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Reflexões do papel de Líder numa CoP, o caso prático da Comunidade @rcaComum

Reflexão em torno da cultura da internet e das novas formas de comunicação

4. Reflexões do papel de Líder numa CoP, o caso prático da Comunidade @rcaComum

Ao analisarmos as interacções dos membros de uma comunidade, seja esta física ou virtual, somos capazes de percepcionar diferentes papéis dos próprios indivíduos. É natural percebermos quem se manifesta num maior número de vezes, quem é mais participativo, mais empenhado, mais colaborativo, enfim, poderíamos enumerar muitas outras características que fazem sobressair alguns membros da comunidade em relação a outros. Todavia, não quer dizer que exista um único indivíduo que possua todas estas características. Por vezes, existem vários indivíduos, cada qual com as suas especificidades, que se tornam mais dinâ- micos em relação a outros. Quando assim é, estamos perante uma liderança que pode ser repartida, segundo os interesses de cada um.

Consideramos que o papel de líder numa comunidade virtual condiciona a sua própria dinâmica e durabilidade, pelo que esta liderança repartida poderia ajudar a fortalecer as relações entre os membros da CoP e promover as interacções. Neste sentido a afirmação de Wenger completa o nosso raciocínio ao enunciar que, as “communities of practice depend on internal leadership, and enabling the leaders to play their role is a way to help the community develop. The role of ‘community coordinator’ who takes care of the day-to-day work is crucial, but a community needs multiple forms of leadership: thought leaders, networkers, people who document the practice, pioneers, etc. These forms of leadership may be concen-

trated on one or two members or widely distributed, and this will change over time” (Wenger, 2000:231).

É provável que em alguns casos a liderança seja assumida ou se venha a mani- festar por um único individuo. Esta situação pode revelar-se não porque os outros membros não sejam capazes de a assumir, mas porque as condições podem não estar efectivamente criadas para eles se revelarem ou serem designados como líde- res. Como nos é referido por Sanz, “el moderador es una pieza clave a la hora de garantizar el funcionamiento de las Comunidades de Práctica (CP), sobre todo en el caso de las CP virtuales. Su misión es promover la participación y gestionar los contenidos intercambiados entre los miembros de la CP, identificar los conteni- dos relevantes y almacenarlos de manera adecuada para facilitar su recuperación” (Sanz, 2005:26).

No caso da Comunidade @rcaComum existem diversos níveis de participação, não sendo ainda possível apresentar os dados quantitativos ou qualitativos que sustentem esta teoria. É possível, neste momento, identificar alguns dos indiví- duos como sendo mais participativos, promotores de diálogo e cooperação. É per- ceptível a área em que melhor se desenvolvem e procuram estabelecer as interac- ções, determinando, como referimos anteriormente, líderes específicos de acordo com os seus interesses.

Todavia, o papel que consideramos ser de um líder está por atribuir ou se for o caso emergir entre os seus membros. É de notar que o investigador assume o papel de investigador-participante, pelo que tem adoptado o papel de moderador da comunidade, de forma a constituir, promover e manter a comunidade. Por vezes, alguns indivíduos tendem a confundir este papel com o de líder, mas a intenção é dar lugar a novos líderes, dado que o papel de moderador cabe ao investigador-participante. Idealizamos como o verdadeiro líder ou líderes, aquele indivíduo que “tiene conocimiento y pasión por el tema de la Comunidad de Práctica a la que pertenece. Debe ser un miembro respetado por el resto de los integrantes del grupo pero, generalmente, no es el experto líder en su campo. Es importante que no se confundan los papeles, porque si el moderador es el líder puede provocar limitaciones en el número de intervenciones de los miembros del grupo. Así mismo, el moderador debe disponer de libertad para poder gestionar bien las intervenciones, distinguir las aportaciones interesantes, guardar los documentos adjuntos que se vayan presentando, realizar resúmenes periódicos, etc.” (Sanz, 2005:28).

A liderança está cada vez mais presente em diversos contextos da nossa socie- dade e consideramos que esta temática assume cada vez mais importância nas Comunidades de Prática virtuais, e determinam de certa forma o seu ciclo de vida. A nossa preocupação reside essencialmente em contribuir, numa CoP, para que

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diversos papéis sejam assumidos ou designados, promovendo reflexões e interac- ções entre quem procura atingir um objectivo comum. Nesta comunidade em par- ticular, a @rcaComum, sendo que o período da recolha de dados está a ser efec- tuada durante este ano lectivo, todavia nos encontramos na fase de trabalho empí- rico, pelo que se torna difícil sustentar uma teoria. Esperamos com este estudo contribuir na construção de um paradigma que permita projectar novas formas de liderar e actuar em Comunidades de Prática no ciberespaço.

5. Conclusão

A apresentação deste texto nas Jornadas Online resulta da necessidade de rea- firmar a nossa capacidade de interagir em contextos virtuais e talvez responder às nossas inquietações como investigadores em contextos semelhantes. Não deixa de ser curioso a forma da apresentação dos artigos e a própria dinâmica em que irá decorrer as jornadas. De certa forma, assemelha-se a tudo o que foi reflectido neste texto sobre as tecnologias, a sociedade em rede, a Internet, as Comunidades de Prática, as interacções e a liderança em contextos virtuais.

Acreditamos que cada um destes pontos que foram focalizados fazem parte da estrutura fundamental do nosso projecto @rcaComum e tencionamos dar lugar à construção conjunta de novas reflexões, que nos permitam melhorar a nossa actuação numa CoP online.

Sendo que este projecto se encontra em desenvolvimento, está em curso a aná- lise de conteúdo das interacções e a análise de dados retirados do tracking da pla-

taforma, recorrendo a software especializado. Prevemos que os resultados finais desta investigação sejam apresentados em finais de 2008, então, partilhados com a comunidade educativa e de investigadores.

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