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1.4 – O significado de ser um Irmão Terceiro: normas, obrigações e benefícios.

No documento cristianooliveiradesousa (páginas 43-58)

As Ordens Terceiras possuíam diversos instrumentos como manuais devocionais, exposição e comentário das regras ou diretrizes espirituais às quais estavam submetidos, compilação de orações e exercícios devocionais que deveriam ser praticados ao longo do ano, enfim, todo um aparato especialmente preparado pelos religiosos mendicantes e que, sem sombra de dúvida, por si só davam um prestígio diferenciado às Ordens Terceiras e aos

irmãos que pertenciam a essas instituições. Além da Regra de 1289 e das Ordenações publicadas em 1616, analisaremos também aqui o Estatuto geral formulado em 1675 pelo Frei Luis de S. Francisco para a melhor organização das Ordens Terceiras de Portugal.

A regra da Ordem Terceira Franciscana aprovada pelo Papa Nicolau IV em 1289, era composta de 20 capítulos organizados da seguinte forma:

Capítulo I: De como se hão de examinar os que hão de entrar em a Ordem. Capítulo II: Da forma do recebimento dos que querem entrar em a Ordem. Capítulo III: Da forma do Hábito, & qualidade dos vestidos.

Capítulo IV: Que não vão a convites ou a autos desonestos nem deem coisa alguma aos representantes.

Capítulo V: Da abstinência & jejum.

Capítulo VI: De quantas vezes se ha de confessar em o ano, & receber o Corpo de nosso Senhor.

Capítulo VII: Que não tragam armas ofensivas.

Capítulo VIII: De como se hão de dizer as Horas Canônicas.

Capítulo IX: Que todos os que de Direito podem, façam Testamento. Capítulo X: Da paz que se há de reformar entre os Irmãos, & os estranhos. Capítulo XI: De quando são molestados contra o Direito, & contra seus Privilégios.

Capítulo XII: Que se guardem quanto puderem de juramentos solenes. Capítulo XIII: De ouvir Missa, & da Congregação que se há de fazer. Capítulo XIV: Dos Irmãos enfermos, & defuntos.

Capítulo XV: Dos Ministros.

Capítulo XVI: Da Visitação, & Correição dos delinquentes. Capítulo XVII: De evitar as contendas entre si, & os outros.

Capítulo XVIII: Em que maneira, & porque causas se poderão dispensar em abstinências.

Capítulo XIX: Que os Ministros manifestem as culpas ao Visitador.

Capítulo XX: De como em as coisas acima ditas, nenhuma delas obriga a pecado mortal. (SAO LUIS, MONTE OLIVETE, 1669)

Estes vinte capítulos podem ser agrupados em três preocupações principais: questões relacionadas à organização formal da instituição e sua hierarquia; questões relativas ao comportamento e vida social; e por último, questões relacionadas à penitência e santificação pessoal. Em geral, a preocupação principal por trás desta regra era fazer com que o Irmão Terceiro levasse uma vida santificada, aos moldes dos ideais da vida apostólica, colocando assim sua alma no caminho da salvação. As intenções por trás da criação da Ordem Terceira e seus diferenciais em relação às demais associações religiosas de leigos são facilmente

encontrados nos diversos manuais preparados para os irmãos terceiros. O Frei Jerônimo de Belém, Comissário Visitador da Venerável Ordem Terceira da Penitência de São Francisco de Xabregas, em sua “Palestra da Penitência” – obra esta muito difundida entre os irmãos terceiros e que chegou inclusive a ser utilizada por algumas instituições da América Portuguesa, conforme veremos mais à frente – em sua Lição IV, intitulada “Estudo e aplicação especial que devem ter os Irmãos Terceiros à sua Santa Regra” sugere aos terceiros que:

“Estudem pois, para que não ignorem, os Irmãos Terceiros, os documentos e Estatutos de sua Regra, se querem e desejam observá-los. Este é sem duvida um dos melhores exercícios e mais louvável e ainda meritória ocupação em que qualquer filho desta Venerável Ordem se pode empregar (BELÉM, 1736, p. 88).”

A explicação para a ampla existência destes manuais e a insistência no estudo que os Irmãos Terceiros deveriam ter deles se entente pelo fato de o pretendente à Irmão Terceiro ser obrigado a cumprir um ano de noviciado, antes de se tornar um irmão professo.

A regra da Ordem Terceira estabelece que qualquer pessoa que desejasse se filiar a esta instituição, após ter seu nome aprovado pela Mesa, deveria ser acolhido para receber o hábito e iniciar o período chamado de Noviciado, onde ele será instruído no funcionamento dos rituais e iniciado nos exercícios espirituais aos quais os Irmãos Terceiros estavam obrigados. Durante todo o período do Noviciado, os irmãos que ainda não professaram ficavam sob encargo do Mestre dos Noviços, que antes da profissão deveria apresentar um relatório a respeito de cada um deles no que se refere ao aproveitamento e empenho do mesmo durante o ano de seu Noviciado. Aqueles que não recebessem o aval do Mestre dos Noviços não seriam professos, ficando excluídos da Ordem. O período do noviciado era um importante diferencial das Ordens Terceiras, pois além de submeter os noviços a uma pesada rotina de exercícios espirituais, acabava também demonstrando a forte hierarquia existente nestas ordens, onde a antiguidade dos irmãos estabelecia, por exemplo, sua posição nas festas e procissões organizadas pela instituição. Cabia aos Noviços o último lugar na organização hierárquica da Ordem. Além disso, era neste período que a “disciplina social católica” era reforçada e interiorizada por estes homens.

A preocupação com os ritos era também bastante importante para os Irmãos Terceiros. Nas “Ordenações” várias são as páginas dedicadas em explicar em detalhes a forma de se lançar o hábito ou de efetuar a profissão dos irmãos. O período do noviciado, por exemplo, assim como as rigorosas preocupações com a ritualística, mostram que os terceiros faziam questão de se diferenciar das demais associações religiosas de leigos. Em várias das obras

direcionadas ao estudo dos irmãos, encontramos constantemente essa diferenciação da Ordem Terceira frente às demais Confrarias. O Frei Jerônimo de Belém, em sua “Palestra da Penitência” afirma que “Ordem, segundo Santo Agostinho, não é outra coisa mais que uma disposição que dá a cada um o seu lugar, seu assento e ofício, respectivamente a um fim imediato, e tem Regra confirmada pela Igreja”(BELÉM, 1736, p.91). Completa o Frei afirmando que na Ordem Terceira se verificavam todas estas condições,

“onde se vêm diferentes ofícios, cargos e ocupações, dirigidos e ordenados a um fim próximo, regulado por suas Leis, Estatutos e Regra confirmada pela Igreja, bem se segue que é verdadeira Ordem, e não simples Congregação ou Confraria. Assim foi sempre intitulada; assim o insinua a Igreja quando diz que Francisco instituíra três Ordens, sendo a Terceira a da Penitência” (BELÉM, 1736, p.91).

Completa ainda o frei afirmando que a Venerável Ordem teria sido revelada por Cristo a São Francisco que a fundou, sendo esta Ordem “pura, útil, proveitosa, fecunda e Apostólica”: “apostólica”, pois todo seu empenho seria em instruir os terceiros na “melhor observância do Evangelho”; “fecunda” pela multidão de seus filhos, assim como por ter a Ordem Terceira dado origem a outras dez ordens distintas; “útil” e “proveitosa” pois encaminha seus filhos para a bem-aventurança, e a todos pois aceita homens e mulheres, de qualquer estado e condição; “perfeita”, pois aprovada pela Igreja, é escola que ensina seus filhos a levar uma vida de perfeição; e por fim “pura” por não ter mancha de pecado e por ser em tudo ajustada aos dogmas da igreja (BELÉM, 1736, p.92-94).

Como visto pelo exemplo acima, os manuais terceiros insistem em exaltar a Ordem Terceira, associando a ela várias qualidades e as diferenciando das demais associações religiosas de leigos, geralmente em capítulos dedicados a demonstrar as chamadas “excelências desta ordem”. Também são utilizadas várias metáforas retiradas de passagens bíblicas ou de lendas acerca da vida de São Francisco, para enaltecer a Ordem, na tentativa de associar a esta uma função específica, como o caso da metáfora das 3 pombas, uma das várias figuras utilizadas pelo Frei Luis de São Francisco em sua obra já aqui citada. Esta figura das três pombas está relacionada à passagem bíblica relatada no capítulo 8 do Gênesis, que diz que Noé teria lançado para fora da arca por três vezes uma pomba, sendo que a primeira, “por não encontrar onde pôr o pé” teria retornado à Arca; a segunda também retornaria, porém trazendo no bico um ramo verde de oliveira, e a terceira não teria retornado à Arca. O Frei Luis associa então a primeira pomba à Ordem Primeira, que se retira do mundo “se encerrando na arca da religião”; a segunda Pomba é associada à Ordem das Clarissas, que na flor da idade – em alegoria ao ramo verde carregado pela pomba – fogem do mundo para também se encerrarem na religião; e a terceira pomba é associada à Ordem Terceira, instituída

para seculares, que fora da clausurada religião (votos) vivem no mundo, mas levando uma vida de pureza, como a pomba que sem voltar se encaminha em direção aos céus (SÃO FRANCISCO, 1684, p. 16-17).

Assim, como podemos perceber pela metáfora citada, a Ordem Terceira, além de ser associada às demais Ordens Franciscanas, era retratada como sendo a responsável pela missão de salvar a alma dos cristãos que, sem abandonar o mundo, desejavam levar uma vida santificada. Conforme já podemos observar pelos títulos dos capítulos da Regra, as orientações dadas aos Irmãos para que estes levassem uma vida de perfeição cristã eram muitas. Nos manuais dirigidos aos irmãos terceiros encontramos por duas vezes a afirmação de que, através da observância da Regra os irmãos seriam instruídos nas “doze perfeições” que “são como doze portas, pelas quais, como consta do cap. último do Apocalipse, se entra à cidade Santa de Jerusalém” (SAO LUIS, MONTE OLIVETE, 1669, p. 145).

Tanto o Frei Manoel do Monte Oliveti em sua obra publicada em 1669, quanto o Frei Luis de São Francisco, em obra datada de 1684, associam as 12 perfeições aos capítulos da Regra18. Assim, as doze perfeições, a saber, Fé, Penitência e Esperança, Caridade (entendida como respeito a Deus e ao próximo), Justiça, Piedade e Misericórdia, Humildade, Obediência, Castidade, Religião, Temperança, Bom Exemplo e Prudência são cuidadosamente associadas aos temas abordados nos capítulos, demonstrando de que forma a simples obediência da regra auxilia os irmãos a se encaminharem no sentido de sua santificação.

Assim temos a perfeição da Fé associada ao cap. 1 da Regra onde se exige que o candidato a Irmão seja examinado nas questões da fé para provar ser verdadeiro Cristão. A Penitência e Esperança são associadas às expiações que o Irmão Terceiro deve fazer sempre na esperança da salvação de sua alma. A Caridade – entendida como amor e respeito a Deus e ao Próximo – é associada ao que diz o capítulo II onde o Irmão que recebe o hábito deve fazer voto de guardar para sempre a lei de Deus, e que devem também se reconciliar com seus próximos, e o capítulo X que recomenda que os Irmãos mantenham entre si uma paz amorosa, evitando discussões e contendas. A Justiça está também associada à passagem do Capítulo II da Regra que determina que todos que quiserem entrar na Ordem sejam obrigados a satisfazer suas dívidas e restituir o alheio do modo que melhor puder. A Piedade e a Misericórdia estão associadas ao capítulo XIV da Regra onde se dispõe que os professos visitem e socorram os

18 No caso do frei Luis de São Francisco são 13 as perfeições, pois ele divide a penitência e a esperança em duas,

enquanto que o Frei Manoel do Monte Oliveti trata as duas como parte de uma mesma perfeição. Para maiores informações conf.: (SÃO FRANCISCO, 1684 Cap. IX, p. 85-109); e (SAO LUIS, MONTE OLIVETE, 1669, p. 145 – 162).

irmãos enfermos pobres com esmolas e, além disso, darão ao síndico contribuições a cada mês para os enterros dos defuntos.

A Humildade por sua vez está relacionada ao que trata, por exemplo, o capítulo III que diz respeito à qualidade dos vestidos, onde os terceiros são aconselhados a utilizar panos “baixos assim na cor como no preço”. A Obediência está relacionada à sujeição dos terceiros aos Comissários Visitadores, seus prelados imediatos e responsáveis pela correção dos Irmãos Terceiros. A virtude da Castidade é tratada no capítulo IV, quando este recomenda aos terceiros se “guardem dos ajuntamentos desnecessários”, evitando assim participar de festas ou quaisquer outros “atos desonestos”, fugindo de quaisquer manchas em sua pureza. A Temperança é relacionada aos sacrifícios aos quais se deve submeter o Irmão Terceiro, relacionados no capítulo V da Regra, onde estão descritas as abstinências e jejuns obrigatórios aos irmãos. A perfeição do Bom Exemplo é a que deve dar cada um dos professos, não sendo seu modo de viver escandaloso, mas exemplar em todas suas ações à vista de todos. Vários são os capítulos onde os conselhos de Bom Exemplo são encontrados, como o já citado Cap. X. Além dele, o Capítulo XIX estabelece que, os irmãos que tenham atos públicos escandalosos sejam admoestados 3 vezes e, depois delas, expulsos como indignos da Ordem. Por fim, a perfeição da Prudência discreta nas obras da virtude, está relacionada ao Cap. XVIII da Regra da Ordem onde se manda aos Comissários Visitadores que sejam razoáveis em dispensarem nos jejuns, disciplinas e mais mortificações e rezas a que os Irmãos terceiros estão impostos em casos de impedimentos e causas legítimas. Assim, conforme podemos observar, os Comissários Visitadores, ao vincularem a Regra da Ordem Terceira às doze perfeições virtuosas eles demonstram que o simples cumprimento da Regra pelos Irmãos já os coloca no caminho de levar uma vida perfeita e assim salvar suas almas.

Conforme podemos observar até aqui, a Regra e demais obras voltadas aos irmãos terceiros constantemente tratavam de questões relativas à perfeição, na qual deveriam os Irmãos Terceiros, basear a sua vida. Mas não eram apenas estas as questões observadas nestes manuais. Outra preocupação bastante presente, principalmente nas “Ordenações” e nos “Estatutos” dizia respeito à forma pela qual deveria se organizar as Ordens Terceiras.

Em várias passagens, tanto da Regra, quanto das “Ordenações” e do “Estatuto” fica estabelecido que os Irmãos Terceiros deveriam sempre ter a presença do Comissário Visitador em suas reuniões. A Regra de 1289 estabelece em seu capítulo XVI que o Comissário Visitador responsável pela correção dos delinquentes seja religioso da Ordem Primeira e que este deveria, ao menos uma vez no ano, realizar uma Visita para impor as penitências aos irmãos que tenham cometidos excessos e corrigir seus defeitos. Nas “Ordenações” a

preocupação na sujeição dos Terceiros à direção de um Religioso Regular é mais explicita. Assim, encontramos o seguinte trecho, logo no inicio das “Ordenações”:

“Mandamos que em cada Convento se assinale pelo menos um Religioso Pregador, o qual segundo a Regra, com nome de Visitador, instrua e informe nela aos Irmãos, lembrando e tratando dela uma vez a cada mês (...) Ordenamos que a este Religioso os Padres Guardiães o não ocupem em esmolas, nem outra coisa alguma que impeça este exercício... (SAO LUIS, MONTE OLIVETE, 1669, p.37)”

Mais à frente encontramos ainda outro trecho, onde se lê que estavam proibidos os Irmãos Terceiros de se reunirem em “juntas secretas”, em qualquer lugar, “pois o intento de nosso Padre São Francisco não foi dar lugar a juntas secretas, pois delas e das que se fazem sem devido acordo, nunca resultou bem algum”. Em seguida define-se que, em casos de necessidade de se realizar alguma junta para tratar coisas particulares, que estas juntas deveriam ser realizadas sempre na presença do Padre Guardião, ou o Visitador (SAO LUIS, MONTE OLIVETE, 1669, p.37).

O “Estatuto Geral” produzido pelo Frei Luis de São Francisco, logo em seu primeiro capítulo define que:

“Em cada Convento capaz para este efeito, nomeiem um Comissário Visitador, que seja Religioso de vida exemplar, e enquanto for possível pregador, o qual instruirá aos Irmãos na Regra, como seu Prelado que é, e lhe presidirá todos os Atos Públicos e Particulares”. (SÃO FRANCISCO, 1684, p.544)

O “Estatuto Geral” define ainda que “somente os Prelados, Gerais, Provinciais, Guardiães e Comissários dos Terceiros tem poder e autoridade para lançar Hábitos de Terceiros” (SÃO FRANCISCO, 1684, p.545). Encontramos também neste “Estatuto Geral” um capítulo que trata exclusivamente do Comissário Visitador, onde se diz que a maior parte da conservação e aumento da Ordem depende da autoridade, religião exemplar e cuidado dos Comissários Visitadores como “Prelado e Presidente Superior cotidiano de toda a Ordem”. Aos Comissários Visitadores ficava a responsabilidade de vigiar todos os irmãos, “particularmente sobre os que tem ofícios, instruindo, animando e admoestando a todos em suas obrigações, repreendendo e penitenciando-os pelas faltas, segundo a qualidade delas”. Além de visitar e fazer correição aos irmãos, o Comissário era responsável por dar a Comunhão aos irmãos juntos, todos os meses do ano, e fazer-lhes práticas, disciplinas e os mais exercícios espirituais. Ele seria responsável também por realizar Juntas de Mesa sempre que achar necessário para o bom governo da Ordem, além de presidir todas as juntas particulares ou gerais, como Prelado Superior que é, e Delegado do Provincial por patente e com plenária autoridade (SÃO FRANCISCO, 1684, p.561). O “Estatuto Geral” então define

como deveria se organizar a Mesa, à qual institui que tenha os seguintes cargos: Ministro, Vice Ministro, Secretário, Síndico, Definidores, Vigário do Culto Divino, Sacristães e Zeladores. Como veremos no próximo capítulo esta estrutura da Mesa poderia variar de acordo com os estatutos particulares de cada congregação, com a inclusão de alguns diferentes cargos de acordo com as necessidades locais.

Além da definição dos cargos, em seu capítulo XV o “Estatuto Geral” instrui como deveria ser realizada a Eleição dos Ministros e demais oficiais da Mesa, assim como também determina como esta eleição deveria ser publicada. Fica definido pelo “Estatuto Geral” que teriam voto nas eleições de Mesa os oficiais que participam das Juntas Particulares – Padre Comissário, Ministro, Vice Ministro, Secretário, Síndico, Vigário do Culto Divino e Definidores Eclesiásticos e Seculares – o Ministro da Mesa do ano anterior (Ministro imediato), o Ministro mais antigo e aqueles que tiverem ocupado o cargo de Ministro por mais de 3 vezes. O Padre Comissário teria voto apenas em caso de empate, sendo responsável então pelo voto decisivo.

A eleição para Ministro ocorreria com os votantes escrevendo em uma cédula de papel o nome de três irmãos dos “mais antigos e autorizados, e de muito ajustado e conhecido procedimento os quais já tenham servido na Mesa algum cargo” (SÃO FRANCISCO, 1684, p.578). O irmão votante deveria também assinar ao pé da cédula e efetuar uma dobra no papel para que seu nome fique encoberto e os 3 nomes visíveis. As cédulas de todos os votantes seriam postas em uma bolsa e, ao fim da votação, se sentariam o Padre Comissário, tendo o Ministro à sua direita e o Secretário à sua esquerda, para a contagem e apuração dos votos. O Ministro eleito seria aquele irmão que recebesse o maior número de votos. Em caso de empate, o Comissário deveria repetir a eleição por mais 2 vezes e continuando empatado ele deveria escolher entre os 3 mais votados, o Irmão Ministro, dando preferência para os mais antigos, e caso o mais novo seja o escolhido o Comissário deveria justificar esta escolha. Apenas a eleição do Ministro ocorreria desta maneira. Para os demais cargos, o Comissário deveria propor um nome e, para cada nome proposto ocorreria uma votação simples. Não obtendo a maioria dos votos o Comissário proporia um segundo nome e se fosse necessário um terceiro. Caso nenhum dos nomes obtenha a maioria dos votos, o Padre Comissário seria responsável por nomear um dos três para o referido cargo. Os nomes dos oficiais eleitos deveriam ser mantidos em segredo até a data de sua publicação realizada em uma cerimônia com a presença de todos os irmãos, onde o Padre Comissário deveria louvar ou repreender cada um dos irmãos que deixavam a mesa. O Irmão Secretário deveria apresentar também

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