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O Instrumento de coleta de informações

No documento LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS (páginas 48-52)

O instrumento principal utilizado para essa pesquisa foi um roteiro que serviu como guia para as entrevistas. Primeiramente, foram realizadas cinco entrevistas (relacionadas anteriormente), em 2009 que, além de pré-teste, também contribuíram para formar a rede dos futuros interlocutores. Assim, a primeira etapa dedicou-se às revisões bibliográficas; a segunda, tratou da coleta e organização da plataforma dos dados quantitativos e, por fim, a terceira ocupou-se da análise e das discussões dos dados.

Como técnica para iniciar a pesquisa, optou-se por utilizar a “Bola de Neve”, começando com uma entrevista com o empresário Ibargoyen (2011), em sua propriedade, a Pousada da Fazenda Palomas e, a partir das indicações dele, foram-se agendando entrevistas com outros interlocutores. Este método auxiliou a formar uma rede de atores, bem como identificar, entre eles, aqueles que poderiam fornecer maiores informações para entrevistas realizadas em 2011. Esse contato prévio também foi importante por ter sido observado e avaliado o conteúdo e a dinâmica das entrevistas, a exemplo do que não havia sido bem conduzido.

A essa altura, o tema da tese ainda estava focado na Fronteira da Paz, o que exigiria uma pesquisa mais abrangente, ou seja, pesquisar as cidades-gêmeas:

Sant‟Ana do Livramento e Rivera. Foi repensando a amplidão e os esforços que teriam de serem investidos, tanto de tempo como pessoal, físico e financeiro, que se decidiu restringir tal pesquisa somente ao Município de Sant‟Ana do Livramento. Um dos limites em realizar uma pesquisa dessa natureza é a inexistência de dados censitados de igual período e categorias em ambas as cidades-gêmeas.

As entrevistas foram realizadas em ambientes onde os interlocutores estavam à vontade, dando preferência aos lugares por eles sugeridos. Por isso, algumas entrevistas foram realizadas nas residências dos pesquisados, em escritórios públicos, como na Prefeitura Municipal e na Câmara dos Vereadores, em espaços concedidos por instituições como a ACIL, e em espaços privados de empresas como o Hotel Verde Plaza, o Hotel Jandaia e a Pousada da Fazenda Palomas. Cada entrevista teve, em média, 1h30min de duração.

Assim, as entrevistas foram agendadas em horários distribuídos por uma semana inteira, em julho de 2011, sendo que algumas pendências foram resolvidas em outras três viagens a Sant‟Ana do Livramento. A cada dia, eram realizadas, no máximo, três entrevistas, devido ao tempo de deslocamento entre um local e outro.

Todas as entrevistas foram gravadas e, posteriormente, transcritas na íntegra, com a identificação pessoal: nome completo, idade, estado civil, filhos, profissão, formação educacional, profissão dos pais, naturalidade. Além disso, as falas foram descritas no diário de pesquisa.

A aproximação e a empatia geradas em cada um dos encontros pela entrevista foram fundamentais para que as narrativas de trajetórias fossem efetivamente um ato de compartilhamento de experiências. Para conseguir estes dados, o pesquisador deve criar uma atmosfera que permita gerar – tanto quanto possível - um ambiente de confiança mútua que permita o diálogo.

Foram estabelecidos tópicos a serem abordados nas entrevistas, que contemplavam algumas categorias previamente elencadas para nortear a fala dos entrevistados, as quais podem ser conferidas no roteiro de entrevista. A análise de dados, nas pesquisas qualitativas, foi um processo complexo, não linear, que implicou um trabalho de reconhecimento, seleção, organização e interpretação de dados. Os resultados foram validados através da coerência entre a prática e a teoria.

De posse do material transcrito, iniciou-se o processo de ordenamento dos dados para análise em categorias. Após essa categorização, fez-se um reordenamento dos dados, com base no referencial teórico da pesquisa. Os desafios foram os de transformar os dados em categorias a orientar a lógica de análise.

O reordenamento dos dados deu-se da seguinte maneira:

1) Identificação das categorias de análise. Para identificar as categorias, foram necessárias várias leituras de cada entrevista, pois os interlocutores, na maioria das vezes, voltavam ao mesmo assunto e divagavam ao longo da entrevista.

2) Identificação de novos elementos de análise no material empírico. Posterior à identificação das categorias previamente elencadas, partiu-se para a busca de novos elementos detectados nos textos das entrevistas.

3) Em sequência, elegeram-se alguns tópicos distribuídos entre as planilhas.

Cada planilha foi nomeada por um tópico e, verticalmente, distribuíram-se em cada célula da coluna os nomes, a idade e a profissão dos entrevistados. Na segunda coluna dessa mesma planilha, foram disponibilizados recortes das falas concernentes ao tópico eleito para essa planilha, a ponto de definir o agrupamento de todas as falas sobre determinado assunto. Se, por exemplo, uma mesma fala referisse a mais de uma categoria, esta aparecia em todas as vezes que fosse necessário, não sendo privilegiada nenhuma categoria em particular.

Das análises e comparações entre os textos das entrevistas, foi possível estabelecer relações e dar voz àquelas que pareciam mais significativas, percebidas pela insistência na ênfase por parte dos entrevistados. Esse processo também ajudou a identificar as repetições e similaridades referentes a tal tópico, bem como levantar uma amostra da “memória coletiva”33. Deu-se importância ao sentido das palavras (ideias “escondidas” nas entrelinhas) e às frequências das palavras.

A exposição à experiência e a opiniões de outros pesquisadores contribuiu para a percepção de que existem várias óticas para análise, reflexão e intervenção em uma dada situação-problema. As perguntas abertas e semi-direcionadas deram margem a uma conversação informal, fazendo com que se estabelecesse uma relação de confiança entre entrevistador e entrevistado, a ponto de este discorrer, despreocupadamente, acerca das questões abordadas.

Entretanto, as interações face a face (GOFFMAN, 1985) nas entrevistas permitiram maior profundidade nos questionamentos, maior contato e atmosfera, que facilita a abordagem de assuntos mais delicados. Por outro lado, neste tipo de técnica sempre há a possibilidade de inibição do entrevistado.

Embora se tenha tido o cuidado em elaborar um roteiro prévio, prevendo o tempo de 1h de entrevista, muitas delas se excederam, alcançando até 2h. Acontece que, ao se estar entrevistando, sempre há momentos que a fala do entrevistado migra para outros assuntos e, muitas vezes, seria uma antipatia interromper. Assim,

33 Memória coletiva: entende-se por memória coletiva a compreensão de quadros sociais de grupos que carregam lembranças, imagens, sentimentos, valores comuns, experiências compartilhadas por determinado grupo. A memória individual é vista como uma leitura de uma parte da memória coletiva, tendo menor peso em relação à memória coletiva (HALBWACHS, 1990).

ocupava bastante tempo. O entrevistado tem liberdade para desenvolver cada situação, em qualquer direção que considere adequada.

2 COEXISTÊNCIA ENTRE TRADIÇÃO E MODERNIDADE: UMA LEITURA

No documento LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS (páginas 48-52)