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O processo de formação profissional das mulheres com D

3 PROPOSTA DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO CENTRO ENSINO DE EDUCAÇÃO ESPECIAL HELENA ANTIPOFF

4 A INCLUSÃO DA MULHER COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL NO MERCADO DE TRABALHO EGRESSAS DO CENTRO DE ENSINO ESPECIAL HELENA

4.3 O processo de formação profissional das mulheres com D

De acordo com CA, a formação profissional se dá, primeiramente, pelo processo de avaliação da equipe multiprofissional. Depois as alunas são encaminhadas para a sala de adaptação, oficinas pedagógicas e formação para o trabalho, sendo que nesta última, elas vão obter conhecimentos específicos para serem inseridas no mercado de trabalho. Dependendo do seu desempenho, são encaminhadas para o estágio interno nos Centros: CAS, CAP, João Mohana e Helena Antipoff e depois para a empresa privada.

Dando prosseguimento, CA informou que a ideia de estabelecer parcerias para a inserção das pessoas com DI no mercado de trabalho surgiu da Secretaria de Educação do Estado do Maranhão que, junto com o Ministério da Cultura, instituíram o Projeto Bolsa de Trabalho, criado no CEEEHA.

Quanto às instituições parceiras desse processo de informação e inserção, a CA informou serem elas: SENAI, Serviço Social de Indústria (SESI) e SENAC, que constituem o sistema “S”. Cuja parceria é formalizada com o CEEEHA. Informação ratificada por CB, que respondeu:

A parceria com a nossa empresa partiu do contato da Coordenadora do NIT, do CEEE Helena Antipoff, em firmar convênio, para dar oportunidade das pessoas com DI, síndromes e deficiências múltiplas, que foram treinadas pelo Sistema S, para serem inseridas no mercado de trabalho. Estes relatos nos ajudam a entender melhor como se efetivam as etapas do processo de formação pelos quais passam as pessoas com DI, para serem inseridas no mercado de trabalho. Até porque, o trabalho é uma realização pessoal e pode tornar essas pessoas mais confiantes e realizadas profissionalmente, em vez de isoladas e esquecidas.

Infere-se, com este fato, que o processo de formação é importante no sentido de oportunizar a essas pessoas a inserção no mercado de trabalho, tornando-as, assim, mais úteis para a sociedade.

Desse modo, por meio dos discursos dos entrevistados CA e CB, viu-se confirmar o descrito no Decreto Federal nº 7.612/11, conforme apresentado no último parágrafo do subitem 2.2, que trata da legislação para inclusão no mercado de trabalho das pessoas com deficiência intelectual.

Nesse sentido, enfatiza-se que essa oportunidade de trabalho em parceria traz um significado positivo em relação ao melhoramento da autoestima na construção de bases necessárias, para que as alunas possam enfrentar a sociedade de forma saudável e segura. Isso foi possível evidenciar-se por meio das entrevistas feitas com F1 e F2, das quais se destacam os trechos relativos à inserção no CEEEHA:

Meu processo foi normal, eu sempre estudei em escola com outras pessoas que não têm deficiência, mas sempre tive dificuldade de acompanhamento escolar; eu acompanho devagar os estudos, quando os professores passam trabalho, [...], eu sempre tentei me sobressair, ser um pouco mais ágil, fui para o Ensino Médio e tive a mesma dificuldade. O Hospital Sarah me acompanhou e me indicou para o Helena Antipoff, chegando lá, fiz curso de copeira, empreendedorismo direcionado para o mercado de trabalho, daí fui indicada para o mercado de trabalho (F1).

Fui para o Helena Antipoff para a oficina de treinamento para o trabalho com a professora Arlete e hoje estou inserida no mercado de trabalho (F2). Apesar da resposta de F2 nos passar a ideia de gratidão, pode-se constatar ainda que tanto F1 como F2 foram perseverantes ao atingimento dos seus objetivos em relação aos seus estudos na escola, que serviram de base para a continuidade de seu processo de formação profissional no CEEEHA, e posteriormente, serem inseridas no mercado de trabalho. Seu reconhecimento foi assim registrado:

Foi assim: fui diretamente falar com a Lúcia Batista. Fiz uma entrevista com ela e eles me indicaram para fazer um curso na época, curso de copeira, e lá, comecei a aprender e lá fui me desenrolando. Acho que é assim, Deus deu a ela uma visão da minha capacidade, apesar da minha deficiência, eu tenho o Ensino Médio completo [...] (F1).

Eu aprendi várias coisas. Elas ensinaram a gente antes de entrar aqui a não misturar os alimentos, a dar o famoso nó no saco6. Eu, antes de vir para cá, já sabia de tudinho, ninguém me ensinou, porque eu aprendi tudinho no Helena Antipoff com dona Arlete (F2).

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Ressalta-se que o famoso “nó no saco” enfatizado por F2, quando do seu treinamento para o trabalho, é a maneira diferente que o supermercado ensina e utiliza como forma mais segura de amarrar o saco de compras sem deixar cair as mercadorias.

Não resta dúvida deque o CEEEHA contribuiu de forma significativa para a formação profissional de F1 e F2, o que lhe possibilitou hoje encontrarem-se inseridas no mercado de trabalho, realizando, portanto, um sonho acalentado por qualquer das pessoas deficientes intelectuais.

Entrecruzando as respostas das entrevistadas F1 e F2, quando se referem à realização de cursos profissionalizantes para adentrarem no mercado de trabalho, entende-se que ambas apresentaram concepções convergentes sobre a qualificação profissional para o trabalho, por serem esses cursos a base essencial para sua inserção.

Infere-se que a realização de cursos profissionalizantes para adentrarem no mercado de trabalho deve ser entendida como uma oportunidade de trabalho e como uma maneira de estarem competindo igualmente com pessoas não deficientes. Sendo assim, o objetivo de sua capacitação é para tornarem-se pessoas produtivas e independentes.

Percebe-se ainda que F1 e F2 convergem em relação ao serviço de formação do CEEEHA no atendimento às suas necessidades, ao afirmarem que o CEEEHA contribuiu significativamente para a sua aprendizagem profissional, manifestando-se da seguinte forma: “Sim, lá eu comecei a aprender, e fui me desenrolando ” (F1). “Sim, pois lá eu aprendi várias coisas, inclusive o famoso nó no saco ” (F2).

Essas informações demonstram que a proposta de trabalho oferecida pelo CEEEHA, por meio do seu Projeto Político-Pedagógico, conforme consta no subitem 3.2, do terceiro capítulo, continua correspondendo às expectativas esperadas pelas empresas em relação à formação e ao treinamento dessas pessoas.

4.4 O nível de escolaridade exigido pelo mercado de trabalho às mulheres com