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TÓPICO 1 – DO CONTRATO DE TRABALHO E DIREITOS TRABALHISTAS

7.1 TRABALHO DA MULHER

A Constituição Federal brasileira de 1988, ao dispor sobre os direitos e deveres individuais e coletivos, salienta a igualdade de todos perante a lei, declarando de forma incisiva no art. 5º, inciso I: "Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição".

Logo após, dentre os direitos dos trabalhadores, incluiu o constituinte, art. 7º, inciso XXX: "Proibição de diferença de salários, de exercício de função e critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil".

Nossas normas pátrias, no que respeita ao trabalho da mulher, acompanham a evolução histórica mundial no mesmo sentido, abrigando os frutos da luta empreendida nos dois últimos séculos a favor da emancipação da mulher, tal como ela é considerada hoje nos grandes centros do mundo ocidental. Todavia, o que a mulher alcançou juridicamente não usufrui, na prática, de igual condição.

Tal fato decorre da indiscutível discriminação sofrida pela mulher no mercado de trabalho, tornando-se necessário que a legislação trabalhista estabelecesse regras próprias de proteção ao direito da mulher, inclusive incentivos específicos.

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É o Título II da CLT que estabelece como normas de proteção exclusivamente voltadas para a mulher, a limitação de levantamento de peso (20 e 25 kg) e os dispositivos que visam proteger a gravidez, o nascimento e amamentação do filho. Também a Constituição Federal, ao prever a proteção do mercado de trabalho da mulher, objetivou impedir a discriminação dela, garantindo-lhe subsistência na gravidez e na maternidade.

Por isso, em nada essas normas podem ser consideradas atentatórias ao princípio da igualdade entre homens e mulheres, já que neste ínterim, homens não podem dar à luz e amamentar seus filhos. Até porque visam as normas a proteger o recém-nascido, que é filho de ambos.

Importante frisar que o princípio da igualdade vem atrelado ao do princípio da não discriminação. De pouco valerá a igualdade se ainda discriminamos de alguma forma, seja por gênero, raça ou espécie. Por outro lado, sob o aspecto biológico, ambos os sexos são protegidos.

Nos dias atuais, a mulher contribui para o sustento da família, deixando o seu salário de servir de mero complemento familiar.

7.1.1 Direito internacional

A história da exploração do trabalho da mulher remonta ao período da escravidão e adentra fases recentes da história do trabalho.

Nos ateremos aos avanços contemporâneos (histórico-legislativos) no que tange ao trabalho feminino.

No que se refere ao Direito Internacional, pode-se destacar aqui duas fases históricas: a primeira até 1950 e a outra a partir da segunda metade do século XX. Na primeira, a OIT desenvolveu uma política de proteção ao trabalho da mulher, ficando assim constatado pelas normas aprovadas sobre maternidade, trabalho noturno, insalubre, perigoso, jornada de trabalho, trabalho manual e habitual com carga e em subterrâneos e minas. Destacam-se neste período as Convenções Nº 3 e 4 de 1919, que tratavam do emprego da mulher antes e depois do parto, e proibição de trabalho noturno, e a Nº 45, de 1935, que proibiu o trabalho em subterrâneos de minas.

A OIT, a partir de 1950, volta-se à promoção da igualdade entre o homem e a mulher, elaborando normas de incentivo de oportunidades de trabalho da mulher, criando regras sobre estabilidade relativa a maternidade, amamentação, levantamento de carga pela mulher gestante, eliminação de todas as formas de discriminação, igualdade de oportunidades e de tratamento entre homem e mulher, dentre outros dispositivos.

UNIDADE 2 | RELAÇÃO DE EMPREGO

7.1.2 Breve histórico na legislação brasileira

Historicamente, entre nós, as primeiras medidas tutelares em favor do trabalho da mulher de que se tem notícia se destinavam às atividades das professoras públicas (notadamente no Distrito Federal e São Paulo). Mas as normas primeiras de proteção do trabalho da mulher surgiram com o Decreto Nº 16.300, de 31/12/23, voltadas para a maternidade (repouso antes e depois do parto, facilidades para amamentação do filho, obrigação de instalação de creches ou salas de amamentação próximas dos locais de prestação de serviço).

De maneira genérica e com fiscalização própria, o trabalho da mulher no Brasil só veio a ser efetivamente regulado em 1932, pelo Decreto nº 21.417, que proibiu o trabalho noturno e nas minerações e subsolo, nas pedreiras e obras e serviços públicos, dos serviços perigosos e insalubres, além de assegurar o descanso diário e o de quatro semanas antes e quatro semanas depois do parto, com percepção da metade do salário; estabeleceu ainda descansos diários, durante o trabalho, para alimentação e determinou que nos estabelecimentos em que trabalhassem pelo menos trinta mulheres com mais de 16 anos de idade haveria local apropriado destinado à guarda dos filhos no período de amamentação.

Segundo artigo da lavra de Greicy Mandelli Moreira Rochadel, a Convenção n. 3, de 1919, regulamenta o trabalho da mulher antes e após o parto. Ela foi ratificada no Brasil através do Decreto nº 51.627, de 1962, que dispunha: “em hipótese alguma, deverá o empregador estar obrigado, pessoalmente, a custear as prestações referentes à licença-maternidade, a qual ficará a cargo de um sistema de seguro social obrigatório, ou de fundos públicos”.

Neste entendimento, a responsabilidade pelo pagamento do salário- maternidade ficou a cargo da Previdência Social, enquanto perdurar a relação de emprego, sendo esta uma prestação de natureza previdenciária, como nos ensina Sonia Bossa[3].

A Convenção nº 4, proíbe o trabalho da mulher em indústrias, salvo o trabalho em oficinas de família. A Convenção n. 41, de 1934, dispõe sobre o trabalho noturno da mulher. Várias outras Convenções trataram de diferentes temas condizentes com o trabalho da mulher.

No entanto, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948, versa sobre um dos principais temas relacionados com o trabalho da mulher: as regras de não-discriminação por motivo de sexo. Já o pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais, de 1966, determina a igualdade de direito entre homens e mulheres.

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No Brasil, o Decreto nº 21.417-A, de 1932, foi a primeira norma que tratou do trabalho da mulher, proibindo o trabalho noturno das 22h às 5h, e, proibindo a remoção de pesos. Este mesmo Decreto concedia à mulher dois descansos diários de meia hora cada um para fins de amamentação dos filhos, durante os primeiros seis meses de vida.

A Constituição de 1934 proibiu a discriminação da mulher quanto a salários, vedou o trabalho em locais insalubres, garantiu o repouso antes e depois do parto, sem prejuízo do salário e do emprego, assegurando instituição de previdência a favor da maternidade.

A Constituição de 1937 garantiu assistência médica e higiênica à gestante, antes e depois do parto, sem prejuízo do emprego e do salário.

Em 1943, foi editada a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), consolidando todas as matérias relativas ao trabalho. A primeira alteração foi em 1944, quando admitiu-se o trabalho noturno da mulher se esta fosse maior de 18 anos, e, somente em algumas atividades.

Em 1946, a Carta Magna proibia a diferença salarial por motivo de sexo, além de prever todos os direitos anteriormente assegurados pelas Constituições.

A Constituição de 1967 inovou no sentido de prever a aposentadoria da mulher aos trinta anos de trabalho, com salário integral.

Atualmente, o trabalho da mulher, registra uma participação muito expressiva no contexto mundial, através de uma luta pela igualdade em todos os níveis da sociedade. Entretanto, a mulher continua tendo o seu trabalho explorado. A política protecionista considerada, na maioria das vezes, exagerada, provoca no patrão um certo tipo de reação em admitir o trabalho da mulher.

FONTE: AMBITO JURÍDICO. História do trabalho da mulher. Disponível em: <http://www.ambito-juridico. com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3898>. Acesso em: 29 nov. 2018.

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