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O que os Macroeconomistas Estudam

No documento Mankiw - 8 edição portugues (páginas 46-48)

Por que alguns países apresentaram rápido crescimento da renda ao longo do século passado, enquanto outros permanecem estagnados na pobreza? Por que alguns países têm altas taxas de inflação, enquanto outros conseguem manter preços estáveis? Por que todos os países passam por recessões e depressões — períodos recorrentes de queda na renda e aumento do desemprego — e de que modo as políticas governamentais podem reduzir a frequência e a gravidade desses episódios? A macroeconomia, o estudo da economia como um conjunto, tenta responder a essas perguntas, e a

Todos os dias, é possível que você veja manchetes como: RENDA VOLTA A CRESCER, BANCO CENTRAL INTERVÉM PARA COMBATER A INFLAÇÃO, ou AÇÕES CAEM POR MEDO DE RECESSÃO. Esses eventos macroeconômicos podem parecer abstratos, mas afetam a vida de todos nós. Executivos de empresas que estejam realizando previsões de demanda para seus produtos precisam avaliar com que rapidez a renda dos consumidores crescerá. Cidadãos idosos, que sobrevivem com uma renda fixa, especulam sobre a rapidez de aumento dos preços. Recém- graduados em faculdades em busca de empregos esperam que a economia se aqueça e que as empresas contratem novos profissionais.

Uma vez que a economia afeta todas as pessoas, as questões macroeconômicas desempenham um papel fundamental nos debates políticos nacionais. Os eleitores estão atentos ao desempenho econômico e sabem que as políticas governamentais podem afetá-los consideravelmente. Resultado: a popularidade do presidente em exercício geralmente aumenta quando a economia apresenta um bom desempenho e diminui quando este é precário.

Questões macroeconômicas também são fundamentais para a política mundial; e os noticiários internacionais estão repletos de questões macroeconômicas. Terá sido mesmo uma boa opção, para grande parte da Europa, adotar uma moeda comum? A China deve manter uma taxa de câmbio fixa em relação ao dólar norte-americano? Qual o motivo do enorme déficit comercial dos Estados Unidos? O que os países mais pobres podem fazer para elevar seus padrões de vida? Nas ocasiões em que os líderes das grandes potências mundiais se reúnem esses tópicos geralmente ocupam lugar de destaque em suas agendas.

Embora a tarefa de formular políticas econômicas caiba aos líderes das grandes potências mundiais, cabe aos macroeconomistas a tarefa de explicar o funcionamento da economia como um todo. Com essa finalidade, os macroeconomistas coletam dados sobre renda, preços, desemprego e muitas outras variáveis, originários de diferentes períodos de tempo e diferentes países. Depois disso, eles tentam formular teorias gerais com o objetivo de explicar esses dados. Como os astrônomos, que estudam a evolução das estrelas, ou os biólogos, que estudam a evolução das espécies, os macroeconomistas não podem conduzir experimentos controlados dentro do laboratório. Ao contrário, precisam fazer uso dos dados que a história lhes fornece. Os macroeconomistas observam que as economias diferem de país para país e que mudam ao longo do tempo. Essas observações proporcionam tanto a motivação para desenvolver teorias macroeconômicas quanto os dados para testá-las.

Com certeza, a macroeconomia é uma ciência recente e imperfeita. A capacidade dos macroeconomistas de prever o curso futuro de eventos econômicos não é maior do que a capacidade dos meteorologistas de realizar previsões do tempo para o mês seguinte. Entretanto, como você vai ver, os macroeconomistas conhecem bem o funcionamento das economias. Esse conhecimento é útil tanto para explicar eventos econômicos quanto para formular políticas econômicas.

Cada época tem seu quinhão de problemas econômicos específicos. Na década de 1970, os presidentes norte-americanos Richard Nixon, Gerald Ford e Jimmy Carter lutaram, todos em vão, contra a crescente taxa de inflação. Na década de 1980, a inflação acabou cedendo, e os presidentes Ronald Reagan e George Bush governaram sob o jugo de enormes déficits orçamentários federais. Na década de 1990, com o presidente Clinton ocupando o Salão Oval, a economia e o mercado de ações desfrutaram de um extraordinário surto de crescimento, e o orçamento federal passou de deficitário a superavitário. No entanto, quando Clinton terminou seu mandato, o mercado de ações começou a recuar, e a economia rumou para uma recessão. Em 2001, o presidente George W. Bush reduziu os impostos no intuito de ajudar a dar um fim à recessão, mas essa redução contribuiu também para o ressurgimento de déficits orçamentários.

O presidente Barack Obama assumiu a Casa Branca em 2009, durante um período de intensa turbulência econômica. A economia estava se reerguendo lentamente de uma crise financeira, ocasionada pela queda significativa nos preços dos imóveis, pelo aumento vertiginoso da inadimplência no crédito imobiliário e pela falência, ou quase falência, de diversas instituições financeiras. Ao se espalhar, a crise financeira fez ressurgir o espectro da Grande Depressão da década de 1930, momento em que, em seu pior ano, um em cada quatro cidadãos norte-americanos que desejavam trabalhar não conseguia encontrar um emprego. Em 2008 e 2009, autoridades do Tesouro e do Federal Reserve (o Banco Central dos Estados Unidos), bem como de outros setores do governo, estavam tomando medidas vigorosas para evitar a recorrência daquelas mesmas consequências. E, embora tenham tido sucesso – o pico da taxa de desemprego foi de 10,1% –, a queda na atividade econômica foi grave, a recuperação subsequente dolorosamente lenta e as políticas adotadas deixaram como legado uma dívida governamental ainda maior.

A história da macroeconomia não é um relato simples, mas proporciona uma valiosa motivação para a teoria macroeconômica. Embora os princípios básicos da macroeconomia não mudem de uma década para outra, o macroeconomista precisa aplicá-los com flexibilidade e criatividade para se adequar às mudanças nas circunstâncias ao longo do tempo.

No documento Mankiw - 8 edição portugues (páginas 46-48)