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3 O JORNALISMO PARTICIPATIVO E A QUESTÃO DA

5.3 O rádio em Blumenau

Em Blumenau o pioneirismo49

do rádio conflita com a velocidade com que este meio se transformou nos grandes centros do país durante a década de 1950, após o surgimento da televisão. “Ao contrário do que ocorreu nos grandes centros do Brasil, onde os anos dourados do rádio se situam entre as décadas de 30 e 60, em Blumenau a época áurea do meio foram os anos 60 e 70” (REIS; MARTINS, 2005, p.151). Apesar desse reflexo tardio, com a chegada da TV Coligadas em 1969 os maiores anunciantes do antigo veículo foram atraídos pelo novo e o rádio trocou o horário nobre noturno pelas manhãs e tardes. (CRUZ, 1996, p.27)

Mas o pioneirismo do rádio em Blumenau influenciou também no desenvolvimento social e cultural, além do econômico. Neste sentido, fez com que a população local entrasse em contato com acontecimentos e ideias de outras regiões do país gerando uma integração maior de informações e estabelecendo um apoio às causas comunitárias, mobilização da sociedade e órgãos públicos. (REIS; PETTERS, 2006)

Blumenau hoje abriga 13 emissoras de rádio50, sendo 11 comerciais, 1 educativa e 1 comunitária: Rádio Blumenau Arca da

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Em Blumenau foi implantada a primeira emissora de rádio de Santa Catarina: a Rádio Clube de Blumenau, em 1935.

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De acordo com dados cruzados entre o site da Anatel – Agência Nacional de Telecomunicações (2012), e o site da Acaert – Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão (2012), as emissoras são as seguintes: Nome fantasia: Rádio Blumenau Arca da Aliança AM. Razão Social: Empresa Blumenauense de Comunicação Ltda. Sede dos estúdios: Rua XV de Novembro, 550. Freqüência: 1260 khz. Prefixo: ZYJ740. Formato de programação: Generalista/Místico-Religioso; Nome fantasia: Rádio CBN Vale do Itajaí AM. Razão Social: Rede Fronteira de Comunicação Ltda. Sede dos estúdios: Rua Ângelo Dias, 207. Freqüência: 820 khz. Prefixo: ZYJ738. Formato de programação: Informativo/ Talk and News; Nome fantasia: Rádio Clube AM. Razão Social: Rádio Clube de Blumenau Ltda. Sede dos estúdios: Rua Buenos Aires, 145. Freqüência: 1330 khz. Prefixo: ZYJ739. Formato de programação: Generalista; Nome fantasia: Rádio Itaberá AM. Razão Social: Rádio Itaberá Ltda. Sede dos estúdios: Rua XV de Novembro, 600. Freqüência: 1160 khz. Prefixo: ZYJ741. Formato de programação: Generalista; Nome fantasia: Rádio Nereu AM. Razão Social: Rádio Nereu Ramos Ltda. Sede dos estúdios: Rua Buenos Aires, 145. Freqüência: 760 khz. Prefixo: ZYJ742. Formato de programação: Informativo/ Talk and News; Nome fantasia: Rádio

Aliança AM, CBN Vale do Itajaí AM, Clube AM, Itaberá AM, Nereu Ramos AM, Antena 1 FM, Atlântida FM, Band FM, Comunitária Fortaleza FM, Furb FM, Guararema FM, Menina FM, 90 FM.

Durante o desastre de novembro de 2008, as emissoras de rádio de Blumenau que realizaram cobertura ao vivo do evento foram: Furb FM; Nereu Ramos AM (integrada à Rádio Clube de Blumenau AM); Blumenau AM; Itaberá AM; Atlântida FM. Considera-se aqui como cobertura ao vivo, a substituição da programação normal pela transmissão das ocorrências da catástrofe. De qualquer forma, a grande maioria das rádios noticiou o desastre durante vários momentos, assim que cada uma teve restabelecido o abastecimento de energia elétrica em seus estúdios e transmissores. Conforme já relatado, a emissora que ficou por mais tempo no ar cobrindo a tragédia foi a Furb FM, embora na maior parte das transmissões os serviços realizados basearam-se na Antena 1 FM. Razão Social: Fundação Luterana de Comunicação. Sede dos estúdios: Rua Amazonas, 131. Freqüência: 96,5 Mhz. Prefixo: ZYD727. Formato de programação: Musical Adulto; Nome fantasia: Rádio Atlântida FM. Razão Social: Rádio Atlântida FM de Blumenau Ltda.Sede dos estúdios: Rua Presidente Getúlio Vargas, 32. Freqüência: 102,7 Mhz. Prefixo: ZYD718. Formato de programação: Musical Jovem; Nome fantasia: Rádio Band FM. Razão Social: Rede Fronteira de Comunicação Ltda. Sede dos estúdios: Rua Ângelo Dias, 207. Freqüência: 95,9 Mhz. Prefixo: ZYD734. Formato de programação: Musical popular; Nome de fantasia: Rádio Comunitária Fortaleza FM – Adenilson Teles. Razão social: Associação de Difusão Comunitária Fortaleza. Sede dos estúdios: Rua Leonor Virmond Leitão, 49. Freqüência: 98,3 MHz. Formato de programação: Comunitário; Nome fantasia: Rádio Furb FM. Razão Social: Fundação Universidade Regional de Blumenau. Sede dos estúdios: Rua Antônio da Veiga, 140. Freqüência: 107,1 Mhz. Prefixo: ZYM559. Formato de programação: Educativo-Cultural; Nome fantasia: Rádio Guararema FM. Razão Social: Sociedade Econômica de Comunicação Ltda. Sede dos estúdios: Rua Alameda Rio Branco, 14. Freqüência: 103,5 Mhz. Prefixo: ZYM558. Formato de programação: Musical popular; Nome fantasia: Rádio Menina FM. Razão Social: Rádio Menina Tropical FM Ltda. Sede dos estúdios: Rua 7 de Setembro, 473. Freqüência: 97,5 Mhz. Prefixo: ZYD719. Formato de programação: Musical popular; Nome fantasia: Rádio 90 FM Lite Hits. Razão Social: Studio Radiodifusão Ltda. Sede dos estúdios: Rua Buenos Aires, 145. Freqüência: 90,5 Mhz. Prefixo: ZYD753. Formato de programação: Musical Adulto.

reprodução ao vivo da cobertura da emissora Furb TV, canal educativo de televisão vinculado à emissora de rádio, ambas de propriedade da Universidade Regional de Blumenau (Furb).

O rádio em Blumenau detém um histórico de coberturas a catástrofes naturais, especialmente nas enchentes de 1983 e 1984, além da trágica enxurrada de 1990 que atingiu o sul do município.

Já em 1957, quando ocorreram quatro enchentes em Blumenau, a Rádio Clube de Blumenau tomou a si a tarefa de informar o público sobre o nível e a previsão do nível do rio. Ainda no mesmo ano “os radialistas criaram a AIRVI – Associação de Imprensa e Rádio do Vale do Itajaí, com a finalidade de pressionar o poder público a tomar atitudes em relação às enchentes”. (FRANK, 2003, p.31-32)

Parte das emissoras de Blumenau já possuía o hábito diário de unir a programação de conteúdo jornalístico com a prestação de serviços e a participação da comunidade. Para algumas delas, o desafio de concentrar o seu know-how nessas atividades durante os obscuros dias de novembro daquele ano transformou-se em algo muito maior do que uma simples prova de capacidade técnica ou profissional.

A própria história da região do Vale do Itajaí, marcada pelos fenômenos climáticos, chegou a auxiliar na formação prática dos profissionais do rádio, que ao longo de suas trajetórias já detinham o conhecimento sobre os principais procedimentos e operações a realizar durante uma cheia no rio Itajaí-Açu. Como em uma transmissão habitual de conhecimentos, profissionais mais antigos repassavam aos mais jovens métodos e técnicas de como realizar a cobertura das inundações em todas as suas etapas. Desta forma, havia uma certa previsibilidade nos acontecimentos, conforme a chuva insistisse ao longo dos dias e o nível do rio gradualmente atendesse às previsões. A distribuição dos repórteres por regiões mais problemáticas ou o momento de decisão em derrubar a programação normal da emissora faziam parte muito mais de noções intuitivas das equipes do que necessariamente uma avaliação em profundidade sobre a situação. Isto fez com que cada profissional ou equipe soubesse dosar os tempos para cada unidade de transmissão, tudo baseado no ritmo da elevação do nível do rio.

Mas ao se deparar com o inusitado fenômeno de 2008, todo o conhecimento acumulado dos profissionais entrou em conflito com os inesperados deslizamentos de terra pela cidade. Até então, as equipes faziam o que sabiam de melhor: cobrir a elevação do nível do rio. A partir dos primeiros registros de soterramento de pessoas em regiões diversas do município, uma nova ordem teve de ser implantada na cobertura: a concentração das atenções a um momento crítico específico,

onde não havia respostas nem de profissionais de imprensa, nem de técnicos experientes da defesa civil ou de militares, mas somente o relato imediato de testemunhas ‘civis’: cidadãos que presenciavam o fato e não conseguiam as respostas nos veículos de comunicação. A principal base de informação possível naqueles momentos era o relato do próprio público.