vital.

A promoção da LS é, pois, um tema atual, emergente e que exige mais estudos a nível de diagnóstico do nível de literacia dos vários grupos populacionais portugueses.

2.1.1. Saúde e literacia para a saúde

Não se pode falar de LS sem falar em Saúde, Promoção da Saúde e Educação para a Saúde. Estes são conceitos que estão em constante evolução, o que coloca algumas dificuldades, quando se pretende defini-los ou medi-los.

Na definição da OMS de 1948, a saúde é considerada como “o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença e/ou enfermidade” (p.6). Nesta perspetiva, a saúde enquanto “bem-estar” é tida como uma visão positiva da saúde, por sua

vez, “ausência de doença” é tida como uma perspetiva negativa.

Ao concordar que a saúde deve ser perspetivada como um conceito dinâmico e global, salientamos o conteúdo da Carta de Ottawa (OMS, 1986) que refere que a saúde:

Imagem

Tabela 4.   Caracterização sociodemográfica  Variáveis  n  %  Sexo  Masculino                                                                                         Feminino  Total  208 291 499  41,7 58,3 100  Classe etária  14 a 15 anos  16 a 17 anos  ≥
Figura 1. Nível de LS

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