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O caso de Passo Fundo: mediadores da Executiva Regional

No documento 2006SandraMaraBenvengnu (páginas 139-146)

1. A POLÍTICA NA METRÓPOLE DA SERRA

3.2. O caso de Passo Fundo: mediadores da Executiva Regional

Podemos perceber que diante do desfecho da frustrada “pacificação trabalhista”, liderada pela ala rebelde, a situação conflitante entre as partes, se acirrou ainda mais. Desse modo, tendo em vista a gravidade que “o chamado caso de Passo Fundo” exigia, foi o mesmo amplamente debatido em reunião pela Comissão Executiva Estadual do PTB, “visando a harmonia da família trabalhista no município”. Nesse sentido, foi designado “para essa importante incumbência, o deputado Wilson Vargas da Silveira, secretário da Energia e Comunicações” do governo Brizola, como mediador, na tentativa de buscar um entendimento entre as correntes em confronto. Com esse objetivo, e, “munido de vasto dossiê”, Wilson Vargas veio até Passo Fundo, para sentir “de perto a questão”, que há quase dois anos enfrentavam os trabalhistas locais, numa “luta interna como jamais se registrou nas hostes dessa corrente partidária”, numa comunidade onde o PTB era “considerado um verdadeiro baluarte”.490

Reunido com a Executiva Municipal do partido, sob a presidência de César Santos, na presença de “dezenas de trabalhistas, inclusive presidentes de sub-diretórios e líderes sindicais”, Wilson Vargas “lamentou o alastramento da dissidência e recomendou que o assunto fosse aprofundado e focalizado em conjunto e isoladamente”. Acentuou, inclusive que “toda e qualquer iniciativa harmonizadora que mantivesse o dr. César Santos na presidência do partido”, seria bem-vinda.491 Na ocasião, “Daniel Dipp foi duramente atacado, sendo acusado de ser o principal culpado da indisciplina partidária de alguns membros do Diretório”.492

Após a chegada de Wilson Vargas a Passo Fundo, foi publicada pelo Diário da

Manhã, uma detalhada nota oficial da direção trabalhista local, esclarecendo a origem do

“chamado caso político do PTB de Passo Fundo”, na qual Daniel Dipp inclusive foi acusado “de golpismo”.493 Segundo a nota, tudo começou na “época da recomendação da candidatura Brizola pela executiva do partido”, ao governo do Estado em 1958. Daniel Dipp chegando do Rio de Janeiro, contrário a essa indicação, convocou uma reunião, na qual dirigiu graves insultos a João Goulart, Presidente Nacional do Partido, e também a Leonel Brizola, insistindo para “que aqueles lideres fossem definitivamente abandonados”. A Executiva Municipal não aceitou tal acusação, “lançando dentro de alguns dias,

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O Nacional, 11 mar. 1959.

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Diário da Manhã, 13 mar. 1959.

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Diário da Manhã, 12 mar. 1959.

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unanimemente a recomendação do nome de Leonel Brizola à governança do Estado”. Em razão dessa atitude, Dipp chegou a demitir-se “afrontosamente das suas funções” - conforme apontamos no capítulo anterior -, junto à direção do partido. Com o objetivo de apaziguar os ânimos do deputado trabalhista, este foi “novamente atraído para as suas antigas funções” junto àquela agremiação partidária.494

Esse teria sido, segundo a versão do Diretório Municipal do PTB local, o ponto inicial das divergências que se mostraram na Convenção de 1957, quando foram escolhidos os candidatos do partido ao pleito eleitoral de outubro de 1958. Nessa ocasião, segundo a nota publicada, “as feridas debaixo de suas crostas se reavivaram como oportunidade para o acerto de contas” que vieram na indicação do “nome de um jovem e exaltado vereador para a deputação estadual com o fito especial de se opor ao nome de Ney Menna Barreto “candidato nato do partido”. O apoio a essa candidatura foi coordenado por um amigo de Daniel Dipp que infere-se tenha sido Verdi de Césaro,495consistindo esse comportamento, no “estopim que deliberadamente ia se acender”.496 O vereador mencionado, apoiado na Câmara Municipal, era Romeu Martinelli que foi derrotado por Menna Barreto na Convenção Municipal, resultado esse que contribuiu não só para o acirramento dos conflitos, mas também para o afastamento das partes em divergência.

Em continuação, declarou a direção trabalhista local que “agora, esse mesmo grupo tentou um golpe contra o diretório do partido para dele se apossar”. Pretendiam a sua dissolução, arrancando de qualquer modo “a renúncia da maioria do diretório”, mas vários retiraram sua demissão, mais de quarenta membros, ficando solidários com o diretório e “contra o golpismo”.497 Ao finalizar a mensagem explicativa, os signatários da mesma, lançaram sutis acusações no sentido de que “pagaria a pena estudar a dissidência e seus motivos”, assim como “o exame do projeto do pinho” e da “Presidência da Comissão do Trigo”, numa alusão que se infere, relacionar-se à atuação de Daniel Dipp na Câmara Federal,498assunto esse que viria sobrecarregar as já pesadas nuvens que pairavam sobre os trabalhistas de Passo Fundo.

O posicionamento de Daniel Dipp contrário à candidatura Brizola e a liderança de João Goulart apontava para um alinhamento com a corrente ideológica liderada por

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Diário da Manhã, 13 mar. 1959.

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O advogado Verdi De Césaro ocupava o cargo de 2º vice-presidente da Executiva Municipal do PTB de Passo Fundo no ano de 1959.

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Diário da Manhã, 13 mar. 1959. Essa nota foi publicada primeiramente no Diário de Notícias de Porto

Alegre, posteriormente divulgada pelo Diário da Manhã de Passo Fundo.

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Diário da Manhã, 13 mar. 1959.

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Fernando Ferrari. O deputado trabalhista que começara a fazer oposição à direção nacional do PTB ainda em 1957, “criticava a estrutura unipessoal do poder decisório” do partido.499 O candidato de Fernando Ferrari ao governo do Rio Grande do Sul era José Loureiro da Silva, derrotado por Brizola na Convenção Estadual do partido. Ficou, portanto explicado o posicionamento de Daniel Dipp em relação a Brizola e Jango.

Voltando à atuação do emissário da Executiva Estadual, tal foi a intensidade das divergências encontradas por Wilson Vargas entre as duas alas trabalhistas, que após estabelecer “contato com seus companheiros, ouvindo atentamente a todos e auscultando a série de problemas” já não pensou mais numa solução pacificadora que mantivesse César Santos na presidência do partido, contrário à posição adotada quando de sua chegada a Passo Fundo. Ao retornar a Porto Alegre, levou à direção regional do partido, o parecer de que “somente uma renúncia coletiva dos membros da Executiva e do Diretório Municipal haveria caminho para a pacificação” entre os membros do PTB de Passo Fundo. Para tanto, deveria ser organizada “uma comissão provisória que teria incumbência de reorganizar o partido”, que seria constituída “de sete membros, escolhidos entre os elementos moderados com relações entre as duas correntes em luta”.500 Essa proposição, porém, foi rejeitada por César Santos e demais membros do Diretório, alegando que não abandonariam “seus postos, enquanto houvesse luta interna, pois poderia parecer um recuo”.501

Em relação à decisão que encontrou para a solução do problema, acentuou Wilson Vargas:

É preciso desprendimento, renúncia; é preciso que todos se sobreponham a questões de ordem pessoal, afim de que possamos unificar e tornar coeso o partido, nesse município que é um legítimo baluarte do Trabalhismo.502

A fórmula de Wilson Vargas para a pacificação já era dada como certa pela ala rebelde, como “um documento irretratável, definitivo” assim como “o ato de renúncia é líquido e certo”, inclusive já sendo acatado esse parecer pela Executiva Estadual do partido.503Essa solução, porém, se adotada mesmo pela direção regional do PTB, longe de proporcionar um consenso, daria “margem ao recrudescimento da luta entre as duas alas”, uma vez que promessas já circulavam de que haveria renúncias não só de vereadores e sub-

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AS ELEIÇÕES de 1958 e a expansão do PTB. http://www.pdt.org.br/partido/ptbvargas2.asp#div. Página acessada em 21 nov. 2005. 500 O Nacional, 19 mar. 1959. 501 O Nacional, 16 mar. 1959. 502 O Nacional, 12 mar. 1959. 503 O Nacional, 19 mar. 1959.

prefeitos fiéis da ala liderada por César Santos, mas também de Wolmar Salton e Benoni Rosado, prefeito e vice, respectivamente. E mais ainda, “se por um golpe de força”, for dissolvido o Diretório Municipal do PTB, “os elementos fiéis à orientação do dr. César Santos tomarão atitude pública contra o Governo do Estado e o Diretório Regional, segundo informações de um “destacado líder trabalhista local.504

Em difícil situação se encontrava o Diretório Regional do PTB. Pressionado pelas duas alas em litígio, não conseguiu, apesar de permanecer em reunião até as cinco horas da madrugada, decidir “quanto a dissolução do Diretório de Passo Fundo”,505 apesar de integrantes da ala rebelde jurarem que essa decisão havia sido tomada na ocasião. O que ficou resolvido é que seria enviado outro emissário, cabendo desta vez a difícil tarefa de apaziguamento dos ânimos trabalhistas locais a Paranaguá de Andrade, vice-presidente da Executiva gaúcha.506

Para Daniel Dipp, que já propalava como extinta a direção trabalhista local, “Paranaguá de Andrade deverá vir a Passo Fundo para assistir o “enterro” do Diretório dissolvido”, declaração essa discutida entre cochichos no Café Haiti, “onde a política estava fervendo”, e o assunto predominante era o caso do PTB local. “Está dissolvido afirmavam uns; não está dissolvido, adiantavam outros”.507

Porém, mal chegou a Passo Fundo, “num trabalho incansável”, Paranaguá ouviu atentamente, “dos próprios interessados, na questão partidária passo-fundense, os seus sentimentos e as suas restrições recíprocas”, chegando por essa razão, ao completo conhecimento do “chamado caso da direção do PTB” local.508

Impressionado com a intransigência “mantida pelos condutores da “chamada ala rebelde”, Paranaguá sugeriu na tentativa de um acordo entre as partes, que cada uma “apresentasse uma relação de cinco nomes, para nesse total de dez, a Executiva Regional escolher o presidente da Executiva Municipal”. César Santos e Daniel Dipp aceitaram a sugestão, porém as demais lideranças contrárias a corrente do Diretório, não concordaram, voltando tudo, “à estaca zero”.509

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Diário da Manhã, 25 mar. 1959.

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Diário da Manhã, 26 mar. 1959.

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Diário da Manhã, 26 mar. 1959. Paranaguá de Andrade também era o presidente da Caixa Econômica do

Rio Grande do Sul.

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Diário da Manhã, 27 mar. 1959.

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O Nacional, 23 mar. 1959.

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O caso de Passo Fundo repercutiu na imprensa porto-alegrense.510 Por intermédio do Diário da Manhã, chegaram na cidade as declarações de Paranaguá de Andrade em seu regresso àquela capital, após a tentativa de unificação dos trabalhistas locais. Atribuindo extrema gravidade à situação de Passo Fundo, Paranaguá afirmou que:

as divergências extravasaram o setor político-partidário, invadindo o terreno pessoal. Em tais circunstâncias, afloraram acusações que nada têm a ver com os problemas políticos. Pesando a gravidade da situação, não medi esforços para encontrar uma solução, que não consegui. [...] Caberá, pois, a Executiva Estadual a démarche definitiva para resolver uma situação que considero muito grave.511

E assim, numa situação que se mostrava cada vez mais tensa, uma vez que os dois grupos pressionavam o Diretório no sentido de fazerem prevalecer suas opiniões, viveu a direção regional do PTB “o drama que se situou entre dois fogos”. Não sabendo como agir e “sem clima para uma atitude firme”, teria - em que pese a situação estabelecida - tomar uma decisão. Paranaguá de Andrade sugeriu então, “a adoção de medidas enérgicas para evitar maiores desentendimentos”, não indicando, porém, quais seriam elas.512

A vinda de Paranaguá a Passo Fundo, após se mostrarem infrutíferas as démarchés aqui desenvolvidas por Wilson Vargas, foi resultado da intervenção do governador Brizola no caso dos trabalhistas de Passo Fundo. A informação que chegou foi de que os dissidentes encontravam-se em difícil situação, uma vez que Brizola havia cientificado a João Caruso, presidente do Diretório Regional, que

continuaria emprestando todo o apoio do seu governo ao dr. César Santos, trabalhista dos mais dedicados, nome dos mais ilustres no cenário político rio-grandense, e com quem estava solidário na luta que sustenta em Passo Fundo, em defesa dos interesses do seu partido.513

Diante das declarações do governador gaúcho, resolveu a direção estadual do PTB, enviar Paranaguá a Passo Fundo na tentativa de buscar elementos que proporcionassem uma decisão “com mais perfeito conhecimento de causa” no sentido de que talvez novas possibilidades de pacificação se apresentassem. Pelo exposto, pode-se perceber que não estava nada fácil a situação da direção estadual do partido. Afora a pressão sofrida pelas duas alas em combate, também o governador do Estado ao posicionar-se a favor de César

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Notícias sobre as divergências no PTB de Passo Fundo, também foram publicadas pelos jornais de Porto Alegre, A Hora e jornal Do Dia. Diário da Manhã, 29/31 mar. 1959. Também pelo Diário de Notícias. O

Nacional, 31 mar. 1959.

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Diário da Manhã, 31 mar. 1959.

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Diário da Manhã, 31 mar. 1959.

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Santos, foi mais além, não só pressionou, como também “sugeriu” decisões, ao dar ciência de suas inclinações.

Assim é que, após as considerações recebidas de Paranaguá, mais uma vez reunida, a direção regional do PTB terminou com a expectativa que tomava conta das partes em confronto à espera da solução que viesse, cada uma, satisfazer anseios e objetivos respectivos. A decisão encontrada, “que estourou como uma bomba nos círculos políticos desta cidade”, principalmente em relação à ala dissidente liderada por Daniel Dipp, “para os quais nem a Comissão Executiva e nem tampouco o diretório existiam”,514 foi a seguinte:

RESOLVE a Comissão Executiva Regional determinar à Comissão Executiva Municipal de Passo Fundo que convoque, para o dia 12 de abril, às 10 horas, na sede social, o Diretório Municipal do PTB, com a seguinte ordem do dia: escolha em votação secreta, dos candidatos a Prefeito e Vice-Prefeito, e de 12 vereadores à Câmara Municipal. RESOLVE, também, que a Presidência da referida reunião será efetuada pelo Presidente em exercício da Comissão Executiva Regional.515

Essa decisão tomada pela cúpula regional do PTB tinha como objetivo - uma vez que todos os esforços foram feitos no sentido de apaziguar uma situação que se agravava ainda mais com a aproximação da disputa municipal entre as alas divergentes -, a necessidade de averiguar “quais as tendências reais do Partido, para após, em consonância com ela, adotar as medidas necessárias”.516 Não foi, porém, assim entendida a intenção pela ala rebelde, acirrando-se, com essa decisão, ainda mais os ânimos que já se encontravam em ebulição.

O jornal Diário da Manhã atribuiu a decisão da Executiva Regional a uma tomada de posição frente as partes divergentes do trabalhismo local. Além de desconsiderar as renúncias coletivas lideradas por Daniel Dipp, reconhecendo assim a existência do Diretório Municipal que os rebeldes propalavam encontrar-se acéfalo, essa decisão veio também mostrar que entre César Santos e Daniel Dipp, “o governador e o órgão regional decidiram apoiar o atual presidente do trabalhismo passo-fundense”. Por sua vez, afirmava em nota, que teriam os demissionários, atendendo os termos do edital de convocação, comparecer à Convenção “para se submeterem à decisão da maioria”. Dessa maneira, João

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Diário da Manhã, 2 abr. 1959.

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O Nacional, 1 abr. 1959.

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Caruso, traria “ao aprisco as ovelhas desgarradas”, ocorrendo a tão esperada “pacificação da família trabalhista”.517

A versão dada pelo jornal O Nacional, no entanto, era outra. A solução encontrada pela Executiva Regional do PTB em vez de trazer harmonia ao partido provocou “maior discórdia entre os grupos, estabelecendo uma linha divisória entre as alas em luta”. Ao sobrepor “uma vontade sobre a outra”, por intermédio de um teste na forma da convocação para a escolha dos candidatos ao próximo pleito eleitoral, em vez de unir, desagregou os trabalhistas de Passo Fundo. 518 A mesma reportagem apontou para o fato de que a Executiva Estadual havia acatado a decisão emitida por Wilson Vargas “pela extinção pura e simples do Diretório Municipal de Passo Fundo”. Porém, alguns dias após, “por influências estranhas” - numa ilusão que se infere relacionar-se a interferência de Brizola no caso -, pronunciou-se de forma contrária.

Diante dessas circunstâncias, Daniel Dipp, líder dos rebeldes, enviou uma “incisiva mensagem” a João Caruso, manifestando sua discordância e inconformidade com a decisão tomada, a qual denominou de “infeliz decisão”. Num flagrante desrespeito aos Estatutos partidários, decepcionou profundamente a maioria dos eleitores de Passo Fundo, “cuja vontade soberana ficou patenteada no último pleito eleitoral” - numa alusão à sua reeleição à Câmara Federal -, colocando-os assim, “completamente à margem da atividade partidária neste Município”, desobrigando-os por essa razão “de qualquer compromissos com a atual direção estadual do Partido”. Nada mais resta a fazer, continuou Dipp, senão prosseguir lutando pelos “ideais trabalhistas” e aguardar o resultado do próximo pleito municipal, com a certeza de que

O brioso e altivo povo desta terra, que nunca silenciou diante da injustiça e jamais se curvou frente à prepotência, saberá repelir a afrontosa manobra dessa pobre e dócil Executiva. Vale lembrar que esta terra tem dono: o povo passo-fundense. Não há de ser, portanto um órgão estranho, como é essa Executiva, que irá decidir sobre o futuro político de Passo Fundo.519

Para Verdi De Césaro, ex-integrante do Diretório municipal do PTB local, a solução encontrada pela alta direção trabalhista, “não veio ao encontro dos superiores interesses partidários”, mas sim buscou “solucionar problemas pessoais, quando a meta devia ter sido a harmonia do partido”. Com essa atitude, continuou De Césaro, ao

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Diário da Manhã, 2 abr. 1959.

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O Nacional, 3 abr. 1959.

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abandonar os Estatutos aquela direção partidária optou e “optando dividiu, em vez de unir”,520as alas em divergência no trabalhismo local.

Outras expressões de solidariedade foram recebidas por Dipp, com as de Arthur Canfield, Trein, Martinelli e também do médico e integrante do Diretório Municipal do PTB, Paulo Fragomeni.521

A mensagem incisiva de Daniel Dipp soou como um rompimento oficial com a Executiva Estadual, dando “a impressão que de fato agora a luta está travada”, passando os trabalhistas rebeldes, a “constituir dissidência contra o Diretório Municipal, contra o Diretório Regional e contra o Governo do Estado”.522

A respeito da decisão tomada pela direção estadual do partido, convém lembrar o seguinte: Os conflitos que surgiram no PTB de Passo Fundo, segundo a direção local, tiveram como causa inicial a recusa de Daniel Dipp em apoiar a candidatura de Leonel Brizola ao governo do Estado, apoio esse mantido e defendido por César Santos. As razões apontadas por Dipp são outras. Derivam de prepotência, desmandos e personalismos, tanto de Brizola como de César Santos. A intervenção do governador e a conseqüente solução encontrada pela direção regional apontam para as razões defendidas por César Santos, por outro lado, não excluem aquelas apontadas por Daniel Dipp. A ingerência do governador no caso teria vindo em retribuição a fidelidade do líder trabalhista local, mas poderia também evidenciar uma das marcas inconfundíveis da vida partidária do PTB: “uma estrutura organizacional exclusivista, desenhada a dedo para impedir a emergência de líderes que pudessem contestar as lideranças tradicionais”.523

No documento 2006SandraMaraBenvengnu (páginas 139-146)