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O RESGATE DAS BRINCADEIRAS

APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA

O RESGATE DAS BRINCADEIRAS

Nos últimos anos, a tecnologia avançou consideravelmente, modificando não só a sociedade como um todo, mas também as próprias brincadeiras. Assim surgiu a necessidade de resgatar as brin‐ cadeiras, a partir da representação e a ex‐ pressão de situações que trazem conhecimento da realidade, além de incor‐ porar elementos culturais a esse tipo de desenvolvimento (OLIVEIRA, 2002).

Nesse sentido, a escola deve con‐ siderar a cultura popular como uma das formas de conhecimento para resgatar os valores culturais da própria sociedade em que vivemos. Reconhecer as brincadeiras populares como um conjunto de práticas constituem a base do conhecimento e do prazer. Assim, criar espaços de engaja‐ mento nas relações sociais é importantíssi‐ mo para conceber a cultura popular como um todo (ZILBERMAN, 1990).

As brincadeiras precisam ocupar es‐ paço dentro da prática pedagógica. Pode- se trabalhar jogos, brincadeiras, contação de histórias, dramatização, desenho, entre outas situações de aprendizagem.

A relação entre a cultura popular e as práticas pedagógicas, devem ser orga‐ nizadas a partir do prazer e na utilização de diferentes instrumentos que contem‐ plem as diferentes linguagens, códigos e valores.

De acordo com Ariès (1986), as brincadeiras apresentam uma função so‐ cial no sentido de promover a interação entre os participantes, proporcionando que estes conheçam diferentes culturas, aprendendo a respeitá-las, bem como a sua própria cultura. Por isso, os docentes devem favorecer o exercício deste tipo de função social, contribuindo para a forma‐ ção de diferentes valores e o desenvolvi‐ mento de princípios, valorizando as raízes da nossa cultura.

Assim, temos que: “a brincadeira é o lugar de socialização, da administração da relação com outro, da apropriação da cultura, do exercício da decisão e da in‐ venção” (BROUGÉRE, 1998, p.63). As brin‐ cadeiras, como atividade social, fazem com que na infância, as crianças possam experimentar situações novas que até en‐ tão não faziam parte do seu cotidiano.

Ainda sobre esta questão, Vygotsky, discute que a ludicidade tem por função transmitir conhecimentos relacionados a estrutura social e aos tipos de relações existentes e valorizados por uma determi‐ nada cultura. As brincadeiras fazem com que a criança relacione seus desejos e cri‐ em um “eu” fictício com relação ao seu pa‐ pel nas mesmas (VYGOTSKY, 1989).

Desta forma: “Resgatar a história de jogos tradicionais infantis, como a ex‐ pressão da história e da cultura, pode nos mostrar estilos de vida, maneiras de pen‐ sar, sentir e falar, e sobretudo, maneiras de brincar e interagir. Configurando-se em presença viva de um passado no presen‐ te” (FANTIN, 2000, s/p.).

Ou seja, utilizar determinadas brin‐ cadeiras permite resgatar determinadas tradições, o que compreende o desenvol‐ vimento global da criança, trazendo inclu‐ sive brincadeiras que fizeram parte da infância não só dos docentes, mas tam‐ bém de seus próprios familiares, fazendo com que a criança comece a compreen‐ der a importância de se resgatar essas brincadeiras e da sua transmissão para a continuidade da cultura.

Por isso se faz tão importante esse resgate uma vez que as brincadeiras ser‐ vem de instrumento para a socialização. Vasconcelos incentiva o docente a esco‐ lher suas brincadeiras a partir de signifi‐ cados:

Negar o universo simbólico lúdico, sob o argumento de que esse não é o papel da insti‐ tuição escolar, é negar o trajeto do desenvolvimento humano e

sua inserção cultural. É desviar a função da escola do processo de construção de valores e de um sujeito crítico, autônomo e democrático. É negar, princi‐ palmente, as possibilidades da criatividade humana (VASCON‐ CELOS, 2006, p.72).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que o brincar, nos dias atuais, é baseado principalmente no uso das novas tecnologias e meios de comu‐ nicação, sendo considerados instrumen‐ tos de natureza simbólica e, portanto, potenciais mediadores em relação ao edu‐ cando e a aprendizagem.

Porém, devemos lembrar que as brincadeiras são fundamentais para a construção do conhecimento, bem como para o incentivo as interações sociais. Por isso, é necessário uma revolução da cul‐ tura da escola e um olhar diferenciado pa‐ ra o ato de brincar, ultrapassando o pensamento de que brincar seria apenas um passatempo.

É preciso fazer um paralelo entre as novas brincadeiras e o resgate das brin‐ cadeiras tradicionais, proporcionando in‐ quietações e reflexões no âmbito escolar, a fim de associar as brincadeiras tradicio‐ nais e contemplar aspectos que sejam fun‐ damentais para o desenvolvimento integral da criança. Assim, o resgate das brincadeiras infantis, traz não só conheci‐ mento, mas preserva a cultura de um de‐ terminado povo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Teoria e Técnica. Porto Alegre : Artes Médi‐

cas, 1982.

ARIÈS, Philippe. História Social da Criança

e da Família. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanaba‐

ra, 1986.

BRASIL, Secretaria de Educação Fundamen‐ tal. Referencial Curricular Nacional para

a educação infantil. Volume 3, Brasília:

MEC/SEC, 1998.

BROUGÉRE, Gilles. A criança e a cultura

lúdica. São Paulo, 1998.

FANTIN, Mônica. No mundo da brincadei‐

ra: jogo, brincadeira e cultura na Educa‐ ção Infantil. Florianópolis: Cidade Futura,

2000.

LUCKESI, C.C. (org) Educação, ludicidade e prevenção das neuroses futuras: uma pro‐ posta pedagógica a partir da Biossíntese, in:

Educação e Ludicidade, Coletânea Ludo‐ pedagogia Ensaios 01. GEPEL, Programa

de Pós-Graduação em Educação, FACED/UF‐ BA, 2000, p. 21.

OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação in‐

fantil: fundamentos e métodos. São Pau‐

lo, 2002.

VASCONCELOS, Mario Sérgio. Ousar Brincar. In: ARANTES, Valéria Amorim (org.). Humor

e alegria na educação. São Paulo: Sum‐

mus, 2006.

VYGOTSKY, L.S. O desenvolvimento dos

conceitos científicos na infância. Cap. 6.

Pensamento e linguagem. 2011, p. 93-95. Disponível em: www.jahr.org. Acesso em: 01 nov. 2020.

ZANLUCHI, F.B. O brincar e o criar: as re‐

lações entre atividade lúdica, desenvol‐ vimento da criatividade e Educação.

Londrina: O autor, 2005.

ZILBERMAN, Regina (org.). A produção cul‐

tural para a criança. 4 ed. Porto Alegre:

Mercado Aberto, 1990.

Maria Lúcia da Silva

Licenciada em Pedagogia pela Faculdade de São Paulo (FASP), li‐ cenciada também em Artes visuais pelo Centro Universitário de Ja‐ les (UNIJALES). Professora de Educação Infantil na Prefeitura Municipal de São Paulo.

ARTIGO 15