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O desempenho profissional das mulheres deficientes intelectuais na empresa

3 PROPOSTA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO CENTRO ENSINO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL HELENA ANTIPOFF

4 A INCLUSÃO DA MULHER COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO MERCADO DE TRABALHO EGRESSAS DO CENTRO DE ENSINO ESPECIAL HELENA

4.7 O desempenho profissional das mulheres deficientes intelectuais na empresa

Quanto ao desempenho profissional das mulheres com DI nas empresas em que trabalham, CA relatou que já houve casos de premiação em primeiro lugar, por se destacarem pela sua eficiência no trabalho, assiduidade e pontualidade.

Percebe-se, segundo declara CA, que esse processo de premiação se constitui em um grande incentivo no desenvolvimento da capacidade e potencialidade dessas pessoas para o trabalho, como também na melhoria do seu desempenho profissional.

Nesse sentido, cita-se Sassaki (2006, p. 63) que ressalta:

Uma empresa inclusiva é, então, aquela que acredita no valor da diversidade humana, contempla as diferenças individuais, efetua mudanças fundamentais nas práticas administrativas, implementa adaptações no ambiente físico, adapta procedimentos e instrumentos de trabalho, treina todos os recursos humanos na questão da inclusão.

E quanto à avaliação de CB acerca da inclusão das pessoas com deficiência intelectual na empresa feita por CB, ele respondeu que avalia de forma positiva, já que é um processo de empregabilidade de grande relevância para essa clientela do Helena Antipoff. Mencionou ainda que é uma grande oportunidade de exercerem sua cidadania e serem reconhecidos(as) socialmente.

Pode-se observar que CB, ao responder essa questão, foi enfático em ratificar a satisfação de receber os (as) alunos (as) com déficit cognitivo, formados(as) pelo CEEEHA, em consonância com o sistema “S”, devido à maneira como eles são qualificados para o mercado de trabalho. Isso se constitui um fato

motivador para serem recebidos nas empresas, de modo a garantir-lhes a empregabilidade, conforme pode ser constatado no subitem 3.2 deste trabalho.

Pode-se afirmar, portanto, que os coordenadores entrevistados (CA e CB), foram unânimes declarar que o processo de formação oferecido pelo CEEEHA, que promove o acesso e permanência dessa clientela, tem como objetivo criar oportunidades de trabalho nas empresas, através da formalização de convênios e parcerias, bem como da conscientização dos empresários acerca das competências e habilidades que as pessoas com DI possuem, levando evidentemente em consideração as suas limitações, rompendo, com isso, a ideia de que essas pessoas deficientes intelectuais são desprovidas de capacidade laborativa.

Quanto à autoavaliação do desempenho profissional de F1 e F2 pode-se constatar o grau de satisfação destas, por meio de seus depoimentos:

Muito bom, na minha forma de ver. Eu tento me desempenhar cada dia que passa. As meninas dizem que sou muito curiosa por perguntar muito, mas tento aprender, me sobressair. Eu vejo isso como uma qualidade minha (F1).

A minha avaliação de desempenho está sendo ótima porque aqui eu aprendo várias coisas, porque aqui tem normas da empresa e a gente tem que obedecer (F2).

Observa-se em seus relatos que a deficiência intelectual não constitui obstáculo para o exercício de suas atividades laborais. Deixaram transparecer a necessidade de provar à sociedade que possuem uma deficiência, mas que não se sentem incapazes de realizar uma atividade laborativa.

Todavia, para essas pessoas ingressarem ao mercado de trabalho precisam estar qualificadas, tendo em vista que as empresas estão cada vez mais exigentes, necessitando de pessoas capacitadas.

Verifica-se também a necessidade que têm de provar a sua capacidade, para poderem se sobressair e irem em busca da realização e concretização de seus sonhos e objetivos.

Vale salientar, no entanto, que o nível de satisfação em relação ao desempenho das mulheres com DI na empresa foi constado através da resposta dada por CB, que disse, inicialmente, ter dois momentos a serem seguidos pela empresa: no primeiro momento, a pessoa com deficiência não é enquadrada como colaborador, sendo somente para cumprimento da lei de cotas, e no segundo momento, ela já é tratada como colaborador propriamente dita, ou seja, é contratada pela empresa com todos os direitos garantidos por lei.

Ao que se observa, a acessibilidade ao trabalho, não se dá apenas por conta da lei de cotas (Lei nº 8.213/1991), mas também pela oportunidade que é dada pelas empresas a essas pessoas deficientes intelectuais, devido ao seu desempenho, competência e habilidade na execução de seu trabalho.

Mediante as respostas, houve diversos posicionamentos em relação ao estudo, à profissão, ao trabalho, à função desempenhada, ao preconceito, à autonomia, aprendizagem etc. Em torno disso, há uma percepção clara e consciente das mulheres com DI entrevistadas, de que, para alcançarem seus objetivos, é necessário se capacitarem.

Convém ressaltar que elas demonstraram total segurança na realização de seus projetos de vida, em consonância com a Política da Educação Especial, na perspectiva da Educação Inclusiva, que oferece essa possibilidade através da transversalidade da educação especial, ao oportunizar às pessoas com deficiência chegar ao ensino superior, possibilitando-lhes um aprendizado mais qualificado, bem como se tornar alguém produtivo diante de uma realidade capitalista discriminatória.

Indagações dessa natureza podem constituir uma possibilidade de transformação e efetivação do direito social ao trabalho, respeitando os preceitos legais, que venham garantir a inserção e a permanência dos deficientes intelectuais no mercado de trabalho.

Nesse sentido, recorre-se a Costa (2012, p. 103), que explicita:

A partir do momento que uma pessoa começa a trabalhar, ela se torna parte de uma sociedade produtiva. Isto não é diferente com uma pessoa com deficiência, pois a representação social do trabalho agrega a ideia de autonomia e de assumir um papel ativo e responsável. [...]. Abrir as portas para o que é novo só garante aprendizado e uma nova visão de mundo. Todavia, para que de fato a inclusão aconteça, é fundamental relembrar que tudo deve passar por uma transformação, mudança de postura, de pensamento e de ação, pois a admissão no mercado de trabalho das pessoas com deficiência intelectual se constitui apenas uma etapa importante no processo inclusivo, porém, a sua permanência requer outros cuidados, outras implementações, que vão direcionar essa clientela ao direito de estar inserida no processo de uma sociedade produtiva, com oportunidade de exercer sua cidadania.

Como se pode ver, todas as temáticas abordadas serviram de direcionamento para compreender como é notório a grande distância ainda existente entre as mulheres com deficiência e os distintos campos da sociedade, inclusive de forma acentuada o mercado de trabalho.

Por fim, sabe-se que envolve hoje a participação na sociedade e a possibilidade de engajar-se no sistema imposto pelo mundo globalizado no qual prevalece a capacidade de produzir, uma vez que a pessoa é reconhecida socialmente à medida que é inserida no mundo da produção e consumo. Este é o grande entrave para as pessoas com deficiência, em específico as mulheres deficientes intelectuais, no que diz respeito à sua colocação como profissional, pois ainda são vistas como pessoas inapropriadas para produzir e incapazes para enfrentar situações de cobrança.

Finaliza-se acrescentando ainda que o espaço de trabalho é algo que precisa ser conquistado pelas pessoas com DI por meio do desenvolvimento de suas competências, visando o seu reconhecimento social, e não meramente por caridade. Ao contrário disso, essas pessoas devem exigir a dignidade do direito conquistado por meio da legislação vigente e pela realidade presente.