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O professor e a aprendizagem colaborativa

Aprendizagem colaborativa online

3. O professor e a aprendizagem colaborativa

O professor, como impulsionador da aprendizagem colaborativa, releva a função de orientador que terá de cruzar com as funções de moderador, coordena- dor, assessor e, por vezes, de ‘motivador’. Responsabiliza-se pela preparação dos contextos para a aprendizagem e é-lhe exigida uma atenção permanente ao pro- cesso. Em determinados momentos do processo, o professor poderá assumir o referente de guia; mas uma das suas preocupações dominante traduzir-se-á na necessidade de deixar espaço livre ao desempenho dos alunos. Nota-se que ele terá de produzir mensagens claras, na expressão linguística e precisas, quanto ao seu conteúdo. A mediação pedagógica do professor é um dos sustentáculos desta modalidade de aprendizagem, na medida em que ele poderá desempenhar o papel de provocador da interacção entre os vários actores no campo educativo.

Neste tipo de aprendizagem parece indispensável o estabelecimento de regras quanto às relações a desenvolver pelos diferentes actores. A proposta destas regras será da iniciativa do professor, ainda que deva juntar a participação de todos num texto contratualizado.

Afirma-se, com frequência, que o aluno, para aprender em colaboração, terá um papel activo. Sim, ele não só participa em todo o processo da aprendizagem como um elemento singular mas também funde a sua singularidade na pluralidade do

COMUNIDADES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM E IDENTIDADES NO ENSINO SUPERIOR

grupo. Ele é responsável por si, pois reflecte sobre a sua própria acção e é co-res- ponsável com os outros e pelos outros; ele produz e co-produz; ele avalia e co-avalia. Numa perspectiva de desenvolvimento curricular, os conteúdos que se dispo- nibilizam na aprendizagem colaborativa obedecem a um formato que tem de incluir duas características: a flexibilidade e a adaptabilidade. A sua organização pode privilegiar a perspectiva modular, tendo em conta que é uma forma de con- templar, mais facilmente, as características referidas. Há uma dimensão que deverá estar presente no design do currículo que acolhe o modo de aprender em

referência e que se espelha num modelo de organização que integre, de forma con- jugada, as finalidades na aquisição de conhecimentos e no desenvolvimento de competências. Os alunos manifestarão uma relação tanto mais positiva com os conteúdos de aprendizagem quanto maior for o grau que lhes atribuirem, no que respeita a adequação às necessidades e a interesses pessoais (muitas vezes explici- tados por interesses profissionais) e sociais. Neste âmbito do desenvolvimento cur- ricular, o professor assumirá o papel de ‘articulador’, investigador e, até, inovador.

– Contextos de aprendizagem colaborativa online

Devido ao impacto tecnológico, verificado nos últimos anos, alguns analistas afirmam que as escolas com oferta de melhor formação são as que se baseiam nas novas competências que emergem da matriz da Sociedade da Informação. Hoje em dia, em vez de acumular informação será necessário saber seleccioná-la, pro- cessá-la e analisá-la. A aprendizagem na sociedade da informação já não pode limi- tar-se unicamente ao que é recebido no contexto único de aula pré-figurada. São cada vez mais relevantes outros contextos que impõem outras estratégias de acção que respondendo a diferentes necessidades e meios envolventes, conduzem a resultados patentes no desenvolvimento de competências adequadas às novas exi- gências pessoais e sociais.

As características, quer dos contextos em espaço real quer dos contextos em espaço virtual, distinguem-se pelas formas de comunicação utilizadas. A alteração de um contexto de aprendizagem implica a alteração de meios utilizados para o seu desenvolvimento, o que provoca e, naturalmente, exige a alteração de metodologias. Pode-se afirmar que a generalização de contextos de aprendizagem colaborativa resulta de um esforço colectivo e consiste num processo em marcha, o que permite sublinhar quatro das suas principais funções: (i) a função de coordenação – que é constrangida e mediatizada pelo ambiente externo, podendo ser contrariada por aspectos internos ao próprio grupo; (ii) a função de reiificação (identifica e verifica as ‘coisas’) – que se evidencia na tipologia dos materiais utilizados e no ambiente externo que se cria; (iii) a função de ilustração – que corresponde à representação externa, quer do grupo de aprendizagem quer do meio que envolve o grupo e (iv) a

função de armazenagem – que resulta de propostas concretas para estudo, reflexão e discussão, cuja substância será o conteúdo da aprendizagem.

Apontam-se, vulgarmente, dois instrumentos básicos para suporte da colabora- ção, em qualquer dos regimes de ensino (presencial e a distância): o(s) instrumen- to(s) de planificação e a grelha do curso que engloba mapa(s) conceptual(ais). Estes dois instrumentos poderão juntar-se e completar-se constituindo um conjunto mais amplo que integra as metodologias e os processos avaliativos, organizando- -se num ‘contrato de aprendizagem’, a negociar com os estudantes. Um outro ins- trumento será utilizado, apenas, no regime de ensino a distância, em especial nas comunidades virtuais, e corresponde aos editores para o trabalho em rede (network).

Perante a intenção da aprendizagem colaborativa aumenta a possibilidade de escolha do contexto virtual (enriquecido com cenários, personagens e objectos). Em mundos virtuais, as pessoas estão inseridas no mesmo contexto e são convidadas a partilhar o ambiente, o que facilita o diálogo. Estes mundos virtuais assentam na uti- lização das ferramentas previstas pela Internet, com a aplicação de sistemas de redes.

Merecem particular destaque os ‘editores de textos colectivos’ e os ‘fora’ como poten-

ciadores de actividades colectivas. Na construção dos textos colectivos releva-se a polifonia que se caracteriza pela multiplicidade de vozes presentes no processo de comunicação verbal (Bakhtin, 2000)6. É precisamente em contextos virtuais de aprendizagem que se constituem e desenvolvem as ‘comunidades de aprendiza- gem’ que se submetem a uma das metodologias que envolve uma significativa estra- tégia de ensino-aprendizagem e que se configura na ‘aprendizagem colaborativa’.