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Em virtude do propósito dessa pesquisa convém traçar algumas considerações acerca das concepções teóricas que a embasam no que se refere ao fazer pesquisa e ao lugar do pesquisador.

O desenho metodológico adotado é de natureza qualitativa. A opção por essa abordagem baseia-se no interesse em compreender a complexidade de um fenômeno que decididamente não se limita a dados estatísticos.

Entende-se também que, para apreender as concepções e práticas dos profissionais que atuam na Educação Infantil diante da violência doméstica contra a criança, faz-se necessário tal abordagem, compreendendo a pesquisa qualitativa como sendo aquela capaz de "incorporar a questão do significado e da intencionalidade como inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais, estas últimas tomadas tanto no seu advento quanto na sua transformação como construção humana significativa” (MINAYO, 1999, p.42).

A presente pesquisa foi desenvolvida numa perspectiva de totalidade, com vistas a apreender as contradições inerentes à realidade social. Em virtude disso, nos apoiamos no método materialista histórico-dialético que, a nosso ver, possibilita clarificar, iluminar e fundamentar a realidade a ser investigada numa dimensão de concreticidade. Nesse sentido compreende-se a totalidade como:

[...] realidade como um todo estruturado, dialético, no qual ou do qual um fato qualquer (classe de fatos, conjunto de fatos) pode vir a ser racionalmente compreendido. Acumular todos os fatos não significa ainda conhecer a realidade; e todos os fatos (reunidos em seu conjunto) não constituem, ainda, a totalidade. Os fatos são conhecimentos da realidade se são compreendidos como fatos de um todo dialético – isto é, se não são átomos imutáveis, indivisíveis e indemonstráveis, de cuja reunião a realidade saia constituída – se são entendidos como partes estruturais do todo. [...] Sem a compreensão de que a realidade é totalidade concreta – que se transforma em estrutura significativa para cada fato ou conjunto de fatos – o conhecimento da realidade concreta não passa de mística, ou a coisa incognoscível em si (KOSIK, 1976, p. 44).

Nesta perspectiva, o processo de pesquisa necessita essencialmente que o pesquisador, a partir da sua investigação científica construa a capacidade de decifrar a realidade, a partir da leitura de situações “comuns” numa dimensão histórica e coletiva e de totalidade.

A busca da apreensão da totalidade tenta compreender as contradições existentes na sociedade, vendo-as articuladas e movendo o mundo. O mundo é um processo permanente de mudança, contradições, lutas, vir-a-ser permanente. Neste sentido, tais contradições trazem rebatimentos também no processo de construção do conhecimento, especificamente, no objeto investigado.

Desse modo

Pesquisar é procurar, indagar, questionar o mundo, principalmente aquele que está ao nosso redor. Assim, o primeiro passo da atividade do cientista social, enquanto tal consiste em dirigir à realidade um olhar crítico, inquisidor, de modo a “desnaturalizar” os fatos sociais. (GONDIM, 1999, p. 27).

É certo que a escolha de um referencial teórico e metodológico parte do pressuposto de que as nossas escolhas teóricas não se justificam nelas mesmas. Antes, por trás dos embates teóricos que se travam na academia, existe uma disputa mais fundamental que diz respeito ao papel da teoria no modo como os seres humanos produzem sua existência (FRIGOTTO, 1989).

Assim sendo, qualquer que seja a metodologia escolhida para fins investigativos, esta partirá necessariamente de uma postura epistemológica, que possui uma concepção de ciência e de mundo.

A dialética materialista é, portanto, além de uma concepção ontológica de mundo, também um método, cuja característica central é a apreensão radical da realidade. Contudo, para além dessas duas instâncias, é também práxis, ou seja, síntese teórico-prática na busca da transformação, também radical, da estrutura social historicamente construída. Assim, a escolha por tal método exige do pesquisador compromisso com a transformação do mundo,

inquietação diante do instituído e do status quo. Deste modo, nossa escolha por este método se deu porque, do nosso ponto de vista, o mundo está em constante transformação e os homens são os sujeitos desta história, pois “os homens fazem história, mesmo se sob determinadas circunstâncias” (MARX, 2006, p.12)

Neste sentido, reconhecendo a importância da Educação Infantil no enfrentamento à violência doméstica contra a criança, optamos por desenvolver uma pesquisa-ação, onde pesquisador e participantes interagem buscando a transformação da realidade. A transformação da realidade não é tarefa fácil. As condições objetivas acabam envolvendo os profissionais de tal maneira que lhes sobra pouco tempo para refletir sobre seu papel de agente transformador. Não se trata de pesquisa-a-ser-seguida-por-ação, ou pesquisa- em-ação, mas pesquisa-como-ação. Trata-se de uma pesquisa-ação, que difere da pesquisa sobre a ação ou para a ação (BARBIER, 2004).

A pesquisa-ação é definida como uma pesquisa com base empírica, “realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo” (THIOLLENT, 1985, p.14).

Essa escolha aproxima-se da metodologia da investigação-ação na qual o pesquisador intervém de forma intencional e “os participantes não se situam como pessoas a serem pesquisadas, mas colaboradores em ação que desempenham um papel ativo no processo e na ação investigativa” (TRIPP, 2005, p.443). Pretende-se, dessa forma, operar com a lógica da intervenção numa dada realidade, em seu cotidiano, visto que esta pesquisa é ao mesmo tempo um processo de investigação e de atuação profissional.

Diante disto, cabe esclarecer que se entende a pesquisa-ação como

[...] uma forma de investigação-ação que utiliza técnicas de pesquisa consagradas para informar a ação que se decide tomar para melhorar a prática [...] embora a pesquisa-ação tenda a ser pragmática, ela se distingue claramente da prática e, embora seja pesquisa, também se distingue claramente da pesquisa científica tradicional, principalmente porque a

pesquisa-ação ao mesmo tempo altera o que está sendo pesquisado e é limitada pelo contexto e pela ética da prática. A questão é que a pesquisa-ação requer ação tanto nas áreas da prática quanto da pesquisa, de modo que, em maior ou menor medida, terá características tanto da prática rotineira quanto da pesquisa científica (TRIPP, 2005, p.447).

Merece ser feita aqui uma consideração em relação ao processo dessa pesquisa, especificamente em relação aos instrumentos e técnicas escolhidas para a coleta dos dados, a saber, o grupo focal e o diário de campo.

O grupo focal é uma técnica de pesquisa que coleta os dados utilizando-se das interações grupais. Objetiva discutir um tópico especial proposto pelo pesquisador. Como técnica, ocupa uma posição intermediária entre a observação participante e a entrevista (MORGAN, 1997). O grupo focal pode ser considerado uma espécie de entrevista de grupo, embora não no sentido de ser um processo onde se alternem perguntas do pesquisador e respostas dos participantes (LERVOLINO; PERSIONI, 2001). A essência do grupo focal consiste na interação entre os participantes e o pesquisador.

Como subsídio ao debate o pesquisador deverá munir-se de questões- chave que o ajudem no direcionamento dos debates, permitindo aprofundar as discussões no caso dos participantes desviarem o foco (GOMES; BARBOSA, 2000).

De acordo com Neto, Moreira e Sucena (2002) grupo focal é uma técnica de pesquisa na qual o pesquisador reúne, em um mesmo local e durante certo período, uma determinada quantidade de pessoas que fazem parte do público-alvo de suas investigações, tendo como objetivo coletar, a partir do diálogo e do debate com e entre eles, informações acerca de um tema específico.

No contexto desta pesquisa, configura-se num recurso para apreender as concepções e práticas dos profissionais que atuam na Educação Infantil diante da violência doméstica sofrida pelas crianças que se encontram sob seus cuidados nos CMEI.

A escolha da técnica do grupo focal deu-se por entendermos que, para atingir os objetivos desta pesquisa, o levantamento dos dados através de debates nos traria mais elementos. Por tratar-se de tema complexo e pouco

discutido no âmbito escolar, a participação em pequenos grupos permitiria confrontar e complementar opiniões, enriquecendo a discussão.

Estando-se diante de uma investigação-ação, os participantes tornam- se parceiros no estabelecimento do diálogo, na troca, na construção de sentidos e significados. No decorrer da pesquisa, vão além de apenas dar informações ou conceder o seu espaço de trabalho. Neste caso, a pesquisadora atuou como moderadora do grupo focal, assumindo a posição de facilitadora, mas também de instigadora do processo.

Necessário se faz esclarecer que o pesquisador ao exercer a função de moderador do grupo focal não deverá comportar-se como um mero condutor e animador dos debates. Mesmo que precise desempenhar bem esses papéis, precisará conjugar tais características ao conhecimento dos temas a serem debatidos, dos conceitos e dos objetivos trabalhados na investigação, sob o risco de não conseguir informações mais aprofundadas e pormenorizadas. Suas tarefas básicas serão as de garantir a participação de todos, assegurar- lhes o direito ao sigilo do nome, motivar os debates de forma a fazer com que todos os temas propostos sejam debatidos, evitar que determinado participante constranja os outros e que os ânimos exaltem-se ou esfriem (GOMES; BARBOSA, 2000). Frente a estas considerações, o grupo focal nos pareceu a técnica mais adequada para interagirmos com os profissionais/participantes.

O instrumento escolhido para registrarmos o processo da pesquisa- ação foi o diário de campo. Ele é um instrumento de coleta de dados utilizado para relacionar os eventos observados ou compartilhados e acumular assim os materiais para analisar as práticas, os discursos e as posições dos participantes da pesquisa. O diário permite não somente descrever e analisar os fenômenos estudados, mas também compreender os lugares que serão relacionados pelos observados ao observador e esclarecer a atitude deste nas interações com aqueles (WEBER, 2009).

A partir destas colocações, é preciso tecer alguns esclarecimentos acerca daquilo que um diário normalmente realiza. O diário traz em si a ideia de registro, de apreensão do momento, como se fosse possível capturar o presente. Escreve-se como uma tentativa de preservar as diversas situações, mesmo sabendo que a escrita que preserva os fatos é uma ilusão, pois escrita

alguma é capaz de captar a totalidade, preservar o momento como uma suposta verdade (BLANCHOT, 2005).

Apesar de concordarmos com Blanchot, consideramos também que o diário possibilita colocar em dia as relações que foram nutridas entre o pesquisador e os pesquisados e para objetivar a posição de pesquisador, assim como dúvidas, inquietações, reflexões. Assim, optamos por usar o diário como uma estratégia e um dos instrumentos dessa pesquisa, ciente de seus limites e riscos. Ele deve servir como um instrumento e não como um fim. Esse diário não deve ter a pretensão ilusória de apreender o real em toda sua complexidade e sim registrar memórias, sensações, afetações. O objetivo não é a escrita do diário em si e sim o que se pode produzir a partir dele refletindo acerca do que foi escrito a luz do referencial teórico adotado. Assim, o objetivo é refletir sobre nosso objeto e construir reflexões acerca dele, partindo do conhecimento produzido, que será sempre inacabado, parcial, incompleto, com vistas à objetividade, mesmo sabendo que tal objetividade será crivada de subjetividade.

Nesta pesquisa as diversas fontes de informação, principalmente as falas dos profissionais que atuam na Educação Infantil (expressas durante a realização do grupo focal) e os registros no diário de campo, permitiram uma análise acerca tanto das concepções desses profissionais sobre a violência doméstica contra a criança quanto das suas práticas diante do fenômeno.

Diante do exposto até aqui, no que se refere aos objetivos dessa pesquisa e à discussão metodológica acerca do fazer pesquisa e do lugar do pesquisador, fica claro que se pretende, como estratégia, apreender quais as concepções e práticas dos profissionais que atuam na Educação Infantil diante da violência doméstica contra a criança de zero a cinco anos.

O processo desta pesquisa ocorreu em paralelo ao processo de trabalho da pesquisadora e aconteceu por meio de algumas estratégias que serão descritas a seguir.

4.2 (Re)conhecimento do campo e definições iniciais

Por (re)conhecimento do campo assinala-se a fase inicial da investigação que ocorreu entre julho/2009 e agosto/2010, quando identificou-se a problemática e definiu-se os objetivos da pesquisa.

Ao assumir a função de assessora pedagógica do DEI em julho de 2009, constatei que a temática da violência doméstica contra crianças não se fazia presente nas discussões, nem tampouco no cronograma de formações daquele Departamento.

Este silêncio me intrigava. Sendo a Educação Infantil um espaço privilegiado para a identificação de eventuais casos de violência doméstica contra crianças, porque esta temática não fazia parte do cotidiano do DEI?

Numa primeira aproximação do objeto de estudo, decidimos abordar a questão nas reuniões semanais do DEI, espaço onde as demandas provenientes dos assessoramentos são compartilhadas. Esta abordagem se deu em duas oportunidades, entre os meses de setembro a dezembro de 2009, onde foram apresentados dados, exemplos de situações, etc. A partir do momento que “lançamos tais provocações” começaram a surgir nas falas das assessoras pedagógicas, relatos de casos envolvendo suspeitas de violência doméstica contra crianças. Como supúnhamos e os dados estatísticos apontam, a violência doméstica contra a criança é uma realidade presente nos CMEI. Provavelmente a natureza do trabalho das assessoras, essencialmente pedagógico, não permitia que a temática viesse à tona, visto que há uma compreensão, a nosso ver equivocada, de que a violência é um tema da assistência social e não da educação. À educação cabe preocupar-se com o aprendizado das crianças.

Utilizamos ainda como estratégia de aproximação do objeto, sugerir à Secretária Adjunta de Gestão Pedagógica a realização de uma palestra aos gestores dos CMEI na qual o tema seria abordado de modo que eles pudessem refletir sobre a possibilidade de haver crianças vítimas de violência doméstica entre aquelas atendidas nas creches e pré-escolas dirigidas por eles. Tal proposta não foi aceita de imediato e precisamos de dois encontros

com a Secretária Adjunta, entre os meses de março a junho de 2010 para acertar o detalhamento da palestra, que aconteceu somente em agosto. Nos relatos dos gestores, durante e logo após a palestra, evidenciou-se que a temática estava latente, não aparecia nas falas cotidianas, mas era uma realidade presente no dia-a-dia. Muitos nos procuraram relatando suspeitas de abuso sexual contra as crianças atendidas nos CMEI ou mesmo com situações concretas.

Estas aproximações com o objeto permitiram delinear melhor a problemática em questão. Perguntávamo-nos: os profissionais que atuam na Educação Infantil são capazes de reconhecer os sinais de violência doméstica contra as crianças que estão sob a sua responsabilidade nos CMEI? Em caso de suspeita ou confirmação desse tipo de violência, sabem quais encaminhamentos tomar?

Essas duas abordagens iniciais sobre o tema, (com as assessoras pedagógicas e os gestores) no âmbito da Secretaria Municipal de Educação, mais especificamente no Departamento de Educação Infantil, ajudou-nos na definição dos critérios para a escolha dos participantes da pesquisa. Decidimos que a pesquisa seria realizada nos CMEI onde houvesse relato de casos. Que sentido haveria pesquisar em um local onde não houvesse menção a nenhum caso? Como a pesquisa objetiva analisar concepções e práticas, faz-se necessários que existam situações concretas para que os profissionais possam colocar suas posições diante delas.

Tratando-se de uma pesquisa-ação não faria sentido realizar a abordagem em um espaço onde não houvesse interesse pela temática, desejo de conhecer, vontade de modificar a realidade. Na pesquisa-ação os participantes necessitam estar envolvidos no processo, pensando e refletindo sobre o que estão fazendo (NOVAES, 2009). Assim, estabelecemos como critério importante de envolvimento com o tema e participação na pesquisa que a própria equipe do CMEI nos fizesse um convite para discussão do tema. Consideramos que seria mais fácil pesquisar um grupo que solicitasse nossa presença no CMEI para ajudá-los a lidar com suas dúvidas e angústias envolvendo a temática.

Entre agosto e dezembro de 2010 recebemos três convites: dois CMEI localizados na zona Oeste e um na zona Norte. A partir destes, optamos por realizar a pesquisa de campo em apenas dois CMEI. Um deles, localizado na zona Oeste, já havia realizado uma ação na perspectiva do enfrentamento ao abuso49 e exploração sexual. O outro, localizado na zona Norte, jamais havia realizado uma ação abordando a temática da violência contra a criança.

A escolha deste critério para seleção das instituições não se deu a priori50, mas a partir dos convites efetuados por três CMEI, achamos necessário adotar outro critério para a escolha de somente dois. Deste modo, a escolha por um CMEI que já havia realizado uma ação na perspectiva do enfrentamento à violência doméstica justificou-se como uma tentativa de compreender como profissionais de instituições que possuem experiências diferentes frente ao fenômeno, lidam com esta problemática. Além disso, a escolha de um CMEI que já havia tido contato com a temática51, provavelmente, evitaria a negação do fenômeno pelos participantes da pesquisa, viabilizando tanto a coleta de dados quanto a realização de reflexões alicerçadas na experiência sobre as possibilidades das instituições de Educação Infantil se constituírem enquanto espaços de defesa e proteção da criança.

Objetivando contemplar duas zonas distintas da cidade, o outro CMEI foi selecionado pelo fato de localizar-se na zona Norte.

Vale lembrar que, para a escolha destas duas instituições-alvo da pesquisa de campo levamos em conta o convite que nos foi feito, demonstrando o desejo dos participantes de que a temática fosse abordada nos respectivos CMEI. Em ambos, a concordância foi unânime.

No campo de investigação trabalhamos com um grupo de 31 participantes, no período compreendido entre setembro/2010 e fevereiro/2011, referendados pelos seguintes critérios: 1º) fazer parte da equipe dos Centros

49 O abuso sexual ou violência sexual é uma modalidade de violência doméstica contra a

criança.

50 O primeiro critério para a seleção das instituições, como já assinalamos, foi o convite feito

pela gestão à pesquisadora.

Municipais de Educação Infantil que nos fizeram convite para discutir sobre as situações de violência doméstica envolvendo crianças atendidas nos CMEI. 2º) manifestar o desejo de participar do processo desta pesquisa.

Definidos os critérios de participação, o grupo ficou assim constituído:

Quadro 1: participantes, função, quantidade, local de trabalho

Função Nº de

Participantes

Local de Trabalho CMEI Oeste CMEI Norte

Diretora 02 01 01 Coordenadora 02 01 01 Auxiliar de secretaria 01 - 01 Educador(a) infantil 15 10 05 Auxiliar de sala 04 02 02 Merendeira 03 01 02 Serviços gerais 04 02 02 TOTAL GERAL 31 17 14 Fonte: pesquisadora

Decidimos por preservar a identidade do grupo, fazendo uso de nomes fictícios ao designar seus relatos no corpo da pesquisa, bem como optamos por não usar os nomes das unidades. Os nomes escolhidos foram CMEI Oeste e CMEI Norte.

A escolha pela utilização do grupo focal na coleta dos dados se deu porque neste procedimento as pessoas se sentem mais à vontade, colocando seus pontos de vista com maior naturalidade, uma vez que uns podem escutar os outros, estabelecendo assim um diálogo entre participantes, em

que o facilitador/pesquisador se envolve intensamente, colocando-se como mais uma pessoa no grupo, sem, contudo, sair do seu lugar de pesquisador/observador atento e instigador.

Para contornar possíveis dificuldades no que diz respeito a pouca participação ou mesmo “fuga” do tema proposto no levantamento das informações necessárias e manter as discussões em patamares interessantes para todos, munimo-nos de um sucinto roteiro de debate, a fim de nos auxiliar e nortear-nos durante o desenvolvimento do grupo focal.

Ao todo foram realizados cinco encontros com duração média de duas horas cada: três encontros no CMEI Oeste e dois no CMEI Norte, entre os meses de setembro de 2010 a fevereiro de 2011. Os encontros aconteceram nas reuniões de planejamento coletivo, que ocorrem mensalmente, quando as crianças são liberadas das aulas.

Esperávamos encontrar dificuldade quanto ao número de participantes, visto que alguns profissionais utilizam-se do dia do planejamento coletivo para