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A inclusão tem sido entendida como um princípio que impulsiona um novo paradigma no atendimento ao aluno com deficiência. Isto foi intensificado, no Brasil, a partir da Declaração de Salamanca e é consubstanciado nos documentos nacionais com a LDBEN, em diversos pareceres e resoluções do Conselho Nacional de Educação e mesmo nos Parâmetros Curriculares (PCN), os quais podem ser considerados como a referência curricular que direciona a ação educativa de âmbito nacional.

Desta forma, a questão da avaliação desponta como elemento essencial para direcionar a prática pedagógica, colocando em destaque o desempenho escolar desses alunos e a proposição da flexibilização curricular, dando ênfase ao seu potencial psicossocial.

Os PCN’s preconizam que a adequação curricular busca subsidiar a prática docente propondo alterações a serem desencadeadas na definição dos objetivos, no tratamento e desenvolvimento dos conteúdos, no transcorrer de todo processo avaliativo, na temporalidade, e, na organização do trabalho didático- pedagógico para atender as necessidades particulares de aprendizagem do aluno.

O que se almeja é a busca de soluções para as reais necessidades específicas e funcionais, haja vista, ser importante observar que as adaptações curriculares, focalizam as capacidades, o potencial, a zona de desenvolvimento proximal, e, não se centralizam nas deficiências e limitações deste alunado.

Segundo Luckesi, 1990, a avaliação deve se caracterizar como um instrumento capaz de estabelecer as condições de aprendizagem do aluno e sua relação com o ensino. Seus procedimentos devem permitir uma análise do desempenho pedagógico, oferecendo subsídios para o planejamento e a aplicação de novas estratégias de ensino que permitam alcançar o objetivo determinado pelo professor em cada aprendizagem realizada.

Portanto, cabe-nos ressaltar que o professor no processo avaliativo, deverá assumir o papel de investigador, de esclarecedor, de organizador de experiências significativas de aprendizagem. Seu compromisso é de agir refletidamente, criando e recriando alternativas pedagógicas enriquecedoras, a partir da observação e conhecimento de cada um, sem perder a observação do conjunto e promovendo ações interativas. O aluno com deficiência intelectual e múltipla deve

sempre ser colocado em confronto com vários desafios cognitivos, para que seu processo de construção mental seja estimulado.

De acordo com as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica (pg. 58, 59), tanto o currículo como a avaliação deve ser funcional, buscando os meios úteis e práticos para favorecer o desenvolvimento das competências sociais, o acesso ao conhecimento, à cultura, e, às formas de trabalho valorizadas pela comunidade, e a inclusão do aluno na sociedade.

A LDBEN retrata que a terminalidade específica, é uma certificação de conclusão de escolaridade, fundamentada em avaliação pedagógica com histórico escolar que apresente, de forma descritiva, as habilidades e competências atingidas pelo educando com deficiência intelectual ou múltipla.

Por conseguinte, esta certificação abrirá possibilidades de novas alternativas educacionais, tais como, o encaminhamento para cursos de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e de Educação Profissional, bem como, a inclusão no mundo do trabalho.

A Educação Profissional é um direito do aluno com necessidades educacionais especiais e visa à sua inclusão produtiva e cidadã na vida da sociedade. Neste sentido, o CEEE Helena Antipoff procura proporcionar uma educação pautada em flexibilizações e adaptações, com vistas a favorecer e estimular a diversificação de técnicas, procedimentos e estratégias de ensino nas Oficinas Pedagógicas de modo que as atividades laborativas sejam ajustadas ao processo de ensino e aprendizagem, levando em consideração as diferentes características individuais, potencialidades e capacidades dos alunos.

O processo avaliativo é realizado a partir do momento em que o aluno é recebido e, prossegue ao longo de todo período escolar, portanto, é um processo contínuo e permanente, com ênfase no aspecto pedagógico, por permitir que seja reajustado constantemente o planejamento e as ações de ensino de forma a atender às necessidades dos alunos em seu processo de aprendizagem, e considerando o educando em seu contexto biopsicossocial, visando o desenvolvimento de suas competências e habilidades com participação ativa na vida social, cultural, desportiva e profissional.

Desenvolvem-se ações, parcerias e programas articulados e integrados entre outras áreas, tais como: educação, ação social, saúde e trabalho, com

acompanhamento, diagnóstico diferencial, atendimento educacional, formação para o trabalho e posterior inclusão no mundo do trabalho.

Para tanto, faz-se necessário realizar, direta e continuamente, atendimentos avaliativos sócio-psicopedagógicos com a equipe multiprofissional, com base num diagnóstico contínuo que é realizado a cada bimestre, a fim de direcionar procedimentos que oportunizarão o desenvolvimento integral e global do aluno.

É importante que se tenha em mente que a avaliação é parte imprescindível de todo o processo de ensino-aprendizagem, pois permite reconhecer diariamente os resultados obtidos nas tarefas e/ou atividades realizadas, constatando-se o progresso alcançado, analisando-se os meios utilizados para atingir os fins propostos e procurando-se meios de reunir evidências, a fim de verificar se as mudanças previstas ocorreram realmente a partir do que o aluno tem como possibilidade, do que ele é capaz de fazer.

A avaliação deve ser considerada elemento integrante de todas as etapas do processo de construção do conhecimento da Educação Profissional que se realiza na escola. Sua função deve ser de investigação diagnóstica, contínua, cumulativa, sistemática e compartilhada, que se destina a verificar se houve desenvolvimento que englobe o emocional e o cognitivo.

Em seu sentido mais amplo, a avaliação deverá se preocupar em estimular o aluno, e não, o de detectar acertos e erros; deve contemplar as dimensões técnicas, éticas, humanas, intelectuais, sociais e culturais; deve ser reflexiva, conduzindo sempre a uma auto-avaliação.

Portanto, a avaliação realizada no CEEE Helena Antipoff, tem sempre como objetivo melhorar o processo de ensino, identificar os pontos que devem ser trabalhados, que permitirão a retroalimentação no planejamento para promover atitudes favoráveis, além de servir de instrumento qualitativo, estimulando o desenvolvimento, possibilidades, criando expectativas positivas, aguçando a curiosidade, criatividade e elevando a auto-estima, condições fundamentais para o alcance do sucesso, ou seja, desenvolvimento de competências e habilidades individuais, que lhes assegurem autonomia, para que possam afirmar-se socialmente através da inclusão no mundo do trabalho.

Nesta perspectiva, dizemos que os alunos com deficiências intelectuais e múltiplas deste Centro, terão as Oficinas Pedagógicas como um laboratório de

construção de aprendizagem, e, encontrarão no professor e na equipe técnica, o apoio e orientação necessária e segura para ir construindo seu itinerário formativo, respaldado na amplitude do desejo de acreditar sempre na sua capacidade de aprender, de fazer e de compartilhar no trabalho a realização de seu projeto de vida.