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O livro aramaico de I Enoque e sua relação com Qumran

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1 SOBRE I ENOQUE: ENTRE O CONTEXTO REDACIONAL E A

1.3 O livro aramaico de I Enoque e sua relação com Qumran

Depois da descoberta dos Manuscritos do Mar Morto, a partir 1947, foi iniciada uma corrida na construção de teorias, voltadas à compreensão do Judaísmo e do Cristianismo em sua fase inicial ou o chamado “Período do Segundo Templo”. Segundo o Prof. Roitman, especialista na investigação de Qumran, mais de 20.000 artigos foram escritos só sobre essa descoberta45. O acúmulo de informações gerou diferentes teorias acerca desse achado.

Figura 4 - Sítio arqueológico de Qumran

Fonte: Acervo do autor. Novembro de 2013.

Uma das mais recentes teorias, elaborada por Boccaccini, defende que as origens da comunidade essênica em Qumran podem ser atribuídas a grupos judaicos anteriores à

44 RUSHANSKY, 2013, p. 58

comunidade qumranita. Ele sugere que existiu um tipo especial de judaísmo, ligado ao Livro de Enoque, oriundo de uma época anterior aos Macabeus, chamada por Boccaccini de “judaísmo enoquita”.

Segundo ele, este tipo de judaísmo pode esclarecer as origens da comunidade de Qumran. Além disso, ele postula que, após a revolta dos Macabeus, sem perder a sua identidade como um grupo social, esta forma de judaísmo se transformou em um movimento maior que os autores antigos chamam de "os Essênios"46.

Figura 5 - Miqvá em Qumran

Fonte: Acervo do autor47. Novembro de 2013.

Alguns estudiosos falam sobre dois tipos de essênios: aqueles que se casaram (representado pelo Documento de Damasco) e os que desenvolviam uma vida mais dedicada ao ascetismo (representada pela Regrada Comunidade) que, em sua maioria, nunca casaram. Esses historiadores se utilizam do comentário de Josefo que diz que existiam dois ramos, ou bifurcações, de essênios48.

46 CHARLESWORTH apud BOCCACCINI, 2005, p. 449.

47 Em Qumran foram achadas diversas Miqvá como esta, que serviam para purificação ritual. 48 CHARLESWORTH apud BOCCACCINI, op. cit., p. 449.

Figura 6 - Cemitério em Qumran

Fonte: Acervo do autor49. Novembro de 2013.

Boccaccini buscou aprofundar mais essa ideia. Ele argumenta que a comunidade enoquita, representada pelos pergaminhos de Qumran (a própria comunidade de Qumran), rompeu com os essênios que viviam em cidades e aldeias e, também, com um grupo dominante do judaísmo enoquita. Ou seja, sua ideia é que existiram três grupos: Essênios de Qumran (enoquitas de Qumran), Essênios urbanos e os Enoquitas. A principal diferença, segundo ele, é que os judeus representados pela categoria “Essênios urbanos” e “Enoquitas” tendiam a acreditar no livre-arbítrio, enquanto os enoquitas de Qumran acreditavam não só no determinismo histórico, mas também na predestinação do indivíduo50.

Boccaccini argumenta que, fiel às suas raízes respaldadas em I Enoque, os qumranitas desprezavam tudo que tinha ligação histórica com os zadoquitas51. Assim, ele supõe que a expressão "filhos de Zadoque", que, segundo ele, os qumranitas utilizavam como referência a eles mesmos, pode ter se originado de uma leitura do livro de Ezequiel, portanto, não tendo nenhuma ligação genealógica com os filhos de Zadoque.

Ele segue seu raciocínio imaginando que o embrião do pensamento de Qumran pode ser visualizado em um período anterior ao movimento de Qumran, ou seja, antes da cisão com o majoritário movimento enoquita-essênico (representado pelos essênios urbanos e o grupo enoquita).

49 Cemitério dos essênios. Mais de 95% das ossadas encontradas eram de homens.

50 BOCCACCINI, G. Beyound the Essene Hypothesis, Grand Rapids and Cambridge.Grand Rapids and

Cambridge: Eerdmans, 1998, p. 170.

Figura 7 - Refeitório em Qumran

Fonte: Acervo do autor. Novembro de 2013.

Charlesworth esclarece que a evidência que pode sugerir (não provar) tal movimento, são os numerosos textos pré-qumrânicos a exemplo de Jubileus, Rolo do Templo, o Proto- Epístola de Enoch (incluindo o Apocalipse das Semanas), Carta Halakhic e a produção de textos não qumrânicos, a exemplo da Epístola de Enoch, que abrem espaço para se falar da influência de supostas comunidades em torno do Livro de Enoque.

Outro estudioso a usar o termo “judaísmo enoquita” é David R. Jackson. Ele utiliza esta expressão para se referir àqueles que compuseram, compilaram e editaram os livros de Enoque encontrados na caverna de Qumran. Para ele, também fazem parte dessa categoria os indivíduos que aceitaram essa tradição52.

Charlesworth não está convencido das hipóteses levantadas por Boccaccini e Jackson. Ele acredita que os livros de Enoque foram produzidos em um período de três séculos. Segundo o mesmo, I Enoque foi responsável em influenciar a redação de novos textos, em décadas e séculos posteriores, como 2 Enoque, os textos coptas, a Visão Armênia de Enoque o Justo e 3 Enoque53. Charlesworth acredita que “devemos evitar rotular todos estes textos como representantes de algo como um movimento, eles representam um ciclo de pensamento que se dedicava a reflexões fundamentadas e atribuídas a Enoque”54.

52 JACKSON, D. Enochic Judaism, Library of Second Temple Studies. London and New York: T. & T. Clark

International, 2004, p. 49.

53 CHARLESWORTH, J. H. The Pseudepigrapha and Modern Research with a Supplement. SBLSCSS, 7S.

Michigan: Scholars, 1981, p. 98-99.

Figura 8 - Curral em Qumran

Fonte: Acervo do autor. Novembro de 2013.

Outro estudioso que discorda da teoria de Boccaccini é M. Knibb. Segundo ele, Boccaccine está envolvido em um projeto maior que tem como objetivo mudar as percepções comuns do desenvolvimento do judaísmo da época do exílio até o surgimento do judaísmo rabínico55. Knibb argumenta que se deve duvidar de uma tese que aborda o desenvolvimento de todo o judaísmo no período do Segundo Templo em termos de um conflito entre o judaísmo zadoquita e o judaísmo enoquita. Segundo o mesmo, a realidade do período do Segundo Templo é bem mais complexa e as tendências das pesquisas nos últimos 20 anos apontam para essa complexidade56.

Conquanto as hipóteses de Gabriele e Jackson sejam válidas e plausíveis entendemos que os posicionamentos de Charlesworth e Knibb são mais coerentes, uma vez que não temos tantas evidências, no âmbito histórico-arqueológico, que sustentem as teorias daqueles estudiosos, porém admitimos que os argumentos são cabíveis e têm o seu espaço nesse campo aberto a novos testes hipotéticos.

Certamente podemos defender a existência de um círculo ou grupo de judeus no judaísmo do Segundo Templo dedicados e, significativamente, influenciados por reflexões oriundas do escrito de I Enoch. As principais evidências desse período são os escritos que

55 KNIBB, M. A. Essays on the Book of Enoch and Other Early Jewish Texts and Traditions (Studia in Veteris

Testamenti Pseudepigrapha). London: Brill Academic Pub, 2008, p. 18. (O principal livro escrito por Boccaccini abordando essa temática se chama Roots of Rabbinic Judaism. An Intellectual History from Ezekiel to Daniel).

absorveram tradições oriundas dos livros de Enoque tais como, por exemplo, o Livro dos Jubileus e os Testamentos dos Doze Patriarcas.

Por outro lado, não podemos descartar a hipótese de que existiu um círculo de judeus interessados nos livros de Enoque, porém, admitir que se tratava de um movimento totalmente independente, exclusivamente dedicado ao escrito enoquita; uma sociedade separada, como sugere Boccaccine, é um passo mais ousado. Alguns estudiosos dão palpites sobre a extensão desse círculo. Herr, por exemplo, fala de "um pequeno círculo dentro do Judaísmo do Segundo Templo"57. Sobre esta matéria Charlesworth comenta:

Embora eu gostasse de delegar para outros a avaliação do tamanho do grupo ou círculo Enoch, e enquanto eu ainda não possa julgar sua influência, eu não tenho nenhuma dúvida sobre a sua importância para o desenvolvimento do pensamento judaico dentro do judaísmo do Segundo Templo58.

O eclético Seminário de Enoch tem demonstrado que a presença dos livros de Enoque encontrados próximo ao Mar Morto nos ajuda a entender as origens e o desenvolvimento da comunidade de Qumran. Ainda não está claro quão significativos e influentes foram os grupos judaicos que tinham em estima os livros de Enoque.

Diferente do que acontece em relação à comunidade de Qumran, cuja localização topográfica é conhecida e informações do estilo de vida da comunidade e de sua teologia nos são acessíveis, em relação à existência do “judaísmo enoquita”, se é que houve algum, ainda permanece uma icógnita. Não conhecemos nada relacionado aos grupos de Enoque. Ou seja, não temos nenhuma definição clara do estilo desses judeus, localização geográfica e sua influência no judaísmo antigo.

Dos aproximadamente 930 textos identificados em Qumran, a grande maioria, cerca de 750 textos, foram escritos em hebraico, outros 150 em aramaico e 27 textos em grego. Apesar da presença minoritária de textos em grego, tal constatação é de extrema importância, pois reforça nosso argumento da forte presença do idioma na Palestina. O fato de a quantidade de manuscritos em grego ser minoritária não deve surpreender-nos, uma vez que estamos analisando uma comunidade fechada, isolada, dada a rituais de purificação e que desejava ao máximo preservar-se de influência “mundanas” (helênicas). A presença desses manuscritos nos diz que mesmo em Qumran a influência grega (ainda que seja idiomática) esteve presente.

57 HERR, M. D. The Calendar. In: SAFRAI, S.; STERN, M. (Ed.). The Jewish People in the First Century.

CRINT 1.2. Assen and Amsterdam: Van Gorcum, 1976, p. 834-64.

Em Qumran, ao lado das ruínas onde viviam os essênios, foram encontradas 11 cavernas entre os anos 1947 e 1956. Nelas descobriu-se um verdadeiro tesouro manuscritológico. Acharam-se centenas de milhares de fragmentos, além de uns poucos manuscritos intactos que estavam guardados em jarros. Alguns dados relevantes sobre o achado são:

1º - 21 manuscritos de Isaías foram achados em Qumran.

2º - Só foi encontrado um rolo de Isaías completo (texto datado do século I a.C.).

3º - Foram encontrados fragmentos de todos os livros da Bíblia Hebraica, com exceção de Ester.

4º - As centenas de milhares de fragmentos representam 930 manuscritos, sendo que 200 são bíblicos.

5º - Os oito manuscritos mais completos encontrados em Qumran se encontram no Santuário do Livro em Israel.

Figura 9 - Santuário do Livro localizado no Museu de Israel

Fonte: Acervo do autor. Novembro de 2013.

Entre todas as 11 cavernas de Qumran a principal para a nossa pesquisa é a caverna quatro. Nela foram encontrados cerca de 15.000 fragmentos de manuscritos, que, na verdade, são restos de 530 manuscritos diferentes. Lá foram encontrados mais de 140 fragmentos de Enoque, sendo que 138 foram identificados e estudados por Milik59, que representam 11

59 No ano 2000 Stuckenbruck, Tigchelaar e Garcia publicaram no DJD número 36, intitulado Qumran Cave 4.

manuscritos de Enoque. Ou seja, dos 530 manuscritos que existiam ali pelo menos 11 eram de I Enoque.

Figura 10 - Caverna IV em Qumran

Fonte: Acervo do autor. Novembro de 2013.

Milik acreditava que I Enoque era um agrupamento de cinco livros diferentes, a saber: Livro dos Vigilantes (Cap. 1-36), Livro das Parábolas (Cap. 37-71), Livro Astronômico (Cap. 72-82), Livro dos Sonhos (Cap. 83-90) e Epístola de Enoque (Cap. 91-108). Esta é considerada a divisão mais tradicional do livro na atualidade, porém não a única. Ele identificou fragmentos de cada um deles, exceto do Livro das Parábolas60.

A publicação de um volume intitulado The Books of Enoch: Aramaic Fragments of

Qumran Cave 4, por Milik, em 1976, foi de inestimável valor. Este contém não só uma edição

dos fragmentos aramaicos e um comentário textual detalhado, mas também uma longa introdução na qual estabelece seus pontos de vista sobre a gênese do Livro de Enoque. Esse livro tem sido extremamente influente, embora também tenha sido alvo de críticas consideráveis, pelo fato de Milik não ter encontrado, ou identificado, nenhum fragmento do Livro das Parábolas em Qumran. Milik defende que tal escrito é um trabalho cristão datado do final do séc. III61. Independente desse posicionamento, que não reflete o que as pesquisas

Qumran, não publicados por Milik, principalmente fragmentos que falam de um calendário das fases da lua e do sol pertencente ao Livro Astronômico.

60 Fragmentos aramaicos de um trabalho relacionado, o Livro enoquita dos Gigantes, também foram encontrados

entre os rolos, porém, ele não é considerado pela maioria dos estudiosos um livro pertencente ao livro original de I Enoque, mas uma composição distinta derivada de I Enoque. Maiores detalhes ver: STUCKENBRUCK, L. T. The Book of Giants from Qumran.Tübingen: Mohr Siebeck, 1997.

modernas dizem sobre o Livro das Parábolas, esta obra singular desencadeou um crescente interesse acadêmico no Livro de Enoque.

O Livro das Parábolas é de grande interesse acadêmico porque contém tradições sobre o Filho do Homem. Mesmo não sendo achado nada relacionado a ele em Qumran, a maioria dos eruditos entende que o escrito é judaico, pré-cristão e provavelmente escrito originalmente em aramaico ou em hebraico (esta tem sido a tendência no Enoch Seminar) no séc. I a.C. Porém, como não foram achados fragmentos em Qumran, não é possível ser preciso em relação à sua origem62.

Baseado nos fragmentos descobertos em Qumran, hoje, os pesquisadores são unânimes em defender que o livro foi escrito originalmente em aramaico, ou pelo menos a maior parte dele63. Antes de Qumran, a posição era que os livros tinham sido escritos originalmente em grego. Após Qumran ficou claro que o grego era uma tradução do aramaico.

Os fragmentos em aramaico, que equivalem a 2 ou 3% da obra64, são as evidências mais antigas de I Enoque. Segundo Milik as mais antigas partes (ou livros) presentes em I Enoque são: o Livro dos Vigilantes e o Livro Astronômico, ambos pertencentes ao período pré-macabaico65. A paleografia datou os fragmentos do Livro dos Vigilantes e do Livro dos Sonhos como sendo os mais antigos, redigidos no final do III século a.C. Os fragmentos do Livro da Epístola foram datados no período pré-Macabeu, por volta do início do séc. II a.C. Por fim, os fragmentos do Livro dos Sonhos foram datados no período Macabeu, por volta do ano 165 a.C.66

Como expomos, Milik identificou fragmentos pertencentes a 11 manuscritos, o que prova a autoridade que o livro (ou os livros) tinha em círculos judaicos67. Os manuscritos são identificados pelas seguintes siglas: Ena; Enb; Enc; End; Ene; Enf; Eng; Enastra; Enastrb; Enastrc; Enastrd. Todos eles foram escritos em aramaico e é o material mais antigo que possuímos acerca de I Enoque. A seguir, tabelas que desenvolvemos para facilitar a

62 NICKELSBURG, G. W. E. Jewish Literature between the Bible and the Mishnah. Minneapolis: Fortress

Press, 2005, p. 254, 256. Ver também: KNIBB, M. A. The Date of the Parables of Enoch: A Critical Review. New Testament Studies, v. 25, p. 345-59, 1979.

63 KNIBB, M. A. The Ethiopic Book of Enoch. A New Edition in the light of the Aramaic Dead Sea Fragments.

v. 1: Text and Apparatus; v. 2: Introduction, Translation and Commentary. Oxford: Clarendon Press, 1978, p. 6-15.

64 A informação nos foi transmitida pelo Prof. Vanderkam em entrevista na Universidade de Notre Dame,

gravada em 27/05/2014.

65 REED, A. Y. Fallen Angels and the History of Judaism and Christianity. The Reception of Enochic Literature.

New York: Cambrigde University Press, 2005, p. 3.

66 VANDERKAM, J. C. Enoch: A Man for All Generations. Columbia, South Carolina: University of South

Carolina Press, 1995, p. 17-18, 25-26, 63, 83-84, 89.

67 MARTÍNEZ, F. G.; TIGCHELAAR, E. J. C. The Dead Sea Scrolls Study Edition. v. 1. Leiden- New York:

visualização dos fragmentos do Livro de Enoque que foram identificados. Esta secção foi desenvolvida tomando como fonte informativa o livro The books of Enoch: Aramaic

Fragments of Qumrân Cave 4, escrito por J. T. Milik.

Tabela 1 - Livro dos Vigilantes (Cap. 1-36)

///////// Ena Enb Enc End Ene Enf Eng EnastraEnastrb Enastrc Enastrd

Cap. 1 v.1-6 v.9 Cap. 2 v.1-3 v.1-3 Cap. 3 v.1 v.1 Cap. 4 v.1 v.1 Cap. 5 v.1-6 v.9 v.1 Cap. 6 v.4-7 v.1-4;7 v.7 Cap. 7 v.1-6 v.1-6 Cap. 8 v.1;3-4 v.1-4 Cap. 9 v.1-3;6-8 v.8-12 Cap. 10 v.3-4;21-22 v.13-19 Cap. 11 v.1 Cap. 12 v.4-6 v.3 Cap. 13 v.4-6 v.6-8 Cap. 14 v.1-16;18-20 Cap. 15 v.11 Cap. 16 Cap. 17 Cap. 18 v.8-12 v.15 Cap. 19 Cap. 20 Cap. 21 v.2-4 Cap. 22 v.13-14 v.3-7 Cap. 23 v.1-4 Cap. 24 v.1 Cap. 25 v.7 Cap. 26 v.1-6 Cap. 27 v.1 Cap. 28 v.3 Cap. 29 v.1-2 Cap. 30 v.1 Cap. 31 v.1-3 v.2-3 Cap. 32 v.1 v.1-6 Cap. 33 v.4 Cap. 34 v.1 Cap. 35 v.1 Cap. 36 v.1-4

Fonte: Elaboração do autor. Tabela 2 - Livro das Parábolas (Cap. 37-71)

///////// Ena Enb Enc End Ene Enf Eng Enastra Enastrb Enastrc Enastrd

Cap. 37

NENHUM MATERIAL FOI ENCONTRADO OU IDENTIFICADO

Ao Cap. 71

Tabela 3 - Livro Astronômico (Cap. 72-82)

///////// Ena Enb Enc End Ene Enf Eng Enastra Enastrb Enastrc Enastrd Cap. 72 v.1-36 v.1-22 Cap. 73 Cap. 74 Cap. 75 Cap. 76 v.13-14 v.3-10;13-14 Cap. 77 v.1-4 v.1-4 Cap. 78 v.4;9-12 v.6-8 Cap. 79 v.2-16 Cap. 80 Cap. 81 Cap. 82 v.9-13 v.20

Fonte: Elaboração do autor. Tabela 4 - Livro dos Sonhos (Cap. 83-90)

///////// Ena Enb Enc End Ene Enf EngEnastra Enastrb EnastrcEnastrd

Cap. 83 Cap. 84 Cap. 85 Cap. 86 v.1-3 Cap. 87 Cap. 88 v.3 Cap. 89 v.31-37 v.11-14;29-31;43-44 v.1-16;26-30 Cap. 90

Fonte: Elaboração do autor.

Tabela 5 - Epístola de Enoque (Cap. 91-108)

///////// Ena Enb Enc End Ene Enf Eng Enastra Enastrb Enastrc Enastrd

Cap. 91 v.10-19 Cap. 92 v.1-2;5 Cap. 93 v.1-4; 9-14 Cap. 94 v.1-2 Cap. 95 Cap. 96 Cap. 97 Cap. 98 Cap. 99 Cap. 100 Cap. 101 Cap. 102 Cap. 103 Cap. 104 v.13 Cap. 105 v.1-2 Cap. 106 v.1-2; 13-19 Cap. 107 v.1-2 Cap. 108

Como se percebe, todos os principais livros de Enoque, exceto o Livro das Parábolas, possuem representação entre os fragmentos encontrados na gruta IV de Qumran. Dentre todos os livros o mais bem representado é o Livro dos Vigilantes que contém 50 fragmentos entre os 138 identificados por Milik.

Um dos mais significantes fragmentos, que tivemos oportunidade de examinar pessoalmente, é o 4QEna 1iii, que se encontra junto à maioria dos fragmentos encontrados em Qumran, guardados no Israel Antiquities Authority (IAA). Ele apresenta, de forma legível, vários trechos do capítulo seis do livro de I Enoque68. Nele encontramos a expressão “filhos de Deus” como uma referência a anjos (posteriormente retomaremos o assunto).

Figura 11 -Fragmento Aramaico 1

Fonte: Acervo do autor. Novembro de 2013.

É importante salientarmos que I Enoque não era um livro pertencente exclusivamente à comunidade de Qumran, não era um material sectário. Em vários estágios, no período do Segundo Templo, o escrito gozava de um status de autoridade, de influência, entre as comunidades judaicas. A evidência que comprova este argumento provém da presença do conteúdo de I Enoque em outros escritos, como, por exemplo, os Jubileus, cujo autor estava familiarizado com grande parte do livro, bem como o fato de que I Enoque gerou outros escritos, a exemplo, do livro dos Gigantes e o livro Eslavo de Enoque69.

68 Este fragmento possui relações com o capítulo seis do livro de Gênesis.

69 ANDERSEN, F. I. apud CHARLESWORTH, J. H. The Old testament Pseudepigrapha. Garden City, New

O prestígio que I Enoque alcançou também pode ser percebido na preocupação dos judeus em traduzir o escrito para o grego, certamente com o intuito de influenciar o maior número de seguidores da judaismo, uma vez que existiam aqueles, já helenizados, familiarizados com este idioma, não entendendo o hebraico e o aramaico70.

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