Objetivo 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis

Esse objetivo busca “tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis” (NAÇÕES UNIDAS, 2017, p.1), a partir das seguintes metas:

11.1 Até 2030, garantir o acesso de todos à habitação segura, adequada e a preço acessível, e aos serviços básicos e urbanizar as favelas;

11.2 Até 2030, proporcionar o acesso a sistemas de transporte seguros, acessíveis, sustentáveis e a preço acessível para todos, melhorando a segurança rodoviária por meio da expansão dos transportes públicos, com especial atenção para as necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade, mulheres, crianças, pessoas com deficiência e idosos; 11.3 Até 2030, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, e as capacidades para o planejamento e gestão de assentamentos humanos participativos, integrados e sustentáveis, em todos os países;

11.4 Fortalecer esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do mundo;

11.5 Até 2030, reduzir significativamente o número de mortes e o número de pessoas afetadas por catástrofes e substancialmente diminuir as perdas econômicas diretas causadas por elas em relação ao produto interno bruto global, incluindo os desastres relacionados à água, com o foco em proteger os pobres e as pessoas em situação de vulnerabilidade;

11.6 Até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, inclusive prestando especial atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e outros;

11.7 Até 2030, proporcionar o acesso universal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes, particularmente para as mulheres e crianças, pessoas idosas e pessoas com deficiência;

11.a Apoiar relações econômicas, sociais e ambientais positivas entre áreas urbanas, periurbanas e rurais, reforçando o planejamento nacional e regional de desenvolvimento;

11.b Até 2020, aumentar substancialmente o número de cidades e assentamentos humanos adotando e implementando políticas e planos integrados para a inclusão, a eficiência dos recursos, mitigação e adaptação às mudanças climáticas, a resiliência a desastres; e desenvolver e implementar, de acordo com o Marco de Sendai para a Redução do Risco de Desastres 2015-2030, o gerenciamento holístico do risco de desastres em todos os níveis;

11.c Apoiar os países menos desenvolvidos, inclusive por meio de assistência técnica e financeira, para construções sustentáveis e resilientes, utilizando materiais locais. (NAÇÕES UNIDAS, 2017, p. 1)

Ao garantir uma cidade sustentável, em que haja menos riscos de desastres ecológicos, oferece-se maior segurança às instituições interessadas em migrar. A cidade transmite segurança e garantia econômica de que a empresa não terá seu patrimônio destruído ou danificado por catástrofes naturais, e sua demanda e servidores estarão estáveis, visto que a população não será prejudicada por tais desastres, os quais impossibilitá-los-ia de trabalhar e/ou pagar por um produto ou serviço.

Outra meta importante na atração de instituições e empresas, relacionada a esse objetivo, é o fato de buscar padrões sustentáveis de planejamento urbano e de produção, o que facilita a realocação de empresas cujos países de origem exijam tais padrões, pois evitarão custos e tempo para inserir procedimentos e padrões no local.

Além disso, o fato de a cidade ter um planejamento urbano sustentável, permitindo que a população viva em condições saudáveis, possibilita mão de obra disponível e capacidade de compra estável. Logo, podemos afirmar que esse objetivo influencia nos seguintes fatores que caracterizam uma cidade internacional:

2. Recebe fatores de produção estrangeiros (investimento, mão-de-obra, etc.) e fluxo de comércio (mercadorias e serviços);

3. Abriga instituições estrangeiras e internacionais (empresas, bancos e diversas outras instituições socioeconômicas, culturais e científicas; organizações internacionais; etc.);

(...)

10. Abriga instituições nacionais, regionais e locais de reputação internacional ou ativas no âmbito das relações internacionais. (SOLDATOS, 1996, p. 216)

A cidade é fator essencial na construção de um mundo sustentável, como já afirmado no capítulo anterior. Com isso em mente, TWI2050 (2018) afirma que as cidades hoje são povoadas por 55% da humanidade e 70% da atividade econômica global, de modo que o que acontece na cidade determina o bem estar da raça humana e o futuro do desenvolvimento sustentável. A instituição ainda declara que a maioria da população vive em cidades pequenas ou médias e, portanto, a ação pelo desenvolvimento sustentável depende da transformação simultânea de municípios de todos os tamanhos.

Sendo a coletividade de uma cidade capaz de prover as condições necessárias para que a vida do indivíduo seja próspera (BIGGERI e FERRANNINI, 2014) é, portanto, importante que as condições sociais, econômicas e ambientais sejam trabalhadas a fim de alcançar o desenvolvimento nas três dimensões.

A cidade ensejada pelos ODS se baseia em quatro princípios: 1) resiliência, que se refere à cidade superar alterações naturais ou não, garantindo segurança às suas instituições e população, e mantendo suas estruturas e identidade cultural; 2) segurança, que se refere à ausência de medo, ameaças e riscos dentro de uma comunidade; 3) sustentabilidade, que se relaciona à preservação do meio ambiente e das sociedades econômica e socialmente saudáveis; 4) inclusão, que garante a participação efetiva de todos os grupos da sociedade (GALVÃO, 2019).

Nesse sentido, a urbanização da cidade, a partir de infraestrutura, mobilidade e conectividade pensadas, contribui para diminuir as mudanças climáticas e promover a sustentabilidade (ONUBR, 2018a). A Organização ainda afirma que um bom desenvolvimento urbano possibilita menor poluição do ar, e os sistemas de transporte acessíveis e sustentáveis permitem acesso da população a serviços, bens, equipamentos e oportunidades.

Ademais, as cidades vêm sendo cada vez mais entendidas não como o problema, mas sim como os atores que tornarão as mudanças sustentáveis uma realidade, podendo prover serviços, energia e terra às populações, reciclagem e planejamento de transporte de forma eficiente, mais verde e menos poluente (KLOPP e PETRETTA, 2017). As autoras ainda afirmam que cidades com diversidade cultural e redes de interação são reconhecidas como incubadoras de inovação, o que pode ajudar a solucionar desafios sustentáveis.

Com isso, podemos concluir que a cidade, por seu papel relevante no alcance do desenvolvimento sustentável, necessita trabalhar com grande empenho para a implementação dos ODS. Além disso, a sustentabilidade é fator essencial na boa imagem a ser transmitida para o cenário externo, a fim de atrair novos negócios e investimentos. E é relevante ainda notar que esse ODS 11, por tratar de cidades, está muito vinculado aos temas: paradiplomacia e relações internacionais dos atores subnacionais.