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A CAMINHO DA ESCOLA PASSANDO PELO PETSHOP

PSICANÁLISE DOS CONTOS

Os Contos de Fadas no Brasil, che‐ garam em meados dos séculos XIX e XX,

a partir de obras nacionais e textos de Monteiro Lobato. Isso foi de suma impor‐ tância para a literatura infantil, uma vez que as crianças puderam passar a ter acesso à cultura. Nos dias atuais, diver‐ sos autores produzem livros infantis, tra‐ zendo uma grande variedade de temas.

Desta forma, os educadores e os pais também, devem criar situações para que as crianças tenham acesso as histó‐ rias, desenvolvendo inclusive a oralidade, pois ouvir não deixa de ser uma das for‐ mas de ler. A contação de histórias é uma condição fundamental para o desenvolvi‐ mento da competência leitora:

A audição é um dos primeiros sentidos a se desenvolver no homem (....) como essa capa‐ cidade de ouvir é, em geral, mais avançada do que suas habilidades de leitura(....) quando se lê para a criança estamos lhe proporcionando informações e estruturas aci‐ ma do seu nível de leitura, estamos tornando-lhe acessí‐ vel o complexo mundo da es‐ crita (AMARILHA, 1997, p.56).

Por outro lado, o universo maravi‐ lhoso dos Contos de Fadas proporcionam as crianças se conhecerem emocional‐ mente. Os contos costumam conduzir ao pensamento crítico, ajudando-os a enfren‐ tar seus próprios medos e desafios.

A contação de histórias, e em es‐ pecial os Contos de Fadas, pode contribuir para que a criança comece a compreen‐ der os significados do mundo, sendo as histórias caracterizadas pela descontra‐ ção, alegria e atenção, podendo ser de‐ senvolvida inclusive a partir da ludicidade:

Para que uma estória real‐ mente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e

despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve estimular-lhe a imagina‐ ção: ajudá-la a desenvolver seu intelecto e a tornar claras suas emoções; estar harmo‐ niza com suas ansiedades e aspirações; reconhecer ple‐ namente suas dificuldades e, ao mesmo tempo, sugerir so‐ luções para os problemas que a perturbam. Resumindo, de‐ ve de uma só vez relacionar- se com todos os aspectos de sua personalidade e isso sem nunca menosprezar a crian‐ ça, buscando dar crédito a seus predicamentos e, simul‐ taneamente, promovendo a confiança nela mesma e no seu futuro (BETTELHEIM, 1996. p.13).

Os educadores que utilizam a con‐ tação de histórias e em especial os Con‐ tos de Fadas, abrem um novo mundo para a criança, principalmente na Educação In‐ fantil, pois apesar delas não serem capa‐ zes ainda de dominar a escrita, elas já são capazes de compreender a linguagem ver‐ bal, as imagens e os gestos. A criança pas‐ sa a se desenvolver através de estímulos exteriores e a contação de histórias pos‐ sibilita esta interação, auxiliando-a a sa‐ ber diferenciar o que é real e o que é imaginação.

Ao contar histórias para as crian‐ ças, o educador não pode perder a essên‐ cia da história, pois, isso contribui para trabalhar a emoção e a imaginação delas. Por isso, a importância desse escolher adequadamente os livros que serão lidos para elas pensando no desenvolvimento e na formação enquanto indivíduo. Ainda, é o momento para as crianças estimula‐ rem a imaginação e serem apresentadas

às mais diversas situações e emoções, o que a que a criança pode ou poderá viven‐ ciar: “pois é ouvir, sentir e enxergar com os olhos do imaginário” (ABRAMOVI‐ CH,1995, p. 22).

Bettelheim (2007) relata que as cri‐ anças precisam compreender o que está acontecendo no seu eu consciente, para que possa também, enfrentar o que se pas‐ sa em seu inconsciente; ao atingir essa compreensão, ela desenvolve a capacida‐ de de enfrentamento, familiarizando-se de‐ vido aos devaneios, reorganizando e fantasiando sobre os elementos e compo‐ nentes dos contos de fadas apropriados, em resposta a pressões inconscientes. As‐ sim, a criança passa a adaptar o seu in‐ consciente às fantasias conscientes, contribuindo para ela consiga lidar consi‐ go mesma.

Deve-se lembrar que apesar do sentido de proteção, um dia, essas mes‐ mas crianças passarão e deverão enfren‐ tar situações difíceis. Nesse caso, os Contos de Fadas funcionam como uma es‐ pécie de antecipação permitindo a elas dominar o medo do mundo cruel que ce‐ do ou tarde elas terão que enfrentar. Ou seja, os Contos de Fadas ajudam a com‐ preender seus conflitos mais íntimos (COR‐ SO e CORSO, 2006).

Esse gênero literário traz a mensa‐ gem de forma variada, como por exem‐ plo, a de que travar na vida uma luta contra as dificuldades é necessário e ine‐ vitável, fazendo parte da natureza huma‐ na, dando coragem para ultrapassar todos os obstáculos (BETTELHEIM, 2007).

Ainda, os Contos de Fada possibili‐ tam o desenvolvimento de um ser mais consciente, para que se possa enfrentar o que se passa no seu inconsciente; a cri‐ ança ao atingir essa maturidade, desen‐ volve uma capacidade de enfrentamento, familiarizando-se com a questão envolvi‐ da ajudando a criança a se adaptar e pos‐ suir fantasias conscientes, contribuindo para que ela saiba lidar consigo mesma (ELIA, 2004).

Assim, de acordo com Corso e Cor‐ so (2006), não existe infância sem uma fantasia. Este é um dos aspectos que re‐ cai em uma das relações mais importan‐ tes entre Contos de Fadas e a constituição do indivíduo psicanalítico: a fantasia é mantida pela ficção, e os Contos de Fadas representam essa ficção a partir de ele‐ mentos clássicos que não mudam jamais, ou seja, envolvem geralmente amor, fa‐ mília e a construção de identidades para aqueles que se inspiram nessas narrati‐ vas. A maneira como cada criança subje‐ tiva o conto, cria um simbolismo fundamental na infância, contribuindo pa‐ ra a passagem para a vida adulta.