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O que Determina a Demanda por Bens e Serviços?

No documento Mankiw - 8 edição portugues (páginas 119-122)

Vimos o que determina o nível de produção e como a renda da produção é distribuída entre trabalhadores e proprietários de capital. Em seguida, continuaremos nosso passeio pelo diagrama do fluxo circular, Figura 3-1, e examinaremos como é utilizado aquilo que resulta da produção.

No Capítulo 2, identificamos os quatro componentes do PIB: Consumo (C)

Investimento (I)

Compras do governo (G) Exportações líquidas (NX).

O diagrama do fluxo circular contém apenas os três primeiros componentes. Por enquanto, para simplificar a análise, vamos partir do pressuposto de que nossa economia é uma economia fechada: um país que não realiza transações comerciais com outros países. Consequentemente, as exportações líquidas são sempre iguais a zero. (Examinaremos a macroeconomia das economias abertas no Capítulo 6.)

Uma economia fechada tem três usos para os bens e serviços que produz. Esses três componentes do PIB são expressos na identidade das contas nacionais:

Y = C + I + G.

As famílias consomem uma parcela do total da produção da economia; as empresas e as famílias utilizam uma parcela da produção para fins de investimento; e o governo compra uma parte da produção para finalidades públicas. Queremos ver como o PIB é distribuído entre esses três usos.

Consumo

Quando ingerimos um alimento, vestimos roupas ou vamos a um cinema, estamos consumindo uma parcela da produção total da economia. Todas as formas de consumo, em conjunto, constituem aproximadamente dois terços do PIB. Como o consumo é muito grande, os macroeconomistas dedicaram muita energia ao estudo das decisões de consumo pelas famílias. O Capítulo 16 examina detalhadamente esse tópico. Neste capítulo, vamos considerar a história mais simples do comportamento do consumidor.

impostos ao governo e decidem quanto consumir e quanto poupar da renda remanescente após o pagamento desses impostos. Como discutimos na Seção 3-2, a renda que as famílias recebem é igual ao produto da economia Y. O governo, então, tributa as famílias em um montante T. (Embora o governo imponha muitos tipos de impostos, como o imposto de renda de pessoa física e de pessoa jurídica e o imposto sobre circulação de mercadorias, para os nossos propósitos vamos agregá-los em um único lote.) Definimos a renda remanescente após o pagamento de todos os impostos, Y – T, como renda disponível. As famílias dividem sua renda disponível entre consumo e poupança.

Partimos do pressuposto de que o nível de consumo depende diretamente do nível de renda disponível. Um maior patamar de renda disponível leva a maior consumo. Sendo assim,

C = C(Y – T).

Essa equação afirma que o consumo é uma função da renda disponível. A relação entre consumo e renda disponível é chamada de função consumo.

A propensão marginal a consumir (PMgC) é o montante em que o consumo se modifica quando a renda disponível aumenta em uma unidade de moeda corrente. A PMgC fica entre zero e 1: uma unidade adicional de moeda em termos de renda faz aumentar o consumo, porém em um montante inferior a uma unidade de moeda. Sendo assim, se as famílias obtêm uma unidade adicional de moeda a título de renda, elas poupam uma parcela dessa unidade de moeda. Por exemplo, se a PMgC é igual a 0,7, as famílias gastam, com bens de consumo e serviços, 70 centavos de cada unidade adicional de moeda de sua renda disponível e poupam 30 centavos.

A Figura 3-6 ilustra a função consumo. A inclinação da função consumo nos informa em quanto o consumo aumenta quando a renda disponível aumenta em uma unidade de moeda. Ou seja, a inclinação da função consumo é a PMgC.

Investimento

Tanto as empresas quanto as famílias adquirem bens de investimento. As empresas adquirem bens de investimento com o objetivo de fazer aumentar seu estoque de capital e de substituir o capital existente, à medida que este vai se deteriorando. As famílias adquirem novas moradias, que também fazem parte do investimento. Nos Estados Unidos, o investimento total alcança a média de 15% do PIB.

A quantidade demandada de bens de investimento depende da taxa de juros, que mede o custo dos recursos utilizados para financiar o investimento. Para que um projeto de investimento seja lucrativo, seu retorno (a receita decorrente da maior produção futura de bens e serviços) deve superar o custo (os pagamentos pelos recursos financeiros tomados a título de empréstimo). Se a taxa

Suponhamos, por exemplo, que uma empresa esteja ponderando se deve ou não construir uma fábrica no valor de US$1 milhão que proporcionaria um retorno de US$100.000,00 por ano, ou 10%. A empresa compara esse retorno com o custo de tomar emprestado US$1 milhão. Se a taxa de juros estiver abaixo de 10%, a empresa toma emprestado o dinheiro nos mercados financeiros e faz o investimento. Se a taxa de juros estiver acima de 10%, a empresa desiste da oportunidade de investimento e não constrói a fábrica.

FIGURA 3-6

A Função Consumo A função consumo estabelece uma relação entre o consumo C e a renda disponível Y – T. A propensão marginal a consumir, PMgC, corresponde ao aumento do consumo quando a renda disponível aumenta em uma unidade de moeda corrente.

A empresa toma a mesma decisão em termos de investimento, até mesmo quando não precisa tomar emprestado US$1 milhão, podendo, em vez disso, empregar recursos próprios. A empresa pode sempre depositar esse dinheiro em um banco, ou em um fundo de investimentos do mercado financeiro, auferindo juros sobre esse dinheiro. Construir a fábrica será mais lucrativo do que a aplicação financeira se, e somente se, a taxa de juros for inferior aos 10% de retorno decorrentes da construção da fábrica.

Uma pessoa que deseje adquirir uma nova moradia enfrenta uma decisão semelhante. Quanto mais alta for a taxa de juros, maior o custo do financiamento de um imóvel. Um financiamento de US$100.000,00 para compra de um imóvel custa US$6.000,00 por ano, se a taxa de juros for de 6%, e US$8.000,00 por ano, se a taxa de juros for de 8%. Quando a taxa de juros aumenta, o custo de ser o proprietário de um imóvel aumenta, e a demanda por novos imóveis diminui.

Ao estudar o papel da taxa de juros na economia, os economistas distinguem taxa de juros nominal de taxa de juros real. Essa distinção é relevante quando o nível geral de preços está mudando. A taxa de juros nominal é a taxa de juros tal como geralmente expressa: é a taxa de juros

que os investidores pagam para tomar dinheiro emprestado. A taxa de juros real é a taxa de juros nominal corrigida pela inflação. Se a taxa de juros nominal é de 8% e a taxa de inflação é de 3%, a taxa de juros real é de 5%. No Capítulo 5 discutiremos em detalhes a relação entre taxa de juros nominal e taxa de juros real. Neste capítulo, basta observar que a taxa de juros real mede o verdadeiro custo de tomar dinheiro emprestado, e, assim, determina o montante do investimento.

Podemos sintetizar essa discussão com uma equação que relaciona o investimento, I, à taxa de juros real, r:

I = I(r).

A Figura 3-7 mostra essa função investimento. Tal função é descendente, uma vez que, à medida que a taxa de juros aumenta, a quantidade demandada de investimentos diminui.

No documento Mankiw - 8 edição portugues (páginas 119-122)