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6 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

6.1 O AMBIENTE DE PESQUISA E OS PARTICIPANTES

A pesquisa foi qualitativa pelo lado da análise dos protocolos orais e escritos dos estudantes e foi baseada nos pressupostos de Lüdke e André (1986). Essas autoras tratam, especificamente, da pesquisa em educação por meio de abordagens qualitativas e apresentam a observação, a entrevista e a análise documental como métodos de coletas de dados.

Para Lüdke e André (1986, p.25) o que cada pessoa seleciona para “ver” depende muito de sua história e, principalmente, de sua bagagem cultural. Destacam, ainda, “a necessidade da [...] existência de um planejamento cuidadoso do trabalho e uma preparação rigorosa do observador. Planejar a observação significa determinar com antecedência “o que” e “o como” observar[...]”.

Nesta pesquisa, na abordagem qualitativa o observador pode desempenhar diferentes papeis durante a observação:

•Participante total: o pesquisador torna-se membro do grupo sem revelar sua identidade. Ele perde a visão do todo e corre risco de enfrentar problemas éticos;

•Participante como observador: o pesquisador revela parte do que pretende e também corre risco de enfrentar problemas éticos;

•Observador como participante: o pesquisador revela sua identidade e seus objetivos, tem acesso a diversas informações e dependerá da decisão do grupo para publicar a pesquisa; •Observador total: não há interação com o grupo e há questões éticas envolvidas na obtenção de informações.

Nesta pesquisa o pesquisador optou por ser um "Observador como participante" no momento da entrega e explanação dos problemas e "Observador total" nos momentos seguintes da pesquisa.

Além disso, contou com algum respaldo quantitativo em função dos desempenhos gerados por meio das pontuações dos problemas. Foi aplicada a Situação Didática elaborada para as turmas dos alunos do Curso Técnico de Eletromecânica do turno matutino do 4 ° ano (turma do integrado) e também nos módulos III e IV do Curso Técnico de Eletromecânica do turno noturno do IFES - Campus Cachoeiro de Itapemirim, totalizando 58 estudantes, distribuídos conforme Tabela 1.

Tabela 1 - Distribuição dos participantes por turma

Turma Quantidade de Grupos Quantidade esperada de participantes A - Eletromecânica - 3° Módulo (Noturno) A1 a A5 20

B - Eletromecânica - 4° Módulo (Noturno) B1 a B3 09 C - Eletromecânica - 4° Integral (Matutino) C1 a C6 29

TOTAL 58

A pesquisa foi aplicada no contra-turno para os alunos do curso integrado e, para as turmas da noite, no horário que antecede as aulas. Foi feito dessa forma para garantir o conteúdo do horário normal das aulas. Todos foram convidados a comparecer voluntariamente. A opção por esses participantes se justificou por já terem estudado, ou que estivesse estudando, circuitos elétricos em corrente alternada, que na matriz curricular está no segundo módulo e, principalmente, por ser nesse nível que os impactos da baixa produção de conhecimentos sobre Números Complexos se verifica.

Convidou-se os alunos a participar e declararam seu livre consentimento em um documento assinado por eles, para os maiores de 18 anos e, pelos respectivos responsáveis, para os menores de 18 anos. Além disso, esses participantes conheceram os objetivos da aula e da pesquisa científica.

O perfil das turmas do integrado do matutino e do técnico noturno foram distintos e, por isso, receberam análises separadas na investigação. As turmas do curso técnico integrado foram constituídas em sua maioria por jovens com idade em torno de 17 anos e as dos alunos do curso técnico noturno possuem idades em sua maioria em torno de 25 anos, mas com alguns casos de alunos que ficaram distante das escolas por muitos anos e, agora, estão retornando para melhorar sua situação profissional com a formação escolar. Alguns desses últimos têm idade em torno de 50 anos. Enquanto os alunos do curso técnico integrado não estão ainda inseridos no mercado de trabalho, os alunos do noturno trabalham durante o dia e, em sua maioria, estão no mercado de trabalho há alguns anos, muitos são casados e já possuem filhos.

O desempenho escolar, a condição sócio-econômica-cultural e o comportamento em sala de aula dos participantes, separadamente por turno, são semelhantes, o que ofereceu alguma estabilidade para as variáveis que não foram estudadas, e, que, portanto, não influenciaram nos resultados da investigação.

Cada turma foi dividida em grupos de três a seis pessoas e se desenvolveu a Situação Didática elaborada, que produziu-se respostas escritas que foram recolhidas, inclusive os rascunhos das possíveis soluções apontadas para cada situação de aprendizagem proposta. Realizou-se o acompanhamento de cada grupo no momento do desenvolvimento das situações de

aprendizagem sem, contudo, dar-lhes as respostas, visando complementar a coleta de dados que integraram as análises qualitativas. Suas vozes foram registradas em gravador celular para posterior análise. Esta etapa seguiu um cronograma pré-estabelecido.

A Situação Didática, e, especificamente, quanto às quatro etapas da Engenharia Didática, realizou-se da seguinte forma.

Análise preliminar: Nesta fase fez-se a revisão expositiva (lousa e discurso) de Números

Complexos e aplicação de um teste do tipo lápis e papel. Isso foi importante para a observação das condições e contextos presentes nos vários níveis de produção didática e no ambiente onde ocorreu a pesquisa. Realizou-se o levantamento dos diversos obstáculos/facilidades considerados e que permitiram a análise dos fatores para a superação dos problemas observados na aprendizagem, em conformidade com os objetivos da pesquisa, viabilizando a etapa seguinte: a concepção da Situação Didática.

Concepção e Análise a priori: Nessa fase o aluno foi o ator principal. Tomou-se as decisões

que faltavam para organizar a resolução do problema. O papel do professor/pesquisador foi recuperado nas situações de institucionalização.

Experimentação: Nessa fase aplicou-se a Situação Didática. Convidou-se os alunos a

resolver problemas subdivididos em cinco seções, explicados em tópico particular de cada problema. Nessa fase, verificou-se as ponderações levantadas na análise a priori. Estabeleceu- se os seguintes itens: explicitação dos objetivos e condições de realização da pesquisa e o quantitativo de alunos e a forma de divisão dos grupos; fez-se o registro das observações feitas durante a experimentação.

Análise a posteriori e Validação: Nessa fase fez-se o tratamento dos dados colhidos ao longo

da experimentação e das observações do professor/pesquisador por meio de registro sonoro e da produção escrita. Após o tratamento, fez-se a confrontação com a análise a priori, permitindo-se a interpretação dos resultados e em que condições as questões levantadas foram respondidas. Analisou-se se ocorreram progressos e quais foram as contribuições para a

superação do problema, caracterizando a generalização local que permitiu a validação interna do objetivo da pesquisa.

Ressalta-se que se necessitou de alguns momentos da articulação, da antecipação e até da superposição dos elementos caracterizados nessas quatro fases.

Essa Situação Didática foi levada a efeito por meio do instrumento didático denominado

Complex, discriminado no item 6.4. Dividiu-se as Turmas A, B, C em grupos de até cinco

alunos e necessitou-se de 10 aulas para aplicar todas as seções.

Resumidamente a Tabela 2 apresenta os desdobramentos da investigação segundo os objetivos de pesquisa, variáveis, método, instrumentos, participantes e análise dos resultados.

Tabela 2- Resumo do percurso metodológico: objetivos de pesquisa, temas, método, instrumentos, participantes e análise dos resultados

Objetivos Temas Método Instrumentos Participantes Análise dos resultados (1) Avaliar, qualitativamente,

com respaldo quantitativo, a potencialidade da Situação Didática para o ensino de Números Complexos como meio para a construção de conceitos básicos de Eletricidade e para a realização das operações matemáticas nesse âmbito.

Aprendizagem dos Números Complexos relacionadas às grandezas elétricas. qualitativo com respaldo quantitativo

Problemas com uso do Complex; Gravação de imagem e vozes e resoluções escritas. Turma A – 20 alunos Turma B – 09 alunos Turma C – 29 alunos Confronto da análise a priori e a posteriori e a

pontuação das soluções dos problemas

(2) Identificar

facilidades/dificuldades epistemológicas apresentadas pelos alunos quando da resolução de problemas propostos na Situação Didática conceitos básicos de coordenadas polares e ângulos e a relação com as grandezas elétricas de mesma natureza. Qualitativo Gravação de vozes e imagem; observação in loco e resoluções escritas.

Análise dos protocolos orais e escritos dos

alunos

(3) Verificar a aprendizagem de aspectos geométricos, associados aos algébricos, dos Números Complexos e suas operações com uso do instrumento didático.

Formas geométricas associadas ao vetor e seu ângulo representado no plano. qualitativo com respaldo quantitativo

Problemas com uso do Complex; Gravação de imagem e vozes e resoluções escritas. Confronto da análise a priori e a posteriori e a

pontuação das soluções dos problemas Fonte: Própria do autor

6.2 CONSTRUÇÃO DE UM INSTRUMENTO DIDÁTICO (COMPLEX) PARA