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O Homem Oco

No documento VÁRIOS AUTORES 1 (páginas 36-42)

Por:

Humberto Lima

Bio:

Humberto Lima.

O Criador de Pesadelos.

Professor de Geografia, escritor e desenhista. Mora em São Paulo, Capital.

É apaixonado pelo terror. Ele participa de mais de 25 antologias em livros físicos, virtuais e revistas em diversas editoras.

Colunista com artigos semanais na Publiquei e Literanima.

Contato: E-mail Conto:

A luz do quarto tremeluz e ele entra, flutuando na madrugada.

Observa atentamente com seus olhos cor de âmbar de pupilas horizontais como os de uma cabra, a menina dormindo, abraçadinha com um ursinho de pelúcia rosa. A criatura estende seus longos dedos feitos de sombras palpáveis. Percebe por alguns minutos se ela está acordada ainda e constatando que ela dorme profundamente, estica então seus membros até tornarem-se finos como fios de cabelos e tornarem-se misturar aos da garotinha.

Depois mais finos ainda até penetrar os pensamentos da pequenina.

A criatura está faminta.

Durante o dia se esconde nos escombros de construções antigas, igrejas semidemolidas ou lugares ermos e as vezes seu vulto aparece em postagens da internet dentro de casas abandonadas.

Uma vez dentro dos sonhos da menina que descobriu se chamar Geovana, ele assume uma forma humana tirada das lembranças dela. A menina brinca de boneca e a criatura se aproxima idêntica na voz e gestos a sua mãe.

— Vamos tomar chá, amor?

Geovana resiste.

— Ah não, mãe! Eu quero brincar!

A criatura está morta de fome e começa a falar sobre os biscoitos assados que a mãe dela faz para ver se a menina se interessa por eles.

Geovana sorri.

— Bem que você podia fazer os de laranja, mamãe!

O ser usa suas lembranças para recriar a cozinha e mexe a massa para ela adicionar mais lembranças. A massa pronta, ele coloca e imediatamente retira os biscoitos prontos, assados e cheirosos.

— Mas já?– espanta-se a menininha.

A criatura sorri um sorriso idêntico ao da mãe dela.

— Vem? Vamos comer!

A mesa já está posta com pães e bolos, tudo fresquinho, cheiroso e apetitoso e as duas comem. A mãe/criatura, com muito mais apetite que a menina.

— Agora, amor... Volte a brincar com sua boneca! – pede ela beijando a testa da criança com lábios que se tornam negros.

Ela esquece imediatamente o lanche e com uma escova, começa a pentear os cabelos da boneca.

A criatura então sai de sua mente tão suavemente quanto entrou. Cheira os sonhos dos seus pais, mas não lhe parecem tão apetitosos. Flutua alguns metros sobre as casas aspirando o ar da noite e o perfume dos sonhos das pessoas, logo outro lhe atrai.

Entra na casa onde um idoso dorme roncando muito alto e ele estende seus membros, colocando seus filamentos na sua cabeça calva e entrando no sonho do velho.

— Hélio, trás o carvão que a carne já tá temperada!

Usando as informações de sua mente, o ser se transforma em outro homem que enche uma churrasqueira com várias peças

de carne e outras delícias.

Mal faz isso e a carne começa a pular para fora, direto na direção dos dois e eles abrem a boca mastigando os pedaços suculentos de assado que formam filas para serem devorados.

— Uau! Esse churrasco tá uma loucura! – diz o dono do sonho, enquanto de uma lata de cerveja, uma cascata inunda sua boca.

— Com certeza! Continua o churras que eu vou dar uma aliviada!

Ele se dirige para dentro da casa do amigo e o negror de seus olhos começa a invadir seu rosto. Finalmente saciado, o ser sai da cabeça dele e logo atinge as nuvens.

Flutua através das cidades praticamente invisível aos seres humanos, os cachorros latem a sua passagem e os gatos o observam atentamente quando atravessa as paredes entrando nas casas.

Poderia ter visitado Micaela, em coma a doze anos, pois dentro dela os sonhos são contínuos. Ainda assim, ela sonha sempre a mesma coisa e o ser se entendia, para ele é quase como comer o mesmo prato todos os dias.

Só a visita em casos extremos, quando está passando mal de tanta fome.

Também evita os loucos, seus sonhos e reações imprevisíveis já o levaram a risco de morte algumas vezes.

Em um orfanato, uma adolescente chamada Maya tem sonhos eróticos com um cantor Pop e ele os invade desfrutando de sua luxuria, onde a penetra em todas as posições que ela deseja deixando-a completamente molhada na cama.

Saciado de alimento e êxtase, resolve se divertir um pouco dentro da cabeça de alguém, quando um sono delicioso e constantemente interrompido chama sua atenção. Desce até um prédio com apenas algumas lâmpadas acesas e entra em um grande escritório, onde uma moça jovem digita algo, sonolenta.

Tomou um antialérgico que a está puxando cada vez mais fundo, até o momento que ela deixa cair o mouse e cochila de vez.

O ser fica curioso e resolve entrar nos sonhos da ruiva, para relaxar um pouco e a faz sonhar que está em uma balada.

Pede um daiquiri de kiwi, travestido das lembranças contidas na mente da mulher que invadiu.

Sentada no balcão do bar, a proprietária desse sonho, chamada Catarina conversa com sua amiga Daiane. Olha em volta um pouco confusa, sem entender como chegou ali de repente, pois estava trabalhando ainda, mas a amiga a tranquiliza:

— Você já terminou o trabalho, não lembra? Até dormiu no Uber de tão cansada! Aproveita e olha esses gatinhos!

Catarina bebe uma cerveja artesanal e revira os olhos azuis claros.

— Eu queria que os homens fossem menos complicados que sistemas de computador.

O ser disfarçado como sua amiga, toma mais um gole do daiquiri se deleitando com o rock alternativo que encontrou na mente da garota.

— Eu adoro homens!

Catarina franze a testa, pois até onde se lembra sua amiga é lésbica.

— Desde quando?

A outra para por um instante de beber o daiquiri e responde:

— Desde sempre, ué!

Essa resposta faz com que a analista de sistemas se assuste, olhando em volta minuciosamente.

— Não! Isso NÃO é um sonho!

O parasita que vive das criações mentais das pessoas, percebe então que cometera um erro: ela não está completamente adormecida. Sua mente ainda consegue discernir as informações que ela recebe. Rapidamente então ele muda o cenário para algo de suas lembranças infantis, o que geralmente acalma pessoas com processos cognitivos mais ágeis e vasculhando nas profundezas de suas memórias, encontra seu pai.

O cenário muda rapidamente como acontece geralmente nos sonhos e o homem ruivo de bigode grande a pega pela mão levando-a para tomar sorvete.

— Qual você quer hoje, foguinho?

Novamente, Catarina fica agitada:

— Larga a minha mão! O que é você? Meu pai sabe que eu tenho intolerância severa a lactose e nunca me levou para tomar sorvete na rua! Eu só tomava raspadinha de gelo com suco de frutas feito pela minha mãe!

O ser se vê desmascarado pela segunda vez e desesperadamente muda o cenário para quando ela é adolescente, mas Catarina está cada vez mais consciente que aquilo não é um sonho comum e o ser faz de tudo para convencê-la que a maçante aula de matemática é real. E este conseguindo quando comete o erro fatal: travestido de Senhor Roberto, o louco da matemática, erra um cálculo derivativo básico na lousa, o que passa despercebido de todos os seus colegas inseridos nesse cenário, mas não da ruiva que saca o erro no exato momento.

Ela se levanta jogando a carteira para o alto e olhando bem em volta. A reação de seus colegas é continuar a estudar como se ela não tivesse feito nada errado.

— O que é isso afinal, estou em algum tipo coma induzido? Estou morta no inferno?

O único que a olha com certo espanto é o ser camuflado de professor de matemática ensino médio. Então ela percebe que tudo a sua volta é apenas um tipo de cenário perfeito em todos os detalhes, mas apenas um cenário e que sempre há apenas uma única pessoa que conversa com ela em um estranho padrão que se repete.

Logo em seguida está dirigindo um carro. Ao seu lado o sobrinho que não para de tagarelar, contando suas peripécias no futebol.

— Cale a boca! – ordena ela – você não joga futebol e eu não sei dirigir.

O ser fica quieto. Para onde pode levá-la de maneira que ela se acalme e relaxe sua mente consciente?

— Eu já entendi que estou numa espécie de simulação ou sonho... Só não entendi ainda qual o seu papel dentro dela. E sei que quando acordar, vou acabar com você!

Nunca em toda a sua existência aquele ser foi ameaçado dessa maneira e seu medo o deixa exposto. Por alguns momentos ela vê sua verdadeira forma, é um humanoide oco com um aspecto de sombras palpáveis.

Ele abre os olhos cor de âmbar a pupila negra, observando-a com certa raiva.

— Nunca antes haviam me percebido. Você me ameaça então tenho que me defender... Tenho que te matar – diz com sua voz inumana.

Catarina se ri do homem oco.

— Todo mundo sabe que você não pode morrer nos sonhos!

A criatura dá um sorriso que literalmente abre sua cabeça de ponta a ponta.

— Veremos!

Ele sabe que ela está com a razão, mas sabe também que o coração humano é frágil e a descarga química causada pelo medo, pode fazê-lo parar de bater. Então sim, a pessoa pode morrer sonhando se for forçada a encarar seus piores medos continuamente.

Ele mergulha no submundo da ruiva, percebe que alguns medos de sua mente estão nadando até a superfície e ele pesca um com os dedos de névoas compridas e muda o cenário rapidamente.

— Esse deve servir.

Pequenina, ela tem apenas três anos seus cabelos ruivos presos em tranças e está feliz com seu balão Amarelo. Se distrai com um filhote de cachorro correndo pela praça e não percebe quando foi que sua mãe soltou a sua mão. Os adultos passam entre Catarina que começa a chorar desesperada, agarra a perna as pessoas grandes implorando pela sua mãe, mas quando eles abaixam para a consolar, ela grita de medo, pois as pessoas não têm rosto.

Com coração batendo ferozmente ela se afasta enquanto dezenas de adultos a cercam tentando pega-la para entrega-la a sua mãe. Catarina corre das mãos que a perseguem, quase a alcançando e quando ela finalmente reencontra a mãe, que reconhece pelos enormes e revoltos cabelos ruivo alaranjados, esta se vira e a menininha chora e faz xixi na calcinha de gatinhos, que escorre quente pelas suas pernas finas.

— Eu te amo filha! – diz a mãe que também não tem um rosto.

Quando o homem oco sente que ela está para acordar, muda a cena do seu sonho.

A garota agora está sentada na cadeira do dentista, deve ter uns quinze anos, tenta se levantar, mas descobre que está amarrada com a boca aberta a força por um separador de metal e plástico. Sente o cheiro azedo do couro do material e olha com terror quando o dentista retira um boticão e sem aviso ou pedir licença enfia a peça, sem gentileza alguma na boca de Catarina.

A ruiva sente desejo de vomitar quando a ferramenta enferrujada encosta na sua língua.

O dentista tem uma pequena barba mal cuidada e ela percebe que há restos de comida dependurados e alguns alimentos correm o risco de cair dentro da sua boca aberta a força pelo separador. Ele usa o boticão para prender em volta dos seus dentes.

— É, vou ter que arrancar esse!

Puxa violentamente de maneira que a cabeça da garota acaba se levantando junto, um pouco de sangue lava o rosto do dentista sombrio enquanto Catarina chora de dor, as lágrimas se misturam com o sangue e o muco que escorre do seu nariz.

Horrorizada ela percebe que o homem lambe a ponta do lábio, ensanguentado.

Amarrada a cadeira de dentista não pode se mover e logo ele enfia o boticão dentro de sua boca novamente e em um frenesi de violência começa a arrancar todos os seus dentes, sem se importar se estão cariados ou não. A cada arquejo da ruiva, goles de sangue e fragmentos de osso descem por sua garganta, seus olhos e nariz escorrendo no rosto pálido de tanta dor.

Não sabe exatamente por quanto tempo ele a tortura, mas chega uma hora que não há mais dentes para arrancar. Ele então rasga sua blusa e introduz os separadores de metal enferrujado entre seus seios, abre seu tórax com uma facilidade que não existe na vida real e dentro da abertura Catarina, consegue enxergar milhares de outros dentes.

O dentista arranca a máscara e lambe os lábios de maneira obscena.

— Vamos extrai-los um a um!

Enfia violentamente o boticão no peito da moça arrancando o primeiro dos milhares de dentes que estão dentro de seu corpo.

Catarina se sobressalta na cadeira de escritório e abre os olhos ligeiramente. Ela tenta levantar, porém o antialérgico é tão

forte que cai sentada de novo na cadeira e imediatamente pega no sono.

O homem oco se irrita. Quase a deixou acordar.

Catarina, agora uma jovem com seus dezoitos anos, faz amor com seu primeiro namorado. Cristian dá um último beijo suado e sai de dentro dela que também começa a relaxar. Ele se deita ao lado da ruiva na cama passando a mão carinhosamente em seu rosto coberto de sardas.

— Eu te amo!– diz ela para o rapaz.

Ele fez uma cara estranha de ironia e se afasta um pouco dela na cama de solteiro. A garota percebe que alguma coisa não está certa e confronta o namorado.

— O que tá acontecendo? Você tá estranho!

Ele olha para os lados e uma mulher nua entra no quarto pela porta. Ela dá um beijo na boca do seu namorado e ele retribui sorrindo.

Catarina arregala os olhos, não consegue acreditar no que está vendo.

A mulher é sua melhor amiga.

De trás do armário sua irmã sai nua também e começa a se esfregar em seu namorado. O ser sombrio sente que ela tenta acordar do pesadelo e abre a boca em uma risada. Está adorando.

Ele muda o cenário, sentido que a pulsação dela aumentou

Catarina imediatamente reconhece o local, o cheiro forte de antisséptico é a tumba onde sua mãe está enterrou ainda viva.

O câncer de pâncreas que literalmente a devora de dentro para fora ainda está lá.

Com o rosto banhado de lágrimas novamente, pode sentir o mal cheiro putrefato que a acompanha a alguns anos, até seu derradeiro fim.

Fica muito assustada, apesar de estar morrendo de saudades de sua mãe a garota vai devagar até os fétidos membros embrulhados no lençol. Os cachos dos cabelos ruivos baços e embaraçados não lembram em nada a mulher altiva que sua protetora incondicional foi antes dessa doença maldita.

Sua mãe está reduzida a um farrapo humano do que foi anteriormente. Ela se aproxima dos lençóis manchados com o líquido purulento que vaza das diversas rachaduras em seu corpo doente.

Leva nas mãos tremulas uma bandeja com sopa de mandioquinha e carne sem sabor algum, junto com um copinho de gelatina. Para ao lado da cama, tentando não respirar aquele cheiro, mas o sentindo de maneira inevitável penetrando em suas narinas desprotegidas. O cheiro da morte que se instala ainda em vida.

— Mãe? Você quer comer?

Subitamente tomada por um folego insano que parece dado pelo próprio Diabo, o resto humano avança sobre a própria filha como uma aranha alquebrada, o rosto contorcido como uma máscara de pura dor.

Catarina fica desesperada pois isso aconteceu de verdade e é como se ela estivesse revivendo a cena macabra.

Com uma força que beira o sobrenatural, a mulher agonizante segura os pulsos da filha e abre a boca para falar algo, porém começa a tossir incontrolavelmente enquanto a jovem já sabe o que está por vir e tenta desesperadamente se eu soltar.

A boca da mãe emite um leve rosnado e um jorro de vômito negro atinge o peito da garota. O cheiro nauseabundo a faz sentir vontade de vomitar também e é preciso esforço titânico para se segurar. Um segundo jorro de vômito negro lava a garota que dessa vez não consegue segurar o seu, que se mistura ao da mãe.

— Eu não... Quero... Morrer... – grunhe a mulher, enlouquecida por uma dor que nem a morfina consegue diminuir.

Catarina vê entre o vômito da mãe, pedaços de órgãos destruídos pelo câncer e o ser sorri, olhando-a com os olhos da mulher que lhe deu a vida e sentindo seu coração fibrilar de medo. Ele então faz com que as lembranças horríveis sejam alteradas para pior.

Os olhos da mãe viram para dentro da cabeça e apenas as veias raiadas de sangue podem ser vistas. A mulher ruiva cadavérica convulsiona e a corrente de vômito se torna uma onda que começa a inundar a sala.

— Não! Não! Socorro!

Catarina sente uma dor intensa no peito pelo seu coração que bate descompassado.

De tanto medo, ela acorda subitamente, um fio de baba escorrendo pelo canto da boca. Seu terno social amarrotado pelo tempo que passou encurvada sobre o computador.

— Mãe... Mãe eu...

Cai na cadeira do escritório segurando o braço esquerdo que está doendo de maneira cada vez mais aguda.

Dentro de sua mente, a criatura a espera com mais uma rodada de pesadelos. Catarina geme em seu sonho, ela se lembra desse lugar.

O circo abandonado.

Tem apenas quinze anos, quando aceita a aposta estupida e entre nesse lugar, trazendo algum objeto. Anda entre as tendas esfarrapadas quando escuta o arroto. De trás de uma barraca de tiro ao alvo ele aparece.

Um palhaço de olhos amarelos e sorriso borrado em um rosto que faz tudo, menos sorrir. Ele larga a garrafa de pinga e vai

na direção da ruivinha.

Catarina grita e começa a correr em uma carreira desabalada, fugindo do palhaço enorme e ameaçador. O parque de diversões é decrépito e os brinquedos dão mais medo do que o palhaço. Enferrujados, quebrados e com farpas pontiagudas podem matar em uma simples queda.

Ela atravessa a grade de proteção, quando sente a criatura digna de seus pesadelos mais sombrios lhe rasgar a carne das costas com as garras afiadas. Sobe em um carrossel cujo cavalinho de aspecto tétrico começa a rodar. No momento em que olha desesperada para trás, vê o palhaço praticamente no sentido oposto montado em um dos cavalinhos.

Carolina quer descer, mas quando tenta, porém, percebe que as suas pernas parecem fundidas magicamente na madeira descascada do velho brinquedo e a cada vez que a garota procura, desesperada, localizar o palhaço assombrado que a persegue, percebe que ele avança uma posição e agora está exatamente na sua cola.

O palhaço que neste momento está no cavalinho de trás, começa a projetar o corpo para a frente na tentativa de alcançá-la e parti-la com suas garras afiadas. Estas arrancam lascas da madeira e a adolescente grita a cada tapa do monstro que balança violentamente o seu cavalinho.

Pedaço a pedaço ele começa a arrancar a madeira até o momento em que um tapa melhor aplicado literalmente arranca moça e o cavalinho do brinquedo do carrossel. Os dois caem no chão, já separados.

O braço esquerdo de Catarina que atingiu mais duramente o solo dói muito, sangra e ela não consegue entender isso.

Seu coração está cada vez mais próximo de um colapso e o homem oco sente que a dor no dela irradia do peito para os braços, sudorese fria, mal-estar, náuseas. Agora é hora de acabar com essa mulher que o ameaçou.

Muda novamente o cenário do pesadelo, para o que identificou como o mais terrível medo dela: Catarina se vê fechada em uma caixa e quando tenta levantar a tampa percebe que não tem braços ou pernas e começa a gritar, aterrorizada.

Escuta o barulho de passos e objetos sendo remexidos do lado de fora. Subitamente a caixa é aberta e então ela vê que é aquele estranho vizinho de óculos quadrados e cabelos curtos escuro de aparência emplastada, usando sempre o mesmo suéter marrom.

Ele a olha pela janela do apartamento em frente ao seu, com um olhar lascivo como se tivesse fazendo sexo com ela, de uma maneira suja e perturbadora. A ruiva tem muito medo desse homem baixinho, sem pescoço. Sua barba por fazer há dias empresta-lhe um aspecto sujo e desmazelado.

Ele sabe que ela está completamente nua, só com toco dos braços e das pernas totalmente indefesa. Tem os olhos esbugalhados olhando para o seu sexo exposto, com a língua um pouco dependurada para fora dos lábios roxos. Uma obscena

Ele sabe que ela está completamente nua, só com toco dos braços e das pernas totalmente indefesa. Tem os olhos esbugalhados olhando para o seu sexo exposto, com a língua um pouco dependurada para fora dos lábios roxos. Uma obscena

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