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CAPÍTULO III RE-CONTANDO A HISTÓRIA DA APEART

3.3 Terceiro Ato: Repensando a Identidade da APEART (2000–2001)

3.3.1 A nova composição diretiva da APEART e as bases dos novos conflitos e

O ano 2000 se inicia com nova composição da diretoria da APEART, definida através de assembléia eletiva realizada no dia 26 de fevereiro. Esta nova composição se justificará devido à saída de Isabel Cristina Diniz, então diretora executiva da Associação, sendo eleita membro da coordenação nacional da CPT, indo residir em Goiânia/GO. Com a vacância dos cargos de secretaria e tesouraria e com a previsão de candidatura do então presidente da APEART para vereador no município de Londrina, decide-se por novo processo eletivo. Neste momento, ocorrerá uma nova composição de forças políticas internas na direção da Associação, sendo eleito como presidente Marcos Henrique Broietti (até então coordenador geral do PEART), como secretário Francisco Carlos Moreno, e como tesoureiro Jackson Romeu Ariukudo, inserido na APEART diretamente enquanto seu

diretor executivo (anexo 11). Assim como na diretoria anterior, constataremos logo nos primeiros meses, uma redefinição no tempo de presença destes diretores na sede da Associação (que terá ainda como referência a presença exclusiva das diretorias anteriores até o ano de 1998), optando o presidente também pela carreira acadêmica e o secretário assumindo o processo de candidatura à vereador. Assim, a incumbência direta pelo respaldo e operacionalização cotidiana na Associação, principalmente aos referentes às dimensões administrativo-financeira e político- pedagógica será dado pelo tesoureiro, recém chegado ao quadro apeartiano, tendo inúmeras dificuldades em respondê-las, atuando num ritmo distinto à nova dinâmica que se constituirá no conjunto da APEART.

Ficou então o Marcos, o Chico e o Jackson, mas sabendo que o Chico não contribuiria porque ele teria que priorizar a campanha eleitoral. O Marcos depois logo de início ele faz uma opção, prioriza a questão da academia, também acho que por vários fatores: um deles a própria questão econômica, porque a APEART não tinha condições de garantir a ninguém [...] Sendo que o Chico está fora, quem acaba dando as coordenadas é o Jackson, que era o tesoureiro, um rapaz que não tinha a leitura institucional, não tinha visão institucional, não tinha compreensão dos projetos; já tinha outros novos dois projetos configurados que eram o PECRIAR e PETAS, então já tínhamos o que hoje é praticamente a Associação e os outros sete projetos. (D.L.F.151

)

Identificamos que uma das bases de sustentação dos conflitos internos se pautará nas expectativas e propostas frustradas de "redimensionamento continuado" - pela continuidade da raíz político-pastoral marcante inclusive no processo de seleção e permanência dos quadros da APEART, desenvolvido pelas direções anteriores e não correspondido totalmente pelos novos quadros dirigentes.

Depois, de 98 até agora eu poderia dizer que é meio uma fase, que é uma fase de transições ainda. 98 foi um processo de transição da nossa saída e tentando rolar para um outro grupo a direção dessa instituição e até hoje eu acho que nós não conseguimos consolidar porque principalmente na gestão do Marcos o que a gente tinha, que vislumbrava é que se era a CPT que conduziu até a gestão do Marcos porque tinha a Bel no período do Chico, quem dava as coordenadas era a CPT, mas eu achei que a partir da entrada do Marcos, quem daria as coordenadas na Associação seria mais os oriundos da PJ porque o Marcos teve um exercício “cepetista” mais na PJ e nós já tínhamos quadros configurados dentro da APEART e dentro dos projetos que dariam uma sustentação que a PJ por assim dizer pudesse conduzir o processo. A APEART poderia mudar o rumo, não dizer para melhor ou para pior, mas teria um outro traço provavelmente. Seria a juventude junto ao desafio da educação de jovens e adultos no campo e não tanto a CPT na construção do processo porque quem eram as figuras da CPT: era o Pio que não estava mais, a Bel que não estava mais e eu que

151 Pe. Dirceu Luíz Fumagalli é atualmente diretor da APEART, sendo também seu presidente no período de 1995 a 1998. Entrevista realizada em 28/01/2002.

não estava mais. O Marcos que era da PJ, o Edmilson que era da PJ, a Edilaine que era da PJ, a Claudinéia da PJ, Giséle, quer dizer, esse pessoal... Sueli que veio depois e que era da PJ, Vilma que era da PJ, quer dizer, seria um mandato “pejotiano” que era isso que eu pensei; que o Marcos configuraria uma nova direção na instituição. Só que não vingou, eu acho que não vingou essa proposta porque tanto é que eles meio que não conseguiram constituir o grupo da direção e hoje então, com a saída do Marcos pra cá, nós estamos numa outra etapa, numa tentativa que eu acho que é o grande desafio. (D.L.F.)

Somado a estes elementos, identificamos a própria organização da Coordenação Político-Pedagógica (CPP) que passará a compor um novo espaço de poder interno, neste momento já institucionalmente reconhecido pelo organograma da APEART aprovado também em assembléia (anexo 6). A Coordenação Político Pedagógica se constituirá, num primeiro momento, em um espaço elaborador de propostas e estratégias para aglutinação de forças até então fragmentadas no conjunto dos projetos da APEART, principalmente junto aos coordenadores, supervisores pedagógicos e educadores populares. Para tanto, demandará recursos financeiros que passarão a ser geridos, definidos e controlados diretamente pelo novo tesoureiro, potencializando assim, novos e intensos conflitos, explicitando diferenças conceituais e políticas no processo de condução da Associação.

e você (Wagner) mas estava já a partir de um outro ponto, de um outro espaço de poder, então eu acho assim: você não estava dentro de um espaço de um poder articulador. Você estava dentro de um espaço de poder elaborador e isso, ao invés do seu saber acumulado, do seu poder, do seu reconhecimento de ser uma força, um fomento, foi um peso que causou atritos e não só conflitos. Atritos no sentido do desgaste mesmo interno com as concepções diferenciadas que se tinha nos rumos políticos da APEART. Foi muito sofrido eu acho o ano 2000, muito sofrido. (D.L.F.)

3.3.2 UMA NOVA POLÍTICA DE CONVÊNIOS E PARCERIAS: A CUT-NACIONAL