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O comportamento sexual dos adolescentes é diferente segundo a idade.

No documento Sexualidade na Adolescência (páginas 141-144)

6-DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Hipótese 2- O comportamento sexual dos adolescentes é diferente segundo a idade.

Os resultados estatísticos revelaram que a idade média (16,6 anos) dos adolescentes que não são sexualmente activos é inferior à idade média (17 anos) dos adolescentes sexualmente activos.( t=-2,56; p=0,01) o que sugere que há diferença entre as médias das idades dos jovens sexualmente activos e os que nunca tiveram relações sexuais.

Os resultados obtidos no nosso estudo parecem reforçar a ideia veiculada por Vasconcelos (1999), de que a idade de iniciação sexual esteja a descer nas gerações mais novas, já que os jovens inquiridos revelaram maioritariamente que se iniciaram sexualmente entre os 14 e os 17 anos. Segundo Abreu (1999), em Portugal o inicio da actividade sexual ocorre em média entre os 15 e os 17 anos.

Brown e Cromer citados por Abreu (1999) atribuem este facto a vários factores, entre os quais se destacam: a influência do grupo, dos mass média, a puberdade precoce, o nível sócio- económico, as características da personalidade dos jovens e as características familiares.

Hipótese.3 -A idade de inicio para a actividade sexual é diferente segundo o Género.

Para os jovens inquiridos a idade mínima da sua primeira relação sexual é para o sexo masculino de 12 anos e máxima de 19 anos, para as raparigas a mínima é 10 anos e a máxima 19 anos. Através do teste t Student (t=4,897; p=0,001), verificou-se que existe diferença dos comportamentos sexuais entre os dois sexos, os rapazes iniciam a sua actividade sexual (em média aos 14,9 anos ), mais cedo que as raparigas, que começamem média aos 16,05 anos.

O prestigio e valorização social atribuído à sexualidade masculina podem ter influenciado as respostas dos rapazes .As declarações feitas (que se iniciaram sexualmente aos 12 anos) por 8,3% dos jovens dos sexo masculino, põe-nos algumas reservas quanto à sua veracidade, devido á idade precoce em que estas ocorrem e ao estádio de desenvolvimento em que o adolescente se encontra.

Na opinião de Levisky(1995), os impulsos e emoções sexuais, neste período - puberdade - ocorrem principalmente ao nível das fantasias e devaneios. O jovem nesta fase está muito voltado para si e para o seu corpo. Os jogos sexuais, frequentes nesta fase do ciclo vital, estão mais voltados para a descoberta do próprio corpo das sensações e prazeres que esta lhe proporciona.

Frade e col (1992) referem que embora nesta fase- puberdade - a actividade sexual (genitalidade) seja pouco frequente, alguns pré - adolescentes, podem no entanto, envolver-se em relações sexuais com penetração.

Hipótese. 4 -Há relação entre o comportamento sexual dos adolescentes e a área de residência.

Mediante a socialização adquirimos atitudes de acordo com o meio que nos rodeia, grande parte dos comportamentos aprendem-se socialmente.

Os jovens que participaram no estudo residem maioritariamente ( 73,4%) em zona urbana ( em que o meio familiar e sociocultural é considerado menos conservador que o meio rural). Através da análise descritiva verifícou-se que dos 41,9% adolescentes sexualmente activos 28,9% residem na cidade onde o estudo foi efectuado, manifestando estes uma maior actividade sexual em relação aos jovens residentes no meio rural. 14,8% jovens do meio urbano têm relações sexuais habitualmente e com frequência

comparativamente a 5,6% dos adolescentes do meio rural. Os resultados estatísticos (X2=4,238; p=0,232), parecem não confirmar a existência de relação entre o comportamento sexual dos adolescentes e a sua zona de residência.

Hipótese.5 - Há relação entre o estado civil dos pais e o comportamento sexual dos jovens.

Verificou -se que existe relação entre o comportamento sexual dos jovens e o estado civil do pai (X2=4,458; p=0,035), em relação ao estado civil da mãe a hipótese não se confirmou {X2 =0,714; p=0,398).

Como podemos constatar pelos resultados obtidos, a larga maioria dos adolescentes inquiridos estão inseridos numa família nuclear (definida por Worsley (1977) como a coabitação e a cooperação social reconhecidas de um casal com os respectivos filhos). Na opinião de diversos autores consultados, de entre os quais Almeida, (1987) e Cortesão(1989), consideram que o tipo de família em que a criança ou o jovem está inserido pode contribuir para a interiorização de comportamentos sexuais adequados ou não.

Hipótese. 6 - Há relação entre o comportamento sexual dos adolescentes e a comunicação destes com os pais.

Com base nos resultados obtidos sobre a comunicação dos adolescentes com os pais, constatamos alguma diferença entre a comunicação dos jovens com o pai e com a mãe. 61,3% referiram ter boa comunicação com o pai e 77,3% revelaram ter boa comunicação com a mãe. salientamos, que 7,4% expressaram ter má comunicação com o

pai e 2,8% com a mãe. Os resultados revelaram que os jovens que não tiveram relações sexuais apresentaram níveis de (46,5%) boa comunicação com a mãe e 36,2% boa comunicação o pai. Dos jovens sexualmente activos 30,8% têm boa comunicação com a mãe e 25,2% com o pai. Determinado o teste do Qui- quadrado (X =6,233; p=0,044) revelou que o comportamento sexual dos adolescentes é dependente da sua comunicação com a mãe. Em relação à comunicação com o pai (X2=0,468;p=0,791) a hipótese em estudo não se confirma.

Como base no referencial teórico, a família é a instância social com papel mais determinante no desenvolvimento e na educação da sexualidade da criança e mais tarde do adolescente, quer pela importância dos vínculos afectivos entre pais e filhos, quer pela influência que os pais têm como modelos de observação quotidiana, nomeadamente no que respeita à relação entre os dois. É essencialmente no seio da família que a criança adquire a sua identidade sexual, é também aí, que o jovem aprende a construir as primeiras

representações cognitivas e afectivas que, consequentemente contribuem para a formação de atitudes.

Hipótese - Há relação entre o comportamento sexual dos adolescentes e a conduta dos pais para com eles.

A conduta dos pais para com os jovens inquiridos, é considerada por 62,0% dos jovens razoável, verificando-se a mesma clivagem relativamente aos jovens que ainda não tiveram relações sexuais. Pela aplicação do teste Qui-quadrado (X=3,00; p=0,558) a hipótese em estudo não se confirma.

A interiorização por parte da criança no que concerne a uma determinada moral sexual, não acontece apenas em virtude de lhe serem transmitidas explicitamente umas tantas normas reforçadas por estímulos positivos ou negativos. A aprendizagem decorre ao longo da observação do comportamento dos pais, face a inúmeras situações, e passa pelo grau de coerência entre as normas verbalizadas e as práticas realizadas. (Ferreira, 1998).

Hipótese 8 -Existe relação entre o comportamento sexual dos adolescentes e a

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