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TÓPICO 3 – LEGISLAÇÃO TRABALHISTA

3.2 O BRASIL E A OIT

O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião, porém a OIT tem mantido representação em nosso país desde a década de 1950, hoje com sede em Brasília/DF.

Como dito, as convenções podem ser ou não ratificados pelos países- membros. Isso dependerá da existência ou não de conflitos da convenção com o próprio ordenamento jurídico do país.

Segundo as normas da Constituição da OIT, consoante seu art. 19, 5, “b”, cada estado-membro deve se comprometer a submeter a convenção à autoridade competente do país, e isso no prazo de 1 (um) ano. No caso do Brasil, esta autoridade é o Congresso Nacional.

A Convenção nº 158, de 1982, por exemplo, não pôde vigorar no Brasil, pelo fato de o art. 7º, I de nossa Constituição estabelecer que somente através de Lei Complementar é que este tema deverá ser tratado. Nada impede, entretanto, que o Congresso Nacional venha a adotar a aludida Convenção através da tramitação de Lei Complementar.

A validade dos tratados e convenções internacionais, portanto, encontra- se limitada à Constituição, vejamos o que diz o seu art. 5º, parágrafos 2º e 3º:

§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a República Federativa do Brasil seja parte.

§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão

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Vê-se que o legislador conferiu aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos o status de emenda constitucional, obrigando a fazer passar pelo trâmite da mesma, ou seja, aprovação por 3/5 dos votos dos membros do Congresso Nacional, através de votação em dois turnos em cada casa (Câmara e Senado Federal).

O inciso VIII do art. 84 da Constituição Federal estabelece que compete privativamente ao Presidente da República: “celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional”.

Nesse caso, o referendo traz o trâmite de lei ordinária para a ratificação de tratado e norma internacional.

Com tramitação ordinária ou constitucional, o tratado ou convenção, a decisão que o aprovou ou não deverá ser comunicada ao Diretor Geral da OIT. Sendo aprovado, deverá ser promulgado e deverão ser tomadas todas as medidas necessárias para sua adoção no país; mas no caso de não ser aprovado, prevalece a soberania do país, que lhe confere a independência de não se lhe subsumir qualquer obrigação. No entanto, o estado-membro deverá informar ao Diretor Geral da OIT sobre os motivos da não ratificação e sobre a forma com que a matéria será tratada naquele país.

A atuação recente do Brasil, na OIT, tem se caracterizado pelo apoio ao esforço nacional de promoção do trabalho decente em áreas tão importantes como o combate ao trabalho forçado, ao trabalho infantil e ao tráfico de pessoas para fins de exploração sexual e comercial, à promoção da igualdade de oportunidades e tratamento de gênero e raça no trabalho e à promoção de trabalho decente para os jovens, entre outras.

Segurança e Medicina do Trabalho e a OIT

Nossa legislação interna está bem alicerçada no que respeita às questões de Segurança e Medicina do Trabalho: Constituição Federal, Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e as Normas Regulamentadoras (NRs) se complementam, dando todo um suporte legal que reflete a preocupação do legislador pátrio com a saúde e segurança do trabalhador.

As empresas, os empregados e todos os órgãos públicos envolvidos com a questão, sujeitos ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), possuem deveres e prerrogativas plenamente estatuídos, inclusive no que respeita às obrigações ratificadas pelas Convenções Internacionais do Trabalho, conforme arts. 156 e 157 da CLT.

Nosso ordenamento jurídico recepcionou, relativamente à segurança do trabalho, várias Convenções da OIT, através de atos a seguir descritos:

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• Decreto n° 1.361, de 1937, promulgou a Convenção n° 42, que trata das indenizações que serão devidas às vítimas de moléstias (doenças) profissionais, com base na legislação referente aos acidentes de trabalho.

• Decreto n° 62.151, de 1968, promulgou a Convenção n° 115, que trata da proteção do trabalhador contra radiações ionizantes.

• Decreto n° 66.498, de 1970, promulgou a Convenção n° 120, que trata das medidas de higiene no ambiente de trabalho dos escritórios e do comércio. • Decreto n° 67.339, de 1970, promulgou a Convenção n° 127, que trata da

proteção do trabalhador, no que diz respeito ao peso máximo das cargas que devem ser transportadas por um só trabalhador.

• Decreto nº 93.413, de 1986, promulgou a Convenção n° 148, que trata da proteção trabalhadores contra os riscos profissionais devidos ao ruído, às vibrações à contaminação do ar no local de trabalho.

• Decreto nº 99.534, de 1990, promulgou a Convenção n° 152, que trata da segurança e higiene dos trabalhadores portuários.

• Decreto n° 127, de 1991, promulgou a Convenção n° 161, que trata dos serviços segurança e saúde do trabalho.

• Decreto n° 1.253, de 1994, promulgou a Convenção n° 136, que trata da proteção contra os riscos de intoxicação provocados pelo benzeno.

• Decreto nº 1.254, de 1994, promulgou a Convenção nº 155, que trata segurança e saúde dos trabalhadores e do ambiente de trabalho.

• Decreto nº 1.255, de 1994, promulgou a Convenção nº 119, que trata sobre os dispositivos de proteção que as máquinas devem conter.

• Decreto nº 2.657, de 1998, promulgou a Convenção nº 170, que trata da Segurança na utilização de produtos químicos no trabalho.

• Decreto nº 3.251, de 1999, promulgou a Convenção nº 134, que trata da prevenção de acidentes de trabalho dos marítimos.

• Decreto nº 4.085, de 2002, promulgou a Convenção nº 174, que trata da prevenção de acidentes industriais maiores.

• Decreto nº 5.005, de 2004, promulgou a Convenção nº 171, que trata do trabalho noturno.

• Decreto nº 6.270, de 2007, promulgou a Convenção nº 176 e a Recomendação nº 183, que tratam da segurança e saúde nas minas.

• Decreto nº 6.271, de 2007, promulgou a Convenção nº 167 e a Recomendação nº 175, que tratam da segurança e da saúde na construção.

• Decreto nº 6.766, de 2009, promulgou a Convenção nº 178, que trata das condições de vida e de trabalho dos trabalhadores marítimos.

As convenções estabelecem normas gerais, que ensejam, após a ratificação pelo país-membro, sejam tomadas as medidas necessárias para torná-las efetivas.

Profissões e Situações Especiais em Segurança do Trabalho

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Embora as Normas Regulamentadoras tragam detalhes sobre essas situações especiais é de se pincelar que as normas gerais de que tratam as respectivas Convenções da OIT vão demonstrar o espectro importante no qual se baseia toda a proteção laboral.

O quadro a seguir demonstrar com mais facilidade nossa abordagem:

QUADRO 1 -CONVENÇÕES DA OIT EM MATÉRIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO NO BRASIL

CONVENÇÃO E OBJETIVO

DA MESMA EMBASAMENTO LEGAL E ASSUNTO PRINCIPAL OBSERVAÇÕES ESPECÍFICAS Convenção nº 174 – Prevenção

de Acidentes de Grandes Proporções

Art. 3º: Acidentes Maiores são os que causam maior perigo à vida e à saúde do trabalhador, donde se define as expressões: - “substância perigosa”, “quantidade limite” na manipulação de substâncias perigosas, “instalação sujeita a riscos de acidentes maiores”, o que é “acidente maior”, o que é “relatório de segurança”, o que é “quase acidente.

Situações excluídas

art. 1º, 2: Instalações nucleares e usinas radioativas;

- instalações militares;

- transporte fora da instalação, exceto o feito por tubulações.

Convenção nº 170 – Prevenção e Redução de Acidentes e Doenças na Utilização de Produtos Químicos O Art. 2º, “c”: a expressão ‘utilização de produtos químicos no trabalho’ implica toda atividade de trabalho que poderia expor um trabalhador a um produto químico, e abrange: - a produção de produtos químicos; - o manuseio de produtos químicos; - o armazenamento de produtos químicos; - o transporte de produtos químicos; - a eliminação e o tratamento dos resíduos de produtos químicos; - a emissão de produtos químicos resultantes do trabalho; - a manutenção, a reparação e a limpeza de equipamentos e recipientes utilizados para os produtos químicos.

Os empregadores devem obter, junto aos fornecedores, as especificações sobre os produtos químicos utilizados e obrigam-se a esclarecer os empregados acerca dos perigos na utilização.

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Convenção nº 162 – Sobre o trabalho com asbesto (amianto)

O art. 2º designa a forma de exposição ao amianto, definindo as expressões: - “amianto”; - “pó de amianto”; - “pó de amianto em suspensão no ar”; - partículas respiráveis de pó de amianto”; - exposição de amianto. O art. 3º define as obrigações da legislações nacionais em prescrever as medidas preventivas e de controle dos riscos à saúde do trabalhador exposto ao amianto.

- A NR-15, anexo XII estabelece as regras do uso do amianto e, mais recentemente, o MTE instituiu uma Comissão para Debater o assunto, através da Portaria 1.287/2015.

Segundo o MTE, é responsabilidade do empregador:

- Notificar determinados tipos de trabalho que levem a exposição ao asbesto. - Tomar medidas para prevenir ou controlar o desprendimento de poeira de asbesto no ar e para garantir a observação dos limites de exposição, assim como para reduzir a exposição ao limite mais baixo factível.

- Estabelecer e aplicar medidas práticas de -prevenção e controle da exposição de trabalhadores ao asbesto. - Providenciar roupa de trabalho adequada, cuja manipulação e limpeza devem ser efetuadas em condições adequadas.

- Manter à disposição dos trabalhadores lavatórios e chuveiros nos locais de trabalho.

- Eliminar os resíduos que contenham asbesto de forma a não produzir risco à saúde dos trabalhadores ou à população vizinha à empresa. - Medir, sempre que

necessário, as concentrações de poeira de asbesto nos locais de trabalho, mantendo os registros pelo prazo legal à disposição dos trabalhadores e serviços de inspeção. - Zelar para que todos os trabalhadores que estejam expostos ao asbesto recebam informações sobre os riscos existentes, conheçam as medidas preventivas e

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- Oferecer aos trabalhadores expostos ao asbesto que, por motivos de saúde, estejam impedidos de exercer suas atividades, outros meios para manutenção de seu emprego. Convenção nº 136 – Sobre o

Trabalho com Benzeno Conforme art. 1º, aplica-se a todas as atividades que acarretem exposição dos trabalhadores ao hidrocarboneto aromático benzeno C H (C6H6), ou com produtos cuja taxa em benzeno ultrapassar 1% por unidade de volume

Conforme MTE, a Convenção estipula o dever de tomar providências que assegurem nos locais de trabalho, tais como:

- Adoção de medidas técnicas de prevenção e higiene para o controle da exposição ao benzeno. -Tornada de medidas de prevenção da emanação de vapores e a manutenção em concentração que garanta proteção eficaz de trabalhadores expostos. - Previsão de meios de proteção pessoal adequada contra os riscos de absorção percutânea, tanto para contato ou inalação de vapores, para trabalhadores que possam estar expostos a concentrações que excedam o limite máximo. - Instrução adequada de todos os trabalhadores expostos e sobre as precauções necessárias para proteção de sua saúde e prevenção de acidentes, assim como sobre o tratamento apropriado dos sintomas de intoxicação.

- A NR-15, anexo XIII-A, estabelece a proibição de utilização do benzeno, exceto nas indústrias e laboratórios que o produzem; que o utilizem em processos de síntese química; que o empreguem em combustíveis derivados de petróleo; que o empreguem em trabalhos de análise ou investigação realizados em laboratório, quando não for possível sua substituição.

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Convenção nº 115 – Proteção

contra radiações - De acordo com o art. 2º, 1, se aplica a todas as atividades que envolvam a exposição de trabalhadores a radiações ionizantes.

- O art. 5º dispõe que "Não deverá se medir nenhum esforço para reduzir ao nível mais baixo possível a exposição dos trabalhadores a radiações ionizantes e todas as partes interessadas deverão evitar toda exposição inútil".

- Conforme MTE, não se aplica às substâncias radiativas, lacradas ou não, nem aos aparelhos geradores de radiações ionizantes, que, devido às fracas doses de radiações ionizantes que se podem receber por sua causa, ficar excetuados de sua aplicação segundo um dos meios que para dar efeito ao Convênio se preveem no artigo 1º.

- Os menores de 16 (dezesseis) anos são proibidos de

trabalharem com radiações ionizantes.

- Cabe aos empregadores: sinalizar a presença de radiações ionizantes;

proporcionar toda informação necessária aos trabalhadores; instruir sobre as precauções a serem tomadas para sua proteção; monitorar trabalhadores e locais de trabalho para verificação do respeito aos índices permitidos; realizar exame médico admissional e periódico dos trabalhadores; especificar condições em que devem ser tomadas medidas imediata realização de exame médico do trabalhador, notificação da autoridade competente, avaliação das condições de trabalho por pessoal especializado e de tomada de ações corretivas. Convenção 176 – Segurança e

Saúde na Mineração Art. 1º dispõe que o termo mina engloba: - As instalações, subterrâneas ou de superfície, onde se realizam em particular, as seguintes atividades de exploração de minérios, excluídos o gás e o petróleo, incluídas a trituração, a molduração, a concentração ou a lavagem no material extraído - todas as máquinas,

equipamentos, acessórios,

Fica a cargo dos empregadores eliminar, controlar e reduzir os riscos em sua fonte, com a elaboração de métodos de trabalho seguros; perdurando os riscos, prover a utilização de equipamentos de proteção individual, em consonância com a prática e o exercício da devida diligência.

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67 Convenção 167 – Segurança e

Saúde na Construção Art. 1° dispõe que ela abrange "os trabalhos de edificação, as obras públicas e os trabalhos de montagem e desmonte, inclusive qualquer processo, operação e transporte nas obras, desde a sua preparação até a conclusão do projeto". Seu art. 2° traz as definições úteis a sua interpretação: a) a expressão "construção" abrange: a edificação de obras privadas e públicas e a fabricação, a montagem e o desmonte de edifícios e estruturas a base de elementos pré-fabricados, nas obras ou nas suas imediações; b) a expressão "obras" designa qualquer lugar onde sejam realizados quaisquer dos trabalhos ou operações descritas como construção; c) a expressão "local de trabalho" designa todos os sítios onde os trabalhadores devem estar ou para onde devam estar ou para onde devam se dirigir devido ao seu trabalho e que se encontrem sob o controle de um empregador no sentido do item (e);

d) a expressão "trabalhador" designa qualquer pessoa empregada na construção; e) a expressão "empregador" designa: qualquer pessoa física ou jurídica que emprega um ou vários trabalhadores em uma obra; e, segundo for o caso, o empreiteiro principal, o empreiteiro e o subempreiteiro;

f) a expressão "pessoa competente" designa a pessoa possuidora de qualificações adequadas, tais como formação apropriada e conhecimentos, experiência e aptidões suficientes para executar funções específicas em condições de segurança;

Segundo o art. 4º e 6º, todo membro que ratificar a presente Convenção compromete-se, a adotar e manter em vigor legislação que assegure a aplicação das disposições da Convenção, devendo ser adotadas medidas de cooperação entre empregados e empregadores de conformidade com legislação que assegure a segurança e a saúde nas obras.

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g) a expressão "andaimes" designa toda estrutura provisória fixa, suspensa ou móvel, e os componentes em que ela se apoie, que sirva de suporte para os trabalhadores e materiais, excluindo-se os aparelhos elevadores definidos no item (h); h) a expressão "aparelho elevador" designa todos os aparelhos, fixos ou móveis, utilizados para içar ou descer pessoas ou cargas;

i) a expressão "acessório içamento" designa todo mecanismo ou equipamento onde seja possível segurar uma carga ou um aparelho elevador, mas que não seja parte integrante do aparelho nem da carga.

Convenção 152 – Segurança e Higiene no Trabalho Portuário

Compreende a totalidade ou cada uma das partes dos trabalhos de carga ou descarga de todo navio, assim como quaisquer operações relacionadas com estes trabalhos.

Designa como responsável toda pessoa nomeada pelo empregador, pelo capitão do navio ou pelo proprietário de uma máquina, conforme o caso, para assegurar o cumprimento de uma ou várias funções específicas, e que possua suficientes conhecimentos e experiência autoridade para o desempenho adequado de tais funções.

Convenção n° 120 - Higiene

no comércio e escritórios Estabelece a obrigatoriedade, nos locais de trabalho, de: higienização e manutenção adequadas de equipamentos e instalações, que devem ser ventiladas, iluminadas e providas de conforto térmico, inclusive quando subterrâneas e sem janelas; disponibilização de assentos adequados em número suficiente; a manutenção de lavatórios, instalações sanitárias e vestiários adequados e mantidos em condições satisfatórias. Implantação de medidas de redução de ruídos e vibrações que possam

O art. 3º estabelece que havendo dúvida quanto à aplicação desta Convenção relativamente a um estabelecimento, a uma instituição ou a um determinado organismo, a questão será resolvida ou pela autoridade

competente, após consulta às organizações representativas dos empregadores e dos trabalhadores interessadas, se as houver, ou por qualquer outro processo conforme à legislação e prática nacionais.

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69 Convenção 184 – Segurança e

Saúde na agricultura Esta Convenção não foi ratificada no Brasil, entretanto, a NR-31 do MTE foi elaborada com base nela. A NR-31 regulamenta o trabalho rural e dispõe que "nos locais de trabalho rural serão observadas as normas de segurança e higiene estabelecidas em portaria do ministro do Trabalho e Previdência Social". Esta Convenção encontra-se publicada no eletrônico do Ministério do Trabalho e Emprego.

No seu art. 14, ela define a abrangência: o termo "agricultura" compreende as atividades agrícolas e florestais conduzidas em explorações agrícolas, incluindo produção vegetal, atividades florestais, pecuária e criação de insetos, processamento primário de produtos agrícolas e animais pelo empreendedor ou em seu nome, assim como a utilização e manutenção da maquinaria, de equipamentos, aparelhos, instrumentos e instalações agrícolas, inclusive todo processamento, armazenamento, operação ou transporte realizados no empreendimento agrícola. O art. 2° dispõe que não estão abrangidos: agricultura de subsistência; processamentos industriais que utilizam produtos agrícolas matéria- prima, e serviços correlatos; e exploração industrial de florestas.

A convenção orienta que os empregadores realizem avaliações de risco adequadas e adotem medidas preventivas e protetivas de segurança nas atividades agrícolas, instalações, máquinas, equipamentos, produtos químicos, ferramentas e processos, que providenciem treinamento, instruções e supervisão adequada aos trabalhadores agrícolas, que tomem medidas imediatas de evacuação e interrupção de qualquer operação em que haja risco grave e iminente à segurança e saúde, e fornecer transporte seguro aos trabalhadores rurais.

A idade mínima para o trabalho na agricultura deverá ser de 18 anos.

Deve haver a garantia de que somente pessoas qualificadas e instruídas quanto à forma segura de operação operem os equipamentos e máquinas, que também devem estar nos padrões de segurança e saúde, tanto quanto ao uso a que se destinam quanto à operação dos mesmos. Quanto aos produtos químicos, deverá haver medidas de proteção e de prevenção quanto à utilização (manuseio) destes. Os produtos químicos deverão ser utilizados e descartados de forma segura, devendo haver um sistema seguro de coleta, descarte e reciclagem de lixo químico e recipientes químicos vazios. Quanto ao manuseio de manuseio de animais, deverão ser prevenidos riscos com envenenamentos, infecções, alergias, de acordo com padrões reconhecidos de segurança. As instalações deverão ser construídas e reparadas de acordo com as de segurança e saúde e ser adequadas ao bem- estar do trabalhador.

As medidas se aplicam também aos trabalhadores temporários e sazonais e medidas especiais devem ser garantidas às mulheres grávidas ou que estejam amamentando.

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4 LEGISLAÇÃO ACIDENTÁRIA

Antes de adentrarmos às questões específicas relativas à legislação acidentária, cabe aqui uma explanação sobre responsabilidade acidentária.

É que, após a Revolução Industrial, a responsabilidade civil passou a ter como fundamento não só a culpa, mas também o risco provocado pela atividade perigosa do empreendedor. A legislação de diversos países acolheu essa teoria ao considerar as relações de trabalho. Utiliza-se, assim, o termo responsabilidade acidentária para destacá-la da responsabilidade civil, edificada na teoria da culpa. Seguindo a orientação da maioria dos ordenamentos jurídicos, o Brasil institui um seguro estatal obrigatório para a cobertura do acidente do trabalho, denominada Seguro Acidente do Trabalho (SAT), em que não se considera, no caso, a culpa para aferição da responsabilidade civil, bastando simplesmente a existência da ação ou omissão, o nexo de causalidade e o dano.

Assim, parte da responsabilidade inicial do empregador, em virtude de danos por acidente do trabalho, é legalmente transferida para um órgão estatal, no caso, o INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social. Isto se dá mediante

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